Nascido Do Sangue escrita por Viúva Negra


Capítulo 11
Devaneios




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Alguns dias se seguiram calmos e até tediosos, Damian e Ionel trabalhando duro na ferraria fabricando tudo quanto era tipo de coisas úteis para a vida no vilarejo, porém por mais que estes dias fossem tranquilos e entediantes, não eram normais como todos os outros, os rostos, as vozes, os acontecimentos, os deveres, nada mais era como antes, principalmente para o jovem, sentia que algo mudara.

Tudo que fazia parecia que estava sendo feito pela primeira vez, coisas que há anos adquirira habilidade em um instante esquecera como se fazia, as ferraduras para os cavalos, martelos, armas e armaduras, nada mais saía como antes, sentia que algo estava errado, fora do lugar sendo sempre repreendido pelo pai e acusado de estar fantasiando tolices e descuidando-se do trabalho.

Durante todos os dias, do instante em que abria o estabelecimento ao instante de fechá-lo o moço esperou pelo retorno do elegante sujeito, pensou que viria para saber como estava o andamento da fabricação da adaga, a qual nem começara a fazer, não por falta de material. Aquilo estava perturbando-o e depois de tanto pensar, chegou a conclusão de que este incomum tormento sem nome só teria fim se logo desse início à fabricação da prateada arma branca.

E foi o que fizera, mas algo lhe dizia que seu pai não podia saber disso, ficaria furioso se soubesse que parara todos os afazeres anteriores para cuidar de uma encomenda feita por um desconhecido que nem ao menos retornara preocupado perguntando sobre ela, disfarçava o máximo que podia e a escondia para que o ferreiro mais velho não a encontrasse.

Ionel não passava mais horas na loja, suas mãos estavam cheias de calos e doíam muito, seus dedos e punhos quase não mais dobravam, a cada semana tornavam-se ainda mais rígidos, o que o impedia de continuar o trabalho, quem ficava encarregado de todo o serviço pesado era o adolescente.

Damian não se importava em trabalhar dobrado, amava o pai e sabia que a cada amanhecer estava ficando ainda mais impossibilitado, isto era mais um ponto positivo para o rapaz, poderia ocupar-se a maior parte do dia em fazer a adaga. O homem para não ficar sem nenhum dever, pintava os escudos e as espadas para os combates simulados, o que lhe tomava tempo e exigia concentração para não errar nenhum detalhe. Além disso, também decorava objetos de argila e madeira como utensílios domésticos, era um trabalho mais fácil e não fazia com que se sentisse inútil aos olhos da população e aos próprios.

Cada noite que transcorria lenta e silenciosa o jovem sentia-se ainda mais atraído pelo lindo rubi, encarava-o procurando algo incomum em seu interior e alguma vezes, na quietude da madrugada, em meio à luz trêmula da vela, jurava que podia enxergar claramente o rosto de Benjamin sorrindo para ele e até chamando por seu nome, entretanto ao piscar e esfregar os olhos, percebia que aquilo não passava de um devaneio, apenas uma brincadeira feita por sua imaginação tão travessa.

Quando não projetava coisas acordado, fazia isto dormindo, estranhas figuras apareciam e sumiam enfeitiçando seu subconsciente, fazendo-o tremer, suar e crispar o cenho e na maioria das vezes inesperadamente, abrir os olhos e deparar-se com o materno negrume no qual ele sempre correu quando sentia-se amedrontado.


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