Eskalith escrita por haru


Capítulo 19
Paredes de alumínio


Notas iniciais do capítulo

Ignorem o nome do cap pfvr. HDIFUDS
Bem, pessoas, obrigado a todos que ainda continuam acompanhando a fic mesmo depois da minha ausência, eu sinto muito mesmo por te-los feito esperar.

Quero agradecer a AnalúRocks pela recomendação *-* Muito obrigado mesmo! Estou muito MUITO feliz! ♥

(Obs: informações sobre as outras fics nas notas finais q)



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Bem vindo – falou uma voz gentil, vinda de lugar nenhum.

Olhei a minha volta tentando encontrar de onde vinha. Era um lugar tão frio e liso, o que tornava muito difícil se manter em pé. Minha respiração também parecia fraca, o ar gelado entrava em meus pulmões e eu podia sentir minha garganta cada vez mais seca. Era uma sensação muito ruim.

Praticamente precisei me arrastar até a parede. Ela era muito gelada e eu já estava começando a ficar zonzo naquele lugar. Não se podia ter certeza da profundidade ou tamanho, tudo parecia alumínio.

– Q-quem esta ai? – perguntei tremulo, olhando em volta novamente.

Demorou um tempo até que finalmente escutei um “tsc”.

Pergunta errada – disse a voz – mas não te culpo. Deve ser difícil para você pensar em alguma coisa nesse frio, certo?

– Você esta brincando... – dei um murro na parede – isso é algum tipo de brincadeira...

Você acha? Eu não teria tanta certeza. Você sabe... brincadeiras sempre acabam.

– O que você quer dizer com isso?

Eu quero dizer que isso aqui não tem fim.

Engoli em seco. Era difícil pensar. Difícil falar, respirar. Era angustiante olhar para os lados e não ver nada.

– Eu tenho que sair daqui – falei, levando as mãos ao nariz como se esperasse que o ar deixasse de ser tão seco.

Não há saídas.

– Não existe um lugar onde se possa entrar e não haja saída.

A voz pareceu rir um pouco.

Tudo bem, há um jeito.

– Então me diga.

Tentei andar para o outro lado, como se esperasse poder ouvir melhor de onde a voz vinha, mas parecia que cada passo que eu dava, me empurrava para trás.

Vamos fazer assim – começou a voz – eu irei lhe fazer algumas perguntas, e você precisará responder elas corretamente, caso fizer isso, você vence e acaba com o mistério.

– Mistério?

Claro. Você ira entender, se conseguir descobrir. Fazendo isso, você encontrara a saída.

Pensei por alguns instantes. Parecia tão confuso, mas, naquele momento, minha cabeça parecia completamente vazia. Algo do qual eu não estava acostumado, uma vez que quase sempre ela estava lotada e eu mal conseguia pensar. Agora era como se faltasse um monte de coisas que eu sentia que precisava me lembrar.

– Tá bom – respondi desanimado.

Por um instante, senti como se algo – ou alguém – empurrasse meus ombros me ‘pedindo’ para sentar. Obedeci sem saber de onde vinha.

Vamos começar então. Onde você esta morando?

Pisquei algumas vezes confuso.

– O que? Como isso pode resolver algum mistério? – perguntei quase irritado.

Apenas responda.

Pensei um pouco. Parecia um pouco difícil conseguir me lembrar.

– Num apartamento. Em um prédio deprimente, no bairro 2 de abril.

Você gosta de lá?

– Er... não gosto e também não desgosto.

Mora sozinho?

– Sim.

Sim?

– Quero dizer... sim, mas – esfreguei a cabeça, parecia tudo tão confuso – ah, bem, há mais uma pessoa comigo lá.

– Você gosta dessa pessoa? Como ela é?

– Eu acho que sim. Ele é um babaca.

– Porque acha que gosta?

– Bem, porque eu gosto – respondi me enfezando – qual é a dessas perguntas?

– Porque você gosta dessa pessoa?

Bufei.

– Por que... Bem, ele é um cara interessante. Um babaca, totalmente sem noção, que provavelmente já não tem amor próprio há um tempo, mas... eu só... eu não sei muito sobre ele na verdade.

– Por quê?

– Ele é uma espécie de misterioso imbecil.

– Se ele é uma espécie de imbecil, porque você gosta dele?

– Cara, o que é? Eu apenas gosto, precisa de uma explicação para isso?

– Como você pode gostar de alguém que não conhece?

Levei as mãos até o rosto e esfreguei. Estava me sentindo tão exausto ali, que tive a impressão de que ia cair para trás a qualquer minuto. Era difícil pensar, respirar, e até mesmo falar.

“O que é? O que esse cara quer? O que eu digo?”

– Eu não sei, queria conhecê-lo melhor.

– Por quê?

– Porque eu me interesso por ele, ta bom?

– Hehehe...

– Cara vá se ferrar.

– Você esta com raiva?

– Arg – tentei respirar – estou sem ar.

– Acho que você não esta muito bem. Quer mesmo sair daqui?

– Eu quero! CLARO!

Onde você queria estar agora?

