Sub-Man, o Vingador escrita por Goldfield


Capítulo 3
Capítulos 4 e 5




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Capítulo 4

Tão certo quanto o meu nome é Luiz Fabrício, é que coisas muito estranhas estão ocorrendo em Metro City...

A pick-up de Blenda Baker logo chegou a Metro City, dirigida por Michael Farfield. O jovem tinha um estranho brilho esverdeado nos olhos...

Iluminado pelo sol daquela manhã, Michael seguiu até seu apartamento no centro da cidade (ele não morava com seu pai) e guardou consigo todas as suas economias, que somavam uma grande quantia em dinheiro.

Depois, deixou, chorando, o corpo de Blenda no necrotério da cidade e, já em seu carro conversível, começou a rodar pela cidade, com a roupa de Jack Red Kid: chapéu, lenço amarrado no pescoço, roupa de cow-boy e botas com esporas. Além disso, o revólver que pegara em Eldorado estava em um coldre preso a sua cintura, ainda carregado com seis balas, as quais tinham um estranho brilho verde...

Enquanto isso, Antony Simon levava Luck até seu novo lar: um apartamento perto do Metrostate Park. Após percorrerem todos os cômodos, Simon perguntou:

–         E então? Gostou?

–         Sim – respondeu Luck, agora Josh. – É bem melhor do que o apartamento que tinha antes perto da zona industrial.

–         Eu escolhi a vizinhança a dedo. Ninguém faz barulho à noite, tem insônia ou cria confusão. Não se preocupe com o aluguel, pois nós pagaremos tudo. Além disso, belas mulheres moram neste prédio...

–         Eu percebi! É verdade que aquela jornalista do Metro City Times, Ana Newton, mora neste corredor?

–         Sim. Você a admira?

–         Gosto muito dos artigos dela sobre violência. Ela sempre se refere a esta cidade como a “Capital do Crime”.

–         Creio que ela está certa! Bem, eu já vou indo. Precisa de alguma coisa?

–         Sim. Onde está o material para fazer as histórias em quadrinhos?

–         Oh, já ia me esquecendo – disse Antony, caminhando na direção de um computador. – Este computador tem um programa usado pelos melhores produtores de histórias em quadrinhos. Está vendo este aparelho com a folha transparente e esta espécie de caneta que está presa ao teclado?

–         Sim.

–         Tudo que você desenhar na folha com essa caneta quando o aparelho estiver ligado será transferido para o computador. Você pode encontrar mais folhas como esta em lojas especializadas, mas há várias delas no armário. Quando terminar, use este outro aparelho para imprimir as histórias.

–         Entendi.

–         OK. Já vou indo. Há uma pistola calibre 45 numa caixa de sapatos debaixo do armário em caso de emergência. Se precisar de algo, ligue 087 em qualquer telefone e lembre-se: agora você é Josh Remington, uma exceção na sociedade. Luck Peterson está morto. Agora você é um sub-cidadão, um sub-homem...

–         Deus! Sub-cidadão, sub-homem, “Sub-Man”. Até parece nome de super-herói...

–         Quem sabe isso não pode lhe trazer inspiração para suas histórias em quadrinhos? Até logo.

–         OK. Até logo.

Antony saiu e Josh foi pegar algo na geladeira, pois estava com fome e sede. Fez um sanduíche e pegou uma lata de refrigerante, indo assistir TV. Porém, logo Josh percebeu que enquanto segurava a lata de refrigerante sem exercer grande força, esta ficava cada vez mais amassada.

–         O que está acontecendo comigo? – exclamou Josh, confuso.

Prisão de Segurança Máxima Metrostate, nos limites de Metro City.

Era noite. A prisão era dividida em duas alas: masculina e feminina. Na primeira estava preso Thomas Kaine e, na segunda, Ângela Thompson.

Kaine estava numa cela com outros três presos considerados de alta periculosidade. O chefe do crime organizado em Metro City se encontrava sentado, enquanto os outros três presos zombavam:

–         Você é um idiota Kaine! – exclamou um deles. – Como se deixou prender assim?

–         Ele é um palhaço! – riu um outro. – Ainda precisa de uma babá!

–         E pensar que namora aquela gostosa da Thompson! – exclamou o outro. – Ela tem um mau gosto...

–         Não ouse zombar de minha namorada! – exclamou Kaine, se levantando e agarrando o preso pelo pescoço. – Quer morrer?

–         Você quer morrer! – exclamou o preso, empurrando Kaine, que caiu sentado.

