The 75th Hunger Games - Fanfiction Interativa escrita por Driokjin


Capítulo 3
Victoria Grey I: Princesa da guerra




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Meus dedos, meus braços, minhas pernas doem, tudo em meu corpo parece doer, não consigo dormir direito há dias. Com o inicio dos jogos chegando, tenho que estar preparada, esse é um jogo em que não posso perder o preço a se pagar é muito alto.

Algumas semanas atrás, a Capital anunciou o reinicio dos Jogos Vorazes. Uma disputa que acontece todos os anos, onde vinte e quatro jovens batalham até a morte por suas vidas. Você deve estar se perguntando: Porque um país faria isso aos seus semelhantes?

É uma longa historia, daquelas que os velhos soldados adoram contar. Nosso país vivia em “paz” sob o comando da Capital, mas digamos que os treze distritos de Panem chegaram à conclusão de que a maior cidade do país não era a melhor opção de governo. Desde então uma guerra entre a metrópole e os treze distritos começou e se arrastou por longos anos. Essa batalha vitimou muitas pessoas, lares foram desfeitos e muitos ainda sofrem com os efeitos colaterais de tal revolta, foram inúmeras as tentativas de destruição à Capital, mas nenhuma teve sucesso, a guerra terminou com a extinção do Distrito 13 e a escravização dos demais, a pseudo-paz voltou a reinar nesta terra a custo da vida de vários.

Para que não houvesse maiores estragos, um tratado foi selado entre os dozes distritos restantes e a Capital, nele estava escrito que a partir daquele dia, todo ano cada um dos submissos a metrópole, deveriam escolher uma garota e um garoto, entre idades de doze a dezoito anos e os enviarem a este torneio, onde é necessário matar os demais participantes para vencer, foi a maneira que eles encontraram para nos punir ainda mais pela revolta e evitar o início de uma nova guerra.

Já são cinco e meia da manhã e desde ontem à noite não consigo pregar os olhos, eu fico muito ansiosa diante de grandes acontecimentos, principalmente este ano, pois vou tomar uma das decisões mais importantes da minha vida, eu finalmente me oferecerei para os jogos como tributa do Distrito 2, e com certeza retornarei vitoriosa. Eu já treino desde meus sete anos de idade, desenvolvi varias habilidades durante esse tempo, tenho aula na Academia de Pacificadores e reforço isso com treino pesado em casa – Fiz meu pai transformar nosso porão em uma replica fiel à sala de treinamento da escola e a contratar alguns pacificadores para me darem aulas particulares – sou uma das melhores na academia, acho que realmente me sinto preparada para enfrentar isso.

– Querida venha tomar café! – Gritava minha mãe em cima da escada.

– Já estou subindo. – Retruquei.

A rotina aqui em casa começa cedo, meus pais como a maioria aqui, são pacificadores e trabalham diretamente com o presidente Snow, dessa forma acho que somos uma das famílias mais bem pagas do distrito. Devido sua dedicação diária ao trabalho, eles quase nunca estão em casa e manhãs como essas estão ficando cada vez mais raras, me sinto sozinha na maior parte do tempo, mas não os culpo, apesar de tudo, eles tentam se manter bastante presentes em minha vida, tanto social, como acadêmica, sendo bastante severos quanto a isso, encerrei minha ultima sessão de treinamento e subi até a cozinha, que era o primeiro cômodo ao se sair do porão. Como ainda não tinha amanhecido direito e o céu estava nublado a cozinha inteira estava banhada com uma tonalidade azul-esverdeado.

– Bom dia pai. Bom dia mãe. – Cumprimentei-os, olhando respectivamente para cada um enquanto falava. Puxei a cadeira e me sentei à mesa.

– Bom dia, querida. – Responderam os dois quase em uníssono.

– Está cansada? – Perguntou minha mãe.

– Sim. - Respondi. - Faz três dias que não durmo direito e estou treinando desde a noite passada.

– Vai ser uma carreirista de tanto. – Disse meu pai olhando por sob o jornal. – Desde pequena você sempre foi assim. Lembro-me como se fosse ontem, quando você desceu as escadas e disse que queria treinos particulares de preparação militar, até hoje imagino de onde você deve ter tirado isso. – Falou ele regozijando a lembrança com um olhar orgulhoso. – Então eu disse não e você chorou se jogou no chão e começou a espernear como uma garotinha mimada que quer um brinquedo novo, e eu como bom pai atendi o seu pedido.

– Eu não me lembro disso. – Falei corando com a possibilidade de ter sido verdade.

– Nem eu. – Disse minha mãe sentando-se a mesa conosco. – Se não me engano, quando você disse não ela mordeu a sua mão. – Lembrou ela. Todos nós sorrimos.

