365 Dias escrita por Jana


Capítulo 1
Capítulo 1 - Após 365 dias...


Notas iniciais do capítulo

Hello pessoal ;)
Aqui está o primeiro capítulo.
Só para saberem, o que está em itálico sempre são lembranças. E terá várias músicas ao longo dos capítulos, então tbém coloco a letra delas. Irão ver acho q no próximo.
Espero que gostem. Boa Leitura!
Resumo da História: https://www.youtube.com/watch?v=HQWYo-Zp1ug



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/344908/chapter/1

Acordei com a claridade da janela batendo em meu rosto. Uma típica manhã de verão em Nova Iorque. Eu realmente odiava acordar com esse sol na minha cara. Fiquei esperando por alguns segundos sentir mãos quentes acariciarem meu cabelo, ou uma voz deliciosa sussurrando um “Bom Dia” em meu ouvido. Nada. Inutilmente virei-me ficando com a barriga para cima, e de olhos fechados apalpei o espaço ao meu lado na cama. Vazio. Suspirei profundamente e sentei-me. Eu não entendia o porquê dessa esperança idiota ainda morar dentro de mim. Porém me conhecia bem o bastante para saber que ela ainda “viveria” muito, mas... Cortei meu próprio pensamento com outro muito mais forte que me invadia. Meus olhos masoquistas tinham subido em direção ao teto, e lá estava aquele desenho só para me machucar mais. Como segurar essas lembranças? ...

–Amor, posso escolher qualquer coisa pra você desenhar? – Perguntei manhosa.

– Pode sim. O que você quiser. – Disse sorrindo.

– Ok. Então quero que você desenhe o seu rosto! – Falei animada, dando pulinhos em seu colo.

– Sério mesmo? Não prefere que eu desenhe você? – Ele perguntou com uma cara estranha. Eu dei uma risadinha.

– Não amor! Você já me desenhou várias vezes! Agora eu quero que você faça um auto-retrato!

– Tudo bem... Mas pra que você quer o meu rosto? – Perguntou divertido.

– Para eu pode olhar esse rosto perfeito quando você não estiver do meu lado.

– Não entendo pra que... Se eu ainda pretendo ficar por muito, muito tempo do seu lado! – Ele disse me dando um selinho.

– Eu sei... Porém é melhor prevenir né? – Falei e depois sorri. Ele balançou a cabeça sorrindo. – Não vai fazer? – Perguntei meio triste. Ele levantou o rosto para me olhar. – Por favor? – Eu disse fazendo beicinho e piscando meus olhos.

– Você acha mesmo, que existe alguma coisa no mundo que eu não faça pra ti, quando você pede com essa carinha? – Falou sorrindo bobo.

– Sinceramente? – Perguntei semicerrando os olhos. Ele confirmou com a cabeça. Olhei para todos os lados fingindo estar pensando. – Não! – Falei rindo. Ele jogou a cabeça para trás e deu uma gargalhada. Como eu amava o som daquela risada!

Sequei rapidamente uma lágrima que escorria pelo meu rosto, e desviei o olhar daquele desenho. Não sabia o porquê de eu ter refeito aquele desenho no teto. Só para me torturar mais?! Levantei da cama calçando chinelinhos de dedo. Caminhei até minha penteadeira e penteei meus longos cabelos castanhos encaracolados, tirando todos os nós. Depois caminhei até o banheiro, fiz minhas necessidades e lavei o rosto. Aquela água fria me acordou mais. Levantei o rosto para o espelho, dando de cara com uma Alice tanto quanto... Diferente. Eu não estava mais tão ruim. As olheiras em baixo dos meus olhos verdes estavam bem claras, minha pele não estava tão maltratada, meus lábios ainda possuíam machucados, porém já se cicatrizando... e no meu braço havia apenas cicatrizes.

Era difícil acreditar que aquela era realmente eu. Pois a Alice de verdade não deixaria sua aparência chegar aquele ponto. Sua pele estava tão branca. Uma pele que de longe dava para perceber que precisava de vitamina. Os cabelos bagunçados, cheios de nós e frizz. Totalmente magra. Sua boca estava machucada, devido às inúmeras mordidas que lhe dava todos os dias, era assim que tentava controlar os gritos, ou os pensamentos... Com dor física. Outra prova dessa dor eram os seu pulsos. Cortados. Mas o pior de tudo além disso, deviam ser seus olhos, que sempre foram o que ela mais gostava em si. As olheiras em baixo deles eram tão escuras e profundas como as de um vampiro, e eles estavam tão... Sem vida. Suspirei. O seu estado inferior estava muito bom em comparação com o interior. Disso eu tenho certeza. Saí do banheiro caminhando em direção ao closet, porém minha cama estava tão convidativa que me enfiei debaixo das cobertas. O que era um dia á mais sem trabalho?

