O anão de cabelos castanhos olhava por cima da cabeça de seu dragão, Ezith, que voava com todos os seus esforços, enquanto sangue escorria em grande quantidade pela sua cabeça, e pelo braço de seu cavaleiro.
Temos que ser mais rápidos, Ezith. Pensou Hrothgar.
Falar isso é fácil, não é você que está voando machucado.
O dragão então rugiu, e mergulhou na direção da floresta fechada, as árvores enormes protegiam o local, e a magia também, mas um cavaleiro montado conseguiria facilmente adentrar Du Weldenvarden, o que era bom, e ruim ao mesmo tempo.
Uma espada curta dourada passou com uma velocidade incrível ao lado da cabeça do anão, enquanto ele e seu dragão adentravam na floresta fechada. Ezith bateu as asas três vezes, para suavizar a queda, e logo após isso tocou suas patas na grama da floresta, pousando.
Dois elfos saltaram de trás das árvores, apontando suas espadas para a garganta do cavaleiro, que ainda estava montado em seu dragão.
— Venho a mando de Eragon, Matador de Espectros, Grão-Mestre da ordem dos Cavaleiros de Dragão. — O anão falou, utilizando a língua antiga.
Os elfos embainharam suas espadas, e fizeram uma breve reverência, não ao cavaleiro, mas sim a seu dragão, e logo após isso puxaram seus arcos, olhando para cima.
— Está fugindo de quem, anão? — Um dos elfos perguntou também na língua antiga.
— Dos traidores... Nesses últimos meses eles reuniram forças com antigos magos leais a Galbatorix, e conseguiram roubar dois ovos que havíamos enviado aos anões e humanos, parece que eles chocaram recentemente. Eles estão formando um exército.
Os elfos se entreolharam preocupados, e saíram correndo a toda velocidade, na direção de Ellesméra, a capital Élfica.
— Nos siga anão. Nossa rainha irá lhe ajudar.
Vamos, Ezith, precisamos relatar tudo o mais rápido possível para Eragon. O pequeno homem pensou.
Seu dragão metálico deu um grande salto, e rugiu, passando a voar com toda velocidade, logo acima das copas das grandes árvores de Du Weldenvarden. Seguindo na mesma direção em que os elfos estavam indo.
— Temos que ser rápidos.
O anão girou a cabeça, olhando com dificuldades para trás, ele rapidamente identificou os dois dragões inimigos, um era razoavelmente maior que Ezith, e voava bem rápido em sua direção, ele era de cor amarronzada, um marrom bem feio para um dragão, o Kull em seu dorso, o movimentava com toda brutalidade, segurando uma cimitarra em sua mão esquerda, enquanto o segundo dragão, pouco menor que Ezith, era vermelho escuro, o Urgal em seu dorso segurava uma espada comum, comandando o dragão com dificuldades, por utilizar apenas uma mão.
Eles os tratam como animais...
Eles são monstros, Hrothgar. O dragão do anão disse, em resposta.
Sim...
De longe, o anão pode avistar a capital élfica, e suas casas... Diferentes. Seu dragão rugiu o mais alto que pode, e vários elfos se equiparam, olhando para o céu. Ezith aumentou sua velocidade, até finalmente chegar aos portões da cidade élfica. Os habitantes de Ellesméra estavam o esperando, com espadas e arcos prontos para atacar. E o teriam feito, se os elfos que haviam encontrado Hrothgar, não tivessem chegado segundos antes para alertarem seus companheiros sobre a vinda do cavaleiro e de seus inimigos.
Ezith mergulhou na direção dos elfos, pousando suavemente na grama logo atrás dos mesmos. O dragão deitou a cabeça, machucada, no chão. O sangue continuava escorrendo, manchando a grama de vermelho. Hrothgar saltou de sua sela, no dorso de Ezith, correndo até a cabeça do mesmo.
— Waíse Heill! — A marca na palma do anão brilhou, ativando a magia, fechado instantaneamente o machucado do dragão.
Uma elfa chegou ao lado do anão e fez o mesmo em seu ombro, curando-o completamente.
— Poupe suas energias para a batalha, Hrothgar. — Disse uma voz feminina logo atrás dele.
— Arya Drottning. — O anão fez uma breve reverência à rainha dos elfos, como demonstração de respeito.
— Preparar para a batalha! — A Elfa de cabelos negros gritou, caminhando até um dragão verde muito maior que o dragão metálico do anão.
Arya montou em Fírnen, seu dragão. Ela então puxou sua espada da bainha, e a criatura saltou, rugindo para os inimigos.
Hrothgar deu um leve tapa na cabeça de Ezith e montou no mesmo, que assim como Fírnen deu um salto, rugindo para os inimigos, indo para a batalha.
