Laura e Edgar- Um romance desde o Início escrita por Nanda


Capítulo 110
O Convite




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/344922/chapter/110

Sentado em uma das poltronas de couro e folhando uma revista sem deter-se em nada que lhe chame a atenção, Edgar espera ansiosamente... E como o tempo demora a passar para quem espera!... Retira o relógio do bolso... Constata que não se passara mais do que alguns minutos... Até que ouve passos vindos em sua direção... e a voz suave e tão familiar de sua tão querida amiga...

Filipa: Olá! Que bom ver-te aqui!

Edgar: Filipa! Como vai? Desculpe por vir sem avisar...

Filipa: Estou bem e vocês? Albertinho nos contou o que ocorreu com Laura...Espero que tudo esteja bem...

Edgar: Sim... estamos bem!... Graças a Deus tudo já passou e logo a polícia deve prender o responsável por isso...

Filipa: Estás me dizendo que foi proposital?

Edgar: Sim... já sabemos quem foi... O sujeito está foragido... Mas ele deve ter um mandante!... Eu desconfio... mas não vou falar sem ter como provar...

Filipa: Edgar... a pessoa que desconfias... será a mesma que pensei? A que estamos a investigar?

Edgar: Sim, minha amiga!... Ela teve uma atitude muito estranha naquela noite... Sem mais nem menos ligou lá para casa dizendo que teve uma premonição de que algo tinha acontecido com a Melissa...

Filipa: É muito suspeito mesmo!... Meu Deus... até onde vai a maldade humana quando se trata de conseguir ver seu inimigo tombar! Essa mulher acha que pode dispor da vida das pessoas como se fossem marionetes em um circo de fantoches!...Não sei se por ciúme... despeito... inveja... ou todos esses sentimentos juntos... ela provocou uma tragédia... envolvendo inclusive a propria filha!

Edgar: Nem me lembre Filipa! Só de pensar que há estas horas podia não ter mais meus filhos e Laura... Mas te garanto que se ela tiver algo com isto... vai pagar...

Filipa: Com certeza... e se puder ajudar de alguma forma... conte comigo... aliás... conosco, pois sei que Manoela também não se furtaria a auxiliar no que for possível...

Edgar: Obrigado Filipa...e por saber que posso contar contigo... às vezes acabo por abusar de tua amizade...Tenho te pedido coisas um tanto complicadas nos últimos tempos... E hoje preciso muito conversar com você...

Filipa: Edgar... eu imagino o que você tenha a me dizer... e quero antes de qualquer outra coisa lhe pedir desculpas por não termos lhe posto a par das investigações... Sei que combinamos que iriamos lhe prestar contar sobre o andamento, mas como tínhamos e, na verdade, ainda temos poucas informações, Manoela, Joaquim e eu resolvemos esperar até que tivéssemos algo conclusivo ou realmente importante para lhe contar... Por enquanto só sabemos que um funcionário do amante da Catarina pagou o hotel onde ela estava e que esse homem tinha uma Clarence na época...

Edgar: Uma Clarence? Meu pai e meu sogro tinham esse tipo de carruagem na época!.. E o tal funcionário?

Filipa: Sim... o Joaquim fez um levantamento na prefeitura... não haviam muitas... Além deles só mais dois senhores tinham esse tipo de veículo... Quanto ao funcionário estamos tentando levantar mais dados... Assim que tivermos confirmação de quem é lhe repasso... Desculpe por não poder lhe dar mais informações...

Edgar: Filipa, não se preocupe... eu sei que essas coisas são assim... demandam tempo!.... Não vim aqui cobrar nada... mas é bom ficar a par das investigações... O que me trouxe aqui é outro assunto...

Filipa: Pois fale...

Edgar: Filipa... aconteceu algo muito sério na tecelagem da minha família... Meu irmão acabou dando um golpe e se tornou acionista majoritário... descobrimos e mesmo ele não confessando abertamente... para evitar termos que chamar a polícia e tornar isso público causando um escândalo que poderia prejudicar os negócios, e manchar de vez a reputação do Fernando, ele aceitou passar as ações para minha mãe...

Filipa: Que situação! Esse seu irmão não é o noivo da Catarina?

Edgar: Segundo ele não é mais... e olha... tenho para mim que grande parte da motivação para esse golpe vem de Catarina...

Filipa: Sempre ela...

