Casa Ao Lado escrita por Laís Oliveira


Capítulo 7
Primeiro Beijo.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Quero me desculpar por não ter postado na terça-feira, eu estava doente e fui no médico, a dor nas costas não me deixou ficar mais do que cinco minutos em frente ao computador!

Então, esse capítulo que eu iria dividir em dois vai vir em um só, espero que vocês gostem!

Quero agradecer muito à jackcoutinho por fazer a primeira recomendação da Fanfic, eu fiquei muito feliz, obrigada!!!

E como sempre, obrigada a todas as reviews, meninas! Vocês me deixam igualmente feliz, amo ler e responder todas elas!



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Bella POV.

Nessa ultima semana que havia se passado eu não queria muita coisa além de dormir o quanto eu podia durante horas seguidas se me fosse permitido, pois na maioria das vezes eu não conseguia pregar os olhos à noite. Então, minha única solução era observar Edward ao meu lado dormir tranquilamente. Eu também estava estressada. Minhas costas doíam horrores, eu não conseguia me concentrar em muita coisa e muitas das vezes não lembrava o que eu tinha comido no almoço ou na janta. Abaixo dos meus olhos havia olheiras. Eu estava como um zumbi, horrível, e não demonstrava muita reação nas situações do dia-a-dia.

Edward havia percebido isso em mim, pois não largava do meu pé. Quando eu me recusava a ir para o seu quarto – o que não era mais necessário, pois os gritos incrivelmente não existiam mais – ele ameaça vir me buscar e como eu sabia que ele estava falando sério sempre acabada por fazer o que ele pedia. Contudo, era bom, na verdade era ótimo porque eu me sentia menos sozinha e um pouquinho importante, de qualquer maneira.

-

Acordei ao lado de Edward por volta das cinco horas da manhã, sem nenhum sono. Sentei-me na cama e procurei uma posição confortável que me desse uma visão de seu rosto adormecido. Instintivamente, uma de minhas mãos foi até sua cabeça fazendo movimentos circulares em seus cabelos rebeldes, o que me deu uma sensação de prazer por estar ali ao lado dele. Era a única coisa que eu realmente gostava de fazer ultimamente.

Vale lembrar que o meu interior se tornou um conflito em relação a Edward, ele estava definitivamente bagunçando a minha cabeça com suas atitudes um pouco suspeitas. Porém, eu me surpreendi por estar gostando delas; na verdade eu estava amando. E então eu soube, eu tive a absoluta certeza de que estava crescendo um sentimento em mim totalmente proibido pelo fato de sermos melhores amigos.

Ainda acariciando seus cabelos, eu me deitei de frente para Edward para poder ver observar seu rosto melhor e também para tê-lo mais próximo a mim. Fiquei nessa posição até sentir Edward até então ainda inconsciente, puxar meu corpo delicadamente contra o seu e passar um braço a minha volta e por fim enterrando seu rosto na curva de meu pescoço. Era como se ele precisasse daquele contato para sobreviver.

Sem acreditar que eu preferiria nós nessa posição em que na anterior, passei meu braço livre por volta de seu pescoço e senti as primeiras lágrimas descerem pelo meu rosto, odiando perceber de vez o fato de querer Edward de uma maneira que eu nunca poderia ter, pelo bem de nossa amizade.

Talvez esse sentimento dentro de mim não fosse de agora, talvez ele estivesse ali há muito tempo dentro de mim esperando a hora certa para ser descoberto. Mas poderia ele ser descoberto nessas circunstâncias? Quando eu não tinha certeza do que Edward sentia por mim? Quando seus sinais não eram certamente claros?

Depois de algumas horas senti Edward despertar ainda agarrado ao meu corpo. Pensei em fingir que estava dormindo, mas é claro que ele saberia que eu não estava. Era Edward. Delicadamente ele soltou-se de meu corpo e eu também o fiz; um pouco constrangida com a posição tão íntima em que estávamos. Antes que Edward pudesse me acordar ele percebeu que eu já estava desperta, sendo assim observou meu rosto por alguns segundos enquanto eu devolvia seu olhar.

- Eu já volto. – Ele disse encaminhando-se para o banheiro como ele sempre fazia todas as manhãs e escovou os dentes.

Quando ele voltou foi a minha vez. Sim, eu matinha uma escova de dente em seu banheiro, era necessário.

Voltei praticamente correndo para a cama, tentando me proteger do frio que estava cada vez mais intenso, era quase dezembro e a neve chegaria em breve.