Os três presos riram. Porém, de repente, Kaine ergueu-se com uma das mãos na cabeça, zonzo. Os presos se assustaram quando começaram a surgir escamas na pele de Thomas, e este começou a gritar.

Quando o corpo de Kaine cobriu-se inteiramente de escamas verdes, suas unhas haviam se transformado em garras e uma longa cauda havia surgido no fim de sua coluna vertebral, o criminoso parou de gritar, sob os olhares temerosos dos companheiros de cela.

Os presos voltaram a se assustar quando Kaine, girando o globo ocular como um réptil, fitou o criminoso que insultara sua namorada.

O pobre humano desesperou-se e nem teve tempo de se esquivar de Kaine, que o encurralou junto à parede da cela. O criminoso mutante, abrindo a boca, revelou uma enorme e pegajosa língua. O pobre preso desmaiou após levar um forte golpe dado pela cauda de Kaine.

Os outros dois criminosos apavoraram-se como nunca antes quando o monstruoso Thomas Kaine avançou sobre eles. O criminoso mutante cegou um deles cuspindo um ácido verde sobre seus olhos. O outro desmaiou imediatamente.

Kaine, então, camuflou-se como o ambiente, ficando praticamente invisível. Com apenas um soco, o criminoso abriu um grande buraco na parede da cela e ganhou o amplo pátio da prisão.

Avistado por um guarda que estava numa das torres de vigilância, que percebeu aquele estranho vulto transparente, Kaine, soltando a língua de enorme comprimento, pegou através dela a metralhadora do guarda antes que este pudesse atirar.

Com a arma, Kaine fugiu pelo portão da prisão, metralhando tudo e todos.

Josh Remington queria começar a escrever histórias em quadrinhos, mas faltava o principal: inspiração. Após alguns dias curtindo sua nova identidade, o ex-tenente da polícia de Metro City estranhava cada vez mais sua força.

Josh percebeu que, realizando tarefas comuns do cotidiano sem empregar muita ou nenhuma força, acabava fazendo coisas que só faria se empregasse uma força grande e violenta, e isso o preocupava.

Ele desconfiava que era alguma conseqüência do congelamento, mas não ousou tirar dúvidas com William McGregor, pois não confiava em ninguém da Biocom. Também não queria ir ao médico, pois assim todos logo saberiam que havia sido “cobaia” de um experimento científico.

A opção era esperar para ver no que aquilo iria dar. Enquanto isso, Josh tentava encontrar algum meio de aproveitar sua força sobre-humana...

Num belo fim de tarde, enquanto o sol se punha dando uma cor alaranjada ao céu de Metro City, Josh, vindo da rua, entrava em seu apartamento, quando percebeu que uma bela mulher, de bonitos cabelos castanhos, tentava encontrar a chave certa num chaveiro para entrar em seu apartamento, no mesmo corredor. Era a jornalista Ana Newton.

Josh logo se aproximou, perguntando:

–         Você não é a jornalista Ana Newton, do Metro City Times?

–         Sim, sou eu. Você é novo aqui?

–         Sim, me mudei para cá há alguns dias. Chamo-me Josh Remington.

–         Muito prazer, Josh. Eu estava participando de uma conferência de jornalistas em Washington e por isso não nos vimos antes por aqui.

–         Eu admiro muito o trabalho da senhora e...

–         Espere aí! Chame-me de senhorita!

–         Mas você não é casada?

–         Eu sou uma encalhada...

–         Como, se é tão jovem e atraente?

–         Obrigada pelos elogios, mas é que ninguém quer se casar com uma mulher que chama, em seus artigos, o chefe de polícia Jeremias Farfield de incompetente!

–         Mas é de mulheres como você que o país precisa!

–         Ora, obrigada... Não quer entrar para conhecer meu apartamento?

–         Eu adoraria.

–         Espere só um minuto.

Ana encontrou finalmente a chave certa e os dois entraram no apartamento.

–         Sente-se – convidou Ana. – Quer beber alguma coisa?

–         Você tem café?

–         E quem não tem? Espere só um minuto...

Josh sentou-se numa poltrona na sala do apartamento e começou a contemplar os vários prêmios que Ana já havia ganhado e que estavam numa estante.

Da sala, então, Josh pôde ouvir Ana reclamar de algo na cozinha e o ex-tenente foi ver do que se tratava. O problema era que a linda e cara pulseira de Ana caíra sob um pesado armário, e a jornalista não conseguia pegar a jóia.

