Sub-Man, o Vingador escrita por Goldfield


Capítulo 4
Capítulos 6 e 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/3458/chapter/4

Capítulo 6

Metro City ganha um poderoso super-herói: Sub-Man – e, felizmente – não é só no gibi...

Josh Remington passara a noite toda esboçando sua história em quadrinhos. Quando o sol se ergueu no horizonte, o ex-tenente da polícia encontrava-se dormindo inclinado sobre a escrivaninha onde estavam o computador e os outros aparelhos, babando.

Despertando quando ouviu alguém bater à porta do apartamento, Josh apressou-se em ir atender. Surpresa teve ao ver que era a bela Ana Newton.

–         Oh, Deus... – disse a jornalista, envergonhada. – Eu não queria lhe acordar...

–         Não se preocupe! – respondeu o ex-tenente da polícia. – Você fez bem em vir me despertar! O que deseja?

–         Você poderia me emprestar uma xícara de açúcar? Eu queria tomar café e o meu pote está vazio.

–         Você toma café com açúcar?

–         Sim. Acho muito amargo e gosto de adocicá-lo.

–         Eu também!

–         Jura? – perguntou a jornalista, com os olhos brilhando.

–         Sim. Que coincidência! Entre.

Ana entrou no apartamento, com um belo sorriso no rosto.

–         Sente-se – convidou Josh. – Vou pegar o açúcar.

–         OK.

Enquanto Josh estava na cozinha, Ana observou o trabalho que o ex-tenente fizera durante toda aquela noite e se aproximou para ver melhor, achando tudo muito bem desenhado e escrito.

Quando Josh voltou e viu a jornalista admirando a história em quadrinhos, perguntou, um pouco envergonhado:

–         O que achou?

–         Esta história está ótima – respondeu Ana. – Você fez tudo sozinho?

–         Sim. Usei e abusei de minha criatividade.

–         Você realmente tem talento! Sabia que pode vendê-la para alguma editora, como a Metro Press?

–         Você acha que a Metro Press compraria minhas histórias?

–         Claro. Deixe-me ler esta.

Ana começou a ler em voz alta a primeira página da história:

“Naquela noite, Sub-Man, o novo super-herói de Metro City, estava rondando os subúrbios da cidade... (Sub-Man perambula por vários becos escuros, derrubando latas de lixo). Ouve-se gritos. (Sub-Man fala:) O que estará acontecendo? (Narrador:) Eis que uma pobre senhora é assaltada! (Sub-Man bate no assaltante, que cai desmaiado). Mas ninguém é páreo para o fantástico Sub-Man...”.

A história acabava aí. Ana disse:

–         Você precisa continuar. Por que não explica como o Sub-Man surgiu?

–         Boa idéia! – respondeu Josh. – Obrigado.

O ex-tenente entregou a xícara de açúcar à jornalista, que saiu agradecida. Após tomar seu café da manhã, Josh continuou sua história em quadrinhos...

Enquanto isso, no apartamento de Michael Farfield, ou melhor, Jack Red Kid, tudo estava desarrumado, em completa desordem.

O filho de Jeremias Farfield se encontrava ao lado de um telefone, com uma lista telefônica nas mãos.

–         Droga! – exclamou o cow-boy. – Como um corpo pode desaparecer assim?

Ele referia-se ao corpo de Blenda Baker. Não estava em lugar algum. Irritado, o cow-boy jogou o aparelho pela janela.

–         O que terá acontecido? – perguntou-se o cow-boy mutante. – O corpo dela deveria estar no necrotério! Eu quero enterrá-la!

–         Eu ouvi bem? – perguntou um homem de jaleco, vindo da cozinha do apartamento. – Vai enterrá-la?

–         Quem é você? O que faz aqui?

–         Sou William McGregor, da Biocom. Tenho notificado num relatório todos os estranhos eventos que vêm ocorrendo nesta cidade.

–         Que eventos?

