O Patrocínio do Mal escrita por Goldfield


Capítulo 7
Capítulo 7




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Capítulo 7

“Mercenaries Mode: On”.

Para compreendermos melhor o “jogo” que Hunk e seus homens estavam prestes a disputar, devemos analisar os fatores que o compõem:

1.      Cenário.

O Laboratório Vinnewood foi construído no final da década de 90 para pesquisas na área de saúde. Situado na parte nordeste da cidade de São Francisco, é na verdade um prédio com oito andares, sendo quatro acima da superfície (contando o térreo) e outros quatro subterrâneos. Possui inúmeras salas de experimentos com equipamentos de última geração, além de escritórios, almoxarifados, banheiros e alguns leitos. Existe também um pequeno heliporto situado do lado de fora, a cerca de sessenta metros ao sul do complexo, com um estacionamento adjacente.

2.      Circunstâncias.

Há aproximadamente dezoito horas, uma infecção pelo T-Virus teve início dentro do prédio a partir do quarto subsolo. O vírus se espalhou pelas instalações por meio do sistema de ventilação, contaminando todos os funcionários. Devido ao grande período em que permaneceu em estado de hibernação, o agente viral aparenta instabilidade, já que o tempo necessário para que os indivíduos infectados se transformassem em zumbis foi muito pequeno. Ainda não se sabe se tal circunstância é capaz de originar B.O.W.’s (Armas Bio-Orgânicas) até então nunca vistas.

3.      Missão.

O objetivo da equipe de contenção é obter amostras do vírus e dados sobre possíveis novas B.O.W.’s.  Prováveis documentos ou relatos por escrito cujo assunto seja a infecção e seus efeitos também deverão ser coletados. Se ainda houver algum recipiente criogênico intacto (contendo um zumbi congelado) no quarto subsolo, será prioritário transportá-lo até um dos helicópteros para extração. Caso haja sobreviventes, precisarão ser eliminados. Não queremos deixar nenhum rastro de nossas ações.

4.      Possíveis ameaças.

Neste momento o vírus já não é mais aerotransmissível, sendo transmitido apenas pelo contato direto com os hospedeiros. É preciso evitar ao máximo que qualquer membro da equipe venha a ser vítima dos ataques deles. Entre as possíveis criaturas criadas pela contaminação, deve-se destacar:

- Zumbis;

- Lickers;

- Brain Suckers.

Devido ao breve período de infecção que o agente viral adquiriu, é difícil afirmar com precisão quais mutantes estarão à solta no interior do laboratório.

5.      Armamento.

A equipe de contenção terá as seguintes armas à disposição:

- Pistolas Colt calibre 45;

- Pistolas Desert Eagle calibre 50;

- Fuzis de assalto M4A1;

- Fuzis de assalto AK-47;

- Espingardas Remington calibre 12;

- Granadas de fragmentação;

- Explosivos plásticos C-4.

Vale lembrar que os integrantes da equipe serão devidamente recompensados ao término da missão.

Tal mensagem fora enviada por Burke a cada um dos laptops que faziam parte do equipamento de Hunk e seus comandados. Após terminarem de lê-la, os combatentes iniciaram o download de plantas detalhadas do complexo que estavam prestes a invadir, além de dados valiosos sobre os monstros mencionados, explicando a melhor forma de aniquilá-los.

–         Cinco minutos até Vinnewood! – informou o piloto.

Estava quase na hora.

Rebecca e Jane ficaram frustradas. O acesso à Internet nos computadores da sala estava misteriosamente bloqueado. Nem mesmo a rede interna do laboratório se encontrava operante, e um telefone numa das paredes não dava sinal de linha. Quem teria sido responsável por aquilo?

–         Estamos presas aqui sem qualquer chance de contato com o lado de fora! – afirmou Chambers em tom irritado. – Se quisermos sobreviver, será necessário abrir caminho entre esses zumbis até alguma saída que não esteja comprometida!

–         E não vai ser nada fácil encontrar uma... – resmungou Weston. – Se ao menos pudéssemos acessar as plantas do laboratório, mas a rede interna está off-line...

A ex-integrante do S.T.A.R.S. caminhou até uma cadeira, na qual se sentou. Fitou o chão por alguns instantes e em seguida disse:

–         Há uma coisa em especial que eu gostaria de compreender...

–         O que é, querida? – indagou Jane com leve sarcasmo.

