Laura e Edgar- Um romance desde o Início escrita por Nanda


Capítulo 87
Fernando




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Laura olha para Isabel e sorri tristemente com o comentário da amiga.... sabe que Edgar ainda deve estar zangado, por isso não tem esperanças de que ele nem ao menos olhe para ela...

Isabel: Vamos Laura... confessa... você está louca por um beijo do Edgar...

Laura: Isabel... eu vou sem nem esperar por uma palavra dele.. quanto mais um beijo...

Isabel: Como assim? Achei que vocês estivessem bem...

Laura: A gente discutiu ontem... por conta do meu novo emprego.... ele não aceitou, não entende minhas necessidades... ai Isabel... você precisava ter visto como ele ficou..Estava muito ressentido...

Isabel: Mas em que afinal você está trabalhando?

Laura: Sou secretária num escritório... Freitas e Advogados Associados...

Isabel: Advocacia? E esse não é o escritório onde o tal Dr. Castro trabalha?

Laura: Sim... mas estou no escritório da Mem de Sá...ele trabalha no da Ouvidor...

Isabel: Mesmo assim Laura... é na mesma empresa... olha... me desculpa o que vou dizer...mas entendo o Edgar... seria a mesma coisa que eu sendo dona de um teatro, o Zé ir trabalhar no Teatro Municipal

Laura: Vendo por esse lado... mas Isabel... eu preciso trabalhar...

Isabel: Eu entendo essa sua necessidade... mas amiga... tenta entender o Edgar...

Laura: Eu sei... e estou tentando... falando em Zé... como vocês estão? Fiquei sabendo que ele tinha aportado... vocês se reencontraram? Pelo que está me dizendo...

Isabel: Sim.. o Zé saiu da Marinha... estou com alguns problemas com ele quanto a aceitar minha dança.. mas está cedendo... viu o espetáculo e gostou.... estamos bem... estamos felizes...

Laura: Que bom! Agora realmente preciso ir... Boa noite e boa apresentação

Laura: Isabel: Boa noite... e vê se aparece para me prestigiar .... Espero que você e o Edgar se entendam...e manda um beijo para o Daniel...

Laura: Boa Noite Amiga...

Enquanto Laura se dirige a casa de Edgar, Albertinho e Fernando conversam animadamente no Bar Guimarães...

Fernando: Olha só... quem te viu quem te vem, Albertinho... nem parece mais aquele tresloucado que se envolveu com a mulata...

Albertinho: eu cresci Fernando... aprendi a ser homem no exército... e pelo jeito você continua o mesmo...

Fernando: Oras Albertinho... eu agora sou um senhor respeitável... trabalhador... e que logo vai entrar para o rol dos homens casados...

Albertinho: Você vai casar? E posso saber quem é a vítima dessa sua loucura?

Fernando: Logo você saberá... e espero sinceramente que compareça ao meu casamento... venha de Curitiba...

Albertinho: Não vou voltar mais para Curitiba... aceitaram minha transferência para o Rio de Janeiro....

Fernando (debochando): Mas que ótimo... agora só falta encontrar uma moça... e terminar de cumprir todas as vontades da D. Constância...

Albertinho: Moça... oras.. prefiro me dedicar a várias... não estou em tempo de me amarrar a ninguém... quem está com pressa de se enforcar é você...

Fernando: Isso... vá falando... quando menos esperar estará aí rendido de paixão...

A pilheria entre os moços continua, e certamente seguirá noite a dentro. Já na casa de Edgar, ele e seu filho conversam animadamente enquanto sobem para o quarto do menino... nisto batem a porta... Edgar desce e vai atender

Edgar: Laura...

Laura: Oi... você disse que eu podia vir... ver o Daniel um pouquinho...

Edgar: Claro... entre...

Laura (indo ao encontro de Daniel): Oi meu amor... como foi seu dia?

Daniel: Mamãe... que bom que veio!(correndo e abraçando a mãe) Meu dia foi supimpa... adorei a vovó Margarida e o vovô Bonifácio...

Laura: O vovô Bonifácio também estava?

