A Sereia escrita por Santori T


Capítulo 21
Capítulo 20 (PARTE I)


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem-vindos! E então eis o último capítulo (Parte I). Sei que muitos vão gostar da trilha sonora desse capítulo! =)



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Acompanhe aqui minha nova história!

* * *

Acesse aqui a trilha do conto!

Foi uma longa viagem de volta a Raven. Mas o pior me aguardava quando eu chegasse lá.

-Você voltou! – Yen me recebeu na porta do chalé com um abraço reconfortante. Seu ombro ainda estava enfaixado, mas ele parecia muito melhor. – Mas pela sua cara...

Eu me larguei no sofá, desolada. Estava exausta da viagem, da longa conversa com os anciãos e indecisa sobre o que fazer.

-Eles tomaram uma decisão? – Perguntou-me Yen, sentando ao meu lado e segurando minhas mãos.

-Não sei como fazer isso, Yen – Murmurei, pensativa. – Eu não posso interferir na vida dessa menina dessa forma.

-Na vida de quem?

Fuzilei Yen em silêncio quando Jade saiu do banheiro e parou em nossa frente, pegando-me desprevenida. Ela mexia nos cabelos escuros e nos olhava com curiosidade.

-Nada – Respondi rapidamente.

-Precisa contar à ela, Aleerah – Yen me incentivou. – Não fuja mais disso.

-Quem é Aleerah? – Jade inclinou a cabeça para o lado, confusa.

Respirei fundo e percebi, de uma vez, que não havia mais saída para nós. Nossos destinos haviam se selado e nossas vidas estavam interligadas de um jeito delicado e perigoso.

-Eu sou Aleerah, Jade – Respondi, frustrada. – Sente-se, temos que conversar.

* * *

Tudo o que eu podia contar à Jade sobre mim e sobre meu povo, eu contei. Recordei lembranças tristes, como quando eu havia chegado em Raven; Desesperada, inconsolável, e como tinha conseguido abrigo no velho chalé abandonado, perto dos lagos. Falei sobre meu banimento, falei sobre Elijah. No final, nenhuma ponta ficara solta. Jade sabia de tudo.

-Está me dizendo – Ela se levantou do sofá e caminhou até a janela com ar de quem duvida piamente de alguma coisa. – que você é uma sereia?? Vocês dois são?

-Eu não mentiria pra você, Jade – Murmurei sem coragem de encará-la. – Mas precisava contar, porque uma decisão foi tomada. E ela envolve você. E de forma alguma eu quero fazer algo contra a sua vontade.

Ela me olhou de um jeito esquisito, que beirava pena. No fundo, eu estava consciente de que ela não acreditaria em mim. Palavras, no final, são apenas isso. Então, me ergui do sofá e abri a porta.

-Venha comigo, Jade.

-O quê? Lá fora? – Ela estremeceu, apreensiva.

-Vamos, Jade – Yen apoiou o braço sobre seus ombros e lhe falou com carinho. – Você precisa ver com seus próprios olhos. Precisa acreditar.

Fazia calor àquela noite e a lua cheia formava um círculo de luz branca sobre a superfície da água do lago. Nós caminhamos até o píer de madeira e assim que chegamos até a beirada, eu desabotoei meu vestido e mergulhei com um pulo.

-O que ela está fazendo, Yen? – Podia ouvir Jade conversando com meu amigo sob a água. – Por que me contou essa história maluca de sereia??

-Você precisa ver com seus próprios olhos – Explicou-lhe Yen, com muita paciência.

Quando voltei à superfície, eu não era mais a Claire que Jade conhecia. Meus traços humanos haviam ficado para trás e eu pude ver dentro dos olhos apavorados de Jade que ela também notara isso.

-Não precisa ter medo – Eu debrucei sobre a beirada do píer e me sentei, a cauda longa e dourada ondulando nas águas. – Não vou machucar você.

-Eu – Ela abraçou Yen pela cintura e escondeu-se atrás dele. – Eu não acredito...

-Venha aqui, Jade – Estiquei a mão para ela, minha pele translúcida cintilando sob os feixes de luar.

Apreensiva, Jade chegou-se para mais perto e tocou minha mão. Percebendo o quanto estava segura e que no fundo, apesar da aparência diferente, eu ainda era a mesma Claire de antes, ela encheu-se com coragem e sentou-se ao meu lado, me observando.

-É tão... Surreal – Suas mãos seguraram meu rosto molhado, os dedos correram por minhas guelras, escondidas atrás da nuca e desceram por meus cabelos ruivos. – Eu... Nunca acreditaria se não tivesse me mostrado.

-Sei que sim – Virei para Yen e sorri, um pouquinho mais confiante. Ele retribuiu.

