Fascínio pelas Sombras escrita por Talt


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Era pra ser uma one-shot que me deu vontade de escrever meio sem razão, mas no fim não coube em um capítulo só XD Acho que farei só dois capítulos mesmo. De três não passa, mesmo =o

Ambientada em Ocarina of Time, indo pro Water Temple. Lida com a confusão do Link,que se apaixona pelo Sheik sem saber a verdadeira identidade dele...

Contém spoilers e você precisa saber a história de Ocarina of Time pra entender, já que não darei muita backstory.



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Sheik.

Link não conseguia entender como aquele misterioso homem mexia com sua cabeça. Apesar do tronco forte e os músculos, seus movimentos eram delicados como os de uma dama. Até mesmo sua voz levemente grave era doce e feminina. E estranhamente familiar. Não só a voz, tudo nele não lhe era estranho, como se já o houvesse conhecido. Bobagem, pensou Link, só se for em uma vida passada. Preciso parar com esses pensamentos, não sou gay. Eu acho. Mas sem dúvida algo nele me atrai... Sempre que o vejo sinto um--

            - Hey Link, cuidado!

            O jovem Hylian foi acordado de seus devaneios bruscamente com muito barulho. Estava montado em Epona, nas proximidades do Lago Hylia, cercado por muitos Tektites¹. Navi gritava feito louca e sua égua não parava de relinchar.

            - Onde você estava com a cabeça? Estou te avisando a um tempão que esses bichos estavam atrás da gente!

            - Quieta! Eu dou um jeito nisso. – respondeu Link, mal-humorado.

            - Acho bom! – retrucou a fada.

            O rapaz fez sua montaria abrir caminho para fora do círculo de monstros, em direção à grama alta. Podia-se ouvir o som das criaturas azuis gemendo ao serem pisoteadas. Link abriu caminho para longe, onde Epona estaria segura, atirando flechas em alguns inimigos quando tinha oportunidade.

            - Navi, tenho um plano. Não interfira.

            Saiu do lombo de sua fiel montaria sacando a espada. Então, começou a destruição. Eram muitos Tektites, todos vindo em sua direção. Correu ao encontro deles, com a espada rasgando o chão. Foi abrindo caminho entre os inimigos, destruindo vários, até se ver novamente no centro do círculo. Então, com um amplo movimento, invocou a poderosa magia de fogo ensinada à ele por uma das Grandes Fadas, ainda quando criança. Din’s Fire criou um círculo azul e negro envolta do herói, de grama queimada e do estranho e viscoso sangue dos monstros derrotados. Dois ou três ainda restaram vivos mas, apavorados pelo poder do jovem guerreiro, fugiram em desespero. Link hesitou por um momento em matá-los, mas sacou o arco e finalizou a batalha.

            - Hey, quer me matar do coração? O que você tinha na cabeça? Como pôde correr pra cima deles assim, seu louco? Quer se matar, é? Se continuar com esses atos inconseqüentes, vai acabar--

            - É por isso que disse para não interferir. Eu sabia que você ia se desesperar assim. Tudo acabou bem, não é? Um pouquinho de grama queimada, mas ela cresce logo.

            - Acabou bem? Olha só pra você, coberto desse sangue estranho! E parece que foi mordido também, sua perna ta sangrando.

            - Vou ficar bem, já estive pior. Só vou precisar de um banho e comer alguma coisa antes de encontrar o templo da água.

            - Acho melhor procurar o templo amanhã Link, não vai demorar para anoitecer.

            - Vamos fazer o seguinte então: hoje eu acho a entrada, amanhã entro de fato, ok?

            - É, acho que pode ser...

            - Perfeito. Agora, se me der licença, Preciso de um banho.

            Link montou acampamento e uma fogueira perto de onde os espantalhos ficavam, tomou um banho rápido no lago, agora bem mais raso, e vestiu a túnica zora. O lago costumava ser muito rico em peixes, mas dessa vez ele demorou quase uma hora para conseguir pescar dois. Ao tempo em que o jovem já havia comido, era noite.

            - Não é melhor fazer tudo amanhã, Link? – Sugeriu Navi, preocupada.

            - Algo me diz que eu vou demorar mais nesse tempo do que nos outros, é melhor adiantar o que puder. Aliás, vamos dar uma volta agora mesmo.

            - Mas Link, está escuro...

            - E você é uma boa tocha, ilumina bem o caminho. – respondeu o jovem em um tom divertido.

- Ei!

Link riu da pequena amiga.

- Não se preocupe fadinha, vai ficar tudo bem. E de qualquer forma, Sheik já deve estar escondido em algum lugar para me ensinar uma música, ele sempre aparece quando estou prestes a entrar em um templo. Não podemos deixá-lo esperando...