Edgar: Acredite... meu pai quis conhece-lo... nunca pensei que iria ver o que vi hoje... eles adoraram o Daniel....

Laura: Fico feliz... agora vou indo...

Daniel: Mamãe...

Edgar: Fica Laura... jante conosco...

Laura: Melhor não...

Daniel: Ah mãe... fica

Laura: Tudo bem...

Edgar: Filho... enquanto o jantar não fica pronto... o que acha de procurar um livro para eu te contar uma história depois.. Vá ao quarto e escolha o que quiser... eu comprei alguns com histórias de homens, como você me pediu...

Daniel: Oba... mamãe... vem me ajudar?

Laura (percebendo que Edgar que falar a sós com ela): Eu já vou lá te ajudar... vá escolhendo...

Edgar (após ver que o menino subira as escadas): Você não confia em mim, não é?

Laura: Por que diz isso? Claro que confio em você...

Edgar: Por você ter vindo aqui... ver o Daniel

Laura: Edgar... vim para dar um beijo em meu filho... saí cedo de casa... não o vi hoje... só isso... se você se incomoda tanto com minha presença aqui... eu já fiz o que pretendia... vou embora...

Edgar: Não Laura.... Fica... Me perdoa pelo que eu disse....parece que eu não aprendo... sempre consigo te machucar...

Laura: Tudo bem... você admitir isso é um bom começo...

A conversa entre eles morre ali... Laura pensa que comentar sobre o novo emprego não seria uma boa ideia, poderia acabar provocando uma nova discussão...e Edgar pensa se deve pedir como foi no escritório, mas não sabe se deve demonstrar interesse... Até que Laura resolve iniciar uma conversação

Laura: Como foi seu dia?

Edgar: Bem... a tarde foi ótima... só não gostei dos comentários do meu pai em relação a Melissa... mas fora isso.. a visita do Daniel aos avós foi bem agradável...

Laura: O que ele disse?

Edgar: Ele a discrimina, Laura... ela é neta dele e meu pai nunca quis a conhecer por ser ilegítima... já o Daniel... quando minha mãe falou que era meu filho contigo...ele fez questão de estar presente hoje.. e está todo orgulhoso com o neto...

Laura: Bem...você sabe que seu pai é bastante conservador...

Edgar: É preconceituoso... faz essa distinção entre seus netos... como fez com seus filhos... Ele nunca tratou bem o Fernando... acho que te contei o porque...

Laura: Sim... contou....

Edgar: Bem... e a Isabel como está? Imagino que a crítica do Paulo Lima a tenha animado...

Laura: Estava preparando-se para a apresentação... ingressos esgotados... está muito feliz...ah... e ela e o Zé Maria estão juntos... ele saiu da Marinha...

Edgar: Imaginei que isso ia acontecer... ia ser perigoso para ele se ficasse...

Laura: Por que diz isso?

Edgar: Por causa da revolta da chibata... (tentando desviar o assunto) Eu vou ver se o Daniel está precisando de ajuda...

Após algum tempo, ouvem os passos de Daniel na escada... o menino volta e junta-se a eles... logo Matilde serve o jantar... após a refeição, Daniel demonstra os primeiros sinais de que está com sono...

Laura: Bem mocinho... está na hora de dormir... e na hora de eu ir para casa...

Daniel: Mas mamãe... então eu vou com você...

Laura: Filho... você combinou com seu pai que ia dormir aqui... você vai ficar bem com ele...

Daniel: Mas eu quero você aqui... você pode dormir comigo...

Edgar: Laura... fica... a casa é grande... tem vários quartos...

Laura: Mas eu nem tenho roupa de dormir aqui... e preciso de um banho...

Edgar: Isso não é desculpa... fica... pelo Daniel...

Laura (relutante): Está bem... eu fico... vamos lá para cima mocinho... vou te colocar para dormir...

Eles sobem... Laura se encaminha com Daniel para o quarto onde o menino vai dormir e após coloca-lo na cama, em pouco tempo a criança adormece. Ela sai pé ante pé do quarto do filho e encontra Edgar no corredor..

Edgar: Seu quarto está pronto...

Laura: Está bem... mas acho que agora que ele dormiu eu posso ir...