- Fazia muito tempo que está acordada? – Perguntou-me sentado na cama enquanto eu praticamente desaparecia embaixo do cobertor.

- Não muito tempo, algumas horas talvez. – Respondi.

- Edward? – O chamei depois de um minuto.

Ele olhou-me interrogativamente esperando pelo que eu falaria.

- Eu não vou para a aula hoje.

- Por quê? – Arregalou os olhos.

- Olhe, eu não estou bem... Sério mesmo. Eu posso ficar aqui no seu quarto? Não vai fazer diferença eu voltar para casa, então é isso.

- O que está acontecendo Bella?

- Eu não estou com uma mínima vontade de sair dessa cama. Quando você chegar a gente pode dar um jeito para eu voltar para a minha casa sem que ninguém daqui veja, pode ser?

- Você tem certeza? – Perguntou-me em dúvida.

- Sim.

- Eu posso ficar com você aqui. – Ofereceu-se.

- Não Edward, você vai.

- Mas é uma teimosa mesmo! Eu só não vou ficar aqui com você porque preciso entregar um trabalho de física... Se bem que Alice poderia fazer isso para mim.

- Não precisa. Agora vai ou você vai se atrasar. – Conclui.

Edward não relutou, ele sabia que não poderia brincar com pesquisas escolares a essa altura do campeonato, onde logo mais seria a nossa formatura e depois partiríamos para escrever as cartas para sermos aprovados na faculdade. Então ele pegou uma muda de roupas e alguns minutos depois saiu do banheiro vestido em uma calça jeans e uma jaqueta preta de couro com os cabelos rebeldes como sempre. Enquanto ele tentava arrumar o ninho em sua cabeça sem sucesso em frente ao espelho, eu fiquei o observando achando aquilo completamente fofo, ele era lindo.

Por fim, Edward pegou sua mochila que estava em cima da cadeira em frente sua escrivaninha e a jogou pelos ombros, olhando-me de soslaio.

- Tem certeza que vai ficar bem? – Perguntou se aproximando e ficando de joelhos à minha frente.

- Sim. – Eu não tinha tanta certeza naquele momento, já que eu preferiria ficar com ele a ficar sozinha.

Sem mais cerimonias, Edward deixou um beijo demorado em minha testa e saiu porta afora, encontrando Emmett no corredor e conversando alguma coisa que eu não fui capaz de entender. Quando as vozes sumiram, eu inalei fortemente no travesseiro como de costume, agradecendo por eu ter um refúgio seguro na família da casa ao lado.

Eu tentei dormir, porém eu estava alerta demais para conseguir fazê-lo. A hora não passava, o frio parecia se intensificar e até o tic-tac do relógio era auditivo aos meus ouvidos. Uma vontade imensa de chorar me atingiu e sem poder doma-la, eu chorei tudo ali. O soluço subia a minha garganta sem me deixar alternativas. Eu não sabia dizer se estava chorando por minha casa ser um verdadeiro inferno completamente silenciosa agora ou chorando por querer Edward de uma maneira proibida para mim. Eu não podia tê-lo de nenhuma forma além de amigo.

Eu não percebi, mas quanto o choro sessou eu estava cansada o suficiente para poder dormir como eu queria.

Meu sono ultimamente estava incrivelmente leve, então qualquer barulho era o suficiente para me despertar. Ouvi alguns passos no corredor, mas não me importei; com certeza era Edward que havia chegado da escola e o tempo havia passado rápido demais em meu sono.

- Oh! – Ouvi uma voz conhecida, doce, porém meio desesperada presa em sua própria surpresa.

Sem saber ao certo quem estava falando, tateei meu celular enquanto tentava definir se estava sonhando ou aquilo era realidade, eu preferiria ficar com a primeira opção. Meu celular indicava dez e trinta e sete da manhã, não era Edward.

Amaldiçoei-me por ser tão preguiçosa e não ter trancado a porta assim que ele deixou o quarto, e sentindo o choro voltar a minha garganta eu criei coragem para olhar a pessoa que mantinha os olhos gravados em mim.

Esme não estava chocada, mas seu semblante era triste e retorcido em completa agonia; eu sabia que era minha culpa.

- Desculpe querida, eu não sabia que você ainda estava aqui. – Disse Esme.

Eu fiquei confusa, como assim “eu não sabia que você ainda estava aqui?”. Pisquei os olhos algumas vezes olhando para o chão e depois voltei meu olhar até Esme, que me encarava ainda com pena nos olhos. Então, ela se aproximou de mim sentando ao meu lado e levando a mão a minha testa.

- Você sabia? – Perguntei desnorteada.