Sim, estava significativamente melhor. Contudo meus olhos ainda não estão em perfeito estado. Eles não tinham mais o mesmo brilho. Até minhas lágrimas parecem diferentes. Mais duras... Elas eram pior que tapas na cara. E meus pulsos... É, eles eu ainda escondia. Limpei rapidamente o rosto e saí do banheiro caminhando em direção ao meu closet. Peguei um short jeans curto, e uma regata branca com uma estampa de caveira na frente. Olhei-me no espelho com a roupa na mão. Eu vestia uma camisola branca meio transparente. Por quê? Repetia em pensamento...

– Uau! Que camisola mais sexy senhorita Brandon! – Ele disse levantando a cabeça do travesseiro para me olhar melhor. Estava com um sorriso malicioso.

Dei uma risadinha. – Que bom que gostou. Porque comprei especialmente pra você! – Falei em um tom malicioso. Mordi meu lábio inferior enquanto sentava de pernas de índio na ponta da cama.

– Olha... Se suas intenções são as que eu desconfio e espero... – Deu uma risadinha. – Acho que você deveria ter vindo nua mesmo. Não quero causar nenhum dano á essa linda camisolinha!

– Deixa de ser safado mister belezura! – Falei rindo.

– Mister belezura? – Ele perguntou com uma sobrancelha levantada.

– Ué! Só a sua priminha pode te chamar de belezura, “meu” mister? – Eu disse séria. Ele deu a sua gargalhada perfeita.

– Vem cá, vem minha ciumenta linda! – Falou me puxando para cima dele.

Eu não entendia o porquê essas lembranças terem que me invadir assim tão de repente. Era de manhã ainda! Mas eu já devia imaginar que hoje elas seriam mais fortes... Suspirei. Vesti a roupa e saí. Deixei minha camisola no cesto do banheiro, e lá amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo alto.

– Você fica linda com o cabelo amarrado, devia prendê-lo mais vezes! – Me disse sorrindo.

– Ah é? Sabe... Eu acho que fico linda de qualquer jeito... – Falei dando de ombros. Ele riu.

– Convencida! – Gritou e me puxou para perto dele, juntando nossos lábios. Será que beijar ele nunca perderia o encanto? Eu esperava que não...

– Paraaaaa! – Gritei pra mim mesma. Que merda! Caminhei com raiva para fora do banheiro. Respirei fundo pra me acalmar. O dia estava lindo de mais para me estressar tão cedo. Abri a porta do quarto e caminhei calmamente. Olhava para todos os lados. Olhei pro sofá da sala.

Saí do quarto ainda com um pouco de sono. Olhei pro sofá e lá estava ele sentado. Comia batatas fritas de pacotinho e tomava cerveja em garrafa, enquanto assistia TV. Típico dele em um sábado de manhã. Revirei os olhos. Homens!

Não havia ninguém lá. Abri a porta do quarto de hóspedes com a desculpa de “abrir a janela”. Mas eu sabia bem que só queria conferir.

Abri devagar a porta do quarto de hóspedes. Uma parte de mim estava com medo de que ele tivesse ido pra sua casa. Mas quando abri, lá estava ele. Dormindo de barriga pra baixo, só com uma cueca boxer preta. Os raios de sol batiam em suas costas nuas. Caminhei calmamente até o outro lado do quarto para olhar o seu rosto. Sua fisionomia era calma, igual á de um anjo. Devia estar sonhando, pois havia um lindo sorriso em seus lábios. Senti a vontade de acariciar seus cabelos loiros, porém fiquei com medo de acordá-lo.

Nada. O quarto estava vazio como era de se imaginar. Já que havia aberto a porta, caminhei até a janela e abri-a. Saí do quarto rapidamente fazendo com que algumas lágrimas escorressem para fora dos meus olhos. A porta do outro banheiro estava aberta, só olhei rapidamente. Estava escutando um barulho de água? Só podia estar ficando louca...

Estava caminhando até a cozinha quando escutei o barulho do chuveiro. Virei pro lado para olhar de onde vinha. Lá estava ele tomando banho com a porta aberta.