–         Você não soube, caro cow-boy mutante? – perguntou McGregor usando de ironia, se sentando numa poltrona. – Dois presos de alta periculosidade escaparam misteriosamente da Prisão Metrostate, e, segundo testemunhas, eles eram bizarras criaturas. Além disso, uma senhora de idade comunicou à polícia que um homem, de força fora do comum, a havia salvado de um assalto.

–         O que quer de mim?

–         Eu posso ajudá-lo, caro amigo.

–         Como?

–         Você sofreu várias mutações em seu corpo devido à radiação. Isso lhe proporcionou uma força fora do comum, além de uma percepção muito mais aguçada.

–         Eu não quero ajuda! – exclamou Jack Red Kid. – Eu quero me tornar um supervilão! Não quero voltar ao normal!

–         A escolha é sua, mas, ao menos, pode me explicar como era a senhorita Blenda Baker?

–         Saia daqui!

McGregor saiu, enquanto Jack chorava, pensando na morte trágica que Blenda tivera...

Na tarde daquele dia, um conversível parou na frente da sede da Biocom, no centro de Metro City.

De dentro dele saíram dois homens de terno preto e gravata. Um deles carregava uma maleta preta.

Os dois indivíduos ganharam o hall do prédio e subiram por um dos elevadores até o trigésimo quinto andar, onde ficava o escritório do dono da empresa, William Werner.

Os dois homens entraram no escritório de Werner, que fumava um charuto cubano. Após dar algumas tragadas fitando os dois, mandou que se sentassem.

–         Trouxeram o pacote? – perguntou o dono da Biocom.

–         Sim, está aqui – respondeu o homem que carregava a maleta preta, colocando-a sobre a mesa do escritório. – Verifique se está tudo aí.

Werner abriu a maleta e começou a examinar os papéis que estavam dentro dela. Os dois homens o fitavam com expressão um tanto preocupada.

–         Sim... – murmurou Werner, após examinar os papéis. – De fato, está tudo aqui.

–         Tem certeza disso?

–         Sim. Tudo está aqui.

William Werner virou-se para a janela e contemplou, por um instante, o centro da cidade repleto de arranha-céus.

–         A empresa vai ter que pagar pelos danos morais? – perguntou o homem que carregava a maleta preta.

–         Não – respondeu Werner, virando-se para os dois. – O doutor Gary Colt não trabalha mais conosco.

–         Mas ele desenvolveu a “Máquina”, não?

–         De fato, sim, caro amigo, mas a Biocom não pode perder tempo e dinheiro com uma máquina dessas...

–         Mas ela poderia revolucionar a guerra moderna! O senhor já pensou num exército formado por mutantes de toda espécie?

–         Besteira! Nós já somos a maior empresa deste país e não podemos desperdiçar nosso precioso dinheiro...

O homem que carregava a maleta olhou para o teto de mármore do escritório e perguntou:

–         Estão suspeitando que nós fomos responsáveis por aqueles dois acidentes na Prisão Metrostate?

–         Não se preocupe. Temos uma credibilidade inabalável.

–         Mas tudo aponta para o doutor Colt! Ele conhece as técnicas de mutação de DNA!

–         O doutor Colt está trabalhando há mais de dez anos naquela ilhota do Pacífico. Ele não voltaria para a América secretamente com o fim de nos incriminar com esses dois incidentes...

–         Será? Ele tem motivos de sobra!

–         Eu não creio nisso...

Werner voltou a contemplar o centro da cidade pela janela. Depois, ofereceu charutos aos dois homens, que recusaram.

–         Pensem, caros amigos – disse Werner. – O doutor Colt está afastado da civilização há anos. Ele nem tem conhecimento das mudanças que nossa sociedade e o mundo sofreram. Se nós formos mesmo espertos, temos que roubar os projetos dele!

Os dois homens não responderam. Apenas ficaram vendo Werner fumar um charuto, enquanto um helicóptero passava pela janela.