- Desde o primeiro dia, acredito eu. Mas não se preocupe querida, eu não pensei coisas impróprias, eu sei que entre vocês há respeito. Eu só entrei para ver se o quarto de Edward estava limpo como sempre.

- Esme – Seu nome saiu de meus lábios numa voz fina e desesperada – Ele só está tentando me proteger, entende? – Solucei tentando a qualquer custo me explicar.

- É claro que eu entendo, ele ama você demais para te deixar sofrer assim, Bella. Nossos pais são muito importantes em nossas vidas.

Num ato desesperado eu abracei Esme e ela o retribuiu, passando as mãos delicadamente em meus cabelos.

- Eu queria tanto que ele me amasse assim.

- Oh meu Deus! – Foi tudo o que Esme disse, suas palavras soaram como um desabafo. – Bella, eu estou aqui para te ouvir, sim? Pode dizer tudo para mim, querida.

- Eu... Eu não estou conseguindo mais. A toda hora que eu entro em casa é como se eu não existisse, quando palavras são ditas para mim não há um pingo de amor, Esme... Eu não aguento mais viver dessa maneira, eu preciso da atenção de meus pais e eu os amo tanto, mas eles nem parecem se lembrar de que eu sou a filha deles!

- Querida, você precisa saber o que acontece entre eles para poder pensar em algo coerente.

- Mas eles não parecem que irão me contar se eu perguntar! Isso já acontece há meses, eu não suporto mais. Edward é tão bom comigo e tão atencioso, ela me dá tudo o que eu quero e preciso... E agora... Eu... – Não fui capaz de terminar, sendo impedida pelos soluços que subiam por minha garganta.

- Agora você está apaixonada por ele. – Concluiu ela.

- E eu não deveria. – Completei entre o intervalo de um soluço e outro.

- Por que vocês são tão complicados assim? Ele ama você, Bella.

- Não da maneira que eu percebi o amar agora.

Esme soltou uma respiração pesada, agora se afastando de mim para olhar em meus olhos e passou as mãos novamente pelos meus cabelos.

- Você está péssima, seus olhos estão muito inchados.

Assenti a sua afirmação, era claro que eles estariam.

- Você anda tão estranha ultimamente, tão longe, Bella, você deveria ir a um psicólogo, eu poderia falar com Carlisle e...

- Não!

- Por quê?

- Eu não quero falar sobre o que se passa comigo com uma pessoa desconhecida... Eu me envergonho disso, Esme.

- Mas é necessário, ele irá te ajudar, meu bem.

- Eu não quero. – Disse firme.

- Só me promete que vai se reerguer? – Seus olhos brilharam por um momento.

- Esme, eu não posso lhe prometer uma coisa que eu não sei como cumprir.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, um silêncio gritante que pedia para ser preenchido, porém nenhuma de nós tomava a iniciativa de iniciar um novo diálogo.

- Eu vou buscar chá e biscoitos para você. – Esme disse.

- Estou sem fome.

- Mas você não comeu nada hoje!

- É verdade, não tenho fome. Eu só quero ficar deitada, espero que não se incomode. Me desculpe.

- Não peça desculpas querida. Eu preciso descer, mas qualquer coisa pode me chamar, eu estarei lá embaixo. E por favor, não precisa descer por essa escada que fez barulhos horrorosos quando Edward a tirou das tralhas de Carlisle, você deve entrar e sair pela porta da frente.

Eu tentei sorrir, porém eu não consegui achar os músculos de meu rosto para tal ato. Sendo assim, Esme beijou-me na bochecha antes de sair porta a fora, deixando-me sozinha novamente.

-

Senti a necessidade de ir embora antes que Edward chegasse, apesar de ter dito que o esperaria não era mais necessário já que Esme sabia o que estava acontecendo. Infelizmente ela sabia de tudo, ou felizmente; eu não sabia se havia tirado ou colocado um peso a mais nas minhas costas confessando meus sentimentos para ela. De qualquer forma eu me sentia mais leve.

Desci as escadas indo para a sala e contornando para a cozinha, procurando por Esme para avisar que eu já estava indo embora e que o quarto de Edward estava devidamente limpo. Ela insistiu que eu ficasse, contudo, e achava melhor ir para casa mesmo não tendo vontade alguma.

Sai da casa dos Cullen’s em passos apressados, o frio estava gritante e mais um pouco minha boca ressecaria de vez. Antes que eu pudesse enxergar alguém mais no jardim de minha casa, eu pude ver uma moto estacionada logo ao lado de minha picape e reconheci de imediato, era Jacob que estava ali. Depois de sua primeira “visita” na escola para mim era a terceira vez que ele vinha me procurar, e sua estadia estava demorando mais do que o necessário.