– Deitado na minha cama.

Onde você ESTÁ agora?

Olhei em volta, mas não havia nada para responder. Tudo que se passava pela minha cabeça era a vontade de estar deitado em um lugar que eu conhecia. E essa era a única coisa que eu conseguia me lembrar.

– Oh espere – falei de repente – este lugar...

O que é?

– Isso é um sonho?

Bingo!

– Seu desgraçado... se isso é um sonho, nada disso é real. Quem você pensa que é para vir com essas merdas pro meu lado?

Eu não entendi bem a sua pergunta. Mas se você quer saber quem eu sou... sou nada mais e nada menos do que algo que você mesmo projetou em sua cabeça, assim como tudo aqui.

– Ótimo. Há uma forma de mim “projetar” – faz aspas com os dedos para dar ênfase -  aqui na minha frente, para mim te dar um murros na cara?

A voz deu uma risada, mas pareceu sem graça.

Talvez, mas agora que você descobriu o mistério, acho que não precisa mais de mim.

– Espere um minuto!

O lugar todo havia se aquecido instantaneamente e eu podia ficar em pé sem muito esforço. Todo o desconforto desapareceu e quando eu menos esperava, abri os olhos e estava deitado em minha cama. Com um rosto familiar, muito perto, olhando para mim desanimado.

– Você geme enquanto dorme – falou Suzuno, sentado no chão com os ombros, apoiando a cabeça, na cama, enquanto me observava.

Resmunguei, e esfreguei os olhos.

– Não enche.

– Mas eu estava esperando que dissesse meu nome ou algo assim. Então não era um sonho erótico?

– Hahaha, não – respondi irritado.

Ele deu um risinho.

– Ah, sim, o macarrão estava horrível. Você deixou cozinhar demais.

– Meu deus, não reclame, eu fiz com a melhor das intenções!

Ele deu um tapinha leve em meu rosto.

– Eu sei.

Olhei para ele como se estivesse olhando para um desconhecido sentado ao lado da minha cama. Ele parecia muito melhor do que antes, e de bom humor. Se levantou, ajeitando a bermuda – minha bermuda – e me lançando um ultimo olhar antes de sair do quarto.

Respirei. Nunca estive tão feliz em respirar o ar poluído e quente daquela cidade. Olhei para o relógio na cômoda velha ao lado da cama.

Meio dia e quarenta. O dia anterior havia se passado de uma forma tão tensa, e eu havia dormido mais de 12 horas sem mais nem menos. Minha cabeça doía um pouco, mas não o bastante para me fazer tomar algum remédio.

Me levantei um pouco zonzo e rumei ao banheiro. Espiei a sala e a cozinha primeiro, para ver o que Suzuno estava fazendo, antes de ir escovar meus dentes e coisas do gênero.

Ele estava sentado na mesa da cozinha, tomando o que devia ser um chá ou um café – provavelmente chá, uma vez que eu não me lembrava de ter comprado café, mas sabia que Shigeto havia deixado algumas folhas para chá a alguns dias. Parecia tão tranquilo agora, que era como se a cor de sua pele e o brilho de seus cabelos – e olhos – houvesse voltado de uma hora para outra.

Entrei no banheiro sorrindo, antes de fazer uma careta para mim mesmo no espelho.

“Não fique tão feliz por causa disso, seu idiota”, falei, jogando água no rosto.

Tudo o que eu queria era que aquele dia fosse melhor do que os últimos, mas, meu coração quase saiu para fora, me fazendo perder boa parte dessa esperança, quando escutei alguém bater na porta do apartamento.

– Haruya, tem alguém na porta – ouvi Suzuno falar. Sua voz era baixa e eu tive a impressão de que ele estava encostado na porta do banheiro.

– Espere, eu já vou.

Apressei a limpeza dentaria e corri para a porta, passando por Fuusuke no pequeno corredor onde se separava a sala da cozinha. Ele parecia confuso sobre o que devia fazer no momento.

Respirei fundo e abri a porta devagar.

A imagem de Atsuishi Shigeto apareceu instantaneamente em minha cabeça, assim como imaginei sua expressão ao descobrir que eu estava abrigando Fuusuke em minha casa.

Felizmente, ou não, não era Shigeto quem saltou para dentro do apartamento antes mesmo que eu terminasse de abrir a porta. Também não era ele quem estava usando jaqueta em um dia com temperatura em torno de 30ºC lá fora.

– Haruya, eu trago boas noticias! – falou Hiroto, animado, entrando direto como se a casa fosse dele.

O olhei um pouco perplexo, sem saber o que dizer. Ele parou de pé no centro da sala – coisa que, por alguma razão ele quase sempre fazia – olhando um tanto confuso para Fuusuke, que parecia estar congelado.

– Oh – Hiroto me olhou por cima do ombro, como se soubesse o que esta acontecendo – me desculpe, atrapalhei alguma coisa?

Franzi a testa.

– Não é nada disso! – quase gritei.

Fuusuke balançou a cabeça, voltando ao normal, nos olhou como se fossemos idiotas e rumou para a cozinha, como se nada tivesse acontecido.

