Laura e Edgar- Um romance desde o Início escrita por Nanda


Capítulo 64
O recital




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Edgar e Laura continuam a beijar-se intensamente... aos poucos ela o puxa novamente para dentro da casa... eles desviam dos móveis da sala e em pouco tempo estão no sofá .. sem deixar de beija-lo senta-se em seu colo... não pensa em mais nada... se depois vão voltar a brigar não importa... no momento o que ambos querem é estar assim... juntos... aquilo tudo vai ficando cada vez mais intenso... o desejo já consome ambos...Laura afrouxa a gravata e retira o paletó de Edgar e ele começa a desabotoar sua blusa...não dizem uma palavra, mas ambos têm certeza do que vão fazer...

Gertrudes, alheia ao que está acontecendo, vem apagando as luzes da casa...ao entrar na sala cora diante do que vê e resolve sair dali o mais rápido possível... com a pressa acaba por derrubar um pequeno bibelô do aparador da sala de jantar...o barulho da porcelana caindo no chão assusta Laura e Edgar que levantam do sofá em um pulo...completamente desconcertados...

Gertrudes: Desculpe... achei que não tinha ninguém aqui... estava apagando as luzes

Laura: Não foi nada Gertrudes (fechando os botões da camisa errando todas as casas, enquanto Edgar veste novamente o paletó e ajeita a gravata) já viu como está o Daniel?

Gertrudes: Dormindo.... aquele menino não desperta nem se estiver caindo uma chuva de bombas... ainda mais a essa hora...

Edgar: Pois é... está bastante tarde... eu já vou indo (completamente envergonhado)

Laura: Gertrudes pode deixar que eu apago as luzes...

Gertrudes: Boa noite

Edgar e Laura: Boa noite

Gertrudes sai da sala encabulada... ao sair Edgar e Laura olham-se e começam a rir...

Laura: Nossa... o que foi isso? Me senti uma menina sendo pega fazendo travessura...(rindo)

Edgar: Me fez lembrar o dia que a D. Constância nos pegou aos beijos no jardim... (rindo)

Laura: Eu lembro... ela achando que eu estava beijando sei lá quem e quando viu que era você ela ficou para morrer... (rindo)

Edgar: Bons tempos... pena que não voltam mais...

Laura: Verdade... tudo o que passou não volta...

Edgar: Mas a gente podia recomeçar de onde parou...

Laura: Acho melhor não...a Gertrudes tem razão... está tarde... está na hora de você ir...

Edgar: Está me expulsando?

Laura: Não... claro que não... só que tenho que trabalhar cedo amanhã... e acho que fomos precipitados demais... me entende?

Edgar:Entendo...tudo bem... Venho domingo buscar vocês para o passeio... Boa noite...

Laura: Boa noite..

Laura acompanha Edgar novamente até a porta... mas agora ele realmente sai. Ela fecha a porta e suspira...não acredita que teve coragem de beija-lo... eles quase... se não fosse Gertrudes ter entrado na sala...

Aquela noite se passa e mais um dia começa. Laura sai de casa... anda pela rua em direção ao bonde... para em uma banca de jornal e se depara com o Correio da República... lê algumas manchetes... abre o jornal e vê a nota publicada sobre o recital de Catarina...

Laura: Então ela realmente vai se apresentar... e no Teatro que a Isabel comprou... de onde será que tirou dinheiro para pagar o aluguel, os gastos com a produção... este anúncio...isso só pode ter sido patrocinado pelo Edgar... e ele ainda diz que não tem nada com aquela mulher... que apenas está ajudando a mãe de sua filha... pois sim... se ajudar e receber dela o que quase recebeu de mim ontem...é nisso que tenho que pensar... para aprender a não amolecer com qualquer gesto mais gentil de parte dele... tenho que me lembrar de tudo o que passei..

Enquanto Laura vai para o Arquivo Nacional, na casa dos Assunção, Constância está preparando-se para o desjejum. Ela dá uma passada de olhos nas notícias do jornal que o marido acabara de deixar sobre a escrivaninha, antes de sair para o Senado... quando se detém em algo...

Constância: A partir de hoje, às 20:00hs, no Teatro Alheira (Rua do Ouvidor, 1235) o Rio de Janeiro poderá apreciar a voz marcante da soprano Catarina Ribeiro... Mas eles enlouqueceram? Como Edgar vai expor sua ex-amante assim... publicamente... preciso dar um jeito nisso...

Primeiramente ela vai a casa de Catarina... bate a porta da residência, sendo que a própria dona da casa vem atende-la

Catarina: A Senhora? O que quer novamente aqui?

Constância: Pelo que vejo, já sabe que esta não é uma visita de cortesia...

Catarina: Diga de uma vez o que quer...

Constância: enquanto estava escondida todos pudemos suportar sua desagradável presença... Não vou tolerar que se apresente publicamente...ninguém deve saber de seu envolvimento com Edgar e da filha ilegitima que teve com você... permaneça no anonimato... vai ser melhor para você...

Catarina: E quem a senhora pensa que é para me dar ordens? Uma velha patética, que pensa que ainda vivemos na monarquia? Seu tempo já passou... eu não sou uma de suas ex-escravas para que me mande... o que vai fazer? Mandar me açoitar? ... Eu não lhe devo satisfações de minha vida... e vou voltar aos palcos....suas ameaças não me intimidam... e se não tem mais nada a dizer...retire-se...

Constância: Está bem... eu lhe avisei... e não pense que somente eu posso lhe fazer alguma coisa... há mais gente... com muito poder... que não quer que esse concerto se realize..

Constância entra no carro da família Assunção e ruma para a tecelagem Vieira... precisa ter uma conversa com o pai de Edgar...

Constância: Bom dia

Bonifácio: Bom dia... que grata surpresa... nem sempre meus dias começam tão belos... o que traz tão formosa dama a meu escritório?

Constância: Vou ser breve Bonifácio... para preservar nossas famílias .. é necessário que façamos algo contra esse absurdo (mostrando o jornal)

Bonifácio: E o que eu ganho em troca?

Constância: Não ver a reputação de sua família ir pelo ralo se descobrirem que essa cantorinha tem uma filha bastarda com seu primogênito, que vem a ser meu genro..automaticamente o escândalo afetaria nossas famílias... Bonifácio.... faça-me este serviço... o senhor sabe que sou muito generosa ao receber favores...

Bonifácio: Está bem... faço por nossos filhos... mas especialmente por saber o quão bem serei recompensado (tentando dar um beijo em Constância, que se desvia)

Constância: A recompensa vem apenas depois de cumprir o serviço... passar bem...

Apenas Constância sai Bonifácio manda chamar um de seus capangas.... em pouco tempo, Caniço, um rapaz alto e forte, mas de má índole está a postos para receber as ordens do ex-senador, que lhe pede para organizar uma claque para ridicularizar o concerto de logo mais à noite... ele lhe dá dinheiro para o serviço e para pagar seus comparsas... bem como para que entrem no recital sem levantar suspeitas...

É final de tarde... Laura sai do Arquivo Nacional.. passara o dia todo pensando nos últimos acontecimentos e principalmente no concerto que aquela mulher faria hoje à noite... está morrendo de raiva por pensar que seu ex-marido está por trás de tudo isso... alguém vem ao seu encontro.... Edgar...


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