- Bella, você está horrível. – Jacob disse apoiado na lataria do meu carro.

- Eu sei Jacob. – Fiz força para minha voz sair.

- Hoje eu vou embora, você sabe...

- Sim, boa viajem. – Eu disse simplesmente.

- Bella... – Ele sussurrou meu nome se aproximando de mim – Eu estou indo hoje. Você bem que poderia me dar um presente de despedida, não acha? – Sorriu malicioso.

- Acredito que não.

- Eu sinto falta do seu corpo quentinho abaixo do meu, você não sente a mesma coisa?

Juro que eu podia sentir meu sangue ferver ao correr por minhas veias. Como ele conseguia ser tão cara de pau ao me pedir uma coisa dessas? Eu não era nenhuma puritana virgem, mas é claro que eu tinha meus valores morais e não iria ficar com ele apenas por uma noite, somente por diversão.

- Jacob, vá se foder! – Explodi – Por que você não vai embora logo dessa droga de cidade e me deixa em paz? Eu não sinto sua falta, se é isso que te prende aqui. – Gritei sentindo as lágrimas descerem por minhas bochechas.

Jacob me olhou como quem olhava para um bicho assustado, o seu sorriso cínico deu lugar a uma expressão de espanto e ele não disse nada.

- Com licença, por favor. – Conclui passando ferozmente por ele, abrindo a porta e a batendo com força o suficiente para que aquela casa despencasse em cima da minha cabeça.

Lembrei-me de Rose me dizendo que quando eu explodisse ela ficaria com medo de mim. Na situação que eu estava, até eu mesma estava com medo do que eu era capaz de fazer.

Enquanto eu trancava a porta eu pude ouvir o rugido da moto de Jacob aumentar e desaparecer segundos depois, agradeci mentalmente por ele estar indo embora, talvez para nunca mais voltar. Quando me virei para seguir o caminho até meu quarto deparei-me com Renée arrastando duas malas para a entrada. Ela sorriu timidamente ao me ver, o que me assustou.

- Você está indo embora? – Assimilei o fato sentindo as lágrimas voltarem aos meus olhos.

- Estou sim, querida. – Disse simplesmente.

Assustei-me com “querida” de sua parte. Ela estava resolvendo me tratar bem somente quando iria... Embora? Não era assim que eu estava esperando as coisas acontecerem.

- Por quê? E eu mãe? E eu? – Gritei desesperadamente, era claro que ela não iria se importar com o estado em que eu ficaria.

- Você é uma menina esperta, vai saber se cuidar, Bella. – Suas palavras soavam tão naturalmente que eu senti todo o meu estomago se revirar; como Renée conseguia ser tão fria quando estava deixando a sua filha para trás?

- Eu ligo para lhe dar notícias e você pode me ligar sempre que quiser, mas agora eu preciso ir. Tchau, Bella. – Concluiu.

Dito isso eu esperei um abraço, esperei ela dizer que estava brincando e que iria ficar, iria tentar concertar o casamento que estava em ruínas. Porém, eu não recebi um abraço e tive de me contentar com o seu adeus. Quando Renée passou por mim, ela pegou as chaves da picape que estavam ao lado da televisão e saiu porta afora, dando partida para o seu destino misterioso com o meu carro.

Depois de alguns minutos que eu estava parada na mesma posição, eu procurei forças para ir até meu quarto e deitei em minha cama, sentindo a sua textura agora quase desconhecida por mim. Encolhi-me como um feto tentando proteger-me da dor que me socava o estomago de forma violenta, era tão difícil de respirar que eu desejei não fazê-lo mais, assim a dor acabaria uma hora ou outra. E então, seria mais fácil.

Eu não sei quantas horas eu fiquei por ali na mesma posição, chorando as mesmas lágrimas, pelo mesmo motivo. Eu estava exausta, meu cansaço mental já estava conseguindo derrubar-me e eu me vi em uma batalha interna, e nessa batalha eu perdia.

Meu celular tocou uma, duas, quatro vezes. Eu sabia quem era, mas não atendi. Eu não queria ir até Edward ou Alice, eu não queria que eles me vissem na situação deplorável que eu me encontrava. Eu não queria causar transtornos a eles porque eu sabia que ambos sofriam me vendo da maneira em que eu estava e eu me odiava por isso, principalmente por fazer o único homem que se importa de verdade comigo ficar mal. Eu era uma tola e tinha plena consciência disso.