– Verdade, ela era uma garotinha muito rebelde. – Falou sorrindo. Conversamos por um tempo antes de eles saírem para o trabalho e eu me sentir solitária novamente.

– Temos que ir Gladis, não podemos nos atrasar. – Falou meu pai levantando-se de sua carteira e dando um ultimo gole em seu café amargo que cheirava tão bem.

– Precisamos ir Victoria, você ficara bem? – Perguntou minha mãe.

– Sim. – Respondi. – Eu sempre fico você sabe. – Falei esboçando um leve sorriso nem um pouco verdadeiro. Eu sempre fico bem fisicamente, mas por dentro é como se eu fosse engolida por sombras toda a vez que os vejo sair pela porta, e acho que minha personalidade meio cruel é conseqüência desse sentimento.

– Eu e seu pai não dormiremos em casa hoje. – Falou com um olhar triste, acho que minha mãe também não gostava desta distancia. – Hoje é o dia da colheita não faça nada maluco e que a sorte esteja sempre a seu favor. – Respirou. – Tranque tudo quando sairmos. Certo Shanley já podemos ir. - E passou pelo arco de madeira que levava à porta frontal de nossa casa.

Segui as instruções redundantes de minha mãe e fui para meu quarto me livrar do meu moletom e calça de malha suada. Entrei na ducha e tomei o banho mais refrescante de todos, mesmo com a proximidade do inverno o tempo permanecia abafado, consegui sentir toda a sujeira em meu corpo ser levada pela água fria, lavei meu corpo com sabonete de ervas, que dava uma sensação de puro a minha pele. Sai do banho com os meus cabelos bem fixos a pele, me enrolei em uma toalha e fui até meu guarda roupas. Em uma ocasião normal, eu usualmente escolheria uma ou duas peças tão negras quanto uma noite sem luar, mas hoje todos sabem que não é um dia como os outros. - Uma coisa que aprendi em todo o tempo que passei na Academia Preparatória de Pacificadores foi manter a discrição sobre mim mesma "Um bom guerreiro sabe mostrar apenas o necessário para ser respeitado", era o que o meu tutor sempre dizia, enquanto enrugava a testa tão forte que era possível identificar a imagem de um vulcão entrando em erupção entre suas sobrancelhas, mas tenho que concordar plenamente com ele, as vestes em textura e tonalidade dizem muito a respeito de uma pessoa e inconscientemente revelam o estado de espírito e traços da personalidade de um indivíduo, sabendo disso seus inimigos podem usar dessas pequenas coisas para formularem um contra-ataque; eu por exemplo, nem mesmo na maquiagem costumo exagerar e eu uso maquiagem afinal de contas sou um garota.- Eu escolho um vestido cinza tomara que caia, bem justo até a cintura e mais aberto na parte de baixo, com botões pretos fixos no busto, presente de natal comprado em um brechó de moda retro pela minha mãe, calço um sapatilha preta e esfumaço os olhos com uma sombra da mesma cor, pinto os lábios com a cor vinho que me deixa com aparência de quem havia acabado de embriagar-se com sangue, dei volume aos meus cachos tão negros quanto as penas de um corvo agourento e me sinto apresentável.

Olhei pela janela do meu quarto e pude ver alguns que já se dirigiam para o centro do distrito a espera da colheita, segurei o ar em meus pulmões por alguns segundos e soltei embaçando o vidro da janela, estava bem ansiosa para isso. Saio de casa e sigo com os outros até a praça onde um grande palco foi construído para comportar a elite do Distrito 2. Fui em direção aos pacificadores que escaneiam o DNA dos candidatos a tributos, fiquei na fila por um tempo até chegar a minha vez.

– Nome? - Perguntou o pacificador espetando meu dedo.

– Victoria Gray. - Respondi.

Nem esperei sua ordem e fui até minha respectiva fila esperando pelo inicio da colheita, minhas colegas de classe chegaram bem antes de mim, então fiquei um pouco distante delas, mas isso não tinha tanta importância assim, são só colegas de classe, afinal. Meus olhos agora estão focados no palco esperando pelo o inicio do show. Uma mulher que trajava vestes nada discretas e que se tivesse pedido a minha opinião eu reprovaria, um vestido cheio de babados rosa, com detalhes dourados, sapatos também dourados e um chapéu enorme da mesma cor que o vestido, uma verdadeira aberração, seus cabelos era tão loiros que chegavam a atingir a tonalidade branca, nas pontas era possível ver mechas rosa, sua pele estava coberta por alguma espécie de pó dourado, todas essas cores e acessórios revelavam bastante sobre sua personalidade, que se eu tivesse que resumir em uma só palavra seria: PERUA, seu corselete estava tão apertado que ela mal respirava, andou a passos curtos e rápidos, parecendo até que ela tinha algo entre as pernas.