Edgar: Antes de mais nada... Você volta quando para Portugal?

Filipa: Edgar... Eu não vou voltar a Portugal... Gostei do país... Acho que existe muita oportunidade de emprego... E depois... como estou restabelecendo minha relação com Joaquim...

Edgar: Com o Joaquim?

Filipa: Sim... eu sei que ele fez coisas erradas... tanto para mim quanto para você... mas ele está provando que é digno de confiança... Merece uma chance...

Edgar: Olha Filipa... o Joaquim era quase um irmão para mim em Portugal... O que ele fez comigo é muito difícil de perdoar... Mas... se tem te mostrado ser digno do teu perdão... só posso dizer que tenha cuidado para não se machucar novamente...

Filipa: Obrigada... e vais ver que ele ainda vai voltar a ser esse irmão...

Edgar: O tempo vai dizer... mas voltando ao assunto... ótimo que queira estabelecer-se aqui... vai de encontro ao que venho te propor...Filipa... minha mãe nunca gerenciou uma fábrica...e sente receio em fazer isso... Me nomeou procurador dela mas eu não tenho como fazer isso... As atividades do escritório me tomam tempo... Nós vamos precisar de uma pessoa que administre a tecelagem... e pensei imediatamente em você...

Filipa: Em mim? Mas Edgar... tenho tão pouca experiência nisto!...Só ajudei a administrar o moinho do meu pai quando ele estava convalescendo e a contragosto dele... e depois controlava os gastos do escritório... mas uma tecelagem... é uma responsabilidade grande demais...

Edgar: Que eu tenho certeza que dará conta... Lembro do tempo que teve que gerenciar o moinho... te saíste muito bem!... A tecelagem não é tão diferente.... só tem mais funcionários... mas com o tempo você acaba se adaptando!... Pagamos um bom salário... Vou te dar um tempo para pensar.... Filipa... eu preciso de alguém em quem confio lá dentro...

Filipa: Edgar...

Edgar: Promete que vai pensar? Espero uma resposta sua...

Filipa: Está bem... vou pensar...

Edgar: E agora preciso ir... tenho mais coisas para resolver... Até mais ver...

Edgar deixa o saguão do hotel e Filipa volta para o quarto feliz e preocupada... A proposta que seu colega fizera lhe é tentadora ...e desafiadora não só para a advogada, mas para a sociedade... uma mulher contratada para gerenciar uma tecelagem... precisava pensar bem no que fazer... Entra no quarto e percebe que Manoela está escrevendo...

Filipa: O que está fazendo?

Manoela: Algo que preciso fazer antes que façam por mim... escrevendo para meus pais!... Se é para saberem que brevemente vou casar, que seja por uma carta minha e não de outros... (olhando para Filipa) O que tem? Aconteceu algo?

Filipa: Aconteceu... e preciso muito pensar... Termina de escrever tua carta... Depois eu te conto e me dê sua opinião

Enquanto Manoela termina de escrever e Filipa deita-se enquanto analisa a proposta feita pelo colega momentos antes, a manhã se passa... A tarde chega calorosa para um dia de outono... No bairro de Laranjeiras, apesar do tempo instável ainda, e dos percalços que a vida reservou, Margarida desembarca do automóvel da família Vieira em frente a casa do filho... Conversar com sua nora sempre lhe fez muito bem...e ajuda-la com o enxoval do neto é algo de que não abre mão... Sobe os poucos degraus que separam o jardim da varanda e, após alguns passos, bate com suavidade à porta da residência de Laura...

Laura (abrindo a porta): D. Margarida! Que bom que veio! (abraçando a mãe do marido)Entre... temos que aguardar minha mãe chegar...

Margarida: Minha querida... como vocês está? E as crianças? Soube que passaram por coisas terríveis...

Laura: Melhor D. Margarida.... Agora estamos bem... As crianças estão dormindo... sempre cochilam nesta hora da tarde... E a senhora... como está?

Margarida: Ah Laura... eu tento aparentar que está tudo bem... mas estou destroçada... Estou vendo minha família em ruínas... e não posso simplesmente fazer nada...Sabe.. não entendo como posso ter errado tanto com Fernando... Nunca fiz distinção entre meus filhos... Sempre tentei compensar a diferença com que Bonifácio tratava o Edgar e o irmão....Eu falhei Laura... eu falhei...