–         A contaminação... Eu provavelmente não fui afetada porque já havia tido contato com o T-Virus durante o incidente na Mansão Spencer, além de outras missões nos tempos da organização clandestina contra a Umbrella, e por isso meu organismo deve ter desenvolvido algum tipo de defesa contra ele... Mas e você? O que explica sua imunidade?

A colega de Becca soltou um palavrão em voz baixa para depois murmurar:

–         Creio que já não posso mais esconder, certo?

Nos instantes seguintes, para espanto e admiração de Chambers, Weston retirou seus cabelos negros, que na verdade compunham uma peruca, revelando curtos fios loiros presos num coque atrás de sua cabeça. Em seguida retirou um distintivo de um dos bolsos do jaleco, exclamando enquanto o estendia para a ex-policial:

–         Sou uma agente do FBI disfarçada de pesquisadora! Fui enviada para cá com a missão de investigar possíveis atividades da FPA neste complexo!

–         FPA?

–         Frente Patriótica da América. Um grupo terrorista que recentemente obteve amostras do T-Virus através de uma fonte desconhecida dentro do governo. Algumas evidências levavam a crer que Josh Burke, novo patrocinador desta pesquisa e provável membro da organização, possuía algum tipo de interesse particular neste laboratório e por isso enviou seu protegido, Lott Klein, para trabalhar aqui. Meu objetivo era me aproximar dele e descobrir o que seu mentor planejava, até que tudo virou de pernas para o ar... Recebi uma vacina contra o vírus há algum tempo, quando ainda estava em outro caso, e por esse motivo não desenvolvi os sintomas, assim como você...

Imediatamente Rebecca lembrou-se do misterioso telefonema que havia recebido na manhã do dia anterior. Como suspeitara desde o primeiro momento, Josh Burke era uma pessoa de má fé, que fornecera um verdadeiro “patrocínio do mal” ao Laboratório Vinnewood. Teria a FPA algo a ver com a contaminação no prédio? A única certeza de Chambers era que aquela história estava cada vez mais confusa!

–         Isso explica seu repentino interesse por Klein... – afirmou a ex-integrante do S.T.A.R.S., coçando o queixo. – Queria investigá-lo!

–         Exato.

–         Você dissimula muito bem... – disse Becca rispidamente. – Até cheguei a acreditar que era realmente minha amiga... Posso ao menos saber seu verdadeiro nome?

–         Bem, sou Jane Weston já há alguns anos... Até meus superiores me chamam assim. Passei pela Biocom e outras empresas de bioengenharia, sempre trabalhando para o FBI em busca de experiências ilegais. Acabei construindo uma falsa carreira como pesquisadora apenas para prender cientistas criminosos. Mas já que nos tornamos tão próximas e é provável que não consigamos sair vivas daqui, posso lhe revelar minha verdadeira identidade: Rachel Robinson.

–         Rachel...

–         E então? Podemos unir forças para escapar daqui, sem ressentimentos?

Chambers estava incerta. Não sabia se podia confiar plenamente naquela mulher. Entretanto, devido à situação na qual se encontrava, não havia muita escolha. Com certo temor, a ruiva apertou a mão direita da agente federal, que recomendou:

–         É melhor vasculharmos esta sala! Tenho certeza de que há algo que possamos utilizar!

Washington, D.C.

A campainha da porta tocava com certa insistência. Sherry Birkin correu até a sala para atender a já esperada visita. Era Ernest Adams, que perguntou, passando a mão pelos cabelos:

–         Posso entrar?

–         Sim, claro!

O agente do FBI ganhou a residência, sentando-se num sofá. A promotora acomodou-se diante dele, ouvindo-o dizer:

–         Desculpe-me por ter interrompido seu sono com o telefonema. É que precisamos muito conversar!

–         Não há problema, eu não venho dormindo direito já há algum tempo... – respondeu a jovem, olhar um tanto cansado. – E então? Interrogou Billy Coen?

–         Sim, eu estive em Alexandria há algumas horas. Assim como suspeitávamos, ele está trabalhando para Jack Krauser, sendo responsável pelo planejamento do atentado contra você. Coen fez um acordo com o major, no qual este último prometera limpar seu nome caso colaborasse. A FPA possui algum tipo de interesse em vê-la morta, senhorita Birkin.

–         Jack Krauser... – murmurou a filha do falecido William Birkin, fechando os olhos para mergulhar num nítido flash-back.