Edgar: Já está tarde... dorme aqui... e.. ele pode acordar no meio da noite... te chamar...

Laura: Ele raramente faz isso... tem o sono pesado...como o pai dele...

Edgar: Fica... e boa noite Laura.. meu dia foi cheio... preciso descansar

Laura: O meu também foi...

Edgar: Eu imagino.. mas por favor... não me conte...

Laura: Tudo bem... Edgar... eu sei que está magoado...

Edgar: Estou... muito...mas respeito suas decisões... Boa noite...

Laura: Boa noite...

Edgar encaminha-se para seu quarto, enquanto Laura vai para o quarto no final do corredor... Ao entrar, percebe uma caixa amarrada com uma fita de cetim sobre a cama... estranha aquilo... abre e fica surpresa... dentro há uma camisola de musseline e renda branca e um penhoar do mesmo tecido... que ela esquecera naquela casa quando resolvera partir...

Laura (sorrindo): Ele guardou...

Ela dirige-se ao quarto de banho... entra na banheira e refresca-se após um dia cansativo de trabalho... relaxa um pouco e pensa no que está acontecendo... em seus sonhos de independência e no ressentimento de seu amado... veste a roupa de dormir e encaminha-se para o quarto de hospedes... ao passar pelo quarto de Edgar, percebe que as luzes ainda estão acesas...

Laura (batendo na porta e espiando para dentro): Posso entrar?

Edgar (recostado na cama e levantando o olhar do que estava lendo) Entra...

Laura entra e Edgar acaba admirando sua esposa vindo a seu encontro... está linda... o penhoar entreaberto deixando ver o tecido transparente da camisola... revelando as curvas daquele corpo que ele tão bem conhece... lembra-se da primeira vez que a viu assim... com aquele mesmo olhar provocador...

Edgar: O que foi Laura?

Laura: Nada... só queria entender...

Edgar: O que?

Laura: Como você guardou essa camisola por tanto tempo... achei que teria jogado fora... doado....

Edgar: Num primeiro momento até pensei em fazer isso.. Mas tudo o que você deixou nessa casa está guardado... Se quiser posso pedir para levarem para sua casa...

Laura: Obrigada... você quer que leve?

Edgar: Você sabe a resposta...

Laura: Eu achei que sabia... mas agora... depois de ontem...sabia que você não iria gostar... mas não pensei que iria ficar tão magoado

Edgar (levantando): Laura... eu me ressenti sim... demorei para entender que você se acostumou a se sustentar sozinha... e já disse... respeito sua decisão... como antes, quando foi trabalhar na sapataria... mas não me pede para apoiar... Sabe... eu pensei bem... e realmente... eu não conseguiria separar as coisas...

Laura: Amor... que bom que entendeu....

Edgar: Entendi... mas não deixo de me preocupar... Laura... você está trabalhando com alguém que te agrediu...

Laura: Eu entendo teu ponto de vista... Edgar... te prometo que assim que conseguir outro emprego eu saio desse escritório....mas eu não vou trabalhar contigo...

Edgar: Eu sei... já estou procurando alguém...até já tenho uma candidata...

Laura: Candidata?

Edgar: Sim... uma senhora viúva... que precisa trabalhar...amiga da minha mãe

Laura: Ah...melhor assim...agora Boa Noite...já tomei demais teu tempo... vou te deixar descansar...

Edgar (segurando a mão dela) : Laura... você e eu sabemos que você não vai dormir no outro quarto...

Laura: Tem certeza que quer que eu fique aqui?

Edgar (puxando Laura para si): tem alguma dúvida a respeito? (dando um beijo intenso e sendo correspondido na mesma medida) E então... responde sua pergunta?

Laura: Não... acho que preciso de uma resposta mais complexa... (beijando Edgar de volta)

Edgar: É?... então vem... vou responder minuciosamente sua pergunta... (levando Laura para cama)

Os beijos e carícias seguem pela noite adentro e terminam ao adormecerem pouco antes de amanhecer... O dia vai alto... Edgar acorda e olha para Laura que ainda dorme... beija levemente seu ombro a fazendo despertar...