O anão estendeu sua mente na direção da do Urgal inimigo, começando a combater as defesas mentais do mesmo, enquanto fortificava as suas próprias, defendendo-se de qualquer tentativa de ataque externo.
Os elfos que continuavam na entrada da cidade, estavam todos de mãos dadas, cantando em conjunto na língua antiga, ajudando os dois cavaleiros durante a batalha, fechando quaisquer ferimentos, ou coisas do tipo.
Ezith mordeu com brutalidade o pescoço do dragão avermelhado, cravando suas presas nas escamas do mesmo, fazendo o sangue jorrar da ferida. O dragão inimigo moveu suas patas contra a barriga de Ezith, fazendo um grande rasgo no mesmo. O dragão do anão, por sua vez, forçou ainda mais a mandíbula contra o pescoço do inimigo, fazendo-o perder muito sangue, antes de se afastar, já com as feridas curadas.
Está bem, Ezith?
Não pare o ataque, estúpido!
O anão bufou, e então voltou a atacar com todas as suas forças a mente do urgal inimigo, que estava mais enfraquecido que antes, ele havia usado sua própria reserva de magia para curar o ferimento de seu dragão. Ezith partiu para o ataque novamente, subindo com toda a velocidade, até ficar a mais de 60 metros acima do vermelho, que o olhava, esperando-o se mover.
Ezith encolheu suas asas e inclinou a cabeça na direção do dragão inimigo, descendo em um rasante com toda a velocidade possível na direção do mesmo, atingindo-o em cheio. O dragão metálico conseguiu cravar suas garras traseiras na barriga do vermelho, que urrou de dor, e então mordeu o pescoço de Ezith, que tentando ignorar a dor, revidou, cravando suas garras ainda mais fundo, e puxando-as para cima, criando longo corte na barriga do dragão vermelho, enquanto ambos caíam em alta velocidade na direção das árvores de Du Weldenvarden.

Enquanto isso, a vários metros de distância, Arya e Fírnen lutavam brutalmente contra o Kull e seu dragão marrom, que resistiam com dificuldade à grande habilidade da elfa.
— Brisingr! — Arya gritou, e saltou do dorso de Fírnen, que tinha suas garras cravadas bem fundo no corpo do dragão inimigo. Arya caiu bem em cima do Kull, movendo a lâmina da espada, que estava em chamas, contra sua cabeça oponente cortando-a com imensa facilidade, matando-o na hora.
O dragão inimigo entrou em colapso, uma ira imensa tomou conta de todo o seu ser, ele rugiu com todas as suas forças, e por fim lançou Fírnen para longe, derrubando Arya de suas próprias costas.
Tomado pela raiva, o dragão chamado Skelei, voou na direção da capital élfica, cuspindo seu fogo marrom contra as árvores e as casas dos elfos, pondo-as em chamas. O dragão avançou contra o grupo de magos, abrindo sua grande boca para engolir, de uma só vez três dos habitantes da cidade. Antes que pudesse voar alto e longe o suficiente para se vingar de Arya, que matara seu cavaleiro, uma chuva de flechas o acertou, derrubando-o contra uma grande construção da capital, destruindo-a por completo.
O dragão verde pousou graciosamente ao lado de Skelei. Arya desmontou de Fírnen e caminhou até o pescoço de Skelei. Ela ergeu sua espada verde com as duas mãos, descendo-a contra dragão, com toda brutalidade, decapitando-o.
Todos os elfos desviaram o olhar, voltando à atenção a luta de Hrothgar. Arya olhou com pesar para o dragão, mesmo sendo um traidor era uma pena ter que matá-lo

Enquanto isso, Ezith e Hrothgar voavam a alguns metros a frente de seus inimigos, eles finalmente haviam se separado. A ferida no pescoço do dragão metálico já estava curada, mas ao olhar para o vermelho, podia-se identificar facilmente a grande quantidade de sangue caindo de seu corpo.
Hrothgar estava suando, a batalha mental estava quase terminando, o Urgal inimigo, não resistia com tanta facilidade à penetração mental do anão.
O dragão vermelho avançou com dificuldades contra Ezith, e então abriu sua grande boca, expelindo uma quantidade realmente muito vasta de um fogo avermelhado na direção do anão e de seu dragão.
Ezith fechou suas asas, e mergulhou na direção das árvores, desviando por pouco das chamas.  Antes de atingir as árvores, o dragão metálico abriu novamente suas asas, voltando a voar, contornando os inimigos. Ele então avançou com velocidade pelas costas do vermelho, Hrothgar saltou de cima de seu dragão, caindo contra os inimigos, com sua espada de cor cinza em mãos.
Mesmo antes de cair no dragão, Hrothgar terminou de invadir a mente do Cavaleiro inimigo, e então levantou sua espada, gritando:
— Jierda!