Naquele mesmo dia, à noite, William McGregor estava em seu apartamento perto da zona industrial. Ele se preparava para assistir à final do Campeonato Internacional de Xadrez na TV.

Quando o biólogo da Biocom tentava sintonizar a antiga TV no canal certo, alguém bateu à porta do apartamento. William foi atender. Era Josh Remington:

–         Olá, McGregor – saudou o ex-tenente. – Atrapalho?

–         De modo algum. Entre.

Josh entrou e se sentou numa poltrona. McGregor disse:

–         Eu estava me preparando para assistir à final do campeonato de xadrez...

–         Você gosta de xadrez? – surpreendeu-se Josh.

–         Por favor, não caçoe de mim... Mas, o que quer aqui?

–         Bem, eu... Gostaria que você me examinasse!

–         Qual o problema?

–         Nenhum. Eu só quero ter certeza de que não sofri nada com o congelamento.

Josh não disse a verdade, pois se o fizesse poderia arruinar seus planos. McGregor, de braços cruzados, disse:

–         Você não confia em mim mesmo... OK. Eu farei alguns exames em você!

–         Amanhã?

–         Não, agora mesmo.

McGregor caminhou até uma estante, onde havia um porta-retratos com a foto de uma bela mulher. O biólogo apertou um botão atrás dele e uma porta foi revelada atrás da mesma estante.

–         Quem é essa mulher da foto? – perguntou Josh.

–         Minha mulher. Ela morreu num desastre de avião.

–         Sinto muito.

Os dois seguiram pela porta, que levava a um pequeno, porém completo laboratório. McGregor, então, realizou vários exames em Josh. O resultado saiu logo:

–         E então, doutor? – perguntou o ex-tenente da polícia.

–         Você está bem, mas está com um pequeno problema endócrino...

–         Problema endócrino?

–         Sim. Suas glândulas adrenais estão funcionando fora do normal.

–         Como assim?

–         Elas não estão produzindo adrenalina, mas sim uma estranha substância que não consegui identificar, que, além de exercer a função da adrenalina, também está interferindo de outra forma em seu organismo. Sentiu algo estranho ultimamente?

–         Não – mentiu Josh. – Não senti nada.

–         Estranho... Tem certeza?

–         Absoluta.

–         Esse problema, com certeza, não é uma conseqüência da criogenagem. Algo deu errado... O que poderá ter sido?

–         Não se preocupe – disse Josh. – Não deve ser nada grave...

–         Se esse problema não o incomoda, ele morre aqui, OK?

–         OK. Já vou indo. Obrigado doutor.

–         De nada, Josh.

Depois que Josh saiu, McGregor murmurou:

–         Há algo errado nisso tudo... Algo muito errado...

E, tranqüilamente, sentou-se numa poltrona e começou a assistir à final do campeonato de xadrez...

Naquela madrugada, nos subúrbios de Metro City, um furgão branco parou na frente de uma fábrica abandonada.

De dentro dele saiu um homem mascarado, que, após certificar-se de que a área estava limpa, entrou novamente no veículo e dirigiu local adentro.

O lugar estava escuro e cheio de teias de aranhas dos mais variados tamanhos. Algumas eram enormes. O homem mascarado que dirigia o veículo saiu deste com uma lanterna numa das mãos, e, iluminando o teto, surpreendeu-se ao ver uma horrível mulher-aranha, que se encontrava estendida numa grande teia cercada por várias viúvas-negras.

–         Senhorita Thompson? – perguntou, temeroso, o homem mascarado.

–         Viúva-Negra! – exclamou a mutante. – Ângela Thompson está morta! Agora sou a rainha das aranhas!

–         Desculpe-me, senhorita aracnídea...

–         Trouxe meu amor?

–         Claro...

O homem abriu as portas de trás do furgão, de onde pulou um mutante que se camuflara como o escuro ambiente.

–         É você, Thomas? – perguntou Viúva-Negra.

–         Chame-me de Camaleão, querida – respondeu o mutante, olhando para o teto e babando ácido. – Nós dois nos tornamos um casal de monstros!