Dei uma gargalhada. - Amor, o que está fazendo?

– Tomando banho, não está vendo? –Ele disse divertido olhando na minha direção.

– Isso eu já percebi! Mas, esqueceu que tem porta?

– Pra que porta se estamos só nós dois aqui?

– Mesmo assim! Não gosta de privacidade, não?

– Ah qual é Lice! Vai dizer que não gostou de ter essa visão dos deuses, tão cedo? – Falou e depois deu uma piscadinha. Não pude deixar de rir.

– Como você se acha, cara!

O banheiro estava vazio, e sem nenhum chuveiro ligado. Louca! Eu agora estava escutando coisas também? Caminhei até a cozinha. Não estava com muita fome, porém resolvi fritar ovos para comer. E que a sorte esteja lançada! Peguei dois ovos na geladeira e bacon. Coloquei óleo na frigideira, um pouco de farinha pra não grudar, como minha mãe me disse, e quebrei-os em cima. Cortei algumas fatias finas de bacon e coloquei também. Cantarolei uma musiquinha para me distrair. Tirei os ovos com bacon colocando em um prato e levando a mesa. Peguei suco na geladeira e coloquei em um copo. Certo, eles estavam horríveis! Nem um ovo eu conseguia fritar?

– Allie o que é isso? – Ele disse com uma cara de nojo, enquanto mexia nos ovos que estavam em sua frente.

– Ovos fritos, horas! – Falei meio com cara de reprovação.

– Sério mesmo? Até os do meu pai são melhores! E olha que o Carlisle cozinha mal, hein!

– Ah, cala boca e come!

– Tudo bem, mas se eu passar mal... – Ele falou pegando o garfo.

– São só ovos! – Eu disse revirando os olhos. Bem devagar ele colocou aquilo na boca. Fez uma careta e cuspiu tudo no prato.

– Ei, pelo menos podia engolir néh!

– Caraca, tá queimado Alice! Eu não vou comer isso não. – Falou me mostrando. Estava bem preto. As vezes eu era meio cega. Ele tomou quase o suco todo do copo. Eu comecei a rir.

– Tá rindo do que hein? Eu é que devia rir da senhorita que não sabe cozinhar!

– Não se pode ser boa em tudo. – Falei dando de ombros. Ele riu.

– Depois eu é que sou convencido né?

– E você é! – Sorri chegando mais perto dele.

– Você ganha de mim! – Ele disse tocando a ponta do meu nariz com o indicador.

– Sou só um pouquinho... – Falei fazendo biquinho. Ele deu uma risadinha.

– Tudo bem, tudo bem... Você é só um pouquinho my little girl! – Falou e mordeu meu lábio inferior que ainda estava em um biquinho.

Balancei a cabeça afastando aqueles pensamentos e me levantei para jogar os ovos no lixo. Que desperdício! Peguei uma caixa de cereal, uma tigela, leite e colher. Comi tentando ao máximo não pensar em mais nada. Porém percebi que aquela era a marca de cereal preferida dele... Como aquilo ainda entrava na minha casa? Objetos, comidas, programas de TV, entre outras coisas preferidas não tinham sido banidas? Acho que hoje pode... Lavei rapidinho tudo que sujei. Entretanto a rapidez não me impediu de lembrar...

– Ok. Eu lavo e você seca! – Eu disse jogando um pano de louça nele.

– Ah não... Além de ligar pro restaurante e comer, eu ainda tenho que secar a louça?

– Haha! Como você é engraçadinho né? – Falei sorrindo cinicamente. – Agora vem aqui me ajudar! – Ele riu de mim, mas se levantou.

– E o que é que eu vou ganhar com isso? – Disse fazendo biquinho. Eu ri daquela imitação fajuta de “mim”.

– Ué, ter comido já foi o prêmio, você só está contribuído por isso! – Sorri e ele aumentou o bico. Ficando ainda mais engraçado.

– Fui eu quem pagou!

– Claro! Namorado é para essas coisas!

– Abusada!

– Chato!

–Preguiçosa!

– Idiota!

– Boba!

– Irritante!

– Suja! – Ele disse passando o dedo na espuma e colocando no meu nariz.

– Ei! – Eu gritei. Ele riu. Peguei a esponja e joguei em sua camiseta.

– Ow Alice! – Ele gritou de volta. Comecei a rir. – Você vai me pagar por isso! – Falou. Saí correndo na hora. Era mais rápido que eu, já estava quase me alcançando. Conseguiu me derrubar no chão e começar a fazer cócegas.

