Nascido Do Sangue escrita por Viúva Negra


Capítulo 16
O Gosto Amargo e Lascivo da Ilusão




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Parecia um espetáculo circense cheio de tonalidades e rostos diferentes, bobos de caras pintadas de modos únicos fazendo truques e travessuras com sinos tilintando no bico dos sapatos e chapéus, encantando de crianças a idosos, sorrindo e contagiando toda a população que nas outras épocas do ano vivia mergulhada na mórbida rotina. Por isto esta comemoração era tão especial para o povo, algo onde todos poderiam reunir a família, sorrir e compartilhar novidades e alegrias, onde esqueciam-se dos afazeres e relaxavam, um período onde não havia lugar para a tristeza, tudo era feito minuciosamente para que a felicidade chovesse sobre seus corpos desfalecidos dando-lhes um novo vigor para o resto dos dias.

Todos interagiam com a música batendo palmas, as crianças encantadas com o espetáculo, as jovens e os rapazes indo ao centro da praça para dançarem e sorrirem, confetes e serpentinas eram lançados e misturavam-se com as roupas, grudavam na pele quente e suada das pessoas fervorosas no meio de um sol ardente e até cruel.

Damian observava tudo sorrindo, porém com um certo desdém, algo dentro dele não apreciava esta festividade a qual conhecia desde que entendia-se por gente, por mais que quisesse não estava contente com tudo aquilo, apenas uma coisa passava-se por sua cabeça tirando-lhe a atenção das formas e movimentos tantas vezes ensaiados especialmente para aquele dia.

Meia hora atrás estava pouco importando-se se iria ou não ganhar o combate simulado e levar para sua coleção outra medalha de ouro maciço e alguns bens preciosos, porém agora notava-se em seus olhos celestiais que a vitória não era uma opção, precisava ganhar acima de qualquer coisa, indiferente de qualquer prêmio oferecido o garoto queria um em especial, um que julgava ter o direito de poder escolher e aproveitá-lo ao máximo naquela noite.

Buscou com seu olhar a figura de Rosalind e logo a encontrou junto de seus pais, sorrindo, batendo palmas, observando cada detalhe de tudo que estava acontecendo, ela não notara que o rapaz estava dando-lhe toda a sua atenção, isto era até melhor, pois poderia fitá-la atentamente sem que percebesse. Diante de todos ela era um lívido e puro anjo que com um toque era capaz de despedaçar quantos corações almejasse e ao mesmo tempo unir todos os cacos para que pudesse quebrá-los novamente num desvario incontrolável, porém uma questão lhe invadia a mente atormentando-o sem parar, como era o comportamento daquela dama quando a lua surgia?

Será que ao cair da noite como uma linda borboleta ao sair do casulo, ela mudava? Aquela donzela de gestos tão elegantes e delicados tornava-se uma bruxa que enfeitiçava os homens e quando deitasse sobre eles os dominava e esgotava todas as forças que possuíam fazendo com que ficasse mais forte, mais bela, mais ágil. Será que aquela garota meiga e sensível poderia cavalgar selvagemente feito uma amazona em cima de qualquer homem que lhe cortejasse?

Aqueles pensamentos o excitaram, estavam enlouquecendo-o, não podia dar asas à sua imaginação, que em questão de segundos o dominava, começou a imaginar-se num quarto inteiramente purpúreo e requintado, ele e ela sobre lençóis de cetim, suas silhuetas iluminadas por trêmulas e mortiças chamas de velas carmesins, estava deitado sobre o corpo da garota percorrendo com os lábios carnudos e tão vermelhos quanto o sangue que fervia em suas veias o pequeno e delicado corpo somente seu.

Ele a tinha em seus braços, a cada toque podia ouvi-la gemendo baixinho, seus olhos fechados deixando que o tato e o paladar falassem mais alto, deixava que suas mãos passeassem por aquela pele rosada descobrindo novas fontes de intenso prazer, suas unhas cravando fortemente na macia carne, o cheiro doce que emanava de seus poros fazia com que seu desejo por ela aumentasse a cada segundo.

Estava dentro do pequeno e lascivo corpo da moça, sentia seu calor movendo-se lentamente para não apressar o ponto alto do prazer, entre seus dedos tão lúridos estavam os seios róseos de Rosalind, ela gemia e seus gemidos somente aumentavam deixando Damian ainda mais excitado. Seus pensamentos eram mais que reais, sua imaginação era tão perversa que brincava com seus desejos e sentimentos, cada sensação era como se ocorresse naquele exato momento.

Os gemidos finos, que antes eram baixinhos, estavam aumentando como se fossem breves gritos frenéticos de prazer, aquilo o enlouquecia aos poucos deixando que seus movimentos se tornassem mais velozes, abria seus olhos e via o rosto dela, a testa franzida como se estivesse concentrada nas sensações tão deliciosas, olhar para aquele semblante repleto de libido o excitou ainda mais.

Um fogo percorreu seu pálido corpo, o aqueceu como se estivesse no meio de devassas chamas que o engoliam vivo, um forte ardor mais forte do que podia suportar, eis que viu claramente seus caninos tornarem-se afiados como o gume de uma adaga e tão reluzentes quanto, de súbito cravou-os na jugular rosada e perfumada da garota deixando o sangue dela escorrer por entre seus lábios.

O vermelho das paredes do quarto onde encontravam-se aos poucos começou a escorrer, assim como o rubro das velas, as gotas lentamente caindo ao chão dando origem a um lugar enegrecido e com uma mórbida aparência, suas mãos entrelaçaram os finos punhos da jovem enquanto suas presas não desgrudavam do pescoço dela.

Rosalind não parava de gemer como se a cada gota perdida de sangue era uma nova sensação de regozijo, gemia e contorcia-se como se seu corpo estivesse carregado de luxúria, tanto que não podia suportar enquanto Damian sugava com uma estranha e voraz sede o puro e rubicundo líquido que corria profundamente dos buracos feitos por ele mesmo.

A voz de Tristan invadira sua mente ecoando por cada canto obscuro e pervertido, espantando todos estes incomuns pensamentos e fazendo-o voltar sua atenção para o rapaz que estava ao seu lado.

___ Damian? Damian?!

___ Sim?___ diz o jovem com uma voz demasiada vaga, pois ainda não sabia se estava realmente ali ou o espetáculo era seu sonho e o momento de prazer com Rosalind era sua realidade.

___ Sonhando acordado de novo, prietenul meu?

___ Oh não, eu apenas...

___ Não precisa se explicar, eu só quero lhe dizer que se ficar pensando em outras coisas não vai aproveitar o festival.

___ Sim, sim, está certo.

___ Agora seja sincero comigo, em que estava pensando?

___ Ah... Numa encomenda que preciso terminar ___ Damian fora rápido e apesar do certo nervosismo em sua voz, pareceu convincente.

___ Ora essa, meu caro! Não consegue parar de pensar um instante sequer no trabalho?!

O jovem não lhe disse nada.

___ Há coisas mais importantes para se pensar do que somente no ofício ___ falou o amigo fitando Rosalind e a moça retribuindo-lhe os olhares com um estampado sorriso.

Aquilo deixou o ferreiro enraivecido, levantou-se de imediato e antes que pudesse sair de perto do companheiro, ele lhe indagara:

___ O que houve, meu caro?

___ Nada, eu só preciso respirar um pouco de ar puro, dentro de instantes retornarei.

___ Como quiser ___ consentiu o amigo com indiferença.


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