A dor que Sherry sentia naquele momento era quase impossível de descrever. Tinha apenas doze anos de idade e já perdera os pais, além de ter presenciado os horrores da epidemia do T-Virus em Raccoon City enquanto tentava escapar da cidade. Ela sobrevivera, mas agora estava só e desamparada.

Sentada junto a uma janela, a garotinha admirava o nascer do sol, quando ouviu um homem perguntar:

–         Você tem algum parente?

Ela voltou-se para o sujeito. Tratava-se de um oficial da Marinha, forte e loiro. Em seu uniforme era possível ler “J. Krauser”. Sherry não respondeu à pergunta. Não tinha mais nenhum parente. William e Annete Birkin, o casal que a trouxera ao mundo, haviam morrido por causa do G-Virus. A menina encolheu-se, mordendo fortemente os lábios. Pensou em Claire. Estava certa de que ela voltaria. Ela não se esqueceria da pobre órfã...

–         Sherry, você está me ouvindo? – indagou Adams, fazendo a promotora voltar ao presente.

–         Sim, eu apenas estava recordando algo... – suspirou Birkin. – O que você estava dizendo?

–         Jack Krauser foi o provável fornecedor do T-Virus a FPA. Nos últimos anos ele ganhou acesso a instalações militares ultra-secretas em todo o território nacional. Porém, ter em mãos a pior praga já criada pelo homem não é o suficiente para os terroristas. Josh Burke é um deles, e ele deseja algo que está em São Francisco, mais precisamente no Laboratório Vinnewood...

–         E por isso você enviou uma agente para investigar o local...

–         Sim. Seu nome atual é Jane Weston. Disfarçada como pesquisadora, ela já investigou diversos laboratórios e centros médicos do país nos últimos anos, sempre buscando frustrar experiências ilegais. Ela é integrante da FTPB.

–         FTPB?

–         Força-Tarefa de Perigo Biológico. Uma divisão do FBI criada assim que os crimes da Umbrella foram revelados ao mundo, com o intuito de evitar que novas armas biológicas sejam criadas ilicitamente e interromper experiências que desrespeitem os direitos humanos. Simplificando, um grupo de agentes especiais que caça cientistas malucos.

–         Boa definição... – sorriu Sherry. – O que a agente Weston descobriu até agora?

–         Nada relevante. Ela está investigando Lott Klein, geneticista recém-formado enviado recentemente para trabalhar no laboratório por Burke, que está patrocinando a pesquisa.

–         Lott Klein? – quis confirmar a promotora com certo espanto.

–         Exato. Um dos poucos sobreviventes do incidente viral na ilha Sheena em novembro de 1998, mais uma das catástrofes provocadas pela Umbrella... Atualmente ele é protegido de Burke. Por quê?

–         Nada... Deve ser apenas coincidência...

–         Sherry, você está escondendo algo de mim?

A jovem olhou para o teto por alguns segundos, e em seguida deu um suspiro demorado. Voltando a fitar Adams, Birkin disse:

–         É uma coisa que eu e Bryan descobrimos há pouco tempo, juro que íamos lhe contar assim que tivéssemos certeza!

–         Do que se trata?

–         Semana passada, visitamos um ex-cientista da Umbrella na prisão, que exigia falar comigo. Ele trabalhava na fábrica de Tyrants situada na ilha Sheena, e conseguiu escapar do lugar logo no início da epidemia do T-Virus. Tinha algumas revelações a nos fazer...

–         Continue.

–         Todos achavam que Emanuel Deller era o único criminoso da Umbrella que não havia sido punido, até morrer no complexo siberiano no início deste mês. Bem, o prisioneiro nos informou que há mais alguém. Um homem julgado morto no incidente em Sheena...

–         Quem? – indagou o agente do FBI, voz firme.

–         Vincent Goldman, antigo comandante da ilha e responsável pela contaminação de seus habitantes. Ele sobreviveu, Adams. Sobreviveu e, segundo o detento, manteve contato com ele até dois anos atrás. Para escapar das autoridades, o bastardo trocou de nome cinco vezes. Chegou até a passar por uma cirurgia plástica que alterou parcialmente seu rosto.

–         É alarmante, mas o que Klein tem a ver com isso?

–         O ex-pesquisador também disse que Goldman havia se tornado tutor de um jovem que, assim como ele, sobrevivera à tragédia de Sheena. Esse garoto deve ser Lott, agente Adams!