Edgar: Bom dia...

Laura: Bom dia...

Edgar: Dormiu bem?

Laura: Levando em consideração a agitação da noite... acho que dormi como uma pedra... que horas são?

Edgar (olhando o relógio na cabeceira da cama): Tarde...

Laura (pulando da cama): Ai meu Deus! Vou me atrasar.. Preciso correr...

Edgar: Arrume-se e eu te levo... e não se preocupe com o Daniel... a Matilde cuida dele...

Laura (no corredor, indo buscar suas roupas no outro quarto): Tá... você não vai voltar logo para cá?

Edgar: Preciso ir ver a Melissa e passar no fórum... mas volto antes do almoço... Tenho muita coisa para resolver... tenho de preparar uns papéis para amanhã... vamos conhecer o novo acionista da fábrica...

Laura: Nossa... já venderam as ações?

Edgar: Sim... também achei rápido... e uma só pessoa comprou todo o lote... provavelmente vai pedir uma auditoria... pena a Filipa não estar aqui ainda... certamente faria...

Laura: Você não pode fazer?

Edgar: Eu sou um dos acionistas... não posso fazer... precisa ser outro advogado... por sinal... sabe se o Dr. Freitas ainda faz?

Laura: Sim... faz sim... a D. Marcia me disse que o escritório também tem essa atribuição..

Edgar: Vou falar isso amanhã... qualquer coisa converso com o Freitas...

Eles terminam de arrumar-se e saem. Edgar deixa Laura nas proximidades de seu emprego e segue para casa de Catarina. Enquanto isso, na casa dos Vieira, Bonifácio lê o jornal e conversa com Margarida, sem saber que Fernando os observa disfarçadamente

Bonifácio: Bem... já vi as notícias do dia... vou para a Tecelagem... tenho muito que fazer... espero que esse inferno termine logo...

Margarida: Meu querido... por que diz isso? As coisas não estão se ajeitando? O dinheiro da venda das ações quitou as dívidas da fábrica....

Bonifácio: Sim.. mas agora há um novo acionista... que não temos a menor ideia de quem seja... o sujeito nem assinou a compra das ações... mandou um procurador...

Margarida: Não se preocupe... deve ser apenas um investidor...

Bonifácio: Margarida... como não me preocupar? Essa pessoa detém 35% das ações da minha fábrica... Por Deus... estes últimos dias têm sido terríveis... a única coisa boa que aconteceu nos últimos tempos foi saber que tenho um neto homem...

Margarida: É... o Daniel é uma benção... o Edgar te-lo trazido aqui foi maravilhoso... pena a Laura não ter vindo com eles... sempre trabalhado

Bonifácio: Ele é meu sucessor... isso sim... já que o pai dele não quis saber da fábrica... tenho esperança que o filho do Edgar se interesse em tocar os negócios da família...

Margarida: Bonifácio... ele tem só quatro anos...

Bonifácio: Mas temos de pensar longe... e prepara-lo desde cedo para o futuro... e agora deixe-me ir... Bom Dia...

Assim que Bonifácio sai, Fernando também toma a direção da rua... tem algo que precisa contar a Catarina...

Longe dali, Melissa tenta em vão convencer a mãe a contar-lhe uma história... mas como sempre, Catarina tem outras atividades em mente...

Catarina: Melissa... eu já disse que agora não...

Melissa: Você sempre diz isso mamãe... só uma historinha...

Catarina: Não... eu já falei... preciso sair... tenho que comprar um chapéu...

Nisto Edgar chega.... e ouve o final da conversa...

Melissa: Posso ir com você?

Catarina: De jeito nenhum... você só sabe me atrapalhar... maldito o dia que resolvi te pôr no mundo... espero que logo seu pai consiga uma escola... assim você vai ter o que fazer...(percebendo que Edgar está lá e sorrindo amarelo) Edgar... não sabia que vinha...

Edgar: Vim... preciso falar com você... (olhando para Melissa) Oi minha florzinha... como está?

Melissa (triste): Bem... só que eu queria passear com a mamãe e ela não vai me levar...