Kiyama Hiroto veio até mim, com brilho nos olhos. Era raro vê-lo vestido com outra coisa que não fossem roupas sociais ou elegantes. Desta vez ele estava de jaqueta e camiseta branca normal, calça jeans e tênis, o que só poderia significar que estava começando a sair com alguém.

– Desculpe, Haruya – falou ele, baixinho, dando um sorrisinho – então é esse o cara que você gosta?

– O que?

– Shigeto me disse que você estava afim de um marginal – ele disse, baixando ainda mais o tom – eu confesso que ele parece BEM melhor do que eu o imaginei.

“Aquele merdinha...” pensei, serrando os dentes.

– Não é nada disso, eu só estou o ajudando, ok? Não se meta nisso!

– Tá, tá bom – ele fez uma careta, se afastando um pouco – se não quer falar sobre isso agora, ok. Eu não vi para isso mesmo...

– Então, qual é a boa noticia?

– Lembra que eu te “aconselhei” a comprar alguns cupons para aquele sorteio que estavam fazendo num dos projetos da faculdade para arrecadar fundos?

Quando ele diz “aconselhei”, ele quer dizer na verdade “exigi” ou “obriguei”.

– Sim, o que tem?

Hiroto vasculha o bolso, me lançando um sorriso.

– Parabéns – falou ele, me entregando uma chave, com uma fita vermelha amarrada.

– O que?

– Você ganhou uma daquelas motos que você queria! Novinha! Tudo o que você precisava para não se atrasar mais no trabalho e na faculdade!

– Não pode ser! Eu não tenho sorte para essas coisas, só pode estar de gozação.

– Claro que não, não seja idiota!

Agarrei a chave e a observei sem acreditar. Eu já havia até mesmo me esquecido que estava concorrendo a alguma coisa. Hiroto parecia tentar espiar a cozinha enquanto eu admirava a chave em minhas mãos, ele estava particularmente animado aquela amanha e seus cabelos vermelhos e lisos estavam um pouco desarrumados. Eu não poderia dizer que ele não combinava com um estilo mais “descolado”, pois a verdade era que ele poderia ficar bem com qualquer roupa. Aquele babaca.

– Agora você vai poder levar seu amiguinho para dar uns passeios – comentou ele, dando uma piscada.

Me segurei para não fazer nenhum gesto obsceno.

– Ela esta lá em baixo? – perguntei, me referindo à moto.

– A sim, vamos lá ver – disse Hiroto, agarrando meu braço – Reina esta lá em baixo me esperando.

– Yagami Reina?

– A própria.

– Espere – pedi, me soltando de seus braços e me virando.

Hiroto parou na porta e me olhou interessado. Fui até a cozinha.

– Fuusuke – disse. Ele estava sentado na mesa brincando com os farelos de chá em sua xícara – eu vou lá embaixo, não saia, ta bom?

– Você esta sugerindo que eu iria tentar escapar? Mesmo com você lá fora, em frente a saída? – ele perguntou, um tanto arrogante – ou você acha que eu ia pular a janela ou coisa assim?

– Eu sei lá – respondi, bravo – apenas não saia do apartamento, estou te pedindo.

– Estou sendo mantido como prisioneiro? É sério? – perguntou em tom de sarcasmo.

Dei um sorrido ainda mais sarcástico para ele.

– Você estaria mais para a donzela em cativeiro – falei, saindo.

Ele resmungou alguma coisa, mas eu ignorei. Não podia ficar enrolando, Hiroto provavelmente já tinha mil observações irritantes sobre a gente, e eu não precisava dar a ele mais motivos para falar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? tava meio parada, eu sei, mas eu quero tentar avançar um pouco mais (acho que por isso o cap ficou com mais palavras do que os ultimos).

Bem, ainda tem muita coisa para acontecer, e ainda falta a aparição de alguns personagens - um em especial que pode fazer algumas pessoas quererem me amarrar a ele e jogar num rio q - espero que gostem :3

Sobre as outras fics, eu estava tendo um pouco de dificuldade em escrever as 4 ao mesmo tempo, por isso coloquei as outras em hiatus. Minha criatividade acabava se esgotando rapido, eu nem sei. resolvi avançar primeiro com Eskalith, por ser a mais "antiga", e aparentemente tinha mais leitores - sem falar que eu estava tendo ideias para escreve-la mais do que as outras em minha ausência.
Depois que eu avançar um pouco mais, vou tentar passar a postar mais das outras, nem que seja semanal. Não sei se vou começar por Lost Angel ou Another Day ainda, mas se alguem ai que lê também tiver alguma opinião sobre qual, tudo bem em deixar no comentario ou mandar mensagem :3

E sobre Watch Me, ela vai continuar em hiatus por mais um tempo. A historia meio que saiu da minha cabeça, por algum motivo :c mesmo que eu ja tenha um "final" quase todo pensado para ela.

Enfim, desculpe pelo texto aqui. Espero que tenham gostado.
Reviews por favor TT___TT nem que seja para me xingar
kissus :*