– Olá me chamo Sierra Orangebuck e estou aqui para escolher os tributos que representarão o Distrito 2. - Disse ela com a voz mais aguda que já ouvi. - Gostaria de dizer que estou empolgada em trabalhar com vocês nesta edição. E agora, direto da capital, um maravilhoso filme que retrata a essência dos Jogos Vorazes.

A intensidade das luzes no palco diminuíram e o telão iluminou-se. Imagem dos antigos jogos, começaram a aparecer na tela, uma delas era a morte de Cato, um dos poucos tributos do Distrito 2 que não venceram os jogos, porém ainda muito honrado, por ter lutado com bravura até o ultimo instante o lema da APP (Academia Preparatória de Pacificadores) é: "Uma batalha honesta, será sempre uma vitória" é nisso que eu me baseio, numa batalha justa, sem trapaças e de igual para igual. O filme chegou ao fim e todos voltaram sua atenção para figura escandalosa no palco.

– Então, vamos as escolhas dos tributos. - Falou e se dirigiu até a urna que continha o nome das candidatas a tributas.

– Eu me ofereço! - Falei a plenos pulmões. A mulher que estava prestes a pegar o papel do recipiente olhou sorrindo em direção a multidão, procurando aquela que havia pronunciado tais palavras.

– Como disse? - Perguntou. Agora já estava ao pé do microfone. Comecei a andar em direção ao palco, os outros abriam espaço para que eu passasse e chegasse até ela.

– Eu disse, "Eu me ofereço". - Falei enfatizando a frase repetida.

– Tem certeza queridinha? - Falou com certo escárnio na voz.

– Tanto quanto a certeza de que serei vitoriosa. - Falei desafiando-a. Ela deu um uivo de empolgação.

– Parece que já temos nossa tributa. - Voltou a falar no microfone. - Senhorita? - Fez uma pausa quando lembrou que desconhecia meu nome.

– Victoria Gray. - Respondi. Todos vibraram ao ouvir meu nome.

Subi no palco e fiz minha cara mais ameaçadora. Pude ver todos aqueles jovens gritando meu nome, eu mantinha minha pose de durona, mas enquanto eu estava lá em cima à insegurança tomou conta de meu coração, acho que pelo nervosismo de estar diante daquela plateia ou talvez deva ser minha ansiedade intensa sobre novas experiências.

– Agora os garotos. - Falou Sierra novamente.

Ao fundo pude ouvir a voz de um garoto, ele dizia que também se oferecia como tributo, Sierra abriu um sorriso ainda maior que o de antes. Então do meio da multidão outro garoto surgiu dizendo as mesmas palavras que o primeiro, só que este estava mais atordoado, sua feição era igual à de uma pessoa que tomará um susto durante o sono. Correu até o palco e pôs se lado a lado de seu concorrente. A mulher olhou para os dois e depois para o publico ali presente.

– Ora, ora. O que temos aqui? - Perguntou. Os garotos se entreolhavam com fúria em seus rostos. - Parece que temos dois candidatos se oferecendo esse ano. - Falou olhando para o publico. - Será que isso tem haver com o fato de termos uma linda tributa no palco? - Todos riam menos os dois garotos. - Mas sabemos que só um terá o privilegio de embarcar no trem para Capital. - Suas palavras soavam como um desafio e acho que um deles entendeu o recado, o garoto loiro atacou ferozmente o moreno, que não pode revidar, pois foi pego de guarda baixa, uma sequência de socos seguiram-se após a investida, o rapaz loiro era muito forte e parecia ter fogo nos olhos, golpeou o rosto do adversário, até que este desmaiasse. Os pacificadores seguraram o vencedor para evitar o falecimento daquele caído por terra, eles sussurraram algo para ele que estava muito agitado, ele se soltou da posse da militância.

– Agora só tem um. - Falou olhando para o rosto da mulher com certa indignação.

– Suba até o palco querido. - Disse ela com um sorriso nos lábios que eu adoraria arrancar. Ele seguiu suas orientações e aproximou-se de Sierra. - Qual o seu nome meu jovem? - Perguntou.

– Carter Trent. - Uma salva de palmas soou por todo o Distrito 2.
– E estes são os nossos tributos. - Falou empolgada. - Victoria Gray e Carter Trent!

Fomos levados para nossas respectivas salas de espera. Eu sabia que meus pais não viriam, pois estavam no trabalho e eu não possuo amigos íntimos. Esperei por meia hora, até que um pacificador veio me buscar, e me levou até a plataforma de embarque, onde o trem que me levaria de encontro ao meu destino estava para partir.


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