Link parou de falar abruptamente. Os peixes assados pareciam estar nadando em seu estômago. Sheik. Ele iria encontrar Sheik de novo. O misterioso último membro da raça Sheikah. O elegante homem que andara mexendo com sua cabeça. O jovem herói sentiu um leve arrepio. Aquele andar, aquela voz, aqueles olhos vermelhos, aquelas palavras que sempre tocavam seu coração...

- Hey! Heeey... Link, você tá bem? – chamou Navi, muito perto do rosto do amigo.

Novamente, acordado abruptamente de seus devaneios. Link deu um leve pulo no lugar, de susto.

- Olha só pra você, dormindo de olhos abertos! É melhor deixar pra amanhã como eu disse e...

- Não! – disse o Hylian, levantando de um salto e assustando a pequena fada – Vamos achar este templo agora mesmo.

Dizendo isso, o jovem foi pegar seu equipamento, sério. Não, eu não posso me deixar levar por tais pensamentos, pensou. Tenho um reino para salvar, uma Triforce para proteger, não é hora para pensar em... bom, nessas coisas.

Navi olhou preocupada para o amigo, e notou que aos poucos ele estava ficando vermelho. O que deixou a cabeça da pequena fada mais confusa ainda.

_______________

 

Os dois saíram do acampamento sem trocar palavras. Link estava em uma obsessão não-declarada de manter o foco em sua missão, e Navi estava apenas muito confusa. O rapaz foi seguindo pelas pontes de madeira que ligavam as “ilhas” do lago, lembrando vagamente de alguns escritos antigos que leu por lá quando criança, esperando que eles tenham alguma pista sobre o templo. Navi apenas o seguia em silêncio, iluminando o caminho.

Após passar por um túmulo de alguém desconhecido (e se perguntar do porquê de alguém ser enterrado lá, e não no cemitério de Kakariko), ambos viram um enorme símbolo da Triforce no chão, perto de uma árvore grande, no fim do caminho de pontes, o marcador da música de teletransporte. Link se aproximou devagar, esperando a qualquer momento ouvir o misterioso homem chamar-lhe às suas costas. O herói foi andando cautelosamente, e parou ao passar por toda a extensão do símbolo no chão, fixando o olhar em algum ponto no lago. Então, virou para traz bruscamente, esperançoso. Nada. O jovem circulou a árvore próxima e depois subiu em cima dela. Nem sinal de quem ele procurava. Desolado, sentou-se em um galho grosso e deixou escapar um baixo lamento:

- Sheik...?

Navi, que seguia o amigo, totalmente confusa, finalmente começou a entender o que acontecia.

- Link, o Sheik já te ensinou a serenata da água, lembra? Na caverna de gelo...? – falou a fada, delicadamente.

Link suspirou.

- Eu achei que ele ia aparecer... Me dar um conselho final...

- Fique tranqüilo, vocês ainda vão se ver... Ele disse que a tarefa dele é te ajudar em sua jornada, não?

O jovem continuou em silêncio, contemplando suas próprias botas pendendo no ar. Após algum tempo refletindo, resolveu se abrir com a pequena amiga.

- Navi, você acha... que ele se importa comigo?

- Claro que sim, é a meta dele te ajudar, não?

O rapaz suspirou novamente.

- Você entendeu o que eu quis dizer...

A fada achou melhor manter o silêncio. Ele precisava ser ouvido agora, não ouvir. Após algum tempo, ele recomeçou:

- Ele me faz me sentir estranho...  Mas não sei, às vezes, é como se ele não fosse um homem. A voz, o andar, não são de um homem... É por isso?

Link estava se sentindo grato por a amiga, normalmente tão tagarela, estar apenas o ouvindo. Ele sentia como se não quisesse saber as respostas para suas perguntas, mas mesmo assim precisava perguntar. Mas havia uma pergunta que ele queria que fosse respondida. Ele olhou diretamente para a bolinha branco-azulada que voava um pouco acima de sua cabeça e disse:

- Ele me parece tão familiar... Navi, nós já conhecemos ele antes?

- Não, com certeza não antes de você ser selado. Mas eu também tenho essa sensação sempre que vejo ele...

Os dois ficaram com seus pensamentos por mais um tempo. Link, enfim, respirou fundo e falou, cheio de coragem:

- Bom, temos que salvar os Zoras. Navi, me prometa que, na próxima vez que o Sheik aparecer, você vai me ajudar a ficar de olho nele, para que não fuja.

- Pode deixar Link, vou seguir ele até o fim do mundo!

- Ótimo. Agora, vamos encontrar o templo e ir dormir, vou entrar nele assim que o sol nascer.

Link desceu da árvore de um pulo, trocou suas botas pelas pesadas botas de ferro e, com o hookshot na mão, desceu até o fundo do lago.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tektites¹ = aqueles bichinhos azuis que ficam em volta do Lake Hylia, que parecem meuo que aranhas.


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Notas finais do capítulo

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Gosto de críticas viu, pode achar defeito mesmo =P



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