O craque, do pescoço do urgal se quebrando, foi um choque para seu dragão, tanto quando a cabeça decepada do Kull foi para Skelei, porém, o vermelho não teve tempo de fazer nada, pois logo após a morte de seu cavaleiro, Hrothgar caiu em cima do mesmo, movendo a espada contra o pescoço do dragão, decapitando-o.
Enquanto caia na direção da floresta, o anão deu um salto do corpo do vermelho, sendo pego logo após isso pelas garras de Ezith, que planou levemente, até a capital élfica, pousando suavemente na grama.
Ao olhar ao redor, Hrothgar pode perceber, que o que foram minutos para ele, haviam sido horas de tortura para os elfos, eles estavam extremamente cansados e abalados pelas mortes de três companheiros.
O anão saltou de cima de seu dragão, cambaleando para frente por alguns metros, até ser segurado por um elfo, que o olhava tentando não rir. Hrothgar agradeceu rapidamente ao homem de orelhas pontudas e então correu na direção de Arya, enquanto embainhava sua espada. Ao chegar à frente da rainha dos elfos, a mesma indicou com a cabeça para um local isolado dos outros, que estavam ocupados limpando a bagunça que os dois dragões inimigos haviam feito.
Arya e Hrothgar se retiraram da multidão com velocidade, caminhando por vários metros, até se sentirem seguros dos olhos alheios.
— O que te trás aqui exatamente, filho de Orik? — A elfa de cabelos negros fitou o anão, com seriedade.
O anão olhou para os lados mais uma vez, para ter certeza de que ninguém os estava observando, e então colocou a mão dentro de um bolso, ou algo do tipo, em suas vestes, puxando quatro diamantes de dentro do mesmo, dois deles eram brancos enquanto os outros dois eram negros.
— Precisamos que fique com isso. — Ele disse sussurrando.
— Eu?! Isso pertence à Eragon, é dele.
— Só temos quatro dos doze, sabemos que outros quatro estão com os nossos inimigos, e mesmo assim nem sabemos quem é o líder deles, isso é frustrante. Eragon-ebrithil quer que vocês fiquem com os diamantes, e se possível refaçam o cinto e as proteções. Ele não tem tempo para perder com isso no momento.
— E ele acha que eu tenho? — A elfa questionou, pegando os diamantes.
— Não, não. Nada disso, ele disse que só confia em vocês para isso.
Arya guardou os diamantes em algum bolso em suas vestes e olhou ao redor, vendo que os outros já haviam reconstruído boa parte do local destruído da capital. Ambos ficaram em quietos por um tempo, e então Hrothgar cortou o silêncio, respirando fundo.
— Sabe... Não era para eles terem me seguido, peço desculpas por isso. Eu os vi com uma bolsa de viagem muito bem guardada, e pensei que os diamantes estavam nela... Então me arrisquei e os segui. Mas, eles conseguiram enviar a bolsa para algum lugar antes que eu pudesse roubá-la, e então me acharam escondido na floresta. Foi um completo desastre, em desespero vim para cá o mais rápido possível. Perdoe-me pelos maus causados a cidade e aos elfos.
A rainha dos elfos o observou por um bom tempo, e então sorriu.
— Estamos em tempos de guerra, Hrothgar, entendo seus erros e o perdôo. Mas tente rever mais possibilidades antes de fazer algo muito arriscado. Você podia ter morrido e então perderíamos esses diamantes.
O anão abaixou a cabeça, fitando a grama verde da floresta por alguns segundos, e então olhou para cima, bocejando.
— O local que eu disse. Onde eles enviaram a bolsa, sabe? Estava cheio de armas para guerra, vi duas ou três tribos diferentes de Urgal na região. Eles estão preparando um ataque em massa. Às vezes penso que foi um erro Eragon permitir a entrada deles no contrato.
— Não se esqueça que dois deles morreram ajudando Eragon como infiltrados, e o último Urgal cavaleiro leal à Eragon, está fazendo de tudo para conseguir a ajuda das tribos que ainda não estão com os rebeldes.
— Sim... Eu entendo. Se me permite, Arya Drottning, eu tenho que ir. Preciso passar uma informação urgente para Eragon.
— Informação urgente?
— Ahn... Desculpe, é totalmente sigilosa, algo que veio de fora. — O anão disse, sombriamente.
— Vá então. E dê meus cumprimentos à Eragon.
Hrothgar concordou com a cabeça e então saiu correndo com dificuldades, na direção de seu dragão, Ezith, que estava deitado na grama, observando a floresta e os elfos, que haviam acabado de terminar a reconstrução da parte destruída da cidade.
— Vamos então, amigão.
O anão saltou para cima de seu dragão, que rapidamente se levantou e rugiu, chamando a atenção dos elfos. Ezith deu um forte salto, e se virou para o norte, indo a toda velocidade na direção da residência dos Cavaleiros de Dragão.