–         Precisa de ajuda? – perguntou Josh.

–         Se você puder me ajudar, sim! – respondeu amavelmente a jornalista.

Josh, sem dificuldade, levantou o pesado armário, possibilitando que Ana pegasse a pulseira.

–         Puxa, você é forte! – surpreendeu-se Ana. – Obrigada!

–         Estamos às ordens!

Os dois tomaram café e conversaram até a noite cair. Afinal, não era tão ruim ser forte daquele jeito...

O clima era de caos na Prisão Metrostate. A pergunta que intrigava os investigadores era como um só homem conseguira escapar da prisão pelo portão da frente deixando para trás um longo rastro de destruição.

A namorada de Kaine, Ângela Thompson, foi o alvo da desconfiança dos investigadores do governo. Todos achavam que ela estava envolvida na fuga do namorado. Ela foi levada até a sala de interrogatório da prisão, onde começou a responder a várias perguntas dos investigadores, que vinham como rajadas de metralhadora:

–         A senhorita é namorada do fugitivo Thomas Kaine? – perguntou um investigador, que circulava pela sala.

–         Sim – respondeu friamente Ângela, sentada numa cadeira no centro da sala, algemada. – Por quê?

–         Não se faça de desentendida, senhorita Thompson, pois sabemos que você sabe da fuga de seu namorado!

–         Foi bom para ele, mas eu não tenho nada a ver com isso!

–         A senhorita tem certeza?

–         Absoluta.

–         Bem... Desde quando vocês namoram?

–         Desde 2003. Ele sempre vinha à minha boate. Era dançarina antes de me tornar proprietária.

–         Interessante... A senhorita sabia que a sua rede de boates deve milhares de dólares em impostos?

–         Vai se danar!

–         A senhorita acha que ficará impune?

Nesse momento, Ângela começou a gritar. O investigador, não entendendo nada, chamou o guarda que estava no corredor.

A transformação de Ângela foi impressionante: primeiramente, quatro peludas pernas de aranha proporcionais à Ângela surgiram como prolongamentos da coluna vertebral. Depois, duas enormes presas, formadas a partir dos dentes de Ângela, apareceram na mandíbula da criminosa, além de vários olhos que apareceram na testa da mutante. Para completar, todo o corpo da criminosa tornara-se peludo e da cor da mais venenosa das viúvas-negras.

O investigador e o guarda, pasmados, sacaram suas armas e abriram fogo, em vão, pois a monstruosa criatura parecia não sofrer nada com os tiros.

Com sua saliva, que se transformara em teia, Ângela imobilizou o guarda numa das paredes da sala. O investigador, desesperado, logo se viu encurralado pela monstruosa mulher.

–         Você é atraente, investigador... – murmurou Ângela.

–         O que... O que você quer de mim? – gaguejou o pobre sujeito.

–         Eu quero um beijo seu!

E, sem que o investigador pudesse esquivar-se, Ângela o beijou, envolvendo sua cabeça com as presas, matando-o com uma quantidade enorme de veneno.

Derrubando a porta, Ângela ganhou o corredor, quebrou uma janela e subiu, através de teias, até o telhado da prisão, de onde deu um pulo extremamente alto, desaparecendo entre a floresta de pinheiros que cercava a área...

Ainda naquela mesma manhã, Michael Farfield foi até uma concessionária de motos no centro da cidade. Enquanto ele admirava as belas máquinas, uma atendente perguntou:

–         O que deseja, senhor?

–         Você tem uma moto para quem gosta de viver perigosamente?

–         Sim... Não é para isso que as motos realmente servem?

Os dois riram. A atendente continuou:

–         Nós temos um modelo novíssimo, que acabou de sair das fábricas, mas ninguém comprou nenhuma dessas motos devido ao preço um pouco inacessível...

–         Não se preocupe, pois tenho dinheiro!

–         Se é assim...

A atendente levou Michael até uma bela moto vermelha com listras pretas, design arrojado e bem cara.

–         Esta é a Windbreaker 8000, extremamente potente – explicou a atendente. – Possui design arrojado, escapamento antipoluição e capacete confortável.

–         Vou levar!

–         O senhor tem certeza?

–         Claro! – respondeu Michael, mostrando uma maleta cheia de dólares.

–         O senhor deseja mais alguma coisa? – perguntou a atendente, com um sorriso cínico no rosto.

–         Não, obrigado.