–         E isso leva a crer...

–         Que Josh Burke seja na verdade Vincent Goldman! – concluiu a promotora.

O federal permaneceu calado por alguns instantes, assimilando todas aquelas informações. Súbito, ergueu-se do sofá rapidamente, dirigindo-se até a porta da casa.

–         Preciso dar alguns telefonemas com urgência! – exclamou Adams, já com a mão na maçaneta. – Creio que a agente Weston esteja em perigo! Ligue para mim se necessário!

–         OK... – respondeu Sherry. – Espero que não haja uma tragédia de grandes proporções prestes a se iniciar, agente Adams!

–         Eu estou preparado para tudo, senhorita Birkin... – murmurou Ernest, deixando o local. – Tenha uma boa noite!

Os dois helicópteros Black Hawk já sobrevoavam o terraço do Laboratório Vinnewood, seus holofotes iluminando a cobertura de concreto e o som das hélices quebrando o sepulcral silêncio que ali predominava. Constatando que o local estava livre de ameaças, os pilotos deram um sinal para os ocupantes. Era hora de sair.

Por meio de cordas de rapel, os combatentes, usando máscaras de gás, deixaram as aeronaves, suas botas tocando o chão após rápida descida. Logo em seguida se equiparam com diferentes armas, caminhando cautelosamente até uma porta que, segundo as plantas do prédio, levava a uma escada de serviço que dava acesso ao quarto andar. Quinze homens no total, e Hunk à frente deles.

–         Como sempre, o “Sr. Morte” lidera a invasão! – exclamou um dos soldados, sorrindo por baixo da máscara.

Não houve resposta. O comandante da equipe apenas parou diante da porta, observou-a por poucos segundos e então a arrombou através de um forte e decidido chute. Os helicópteros começavam a se afastar. De acordo com o plano, eles seguiriam uma rota circular em torno do laboratório até que a missão estivesse concluída e a extração pudesse ser realizada.

–         Avançar! – ordenou Hunk, gesticulando.

O grupo prosseguiu, sempre atento devido à temível ameaça biológica com a qual lidavam. Depois da escada, os membros do esquadrão ganharam um corredor longo e escuro, seus passos provocando sons metálicos conforme andavam. O líder continuava à frente, até que subitamente parou, erguendo a mão direita para que seus comandados também o fizessem.

–         Ouvi algo! – informou ele, tão concentrado quanto uma águia espreitando sua presa. – Deathplague, quero luz!

–         Sim senhor! – respondeu o combatente, apanhando sua lanterna.

O aparelho foi ligado, iluminando parte do corredor. Aparentemente não havia nada, e os demais invasores não conseguiam ouvir coisa alguma. De alguma forma, a audição de Hunk era a mais aprimorada do grupo. Talvez fosse resultado de uma experiência da falida Umbrella, ou simplesmente conseqüência de seus vários anos servindo como mercenário ao redor do mundo, o que tornaria os sentidos de qualquer pessoa mais aguçados.

Mas o importante é que, após mais alguns segundos, todos puderam ouvir o ruído percebido primeiramente pelo comandante. Era como se alguém caminhasse até eles arrastando os pés com grande dificuldade. Sem demora deduziram o que se aproximava, e apontaram suas armas. A criatura logo adentrou a área de alcance da luz fornecida pela lanterna, e todos puderam identificá-la: um pesquisador zumbi com a pele em frangalhos, jaleco todo manchado de sangue e afiadas garras que lhe surgiam no lugar das unhas. Soltava gemidos horripilantes. Sobre seu corpo decomposto pairavam quinze pontos vermelhos. Eram rastros de mira laser.

–         Fogo! – gritou Hunk.

Todos atiraram ao mesmo tempo, e o morto-vivo, atingido por uma verdadeira chuva de balas, praticamente explodiu diante do esquadrão. Constatando que o monstro fora transformado numa massa desmembrada e sem vida, o grupo avançou com segurança. Nada poderia detê-los.

–         Você encontrou algo, Rebecca? – perguntou Jane, examinando alguns documentos.

–         Sim... – murmurou a ruiva, voltando para junto da colega com uma folha de papel numa das mãos. – Parece um relato de um dos pesquisadores ou algo parecido... Dê uma olhada!

Weston apanhou o texto, o qual leu em voz alta:

25 de outubro de 2008.