– Para! Paraaaaaaaaaa! – Eu gritava em meio às risadas.

– Não vou parar não! – Ele disse rindo.

– Por favor? – Pedi manhosa.

– Ok, só se dizer que me ama!

– Isso é fácil! Eu te amo, te amo, te amo... Agora para de me torturar, vai! – Falei tentando controlar o riso.

– Boa menina! – Ele disse parando de fazer cócegas, mas sem sair de cima de mim. Era impossível sair de baixo de seu aperto de ferro. – Agora trate de me recompensar!

– Acho melhor você me recompensar por ter feito isso! Que tal lavar a louça pra mim?

– De jeito nenhum! Você tem que me recompensar provando que me ama!

– Ah é? E como é que você quer que eu te recompense?

– Da melhor forma possível! – Ele disse sorrindo maliciosamente. Eu ri e puxei seu rosto para o meu, fazendo nossos lábios se encontrarem...

Caminhei para a sala suspirando. Joguei-me no sofá e liguei a TV. Era uma sexta-feira, porém hoje eu não iria ao trabalho. Essa era a vantagem de trabalhar na agência de moda de sua tia. Sorri. Mas depois minha cara se fechou. Já fazia muito tempo que eu não pousava mais para fotos, não fazia mais nenhum evento, e nem meus croquis estavam como antes, apesar de ainda serem bons. Porém se ela fosse igual á um chefe comum já teria me demitido. Contudo, era Renée, minha madrinha querida, então estava tudo bem. Dizia que era só uma “fase” por qual eu estava passando. Acreditava nisso. Uma fase era algo tão patético. Eu já havia passado por várias “fases”, e além do mais, isso não era algo passageiro como uma fase...

Suspirei pesadamente. Meus olhos corriam para cada canto daquela casa. Ao grande sofá que estava praticamente vazio não me contando, á pequena lavanderia, á cozinha que ainda tinha cheiro de ovo frito, á sala de jantar, ao pequeno hall de entrada, á grande varanda da sala de estar, ao banheiro que estava com a porta aberta, ao quarto de hóspedes, ao meu quarto no qual estava... Vazio. A casa toda estava vazia tirando a minha presença. Aquela palavra deu um aperto em meu peito. Antes pelo menos eu tinha o Matt e a Lizz...

– Alice, é necessário! Você quase não consegue cuidar de si mesma, ainda vai ter que cuidar de um gato e uma cachorra?! – Rosalie me dizia com Matt no colo. Ryan, seu noivo, segurava a Lizz. Eles já estavam perto da porta. Ela tentou me convencer o fim de semana todo.

– Mas, mas... Você vai levar uma parte de mim!

– Lice... Eu já te convidei muitas vezes para vir morar com a gente. Você sabe que seria muito bem vinda lá em casa. E sua mãe também já está cansada de tanto te chamar para ir morar com ela. – Falou tocando meu rosto delicadamente. – E nós duas sabemos que ultimamente nem pra eles você tem tempo. Não tem nem para si mesma maninha! – Disse de uma forma dolorida.

– Rose não começa!

– Tudo bem eu não vou mais dizer nada... Eu já cansei de tentar argumentar. – Sussurrou triste. – Eu juro que trago eles para te visitar sempre, e quando decidir sair desse lugar antes que mofe, pode ir visitá-los. – Bufei. – E você sabe que as portas da minha casa estarão sempre abertas para te receber! É provisório, amiga. Quando você ficar melhor, eles irão voltar para ti! – Esse era o problema. E se eu nunca ficasse melhor? Rosalie me abraçou deixando Matt no meio de nós. Ela era a minha melhor amiga, como uma irmã. E Ryan também era um bom amigo. Somente por isso eu os deixava levarem os meus tesourinhos.

–Tchau Lice. Se cuida! – Ela falou sorrindo fraternalmente. Eu acenei com a cabeça.

– Tchau amorzinho! A mamãe te ama! – Falei acariciando Matt. Depois fiz o mesmo com Lizz. Eles eram iguais á filhos para mim. Porém eu tenho que concordar que eu não estava me dedicando muito á eles ultimamente. Rose ia cuidar melhor deles.

– Tchau Alice! – Ryan disse me dando um beijo no rosto. Eles acenaram e saíram. Tentei dar o meu melhor sorriso. Tranquei a porta com a chave e corri para a minha cama. Desabei. Até os meus bebês tinham ido embora...

