Nascido Do Sangue escrita por Viúva Negra


Capítulo 33
Devaneios ou Delírios?




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Aquela madrugada fora como as outras, sonhos estranhos que faziam o jovem ferreiro revirar-se no colchão rangendo a madeira da cama, amarrotando os lençóis e banhando seu rosto com seu suor, sonhos terríveis e perturbadores.

Imagens soturnas o atordoavam, estava sonhando novamente com a linda adaga, o brilho do luar a fazia reluzir como uma estrela, o ruído da prata cortando a carne macia, um grito estridente quebrando o silêncio, sangue escorrendo de seu gume e quando tocava o chão tornavam-se pequeninos e preciosos rubis, eis que consegue ver dois grandes olhos azuis, magníficos e aterradores olhos brilhando na escuridão...

Na manhã seguinte, despertou com uma leve carícia em seu rosto, ao abrir seus olhos pôde notar a figura serena de Viorica sorrindo para ele, sua voz saíra quase como um sussurro ao indagar:

___ O que faz aqui?

___ O senhor passou a madrugada toda gemendo, seu pai pediu-me para velar teu sono.

O garoto tentou se levantar, mas a criada o detivera dizendo:

___ Senhor, não precisa se preocupar, está tudo bem, seu pai ouviu os barulhos e pediu-me para vir vê-lo.

Damian sentou-se na cama, Viorica notara algo estranho nele, tocara-o novamente e constatou:

___ Está ardendo em febre, senhor Petrescu, está pálido e soando frio.

___ Não, eu estou bem, Viorica ___ após dizer isso começou a tossir.

___ Deite-se e fique quieto, senhor, percebe-se que não está nada bem, irei preparar um chá e direi a seu pai que está febril.

___ Não, eu estou bem, tenho que trabalhar, preciso ajudá-lo na ferraria.

___ Senhor Petrescu, deite-se, por favor, isto é para o seu próprio bem.

Sem questionar, o menino fez o que a empregada lhe aconselhara. Ao ver que Viorica saíra do quarto, ele se levantou, teve que concordar com a garota, estava fraco e ao levantar-se sentiu-se zonzo e enjoado, voltou a sentar-se em sua cama, tudo parecia girar e sua cabeça parecia que iria explodir.

Começou a se lembrar das imagens que o afligiram naquela noite, aquilo causou dolorosas pontadas em sua cabeça, sentia-a latejar, uma terrível sensação de náusea, deitou-se e procurou relaxar, apesar de achar estranho esta repentina enfermidade, não questionou-se por muito tempo, após tomar um pouco de chá de camomila com mel preparado pela empregada órfã, o ferreiro procurou dormir.

Enquanto mergulhava em um sono profundo, Viorica ficava ao seu lado, enxugando seu rosto com água morna, não cansava de observá-lo, era tão estupendo quanto um anjo.

Com uma das mãos, acariciou seus cabelos tão negros quanto a noite que ele tanto amava. Seu coração estava apertado, um tanto amargurado, sentia que algo estava acontecendo, mas não sabia ao certo o que era, porém nada mais importava naquele instante, eram somente ela e ele em um terno silêncio que jamais queria que morresse.

Uma lágrima rolou de seu olhar brando enquanto ainda acarinhava os longos cabelos do maravilhoso rapaz.

Passou a tarde toda ao lado do adolescente, perdida em pensamentos, transbordando de puros sentimentos, por um lado estava amando isto, estar tão junto dele, aquele garoto lhe despertava algo estranho e que desconhecia o nome, nunca havia sentido nada parecido em relação a nada nem ninguém.

Estranhou esta doença súbita, pois Ionel dissera que o menino dificilmente ficava assim, era forte e sadio, quase nenhuma enfermidade o atingia, enquanto outros de sua idade adoeciam e até morriam, a maior parte das vezes no rigoroso inverno por culpa da pneumonia, ele resistira e agora, estava fraco e combalido.

As horas divagaram sem pressa, Viorica ouviu o ranger da porta e uma voz suave dizendo:

___ Viorica?

A menina olhara para a direção de onde viera o som e falou:

___ Noapte bună, senhor Ionel.

___ Como ele está?___ diz o homem ao se aproximar.

___ Passou a tarde toda dormindo, a febre não baixou, continua soando frio... Estou começando a me preocupar.

___ Talvez seja somente uma gripe, com alguns chás feitos com ervas medicinais ela logo vai passar ___ diagnosticou o homem.

___ Deus lhe ouça, senhor.

___ Vamos, vamos deixá-lo descansar para que amanhã possa estar melhor.

Segurando Viorica pelos ombros, Ionel a levou para fora do quarto deixando Damian mergulhado em um sono profundo.


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