Judith

"Somos tão limpos.Somos tão puros.Somos robôs. Pele e osso artificiais."

"Já viram o que existe atrás dos muros de mármore?Já viram a verdadeira cor do céu?

O certo,é considerado errado,mas temos que lutar."

Aquele papel chegara lá há tempos.Ninguém nunca realmente ficou sabendo do que se tratava.

–Judith!Judith!-- Gritavam.

Fechie o livro com força e voltei a esconder meu corpo mais adentro do armário.

Vi pelas pequenas frestas o rosto de Madame Freulment.Seus olhos pequenos eram pura ira.Seu belo rosto de anjo barroco não parecia mais tão cândido.Agora era cruel.

–Judith!Apareça,pois sabemos que esta ai! - Falou a voz irada de Madame Freulment.

–Esqueça desta menina,Madame. - Disse a voz do senhor Velainte. - Ela só trará perturbações,assim como a mãe.

Madame Freulment resmungou,mas logo saiu com seus saltos batendo no piso de madeira.

Depois de certo tempo sai do armário e arrumei as vestes brancas.A saia reta até o joelho ainda não se ajustara a minha cintura inexistente.

A mensagem me deixara curiosa.Mas já não havia tempo para curiosidade.O toque de recolher tocara e teria de voltar para o compartimento.

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Victor

Tudo era um caos.

O prédio estava em chamas.Todos os trinta andares estavam o próprio inferno.

–Victor!Corra! - Era minha irmã,Calila.

Seus cabelos de platina refletiam as chamas.Seu rosto magro e belo,refletiam todo o medo que alguém pode ter.

– As escadas!Rápido! - Disse,já começando a correr.

Quebramos as janelas e descemos as escadas de incendio.

Corri até deixar o prédio para trás.Cretinos.Tentavam nos matar mais rápidamente.

A peste já estava nos matando.Aos 17 anos ela se aflorava.Matava você lentamente.

Fazia uma pequena cicatriz destroçar o membro em que estava.Fazia suas costas e articulações doerem de modo inexplicável.Fazia seus membroa apodrecerem e você só morria aos oitenta,sem nenhum dente,fio de cabelo e sem metade de seus membros.

Olho para trás,o predio havia se destroçado.Partido ao meio e várias vigas haviam caido.E asinal,aonde fora Calila?

–Calila! - Gritei.

–Victor. - A voz rouca veio do chão.

Lá estava Calila,seus cabelos de platina enxarcados de sangue.A grande cicatriz de seu rosto que havia feita metade deste,estava suja do mesmo. =Seu corpo alto e esguio debaixo de uma grande viga.

Tentei levanta-la.Mas nem mil homens conseguiriam.

–Pare Victor!Você não vai conseguir! - Ela falou.

–Mas eu tenho que conseguir. - Disse,ainda fazendo força.

–Saia daqui! - Ela falou ternamente.

–NÃO! - Minha voz se embargara e maus olhos se embaçaram.

–Victor,obedeça!Pelo menos na minha morte!

–Não.

–Vá e se vingue por mim!Se vingue pelo povo!Faça a justiça!-Ela sorriu e então a luz deixou seus olhos.