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O silêncio era algo agonizante, aquilo o inquietava, não tinha sono, apesar de aquele ato exigir muito de si depois de um dia tão longo, duelara, competira, dançara, fizera amor e ainda estava acordado, como uma criança agitada, seus olhos percorriam o quarto fixando-se temporariamente em algum detalhe, nunca estivera ali antes e sempre adorava admirar tudo à sua volta, por mais horrendo que pudesse ser o jovem conseguia ver a beleza onde ninguém mais a enxergava.

Deixou sua imaginação tomar conta de seu corpo, era sempre assim, encontrava-se tão indefeso quando estava sozinho no silêncio e na escuridão, propício a fantasiar momentos que nunca vão acontecer ou ver fantasmas passados, presentes e até futuros ou mesmo seres que só existam em sua mente tão lúdica e faceira.

Começou a se lembrar de sua amada e do estranho parceiro que a conduzia na dança, não conseguia parar de refletir sobre quem poderia ser aquele misterioso homem ocultando o rosto, poderia jurar que era ele dançando com duas mulheres ao mesmo tempo, isto poderia ser loucura até para alguém ébrio, mas era o que estava vendo e o que estava acontecendo.

Queria tanto encontrar-se com Rosalind e indagar quem era aquele homem, porém pensava que era ousadia de sua parte, sua vida não lhe dizia respeito, fora destinada a Tristan e não podia se meter entre ambos, mas se fora entregue ao amigo, por que não estava dançando com ele? Vira Tristan no baile e aquela não era sua máscara e nem suas vestes, era outro alguém.

Aquela fora uma noite conturbada, o adolescente revirava-se na cama sem conseguir dormir, estava exausto e tudo que mais queria era cair no sono, mas não podia, tantas questões lhe aborreciam e ainda sua pérfida imaginação tentando construir a cena de Tristan e Rosalind juntos naquela madrugada. Às vezes sentia certa culpa em odiar o companheiro, ele de nada sabia sobre seu secreto sentimento para com a senhorita Iordache, então de nada era culpado, não deveria sentir tanta raiva que julgava desnecessária, afinal, eram amigos, sempre foram.