Edgar (abraçando a menina): Não fica assim não... prometo te levar para passear... hoje não posso... mas sábado eu venho te buscar e a gente vai se divertir muito...combinado?

Melissa: Supimpa! Te adoro papai!

Edgar: Eu também... e agora eu preciso conversar com sua mãe...

Melissa: Tá...até sábado pai... (subindo as escadas em direção a seu quarto)

Edgar: Catarina... como pode tratar a menina desse jeito? Ela não estava pedindo nada demais... e mesmo que fosse... não se fala desse jeito com uma criança...

Catarina: Ai... Desculpa Edgar... estou nervosa... amanhã depois de tanto tempo tenho uma recita... com o sucesso do espetáculo da Isabel, o meu recital foi posto de lado... estou até com vontade de rescindir o contrato...

Edgar: Isso não me diz respeito... a única coisa que me interessa que tenha relação com você é a Melissa... e da próxima vez que a vir falando dessa maneira com ela... prometo que não vou só lhe advertir...

Catarina: Desculpa...

Edgar: Vim só para lhe informar que tentei matricular a Melissa em várias escolas... mas não consegui em nenhuma... nenhum diretor quer a filha ilegítima de uma cantora em sua lista de alunos...

Catarina: Mas nem mantendo sigilo sobre a origem dela?.. Edgar... já vi tantos casos assim..

Edgar: O problema não é a ilegitimidade... é a profissão da mãe dela... por mais que eu prometesse que você nunca apareceria na escola... ninguém quer correr o risco de que saibam que a filha de Catarina Ribeiro está matriculada na instituição... As suas aparições públicas... o recital... tudo isso só acabou por prejudicar a menina...

Catarina: E um internato?

Edgar: Não quero me afastar da Melissa... e ela é muito pequena.. muito frágil... Catarina... você não pensa em sua filha...

Catarina: É claro que penso Edgar... eu amo minha filha... e ela precisa estudar... quero um futuro melhor do que o meu para ela...

Edgar: eu vou entrar em contato com mais escolas... e internato nem em último caso..e estamos conversados... bom dia...

Catarina: Bom dia

Edgar sai e Catarina fica remoendo sua raiva... Nisto chega Fernando...

Catarina: Ah... é você... tome mais cuidado... por pouco não encontrou seu irmão aqui...

Fernando: Nossa... não precisa me receber com duas pedras na mão...

Catarina: Desculpe... o que houve?

Fernando: Vim te contar a novidade... o Edgar apresentou ontem para meus pais o filho dele com a Laura...

Catarina: O que?

Fernando: Isso mesmo... o Edgar tem um filho... com a Laura... e os meus pais estão fascinados com ele...

Catarina: Seu pai também?

Fernando: Principalmente... já está fazendo até planos para que o menino seja sucessor dele na fábrica (rindo) se soubesse que a fábrica já não será mais governada por ele... (olhando a expressão de Catarina) O que foi?

Catarina: A Melissa ele nunca quis conhecer... e acha que ela não tem nenhum direito sobre a tecelagem... mesmo sendo neta dele...

Fernando: Meu pai não gosta de bastardos... sou a prova viva disso... se não gosta de um filho... por que gostaria de uma neta? Esqueça isso... e... depois... assim que nos casarmos a Melissa será amparada por mim... apesar de ser filha do meu irmão... vou cuidar de vocês duas...

Catarina: Eu sei meu amor... mas esse menino não pode ter mais direitos que minha filha... não pode... E a Laura.. estava com eles?

Fernando: Pelo que entendi não... está trabalhando...

Catarina: Precisamos descobrir onde... quero tornar a vida dessa mulher um inferno... quem sabe assim some daqui e leva esse menino para longe...

Neste ínterim, Edgar retorna a sua casa... Ao entrar depara-se com Heloisa, que o espera na sala de estar...

Edgar: Bom dia

Heloisa: Bom dia...

Edgar: Pelo jeito minha mãe deve ter falado com a senhora..

Heloisa: Sim... me disse que o senhor dispõe de uma vaga para secretária...

Edgar: Isto mesmo... e como a senhora me disse que precisava trabalhar...