–         Um casal implacável, querido!

Viúva-Negra deixou cair um pouco de sua saliva, ou seja, teia, no chão, prendendo neste o homem mascarado que trouxera o Camaleão até ali pelos pés.

–         Não faça isso, querida... – murmurou o Camaleão. – Ele ainda pode ser útil!

–         Desculpe-me – respondeu Viúva-Negra, movendo-se em sua teia no teto. – A gangue já conhece nosso estado atual?

–         Creio que não, mas isso não demorará a acontecer! Não demorará a acontecer...

Na manhã seguinte, Josh acordou cedo e logo saiu. Seu destino era uma loja de fantasias para festas. Porém o ex-tenente da polícia não comprou nenhuma fantasia pronta: tudo o que fez foi comprar botas, cinto e luvas de super-herói amarelos, um par de óculos escuros e uma certa quantidade de tecido preto e amarelo.

Não há muito que falar sobre o resto daquele dia. Josh permaneceu trancado em seu apartamento até o entardecer e, à noite, alguns moradores do prédio viram um homem vestindo um uniforme preto com as letras “S” e “M” estampadas em amarelo na altura do tórax, de botas, cinto e luvas da mesma cor, óculos escuros e uma pistola calibre 45 numa das mãos, desaparecer por um beco das redondezas...

Capítulo 7

Eu sei que estão curiosos, caros leitores... Quem é esse tal de doutor Colt? O que acontecerá a Josh Remington, Jack Red Kid e Blenda Baker?

Na manhã seguinte, a manchete era quase a mesma em todos os jornais: “Estranho personagem, que, segundo testemunhas, possuía poderes espetaculares, impede assalto à loja perto da zona industrial”.

Josh Remington dormia tranqüilamente em seu apartamento quando bateram à porta. Era Ana Newton, que, sorrindo, perguntou, com um exemplar do “The Metro City Times” nas mãos:

–         Você acredita em super-heróis?

–         Como assim? – perguntou Josh, despreguiçando-se.

–         Leia a manchete deste jornal.

Após ler a dita manchete, Josh Remington ficou pálido como se tivesse visto um fantasma.

–         Está se sentindo bem? – perguntou Ana.

–         Sim – respondeu Josh. – É que acabei de me lembrar que esqueci de pagar a conta de luz!

–         Nossa! Você deve ter muito medo de que sua luz seja cortada...

–         Você acredita nessa manchete?

–         Com tantos eventos bizarros ocorrendo na cidade...

–         Aconteceu mais alguma coisa estranha além daquelas duas fugas na Prisão Metrostate?

–         Você não soube? Um senhor de idade afirmou que um cow-boy de agilidade incrível o havia assaltado.

–         Deus...

–         Bem, eu vou trabalhar. Fique com o jornal. Leia mais sobre o assunto.

–         Obrigado! – respondeu Josh, sorrindo contra sua própria vontade.

O ex-tenente fechou a porta do apartamento e começou a ler o jornal, suando.

Eis um resumo da notícia:

Na noite passada, na rua número cinqüenta e dois, perto da zona industrial, três homens mascarados tentaram assaltar uma loja de armarinhos. Porém, antes que eles pudessem entrar no estabelecimento, um estranho personagem que, segundo testemunhas, usava uniforme preto com as letras “S” e “M” estampadas em amarelo na altura do tórax, com luvas, cinto e botas da mesma cor das letras, além de óculos escuros, impediu os meliantes. Uma das testemunhas descreveu a força do estranho indivíduo como fora do comum: segundo ela, seus socos eram tão fortes quanto disparos de canhão. Os três assaltantes foram encontrados inconscientes num beco próximo do local, com algumas lesões corporais. Todos eles estavam em estado psicológico perturbado e só serão interrogados sobre o fato quando voltarem ao normal. Apesar desses aspectos que favorecem o suposto “super-herói”, o chefe de polícia Jeremias Farfield acha tudo uma grande balela. Segundo ele, os habitantes da cidade estão tão perturbados com a gigantesca onda de crime que estão vendo coisas, ou seja, tendo alucinações. A pergunta é quem está com a razão: as testemunhas ou o chefe de polícia.