Laura: A senhora é uma mãe maravilhosa... pode ter certeza disso!... o Fernando tem um gênio difícil...Não se sinta culpada pelo comportamento dele!... A senhora fez o seu melhor por ele...E ele mesmo sabe disso... Seu filho pode olhar para seu marido com rancor.... mas para senhora não... Vejo respeito e carinho por parte dele para com a senhora... Se ele fez o que fez, foi por sempre se sentir menosprezado por parte do pai...e por ter se envolvido com alguém que se aproveitou desses sentimentos ruins que o Fernando nutre pelo Sr. Vieira e pelo irmão...A senhora sempre foi uma mãe amorosa e exemplar... para ambos...

Margarida: Obrigada querida..(suspirando profundamente) Agora detenho a presidência da empresa... e vejo meu marido possesso por Edgar ter feito exatamente o que seu irmão pediu para devolver as ações... Edgar tornou-se a única pessoa com quem posso contar para gerenciar aquela fábrica... mas ele também tem seus compromissos...

Laura: Ele vai dar um jeito... Eu o conheço...

Margarida: Eu sei... Edgar sempre foi muito responsável...e merece o que está vivendo agora.. cometeu erros.. claro... mas graças a Deus agora vocês estão tendo a oportunidade de serem felizes novamente...Ver-te grávida me dá o alento de que novos tempos bem melhores do que estes estão por vir...

Laura: É o que todos esperamos...

Margarida: Filha... como você está linda... Meu netinho ou netinha está te deixando mais bonita ainda... Ele já está se fazendo notar!.... De quanto tempo está?

Laura: Estou com quatro meses...

Constância (entrando): E está precisando de roupas urgentemente! Uma moça da sua estirpe, esposa de um advogado renomado... precisa estar elegante em todas as situações!... Vamos às compras, senhoras?

Margarida: Como vai Constância?

Constância: Muito bem..... e você?

Margarida: Bem... obrigada... Como ia dizendo... Laura... parece que já está de mais tempo!... Bem... em todo o caso... vamos comprar hoje muitas coisas para você e esse bebê... vi coisas lindas em algumas lojas da Ouvidor...

Constância: Sim... e vi um berço divino na Mem de Sá...

Laura: Senhoras... calma!.. Não precisamos comprar tudo hoje!.. Ainda falta muito para o bebê nascer...

Constância: Quando você perceber... já estará com esta criança nos braços... Ainda mais com a vida agitada que leva... Já lhe disse para dedicar mais tempo a sua família... descansar... Você precisa se cuidar, minha filha...

Laura: Mãe... quando for a hora, eu vou parar... não se preocupe... E agora vamos?

Laura, sua mãe e sua sogra saem com destino à Ouvidor. Enquanto isto, Edgar sai do fórum, onde foi verificar o andamento de alguns processos. Naquela repartição pública, ficara sabendo que Catarina fora intimada a prestar depoimento e faltara a audiência, sendo o caso julgado a revelia da ré e tendo sido dado ganho de causa à autora.... Precisa falar com Isabel à respeito e com este intuito dirige-se ao Teatro Alheira. Já na casa da Rua dos Ipês, a cantora lírica termina com mais um de seus ensaios... Mesmo não tendo nenhuma récita agendada, ensaia com afinco para que a voz se mantenha melodiosa e afinada... Senta-se no sofá da sala a estudar uma partitura quando batem a porta... Abre sem grande entusiasmo.. Um mensageiro entrega uma correspondência e sai...

Catarina (abrindo e lendo): Mas o que é isso? Eu fui condenada a pagar quase 5 mil contos de réis para aquela mulatinha que se diz dançarina!?...Aquele jornalistazinho ordinário!...Se o idiota não tivesse caído naquela armadilha... Preciso pensar no que fazer... Primeiro o Caniço... agora isto... minhas economias estão se acabando!... A fonte já me disse que secou... Não tenho como pedir para o Fernando... Ao Edgar também não... E o cerco está se fechando... Aquele patife disse que sabia como não ser pego pela polícia... mas se fizer isso como o serviço que encomendei... estou perdida! Talvez o melhor seja sair do Rio de Janeiro por uns tempos... outros ares hão de me fazer bem!... E quando tudo estiver esquecido voltarei para reclamar por Melissa e para tomar o que é meu por direito ... Todos ainda vão saber do que Catarina Ribeiro é capaz...