10:00

Algo estranho está acontecendo. Há pouco mais de uma hora, todo o prédio foi lacrado devido a uma suposta infecção provocada por um agente viral desconhecido. Eu, Hillary e Scott acabamos trancados nesta sala. Espero que essa situação seja logo solucionada.

12:00

Já é meio-dia e estamos nos sentindo estranhamente mal. Seja qual for o vírus responsável por essa quarentena, acredito que acabamos sendo contaminados. Tenho medo. Muito medo.

12:45

A Hillary arrancou um pedaço das costas do Scott com uma mordida! Ela se tornou... Uma zumbi! Assim como em Raccoon City! E parece que o pobre infeliz também está se transformando, assim como eu. Consegui trancá-los num armário, mas não sei por quanto tempo as portas resistirão... E eu? Até quando poderei resistir?

O fato de um dos armários da sala se encontrar escancarado, com várias marcas de sangue próximas, acusava qual fora o destino do autor daquele desolador relato. De repente, Jane e Rebecca ouviram algo. Era o som de um helicóptero, e na verdade parecia até ser mais de uma aeronave...

–         Resgate? – perguntou Chambers, como se pudesse ler os pensamentos da agente federal.

–         Talvez... – murmurou Weston em resposta. – Acredito que a polícia tenha vindo investigar o que está acontecendo... Porém duvido que eles estejam preparados para enfrentar um exército de mortos-vivos!

–         O que faremos?

–         Vamos voltar aos corredores! Se alguém entrar procurando sobreviventes, as chances de sermos encontradas serão maiores se não ficarmos escondidas!

–         Então vamos!

E sem demora saíram do recinto, armas carregadas e pernas prontas para correr.

No quarto subsolo, Murray e Klein nada ouviram, devido à profundidade em que estavam. Cada vez piores, agora tremiam de frio e sangravam pela boca, quase concluindo o processo de transformação em zumbis. Esforçando-se para se manter consciente, Lott disse ao superior:

–         Não faz sentido! Se fomos os primeiros expostos ao vírus, por que estamos demorando tanto para virar monstros canibais?

–         Está ansioso para me devorar, é? – indagou James, batendo os dentes incessantemente.

–         Eu apenas não entendo...

–         Bem, no seu caso, talvez a razão seja sua exposição anterior ao T-Virus durante o incidente na ilha Sheena. Seu corpo adquiriu maior resistência, porém não o suficiente para ficar imune. Quanto a mim...

–         É mesmo, e quanto a você? – quis saber o inglês, testa franzida.

–         Na situação em que estou, não preciso mais guardar segredos... – e fez uma pausa para tossir antes de continuar. – Acontece que eu trabalhava para a Umbrella anos atrás...

–         Umbrella? – surpreendeu-se o jovem.

–         Sim... Complexo de Chicago... Em 2001 eles injetaram uma vacina experimental contra o T-Virus nos empregados, para que não se tornassem mortos-vivos em caso de acidente... Não havia qualquer garantia quanto à sua eficiência... Agora vejo que ela apenas atrasa a infecção...

E permaneceram sem pronunciar palavra alguma por alguns minutos, apenas tossindo e escarrando, tornando-se menos humanos a cada segundo que passava. Quem diria, James Murray trabalhara para a Umbrella! Ao menos agora recebera seu castigo, junto com Klein...

–         Lott? – exclamou o chefe de pesquisas, percebendo que o rapaz se encontrava de cabeça baixa já há alguns instantes. – Você ainda me ouve?

O britânico não ergueu a face, e tampouco houve resposta. Preocupado com o novo amigo que fizera, apesar de se encontrar no mesmo estado, James insistiu:

–         Lott!

O sobrevivente da ilha Sheena finalmente deixou de fitar o chão, passando a olhar fixamente para seu chefe. Seus olhos haviam perdido o brilho e, antes que Murray pudesse gritar de susto, o jovem saltou sobre si, urrando enquanto abocanhava seu pescoço com fome de carne fresca.

–         Pare, Lott! – implorava James aos berros, sentindo sua garganta ser dilacerada pelos dentes de Klein e seu sangue quente escorrer sobre o jaleco. – Pare!

Logo se calou e deixou de se mover, e o inglês, agora nada mais que um zumbi insaciável, continuou deliciando-se com a carne do homem que provocara aquela desgraça.

Continua... 


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