Michael pagou tudo logo de cara e saiu pilotando a moto. A atendente, após realizar a venda, foi conversar com sua amiga, que tinha a mesma profissão:

–         Você viu aquele cara vestido de cow-boy que comprou a Windbreaker 8000?

–         Sim, e daí?

–         Ele tinha um estranho brilho esverdeado nos olhos... Até me deu medo...

–         Ora, você está é estressada! Saia de férias!

Capítulo 5

Josh encontra sua inspiração – finalmente – e também algo a mais...

Josh Remington acabara de sair do banho naquele início de noite. Finalmente encontra inspiração: iria escrever uma história em quadrinhos sobre um super-herói, chamado “Sub-Man”, que combateria o crime na desoladora cidade de Metro City. Ele iria empregar grande realismo, colocando personagens reais nas histórias, como a doce jornalista Ana Newton...

Mas faltava algo para começar: como seria o uniforme de “Sub-Man”. Após pensar por um tempo, Josh esboçou um uniforme preto, com botas, cinto e luvas amarelos e as letras “S” e “M” estampadas em amarelo na frente, mais precisamente na altura do tórax. Faltava apenas algo para o herói usar no rosto, e logo Josh esboçou um belo par de óculos escuros, que serviram muito bem.

A aparência física de Sub-Man saiu parecida com a de Josh: cabelos castanhos, olhos verdes, estatura média e musculoso. Ele percebera este último aspecto físico em si após ter saído da UTI, e achou bem estranho, pois antes não era assim. Havia algo de muito errado naquilo tudo...

Logo Josh esboçou uma bela capa para a primeira edição de suas histórias em quadrinhos: Sub-Man, num beco sem saída, aponta uma pistola calibre 45 para uma grande e monstruosa sombra. No alto havia a inscrição “Josh Remington apresenta: Sub-Man, O Vingador” e mais abaixo estava escrito “Um super-herói para uma Metro City sem esperanças...”.

Particularmente, Josh gostou muito da capa e a imprimiu em folha transparente, após fazer alguns rascunhos. Ele não imaginava que era tão bom para fazer desenhos.

Quando o ex-tenente da polícia ia começar a primeira página da história, ouviu gritos femininos vindos de um beco que ficava ao lado do prédio.

Logo Josh percebeu que alguém precisava de ajuda, pois a voz feminina gritou “Socorro, ladrão!”. O ex-tenente tentou ligar para a polícia, mas só dava ocupado.

Vendo que não havia outra alternativa, Josh desceu rapidamente pelo elevador do prédio e ganhou o beco, onde um homem mascarado assaltava uma pobre senhora de idade.

–         Você tem coragem de assaltar essa pobre senhora? – exclamou Josh, desesperado.

–         Qual é a tua, cara? – exclamou o assaltante, virando-se e apontando um revolver para Josh. – Quer morrer?

–         Fuja, moço! – exclamou a senhora.

–         Não, senhora! – exclamou Josh. – Alguém aqui tem que aprender uma lição!

–         Vem, idiota! – exclamou o ladrão, guardando a arma e partindo para a briga.

Com apenas um soco, Josh fez com que o assaltante voasse até o fim do beco, caindo sobre uma pilha de latas de lixo.

–         Eu fiz isso? – perguntou-se Josh, olhando para seus punhos.

–         Obrigada moço! – disse a senhora, se distanciando rapidamente.

Josh não acreditava no que havia feito. O assaltante, desesperado, saiu dali o mais rápido que pôde.

O ex-tenente da polícia, então, subiu de volta até seu apartamento, e, tomado por enorme inspiração, começou a escrever e desenhar a primeira aventura de Sub-Man...

Enquanto isso, Michael Farfield resolvera dar uma volta em sua nova moto pelos subúrbios mais sujos de Metro City.

Com roupa de cow-boy, o filho de Jeremias Farfield ainda tinha seu revólver no coldre e um sinistro brilho esverdeado nos olhos...

Michael parou quando avistou, num beco, dois homens mascarados assaltando um pobre senhor.

Logo que desceu da moto, o cow-boy caminhou até o beco a passos curtos, com as mãos prontas para sacar a arma do coldre.

–         Por favor, não me assaltem... – implorava o senhor, que já era de idade.

–         Passa a grana, velhote! – exclamou um dos assaltantes, apontando uma pistola automática.

–         Parem já onde estão! – exclamou Michael, entrando no beco.

–         Quem é você? – perguntou um dos assaltantes, rindo. – O John Wayne?