Enquanto a cantora sobe para seu aposento a fim de pensar melhor sobre seu destino, no centro da cidade, Laura e suas acompanhantes andam pelas ruas já com vários pacotes... A tarde avança... Edgar sai do Teatro Alheira e vendo que tudo o que precisava resolver na rua já havia sido feito, pensa em conversar com seu amigo jornalista... Guerra lhe disse que tinha algo para contar... Pensando nisto atravessa a rua, entrando em seguida no prédio do Correio da República...

Edgar (abrindo a porta da sala do editor): Guerra... atrapalho?

Guerra: Edgar! Não... entra!... Disse que precisava falar contigo...

Edgar: Sim... mas primeiro me conta essa novidade de casamento... Como é que a D. Celinha conseguiu a façanha?

Guerra: Vou te contar..(fazendo menção para que o advogado sente) Ontem enquanto esperávamos pelo Paulo Lima, foi a Celia quem esteve aqui querendo falar comigo.. Nós saímos... fomos ao Bar Guimarães e estávamos conversando quando o Jonas apareceu e disse que precisava me falar algo... Eu sai por uns minutos até a calçada e percebi que um senhor que chegou depois que eu me retirei começou a importunar a Celia...

Edgar: E aí?

Guerra: E aí que eu perdi o controle Edgar!... Entrei bar adentro e expulsei o sujeito a força... Disse que Celia era minha noiva e que íamos nos casar.. Depois ela me pediu se era verdade... e não tive como negar...

Edgar: E assim sendo... logo será esposo de D. Celia de Bragança!.. Bem-vindo a família!... Uma coisa te garanto... com as mulheres desta família nunca vais ter monotonia...

Guerra: Eu sei!...Não quero nem pensar em como vai ser o dia em que for pedir oficialmente a mão da Celia para seus sogros e a Carlota...

Edgar: Fique tranquilo... se eu sobrevivi... acho que você sai disso vivo também...

Guerra: Bem... e quais as suas impressões sobre o Paulo Lima? Como foi esse encontro?

Edgar (pesando no que dizer): O encontro foi... surpreendente!...O... Paulo Lima... é muito inteligente... tem pontos de vista muito interessantes... é muito corajoso... imparcial... Nunca imaginaria quem era o Paulo Lima se não o tivesse conhecido ontem... É uma pessoa digna de todo meu respeito e admiração..

Guerra: Nossa... com tantos elogios devo marcar um novo encontro!... Preciso conhece-lo... Talvez quando me entregar a próxima matéria... seria uma boa oportunidade...

Edgar: Certamente...

Guerra: Falando nisso... Edgar... preciso conversar algo muito sério com você... sobre o que Jonas me contou ontem...

Edgar: Fale... mais uma matéria para o Antonio Ferreira?

Guerra: Mais uma matéria... mas acho que não para ele... Edgar... o Jonas soube de fonte segura, com documentos comprometedores, inclusive, que estão desviando dinheiro destinado para a abertura da Avenida Atlântica...

Edgar: Isso é uma denúncia grave...

Guerra: Edgar...o partido do seu pai encabeça toda a negociata.. E ele é citado... está diretamente envolvido...Eu quis falar antes contigo para que isso não te pegue de surpresa e pela amizade que temos... Mas não posso me furtar a denunciar isso!.. E por razões óbvias não creio que Antonio Ferreira seja o melhor jornalista para escrever essa matéria... Não por incapacidade... nem por falta de imparcialidade.... Sei que és um homem justo e que não omitira quem quer que fosse... mas por uma questão de consideração e respeito contigo... Acho que escrever sobre essa sujeira toda será muito doloroso para você, meu amigo..

Edgar: Eu não esperava outra coisa... A cada dia me decepciono mais com meu pai... Obrigado pela consideração...Você vai escrever?

Guerra: Na verdade... passei para o Paulo Lima... Pelas últimas matérias que me enviou acho que é perfeito para essa denuncia... Enviei uma cópia de tudo o que dispomos para ele... mas vai precisar levantar mais dados... Tenho certeza que vai dar conta disso...

Edgar: O Paulo Lima? Guerra...acho que não é uma boa ideia...

Guerra: Por que não? Você mesmo acabou de tecer tantos elogios... Vai dizer agora que está com ciúme?

Edgar: Não se trata disso!... Só acho que é muito arriscado para ele... Essa gente... é muito perigosa...