Terminando a leitura, Josh, sorrindo, guardou o jornal numa gaveta e, inspirado, continuou sua história em quadrinhos...

Enquanto isso, no laboratório do Doutor Toxinian, Blenda Baker ainda estava presa à mesma cadeira na mesma fria sala, sendo alimentada com nutrientes através de tubos.

Acima do teto de vidro da sala, Toxinian e Merezani observavam a assistente de advocacia. O cientista perguntou a Blenda, rindo:

–         Está gostando daqui?

–         Só me responda uma coisa!

–         O quê?

–         Michael está bem?

–         Sim... Seu amigo... Ele está se tornando um criminoso em potencial!

–         O quê? – surpreendeu-se Blenda.

–         Pode acreditar. Revoltado com sua morte, Michael tomou a identidade de Jack Red Kid e está usando sua força e agilidade foras do comum para, digamos, assaltar pobres velhinhos!

–         Está mentindo! – exclamou Blenda, com lágrimas nos olhos.

–         Eu lhe garanto que não. O Doutor Toxinian nunca mente.

–         Meu Deus... – murmurou Blenda, aos prantos. – No que se tornou minha vida?

–         Há alguém aqui que gostaria de vê-la – disse Toxinian, olhando para Merezani. – É uma pessoa que lhe estima muito.

–         Quem é essa pessoa? – perguntou Blenda.

–         Abra a porta da sala de pesquisas, Merezani – ordenou Toxinian. – Deixe o doutor Colt entrar.

A porta da sala onde estava Blenda se abriu e um homem de jaleco usando óculos e gravata se aproximou da assistente de advocacia, a admirando com certo espanto.

–         Quem é você? – perguntou Blenda, confusa.

–         Meu Deus... – murmurou o homem de jaleco. – Você se parece muito com sua mãe...

–         De onde conhece minha mãe?

–         Você é tão linda quanto ela...

–         Quem é este homem? – perguntou Blenda a Toxinian, olhando para o alto.

–         Esse é o doutor Gary Colt, ex-biólogo da Biocom.

Blenda e Colt se olharam nos olhos por um momento, como quem já se conhece há muito tempo.

–         Afinal, de onde o senhor conhece minha mãe? – perguntou Blenda.

–         É uma longa história, minha filha...

–         Filha?

–         Sim, eu sou seu pai...

–         O quê? Impossível! Meu pai é Jack Simon Baker!

–         Não... Eu sou seu pai... Sua mãe, Verônica, já morou em Porto Rico, não?

–         Como sabe?

–         Foi lá que nos conhecemos... Ela estava para se casar com esse tal de Baker, quando, numa festa, nos vimos pela primeira vez... Você foi fruto daquela noite...

–         Você está mentindo! Que tipo de tortura psicológica é esta?

–         Não é nenhuma tortura – respondeu Toxinian. – Ele é mesmo seu pai. Eu tenho um teste de DNA que pode comprovar tal coisa.

–         Meu Deus... – murmurou Blenda, pasmada. – É impossível...

–         Não, minha filha, não é impossível – disse Colt. – Eu e sua mãe éramos dois irresponsáveis. Mas valeu a pena, pois você é tão linda quanto ela...

–         Meu Deus...

–         Filha...

–         Pai?

–         Sim, eu sou seu pai! Acredite!

–         Pai...

–         Sua cor preferida é a vermelha e seu prato preferido é costeleta.

–         Como sabe?

–         Sua mãe me contou isso há alguns anos... Nos comunicávamos ocasionalmente...

–         Pai!

–         Filha!

Os dois começaram a chorar de felicidade. Toxinian, balançando a cabeça, disse:

–         Merezani, por favor, faça a gentileza de ocultar o teto da sala! Detesto sentimentalismo!

