00904 escrita por RoxyFlyer21


Capítulo 2
Invasão




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A estrada com direção para dentro da cidade estava praticamente deserta, pois o fluxo pesado voltava para os subúrbios. No entanto, quanto mais penetrava pelas veias da grande metrópole, mais automóveis nas ruas havia, além da paisagem se modificar consideravelmente. A altura dos prédios crescia gradualmente, entre casas e comércios até os imponentes e prestigiados arranha-céus. Conhecendo a cidade e seus atalhos como se os vissem na palma de sua mão, ela conduziu a Ducati preta em movimentos precisos e perigosos. Cortou o centro de Battery City em segundos e, assim como tinha calculado, tinha chegado ao seu destino pouco depois de o sol se pôr.

O lugar a lembrava do bairro do Queens, em NYC, se não fosse retido como uma das partes mais escuras e sujas da cidade. Ela diminuiu a velocidade e desligou os faróis, de forma a penetrar pelas ruas estreitas de forma mais discreta. Entrou pelos fundos de um estacionamento abandonado, duas quadras antes de um prédio meio acabado de tijolos e cuja entrada estava sendo vigiada por dois seguranças armados. Meio decadente demais para precisar de guarda-costas, pensou, com a sua missão inteira arquitetada na mente.

Correu pelas sombras do beco até chegar na área de carga e descarga do prédio, que àquela hora estava completamente deserta e sem iluminação. Silenciosamente, afastou uma caçamba de lixo que estava na parede, e entrou pela saída de ar do edifício. O espaço pelo qual tinha que se locomover não era mais amplo que 70 por 60cm. Mas não tinha problema algum. Já tinha perdido a conta de contas vezes tinha feito aquilo, e agora era hábil em se locomover rapidamente por espaços bem apertados.

Poucos minutos engatinhando haviam a levado à abertura do buraco do elevador. Os grossos cabos que o sustentavam estavam relativamente imóveis, e aproximou-se para observar a estreita caixa de metal que pendia. Prédio antigo, elevador decadente. Que maravilha. O elevador estava parado apenas dois andares abaixo de si, o que era um bom sinal. Ainda está parado no térreo, o que significa que os convidados ainda não chegaram. Ainda tenho um tempo.

 Dirigiu o olhar para a abertura de ar do lado oposto, há uns três metros distante. Tirou do seu cinto um finíssimo cabo feito de titânio enrolado, mas que possuía uma rosca afiada em uma das extremidades. Prendeu um fim do cabo na sua luva direita, segurando-a firme entre os dedos, e mirou a ponta afiada acima da abertura da outra parede. Assim que atingiu o concreto, como uma furadeira a rosca penetrou no concreto para provir o suporte necessário. A garota inclinou-se para fora e balançou seu corpo em direção a outra abertura.

Recolheu a corda e continuou seu caminho.

Estava agora penetrando na tubulação que servia aos escritórios e salas comerciais do prédio, pois já havia começado a aparecer algumas grades de ventilação, pequenas e empoeiradas, mas que serviam como passagens. Essas construções antigas ainda mantém o sistema de tubulação muito vulnerável, o que torna as coisas ainda mais fáceis, pensou com satisfação ao chegar na grade que dava para o escritório que procurava. Deslizou e passou seu corpo pela grade, caindo no chão com graça.

A sala cheirava a mofo, e grande parte era atribuída aos tapetes persas que cobriam todo o assoalho e abafavam o som das passadas quando, sem perder tempo, ela cruzou a sala em direção ao computador.

Em cima da longa mesa de carvalho antigo, as enormes telas dos dois computadores e o scanner eram as únicas sombras de tecnologia dentro do escritório. Afastou a cadeira de couro para ter mais espaço para trabalhar, e sacou um pendrive de seu cinto. Logo que tocou no mouse, as duas telas acenderam-se pedindo a senha para acessá-las. A garota digitou a senha correta, porém em seguida foi solicitada a confirmar suas digitais no pequeno scanner. Abaixou-se para abafar sua respiração no scanner, condensando o vidro e deixando à vista as digitais impressas anteriormente. Ajeitando sua luva na mão direita, ela repousou-a diretamente em cima das digitais, fazendo o sistema aprová-las.

 Tudo o que tinha que fazer agora era plugar o pendrive e arrastar os arquivos para....

De repente, ela ouviu o som pesado e abafado do elevador se movimentando, e soube que ele estava indo para o andar onde ela estava. Olhou para o computador, e a barra de progresso para a cópia dos arquivos estava ainda no 30%. Preciso arranjar algum tempo, pensou, sacando sua pistola Taurus da fita liga e destravando-a. 45% agora.

Deslizou a mão pela maçaneta apenas para abrir uma fresta na porta, pela qual viu dois seguranças armados com submetralhadoras escoltando a batente. Sabia por ter visto o mapa do edifício anteriormente que o elevador estava localizado no final daquele corredor, a sua esquerda. Tudo o que estava esperando era o momento em que ele parasse no andar.

Seu coração não mais batia descontrolado com nervosismo como nas suas primeiras missões, e ela controlava a adrenalina com maestria. Portanto não se assustou quando ouviu o som do elevador parando no andar, e fechou os olhos para acompanhar mentalmente os passos que ecoavam no corredor, calculando o momento exato de agir. Deslizou sua mão enluvada para seu cinto, de onde tirou uma pequena granada.

Agora.

Jogou-o por entre a fresta e uma pequena explosão se seguiu. Como num raio, as pessoas que se aproximavam da porta só perceberam o que acontecia quando já estavam no chão, envoltas por uma nuvem de fumaça e pó.

Ela correu para detrás do computador enquanto ouvia ordens sendo gritadas aos seguranças. Transição 100% completada, leu, e retirou o pendrive. Um segundo depois ela escutou a porta sendo escancarada e uma chuva de tiros incessantes perfurando os móveis e destruindo para sempre os computadores.

Um. Dois. Três.

 Com o corpo enroscado na tubulação acima do alvo dos atiradores, eles não a distinguiram da escuridão do lugar até o momento em que uma segunda granada atingiu-os. Soltou-se da tubulação e pôs-se a correr, aproveitando que muitos atiradores ainda estavam no chão.

Quando chegou ao corredor, ouviu mais passos aproximando-se, e tiros acertando as paredes ao seu redor. Janela. No fim do corredor. Puxou o pino de uma bomba de fumaça e jogou-a para trás, prendendo a respiração enquanto corria pelo estreito corredor. Entre disparos cegos que tentavam acertá-la, ela mirou no vidro e estilhaçou a janela com sua pistola para, segundos depois, pular.

O mesmo cabo que tinha utilizado antes agora a segurava da janela, pendendo alguns metros abaixo da lateral do prédio. Sem dar tempo para os capangas armados chegarem na janela, ela soltou-se do cabo em uma queda mais controlada do que seria em um pulo cego. Aterrissou no chão com uma cambalhota depois de atingir seus pés, e ela agradeceu por estar usando as botas cujos saltos plataforma amorteciam vitalmente a queda. Bendito seja Herschell, ela riu, referindo-se ao cientista que as projetou.

E pelas sombras da noite, ela camuflou-se perfeitamente. Segundos depois, estava dando partida na sua Ducati e escapando pelas ruas da cidade, deixando para trás nenhuma gota de suor, fio de cabelo, ou digital que a denunciasse.

Sim, eles foram roubados.

Mas por um fantasma. 


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