–         Meu nome é Jack Red Kid, e ordeno que coloquem essas armas no chão, agora!

–         Não nos faça rir...

–         Idiotas! Vão pagar!

Num movimento extremamente rápido, Michael, ou melhor, Jack Red Kid, sacou o revólver e atirou mais rápido ainda, atingindo um dos assaltantes em cheio no coração.

–         Desgraçado! – exclamou o outro assaltante, que começou a disparar com a pistola contra Jack.

O assaltante disparou três vezes, mas apenas um tiro acertou Jack, no peito, mas este continuou firme, de pé, parecendo não ter sofrido nada. Farfield sorriu para o assaltante, rindo. Um líquido esverdeado começou a escorrer do buraco feito pela bala no cow-boy.

–         Quem diabos você é? – exclamou o assaltante, desesperado.

–         Eu já lhe disse quem sou! Quer jogar “roleta russa”?

Jack descarregou todas as cinco balas restantes do revólver, que caíram no chão. Depois, de um dos bolsos, retirou uma bala dourada especial, de maior potência, e a colocou no tambor. Depois, começou a girá-lo junto com o revólver usando os dedos, demonstrando grande habilidade.

E, por fim, disparou contra o assaltante, que morreu atingido em cheio no coração, como seu companheiro.

–         Não teve sorte... – riu Jack, se aproximando da vítima do assalto, que estava desesperada.

–         Você é um super-herói ou coisa assim? – perguntou o pobre senhor de idade.

–         Super-herói? Prefiro “Supervilão”.

E, num movimento rápido, roubou a carteira da vítima, saiu do beco e desapareceu na noite em sua moto...

Blenda Baker acordou extremamente confusa e surpresa. Estava presa a uma espécie de cadeira, numa ampla e fria sala, de cor cinza.

–         Onde estou? – exclamou, atordoada, a assistente de advocacia.

–         Você está em minha casa! – respondeu uma voz que parecia abafada por algo. – Eu lhe devolvi a vida! Por sorte, encontrei seu corpo no necrotério antes que entrasse em estado de decomposição!

–         O quê?

–         Você chegou a morrer, não se lembra?

–         Sim... Em Eldorado... Onde está Michael?

–         Seu amigo está em algum lugar nesta cidade!

–         E que cidade é esta?

–         Metro City, minha cara, a terra das oportunidades!

–         Quem é você?

–         Chame-me de Toxinian. Doutor Toxinian.

–         Onde você está?

–         Olhe para o alto!

Blenda, olhando para o teto da sala, viu, através de um vidro, um homem com jaleco e máscara de gás. Ao seu lado estava um homem de casaco, óculos escuros e chapéu, o que impossibilitava que seu rosto fosse visto. Os dois encontravam-se de pé e de braços cruzados.

–         O que você quer de mim? – exclamou Blenda.

–         Minhas análises comprovaram que você e seu amigo sofreram várias mutações devido à radiação. Eu quero estudar você e, quando encontrá-lo, seu amigo.

–         Quero falar com minha família!

–         Eles pensam que você morreu...

–         Meu pai trabalha no gabinete do prefeito! Você está encrencado!

–         Nem o prefeito pode comigo... Ninguém pode comigo...

Blenda tentou se libertar, em vão, pois seus braços e pernas estavam presos.

Toxinian e o outro homem se retiraram e seguiram até uma sala cheia de tanques contendo gases tóxicos de todo o tipo. Toxinian, se aproximando de um deles, prendeu um tubo que saía deste em sua máscara e começou a respirar aquele gás mortal, que não lhe causava nada a não ser conforto.

–         Desde que aquele vírus atacou o meu organismo, eu não posso respirar oxigênio, pois seria mortal. Tenho que viver de gases tóxicos... – disse Toxinian.

–         Mas, senhor Petroni... – oscilou o outro homem.

–         Mário Petroni está morto! Agora sou Doutor Toxinian!

–         Desculpe-me...

–         Nosso plano está correndo perfeitamente. Logo nós teremos uma guerra de mutantes nesta cidade. Todos me pagarão: a Biocom, a mídia e, principalmente, a sociedade!

–         Mas por quê?

–         Porque eles não deram apoio à minha pesquisa, e por esse motivo ela resultou num grande fracasso!

–         Mas a sociedade...

–         Se não posso salvá-la, por que não posso destruí-la?

O outro homem, ou seja, Merezani, tirou o chapéu e os óculos escuros, revelando o rosto totalmente deformado.

Continua... 


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