–         Sim, doutor!

Na tarde daquele dia, uma bela mulher, que andava rebolando, se aproximou da sede da Biocom, no centro de Metro City.

Dois homens que trabalhavam, um segurando uma escada e o outro pintando uma parede no topo desta, distraíram-se tanto quando a bela mulher passou que o homem que segurava a escada a soltou, fazendo com que o outro despencasse e o cobrisse inteiramente de tinta azul, pois a lata que segurava tombou.

A mulher, ainda rebolando, com uma pasta nas mãos, entrou no prédio da Biocom e seguiu até o trigésimo quinto andar...

Logo ela entrou no escritório de William Werner, que, vendo-a, perguntou:

–         A senhorita é Sue Terrance?

–         Sim, sou eu – respondeu a bela mulher, sorrindo. – É William Werner, não?

–         E como não poderia ser?

Os dois riram e a suposta Sue Terrance sentou-se. Werner perguntou:

–         O que uma senhorita bela como você deseja aqui?

–         Eu sou da Medicom e...

–         Da Medicom? Você trabalha para a nossa empresa rival número um?

–         Eu só quero saber uma coisa! – exclamou a mulher, olhando fixamente para Werner, que parecia hipnotizado. – Você tem os planos da “Máquina”, não?

–         Sim!

–         Como os conseguiu?

–         Dois camaradas meus os trouxeram numa maleta preta!

–         Dê-me essa maleta!

Werner entregou a maleta e, logo que a mulher a pegou, o dono da Biocom saiu do transe.

–         O que fez comigo, senhorita? – perguntou William, confuso.

–         Morra!

–         O quê?

Quatro peludas pernas de aranha rasgaram a roupa da mulher, que cuspiu uma substância branca e pegajosa no rosto do empresário. Apesar da cena grotesca que se seguiu, ninguém ouviu os gritos desesperados de William Werner...

Pouco depois, a mulher saiu normalmente da sala como havia entrado, desceu pelo prédio e deixou a área num furgão branco dirigido por um estranho homem que tinha a pele coberta de escamas verdes.

–         Pegou os planos? – perguntou ele.

–         Estão aqui! Vamos embora!

O homem pisou fundo no acelerador e o furgão partiu em alta velocidade...

Naquela noite, um vulto foi visto nos arredores do prédio em que morava Josh Remington, esgueirando-se pelos becos como um gatuno ou fugitivo.

Era o fantástico Sub-Man, que procurava algum bandido para combater. Passando perto de um prédio abandonado, “Sub” ouviu gritos femininos que imploravam por socorro vindos de dentro da construção.

O herói não pensou duas vezes: rapidamente, entrou por uma das janelas da construção e ganhou um escuro corredor.

–         Alguém está aí? – perguntou “Sub”.

–         Alguém me ajude! – exclamou a voz feminina. – Socorro!

–         Onde você está?

–         Siga minha voz!

–         Fique quieta! – exclamou uma voz masculina.

Seguindo a voz feminina, que gritava por socorro sem parar, Sub encontrou uma jovem que parecia ter sido violentada.

–         Quem atacou você? – perguntou o herói.

–         Um cow-boy... – respondeu a jovem, com medo. – Ele já foi embora, deixando um bilhete naquela parede!

–         Que parede?

A jovem apontou para uma parede onde havia um bilhete pregado com um alfinete. Sub retirou-o e o leu em voz alta:

Olá, Sub-Man. Queria conhecer pessoalmente um outro mutante, como eu. Siga minhas pistas e me encontre amanhã, ou muitas pessoas irão morrer. A propósito, por que não vai almoçar com Ana Newton amanhã, no restaurante “Casa Metrostate”, na rua principal? É o melhor da cidade, não? Até logo, otário!

Sub guardou o bilhete e saiu do prédio com a jovem, que levou até sua casa. Depois, voltou para seu apartamento, onde, pensativo, passou o resto da noite...

Continua... 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!