Heloisa: Como lhe disse... não tenho experiência...

Edgar: O trabalho é relativamente fácil... vou lhe passar todas as instruções... não se preocupe quanto a isto...

Heloisa: Pois bem... aceito a vaga... quando quer que comece?

Edgar: Segunda-feira está bem para a senhora?

Heloisa: Perfeito... segunda-feira...

Eles terminam de conversar sobre os horários e o salário da moça e despedem-se cordialmente... Edgar vai ao escritório e retorna para seus processos... o dia passa de forma tranquila... ao final da tarde, ele e Daniel dirigem-se a casa do Cosme Velho, onde esperam por Laura...

Laura também tem um dia relativamente tranquilo... atende telefonemas, redige documentos, agenda horários para clientes...aos poucos vai se adaptando a rotina do escritório... No final do expediente vai para casa... lá encontra o filho e Edgar...o casal brinca um pouco com o filho e depois segue para sala

Laura: E então... como foi seu dia?

Edgar: Bem... meio corrido... mas bem.. creio que logo isso vai ficar mais tranquilo... contratei hoje a senhora que te falei...

Laura: Ah... e quando ela começa?

Edgar: Segunda-feira... a D. Heloisa não tem experiência... mas acredito que logo vai estar entendo o funcionamento do escritório...

Laura: Claro... e quero muito conhece-la... afinal vai trabalhar com o meu marido...

Edgar: Está com ciúme, Sra. Vieira?

Laura: Não... apenas cuido do que é meu (dando um beijinho em Edgar)

Edgar: Não sabia que era sua propriedade...mas gosto da ideia de ter uma dona... desde que seja você (devolvendo o beijo).... Amor...quero te pedir uma coisa...

Laura: Diga...

Edgar: Pretendo apresentar a Melissa e o Daniel... sábado vou busca-la para passear... pensei que seria uma boa oportunidade...

Laura: Está bem... e posso te pedir algo também?

Edgar: Claro

Laura: Quero estar junto neste encontro... preciso começar a me aproximar da Melissa...

Edgar (sorrindo)Sério?

Laura: Claro... ela não tem culpa de nada do que aconteceu.. e ela é irmã do Daniel... e sua filha... não digo que precisamos forçar uma convivência... mas pelo menos manter uma boa relação...

Edgar: Laura... isso é a melhor coisa que ouvi nos últimos dias... obrigado...

Laura: Não agradeça... eu já devia ter feito isso... há algum tempo...

Edgar: Te agradeço mesmo assim... estou muito feliz... vou conseguir reunir minha família... pela primeira vez...

Laura: A primeira de muitas... sei que hoje a Melissa não está... mas será que toda minha pequena família dormirá sob este teto hoje?

Edgar (rindo): Isso é um convite?

Laura: Está mais para uma intimação....dorme aqui hoje...

Edgar: Se não há outra alternativa...

Laura: Alguma objeção... talvez o tribunal considere suas argumentações...

Edgar: De forma alguma... não tenho argumentos...gosto de estar com minha pequena família... sempre (plantando um beijinho em Laura)

A conversa segue e a noite passa de forma serena. Na manhã seguinte, Laura vai para o trabalho e Edgar se dirige a fábrica... lá já estão Margarida, Bonifácio e Fernando...

Edgar: Bom dia

Bonifácio: Bom dia... já não era sem tempo... agora só falta chegar o acionista misterioso...

Margarida: Acalme-se Bonifácio... ele não deve tardar em chegar...

Bonifácio: Me diga como acalmar-se diante do desconhecido... tenha dó Margarida...

Edgar: Pai... por favor...

Fernando: Eu vou ver se o acionista chegou... (saindo e ficando alguns instantes fora do escritório)

Bonifácio: Ainda por cima é irresponsável... veja... está atrasado...

Fernando (voltando): Podemos começar a reunião... o acionista está aqui...

Bonifácio: Onde? Não vejo ninguém junto contigo...

Fernando (indo em direção a cadeira de trabalho do presidente da fábrica e sentando-se): Pois lhes apresento Fernando Vieira... o acionista que comprou 35% das ações desta Tecelagem..


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