Guerra: Edgar... o que tem de errado? Por que diz isso? Você já enfrentou coisas bem piores...Me fala...

Edgar: É diferente Guerra... (tentando desviar o assunto)Eu tenho que ir agora... já está na minha hora... Até mais ver...

Guerra: Edgar... me diz o que está acontecendo...

Edgar sai do jornal rapidamente... Sua cabeça já não pensa em outra coisa... Precisa fazer com que Laura não escreva esse artigo... Laura poderia sofrer represálias e infortúnios das mais diversas espécies.. Por mais que esteja protegida por um pseudônimo, sabe que estará denunciando pessoas influentes e poderosas que para chegarem onde desejam não usam de nenhum escrúpulo.. Com estes pensamentos sai à rua e assusta-se quando ao acionar a ignição do automóvel, alguém lhe chama...

Margarida: Filho! Sua presença aqui é providencial...

Edgar: Senhoras... o que houve? Laura... está bem, meu amor?

Laura: Sim.. estou bem... Creio que sua mãe se refere ao fato de estarmos com muitas sacolas....

Constância: Laura... são apenas algumas coisinhas... o indispensável para uma gestante e um bebê da nossa família...

Edgar (sorrindo): Bem... se eu for julgar pelos pacotes... Aí deve haver roupas até a maioridade dessa criança...

Margarida: Edgar!

Edgar: Desculpe... estava apenas brincando... Entrem... eu as levo para casa!...Imagino que tenham dispensado os motoristas...

Constância: Sim meu genro... Viemos com o meu até aqui...mas como não sabíamos o quanto iriamos demorar e seu sogro precisava do automóvel, resolvemos que iriamos alugar um coche para voltar...

Laura: Mas... já que o vimos... acho que podemos contar com a boa vontade de um filho, genro e marido piedoso, pois não? (vendo que o marido está um tanto disperso) Amor... está tudo bem?

Edgar (retornando de seus pensamentos): Claro... Vamos, senhoras (ligando o automóvel e saindo lentamente do local)

Enquanto isto, na Confeitaria Colonial, Filipa, Manoela e Joaquim conversam... Filipa expõe sua conversa com Edgar e espera ansiosa pela opinião de seus acompanhantes...

Filipa: E é isto... a proposta do nosso colega é esta...

Manoela: Mas isto é maravilhoso... não tem nem o que pensar... aceita!

Joaquim: Meu amor... tenho certeza que vais se sair muito bem nisto...

Filipa: Tenho medo... é um desafio enorme.. uma responsabilidade muito grande... o Edgar está depositando toda confiança dele em mim!... Fora que ainda vou estar desafiando a sociedade... uma mulher a frente da administração de uma tecelagem...

Joaquim: O que mostra que o Edgar te considera muito mais competente do que muitos homens...

Manoela: É o sopro dos novos tempos... As mulheres estão provando que podem exercer funções masculinas tão bem ou até melhor que os homens...

Joaquim: E isso vocês já fazem... estão exercendo a advocacia... são investigadoras... e fazem tudo isto muito bem!... Filipa... aceite... sei que Edgar não te escolheu à toa...

A conversa entre os amigos prossegue por mais algum tempo... Manoela se mostra muito feliz pela amiga e a cada comentário a incentiva mais a aceitar a proposta de Edgar, enquanto Joaquim, feliz com a possibilidade de sua amada permanecer no Brasil já mentaliza planos para o futuro e também anima a advogada para que administre a Tecelagem Vieira... Neste ínterim, após deixarem as senhoras cada uma em sua residência e refutarem os convites para estender a permanência nas casas paternas, Laura e Edgar finalmente chegam à sua residência... A professora vai à frente, abrindo a porta para o esposo que entra carregando as compras com que as senhoras passaram a tarde distraindo-se...

Edgar: Laura... nossas mães são loucas! Aqui tem roupas para um batalhão!...

Laura: Eu te falei que a baronesa era exagerada!... Não esperava isso da sua mãe...

Edgar: Quantos bebês elas pensam que tem aí?

Laura: Um!.. Acredite...pensam que é um!....Caso contrário... imagine isso aqui triplicado...

Gertrudes (vindo ajuda-los): Boa tarde... (pegando as compras)... Os senhores têm visitas...

Laura: Visitas? Quem poderá ser?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!