-Meu Deus! – Jade soltou um gritinho que ecoou dolorosamente por meus ouvidos. – Eu tenho uma amiga sereia!! Isso é demais!!

-Não exagere, monstrinha – Resmungou Yen, perdendo o bom humor.

-Jade – Eu segurei suas mãos quentes entre as minhas, chamando sua atenção. – Ainda tenho algo a lhe contar. Algo importante e quero que pense bem em sua resposta.

-Tudo bem, o que é?

-Jade, há um motivo para eu ter lhe contado sobre nós – Eu fitei Yen de soslaio. – e sobre meu mundo. Você lembra aquela noite em que apareceu aqui sem ser convidada? A noite em que recebi uma visita importante?

-Claro, como eu ia me esquecer? – Ela ergueu a sobrancelha, relembrando.

-Aquele homem era um dos empregados do Conselho do meu povo – Expliquei devagar. – Ele veio verificar como eu estava vivendo aqui. Se... Tinha tido algum outro tipo de contato com os humanos. Pela lei da minha gente, o contato com os humanos é expressamente proibido.

Jade me olhava com atenção, mas eu via que ela não estava conseguindo alcançar meu raciocínio.

-E ele viu o que não deveria ver, Jade. Ele viu um humano nas minhas terras. Viu você.

-Mas isso não significa nada, não é? Quer dizer, o que tem isso? – Ela deu de ombros. – Todo mundo passa por aqui. Além do mais, isso não quer dizer que nós duas sejamos amigas.

-Não foi bem isso que Ermont contou ao Conselho – Argumentou Yen.

-Ele disse que eu estava acolhendo um humano em minha casa, como... Um filho – Eu suspirei, entristecida. – E isso foi suficiente para que decidissem que esse humano não poderia mais viver. Do contrário, poderia colocar em risco toda a nossa espécie, se um dia viesse a descobrir nosso segredo e a revelar para o mundo.

-Mas... – Jade levou as mãos ao peito, horrorizada. – Eu nunca diria nada pra ninguém!!

-Nós sabemos, minha querida – Puxei as mãos dela para as minhas e sorri, tentando acalmá-la. – Mas eles não sabem. Não entendem.

-Eles vão me matar, Claire? – Perguntou-me ela, chorosa.

-Bem – Preferi manter no escuro o fato de Yen ter sido mandado para matá-la, e de ter desistido. – É nesse ponto que quero chegar.

Ela se concentrou em mim e eu podia senti-la tremendo.

-Eu fiz uma longa viagem até minha terra e conversei com os líderes do Conselho para que poupassem sua vida – Respirei fundo, com medo do que tinha que dizer. – Eu... Eu lhe ofereci minha própria vida para – As palavras se prenderam em minha garganta, teimando em não sair. – para que a sua fosse poupada.

Lágrimas desceram pelo rosto branco de minha amiga, mas ela as ignorou, os olhinhos compenetrados em mim.

-E então, houve uma decisão – Eu engoli, apreensiva. – E a decisão foi que eu serei perdoada por tudo de errado que fiz no passado. Os anciãos tomarão esse tempo de exílio como suficiente e me aceitarão de volta.

-Ah, isso é bom, não é? – Ela sorriu, esperançosa.

-É, mas – Eu choraminguei, me forçando a controlar minhas lágrimas. – em troca eu... eu precisaria levar você comigo, Jade.

-Eu? – Ela petrificou.

-Sinto muito – Eu chorei. Dessa vez não pude segurar a represa que se destruía dentro de mim. – Eu lamento tanto... A culpa é toda minha...

-Eles querem que você transforme a garota? – Indagou Yen, estupefato. – Mas... Isso é contra nossas leis!! Como puderam pedir isso!!!?

-Claire – Senti as mãozinhas de Jade em meus cabelos, tirando-os de meu rosto. – Me diga a verdade. Se eu quiser ficar... Como será a minha vida?

Olhei para ela e percebi que algo mudara. Não era mais a menina doce e ingênua quem estava falando comigo. Era uma Jade séria, madura e totalmente consciente dos fatos.

-Jade – Eu murmurei, desolada. – Eu sinceramente não sei. Mas de uma coisa tenho certeza: Você nunca mais poderia voltar à Raven. Teria que fugir daqui, pra longe, muito longe, porque cada caçador do clã viria atrás de você.

-E se eu me transformar, poderei voltar algum dia e rever meus irmãos?

-Sirens não podem ter contato com os humanos, Jade – Explicou Yen, sombrio.

-E também não veria mais nenhum de vocês?

-Não, querida – Respondi, triste.

-Bem – Ela se levantou,enxugando as lágrimas com o dorso da mão. – Parece que minha decisão está tomada também.


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Notas finais do capítulo

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