Suspirei de olhos fechados. Quantas vezes eu já tinha suspirado hoje? Apertei os olhos para tentar conter as lágrimas, o que claro só as fez escorrer mais. Comecei a trocar de canal até parar em um que estava passando filme. Havia um casal, que estavam sentados juntos no sofá, conversando e rindo, ela estava com um cachorrinho no colo. Péssima escolha. Filme de romance?

– Ei, eu quero saber logo! – Falei tentando tirar suas mãos que tampavam meus olhos. Ele queria me fazer uma surpresa. Levava-me até algum lugar que eu não sabia onde era porque estava tampando meus olhos. Devia ser em algum lugar longe porque eu escutava pássaros cantando em vez de carros. Lizz estava junto. Não entendi o porquê de querer levar minha cachorrinha de poucos messes em uma “surpresa”.

– Deixa de ser curiosa e espera mais um pouco Alice! – Ele disse rindo. Eu bufei. Caminhamos mais um pouquinho, e ele me mandou parar. – Chegamos! Pode olhar. – Falou tirando as mãos dos meus olhos. Ok, estávamos no Central Park? Quantas vezes eu já tinha vindo aqui? E juntos então? Conhecemo-nos aqui! Era em um lugar mais particular, e na verdade eu nunca tinha vindo exatamente aqui, mas mesmo assim. Revirei os olhos.

– Essa é a surpresa? – Perguntei me virando para olhá-lo. Ele riu e também revirou os olhos.

– Não sua bobinha! Aqui é o lugar da sua surpresa!

– Como assim?

– Olha lá! – Falou apontando para o chão. Havia uma toalha xadrez vermelha comprida, e duas cestas de piquenique em cima. Ele me puxou pela mão trazendo Lizz no colo. Eu tinha ganhado a minha cachorrinha de Rose, ela tinha quatro messes. Sentou no chão e me puxou para sentar em seu lado. Deixou Lizz em seu colo e pegou a primeira cesta, na qual era menor do que a outra. – Abre, amor! – Sorria o meu sorriso preferido. Sorri de volta e abri a tampa da cesta. Surpreendi-me com o que tinha dentro.

– Um gatinho? – Perguntei tirando o pequeno gatinho de dentro. Era branquinho, com os olhinhos azuis e estava com um laço vermelho no pescoço. Era menino e filhotinho. – Que coisinha mais fofa!

– Não é? – Falou sorrido. Eu acariciava aquele gatinho. Meu sorriso era largo.

– Mas e a Lizz? Ela não vai ficar com ciúmes? E eles não vão brigar? – Perguntei preocupada.

– Se eles forem criados juntos desde pequenos não tem nenhum problema. Eles vão se acostumar a ficar juntos, e serem como irmãos! – Disse fofo. Ele estava tão lindo. Bermuda jeans clara, camiseta branca, camisa de flanela azul. Realçava seus lindos olhos azuis. Mas, que dia ele não era lindo? Sorri abertamente.

– Obrigada amor. Ele é lindo como você! – Falei sem desviar meus olhos dos deles. Sorrindo docemente ele se aproximava de mim. Nossos olhos grudados um no outro, como se tivessem sido hipnotizados. Nossos rostos quase se encontrando. Podia sentir sua respiração calma batendo suavemente em meu rosto, e seu hálito doce próximo a minha boca. Segurei meu gatinho em uma só mão e levei a outra para sua nuca, ele fez o mesmo deixando Lizz em uma mão e com a outra acariciou o meu rosto, segurou-o me fazendo fechar os olhos esperando seus lábios. Que suavemente encontraram os meus...

Aquela lembrança tinha sido demais para mim. Já estava deitando no sofá me encolhendo, fazendo meus joelhos chegarem até o meu peito. Eu odiava aquele vazio. Como parar as lágrimas? Como parar as lembranças de seus lábios? Ah... Seus lábios! Eu queria tanto parar de pensar nisso, não podia me acabar em nada... Não hoje! Levantei com muita dificuldade e corri pro banheiro. Deixei as ultimas lágrimas escorrerem e lavei meu rosto. Fiquei me encarando. Hoje eu podia pensar, estava liberado, era por isso que tantas lembranças já tinham me invadido. Sorri. Coloquei uma rasteirinha, um colete de spikes por cima de minha regata, coloquei um óculos escuro e um par de brincos. Peguei uma bolsa lateral e saí de casa.

