I'm Not Okay escrita por Biaaa


Capítulo 3
3 - You Asshole!




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Eu e Ray fomos para a sala de aula; achava que meu dia não podia piorar, mas parece que havia me enganado.

“Uh, de novo”.

1ª aula: Matemática. Era o que estava escrito na tabela de horários daquela semana infernal. Aquela professora tinha uma eterna obsessão por números; tudo bem que ela ensinava matemática, mas, cara, eram números, cálculos, e não lógica etc. Nada do que ela falava entrava na minha cabeça – até surra do meu pai eu já levei por ter ficado em recuperação na matéria dela – e como se isso não bastasse, ela me reprovou. Foram as piores férias da minha vida; fiquei de castigo os dois meses inteiros, sendo obrigado a estudar tudo o que tinha aprendido desde o começo do ano.

“Um verdadeiro inferno”.

Encontrei um ótimo lugar para sentar, lá no fundo, bem longe da psicótica, mas tinha me esquecido que ela recebera ordens para me manter, sempre, na primeira fila.

- Sr. Iero, queira sentar-se aqui, por favor! – disse, ela, apontando a cadeira localizada em frente à sua mesinha.

Levantei-me, tentando não desviar a visão do chão. Peguei a mochila, e fui até o assento indicado, onde fiquei a aula toda pensando em Nestor. Seu sorriso não saía de minha cabeça... Aquele rosto, aquele jeito, que me deixava maluco. Não sabia mais o que fazer para que ela me notasse.

“Será que ela sabe quem sou? Será que, sequer, sabe que existo?”.

Seria bom, falar com ela... Ou melhorar esperar um pouco mais? Eu não tinha a mínima idéia do que fazer. Se Gerard estivesse comigo, tudo seria mais fácil; ele me ajudaria, claro que sim, pois sempre me ajudou, sempre fora meu melhor amigo... Ninguém era como ele, ninguém conseguia me entender como ele fazia.

“Como eu sinto sua falta, Gerard Way!”.

Estava distraído, e não havia prestado atenção na aula toda.

“Nem que quisesse...”.

Nada que aquela vaca falasse faria diferença para mim... Foi antipatia à primeira vista. Pensava em um jeito de fazer Jamia me notar, quando...

- Sr. Iero, por favor!
- Ah... Presente!
- O senhor tem certeza de que está presente na aula? – perguntou, ela, no tom de voz superior mais insuportável do mundo.

Eu odiava, quando aquela vadia se dirigia a mim daquele modo; fazia com que eu me sentisse a última das criaturas. Até porque aquilo chamava a atenção de todos, que passaram a me olhar, ou, até mesmo condenar por algo que eu nem sabia de que se tratava. Abaixei a cabeça, tentando, ao máximo, não desviar o olhar do chão.

- Eu ainda estou esperando Sr. Anthony Iero! Será que poderia responder à minha pergunta?

Eu não fazia a mínima idéia sobre o que ela havia me perguntado, mas, de qualquer forma, nem iria saber responder. Continuei com a cabeça baixa.

- O senhor vai me responder?
- Eu não sei! – murmurei, sem olhá-la.
- Não sabe? Pois acho melhor começar a prestar atenção na minha aula, caso contrário terei que conversar com seu pai novamente.

Eu não podia ouvir a palavra pai, e minhas mãos já gelavam... Ele realmente conseguia me impor medo. O jeito como falava, as lições de moral; tudo me deixava péssimo. Era como se nunca fizesse nada certo, nunca fosse bom o suficiente para que ele se orgulhasse de mim.

“Sempre tinha sido assim...”.

A professora voltou a dar sua aula, até que, pela graça de Deus, o sinal para a aula de Inglês havia tocado. Mudei-me de lugar, assim que ela saiu da sala. Sentei-me ao lado de Ray e Bob, e os dois começaram a conversar sobre coisas das quais eu não tinha noção alguma. Era disso que eu estava falando, o Gee nunca me deixaria assim. Sempre conversava comigo sobre as coisas que eu queria, sempre me dava espaço, e eu a ele. Talvez fosse por isso que nos déssemos tão bem. As pessoas achavam estranho, o modo como nos relacionávamos... Estávamos sempre juntos, fazendo tudo o que podíamos, e até o que não podíamos.

Na hora do intervalo, fui com os dois para o pátio. Eles voltaram a conversar, e eu quase não abri a boca.


- O que aconteceu, Frank?
- Tá com medo de levar bronca do papai, outra vez? – perguntou, Ray, rindo junto a Bob.

Eu não tinha gostado, nem um pouco, do comentário. Talvez, bem no fundo, fosse o que eu realmente me preocupasse. Eles me zoavam, todo o tempo, por causa disso, e eu até entrava na onda com eles, mas ninguém tinha idéia de como realmente era a minha vida. Que tipo de amigos eram eles, afinal? Nunca se preocupavam em saber nada sobre mim, nem nada, mas o que eu podia fazer? Eram os únicos com quem eu podia contar.

“Talvez, não contar de verdade...”.

- Sabe, Ray, hoje eu realmente não to nem um pouco afim de responder suas perguntas idiotas. – comentei, me levantando.
- Ou... Espera aí, Frankie! – falou, segurando meu braço.
- Eu não to muito bem, hoje.
- Claro, o Way não tá aqui pra te dar colinho...

Ele tinha ciúmes do Gee, todo mundo sabia. Eu não me lembrava de um dia ter me dado perfeitamente bem com Ray. Lembrava até da primeira vez em que a gente tinha se visto; ele era o melhor amigo do Gee... E eu só havia entrado naquele círculo de amizades há três anos. Bob ficou calado, olhando para o Ray, que brincava com os próprios dedos.

Mais alguns míseros minutos; o sinal tocou.

- Ai, puta merda, já?
- Que dia é hoje?
- Segunda.

Levantamo-nos dali, seguindo direto para a sala, que para minha infelicidade, já continha uma professora, e tínhamos um trabalho para apresentar.

“Escrever uma poesia e, depois, ler... Para toda a classe”.

Digo, eu leria um poema insignificante na frente da Nestor. Tinha que reclamar de mais alguma coisa? O fato do Ierozinho, aqui, ter nascido já não era o bastante? Okay, eu só precisava ler em público; quem ligaria para isso? Precisava da nota para passar de ano, mas o trabalhinho seria para o dia seguinte, e eu teria todo o tempo do mundo pra pensar sobre ele.

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