– Bom dia Ethan! – Falei para o porteiro do meu prédio. Ele tinha uns 40 anos, e trabalhava nesse prédio desde os 17. Era um grande amigo. Eu conversava muito com ele antes de... Tudo acontecer.

– Bom dia Dona Alice! – Disse como todos os dias. Eu aprendi fingir sorrir com tudo isso. Depois de um tempo tive que começar a usar máscaras. As pessoas ao meu redor não tem culpa de nada, e não mereciam sofrer por eu estar sofrendo. Então aprendi a sempre ter um sorriso no rosto, mesmo que eu esteja desmoronando por dentro. – Não vai trabalhar hoje? – Perguntou olhando pra minha roupa. Eu não iria com o short tão curto pro trabalho.

– Er... não. Hoje não. – Falei meio sem graça. Não queria que ele reparasse no hoje, mas acho que não tinha como não perceber que enfatizei essa palavra.

– É um dia especial, né? – Perguntou. Porém parecia que sabia a resposta.

– Não digo que especial, mas... – Qual séria a palavra certa?

– Marcante?! – Ele disse no mesmo momento que pensei na palavra. Concordei com a cabeça.

– Hum... Ethan, você sabe que dia é hoje? – Nós dois sabíamos que eu não perguntava do dia da semana ou do mês.

– Sei sim. Como eu poderia esquecer aquele dia? Você sabe o quanto eu gosto de ajudar as pessoas... E naquele dia me senti de mãos atadas. Sem saber como poderia te ajudar... – Ele parou perdido em lembranças. Agradeci estar de óculos, assim ele não veria aquelas chatas lágrimas que lá estavam. Até ele tinha sofrido por minha culpa.

– Não é sua culpa Ett, você é uma ótima pessoa e já me ajudou muito!

– Eu sei, mas mesmo assim nunca vou esquecer-me daquele dia e dos próximos que se seguiram...

– Nem eu. Isso você pode ter certeza. – Falei caminhando até ele. Abracei-o. – Tchau! – Acenei e entrei na garagem. Não sei por que não peguei o elevador direto pro subterrâneo. Eu estava louca.

– Sabe, eu realmente gosto do Ethan! – Ele disse assim que saímos do prédio. Era primavera, e o clima estava muito agradável para ficar dentro de casa. Andávamos colados um no outro. Meus braços ao redor de sua cintura, e um dos dele ao redor dos meus ombros. .

– Sim. Ele é realmente muito legal! Quantas pessoas têm além de um porteiro, um amigo? – Rimos.

– Que tal um sorvete? – Ele disse apontando para o Mc' Donalds que tinha na rua do nosso prédio.

– Ótima ideia! Quero metade chocolate e outra creme! – Falei sorrindo.

(...)

– Eu tava pensando... Teríamos que ir morar em um apartamento maior ou em uma casa, para ter mais espaço. Porém eu queria que fosse em um lugar mais familiar sabe. – Ele dizia sentado no banco. Eu estava no seu colo, e ainda tomávamos os nossos sorvetes.

– Do que você está falando?

– Como do que? Dos nossos filhos horas! Eles iam gostar de ter um parquinho perto de casa, não acha? – Falou como se fosse obvio, e já pensando nos detalhes.

–Pirou de vez? Quem disse que eu vou ter um filho com você?

– Um não! Três! Duas meninas e um menino! A primeira filhinha, e depois um casal de gêmeos! – Sorriu triunfante. Eu dei uma gargalhada.

– Você só pode estar brincando! Eu não vou querer estragar esse meu corpinho lindo! E além do mais, a gente já tem filhos. O Matt e a Lizz.

– Poxa, assim eu fico magoado! Já até nos imaginei com filhinhos correndo pela casa e tudo... – Ele disse fazendo carinha de cachorro abandonado. Eu ri.

– Essa sua carinha não me convence, não!

– Então vou te sujar toda até você decidir engravidar um dia! – Falou me sujando de sorvete.

– Idiota! – Passei sorvete na cara dele também. Rimos em sincronia.

– Deixa que eu limpo pra você! – Disse chegando perto da minha boca e passando a língua devagar no lugar onde estava sujo. No canto da boca. Nada esperto né?

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então??
Deixam reviews please!
Gente, como falei antes é um capítulo só, quer dizer que eles são mesmo cortados. Então o próximo capítulo sempre começará exatamente onde o último terminou.
Quando terminar tudo começo a postar. Um capítulo por semana c;
Críticas são sempre construtivas!
Beijos *----*