- Bella, eu estou aqui. – Ouvi uma voz suave ao meu lado.

Não me surpreendi, sabendo que quando se tratava de mim Edward era atrevido o suficiente para invadir o meu espaço; na verdade, ele sempre sabia quando poderia e quando não poderia fazê-lo.

- Vai embora. – Pedi.

- Você sabe que eu não vou fazer isso mesmo. – Deu de ombros.

Sim, Edward era um anjo. Na verdade, ele era o meu anjo. Absolutamente tudo o que ele podia fazer por mim ele fazia sem ao menos medir esforços. Senti o colchão afundar ao meu lado e Edward tirar os cabelos grudados das minhas bochechas por conta do suor acumulado em meu rosto.

- Ela foi embora. – Disse eu. – Ela levou o meu carro também.

Não era como se o carro importasse apesar de eu gostar dele, foi apenas um complemento e informação.

- Eu não sei o que dizer em relação à sua mãe, linda, eu sinto muito.

Olhei em seus olhos e eu tive certeza absoluta de que ele sentia. Seu rosto estava transformado em raiva, medo e ele também estava hesitante. Fiquei o observando por um momento, apenas tentando entender como eu o amava tanto... De uma forma que eu não poderia amar.

- Enquanto ao seu carro, você não vai andar a pé, de qualquer forma. – Disse passando a mão no meu queixo e eu fechei os olhos apreciando o toque.

- Edward, de verdade, você não precisa ficar cuidando de mim o tempo todo.

Eu me sentia tão culpada por envolvê-lo em meus problemas e fazê-lo sentir as mesmas coisas que eu, que desejei a contra gosto que ele se afastasse.

- Eu preciso sim, não é apenas por você, é por mim também. Você já percebeu que quando um de nós está triste, o outro não está totalmente feliz?

- Sim.

- É exatamente isso. Eu não consigo ficar em paz se você estiver assim, Bella. Nós somos parte um do outro.

- Edward?

- Sim?

- Me abraça? Bem forte? Por favor.

Não foi necessário pedir duas vezes, em menos de um segundo Edward já me tomava em seus braços abraçando-me fortemente, fazendo-me eu me sentir segura ali, como se eu nunca pudesse ser de alguma forma atingida. E por um momento eu tive esperanças, acreditei que tudo ficaria bem.

Naquela noite, Edward dormiu no meu quarto.

-

Charlie não comentou sobre o abandono de Renée, mas podemos dizer que agora os “bom dia” e “boa noite” haviam voltado. Durante a semana ela chegava ao mesmo horário de sempre, porém aos finais de semana ele havia definido que iria pescar – não que ele houvesse me contado. Meu pai também parecia um tanto abatido, a carranca foi substituída por uma expressão vazia e ele parecia estar tão desgastado quanto eu. Ele também não estava mais implicando se eu estava na casa dos Cullen’s ou não, o que me pareceu bom de certa forma. Aos poucos, ele estava voltando a ser o Charlie que eu conhecia.

Olhei-me no espelho. Olheiras. Cabelo sem brilho mesmo depois de uma hidratação feita por Alice. Pele muito pálida. Costas doendo horrores. Falta de concentração. Algumas noites eu dormia mais do que deveria, e hoje era o dia em que eu estava totalmente elétrica, sem sono e agindo como um zumbi agoniado.

Alice me vestiu com uma meia calça preta de rendas, acompanhado de uma saia na mesma cor cintura alta. A gola da minha blusa de frio – fashion, como Alice havia dito – mais parecia um cachecol e apresentava a figura de um cachorro na estampa em rabiscos. Calcei um sapato Oxford salto alto com detalhes em tachinhas, minha maquiagem foi somente para disfarçar as olheiras e colocar uma cor artificial em meus lábios e logo em seguida prendi meu cabelo em um rabo de cavalo, esperando por Edward na sala de Esme.

No dia anterior durante o almoço na escola, Alice decidiu que todos deveriam me colocar para cima, já que meu estado não estava muito agradável. Uma “festa” em Seattle foi a escolha de todos eles, e mesmo eu não concordando com essa conclusão não consegui me negar a ir, já que até Jasper estava a fim de se divertir também.

Assim que Esme me avistou a espera de Edward para irmos até a tal festa, ela me olhou um tanto estranha. Pela pouca percepção que agora eu tinha das coisas, eu podia vê-la me observar com pena, novamente. Eu estava tão ruim assim? Eu tentei sorrir, mas a única coisa que deve ter aparecido em meu rosto foi uma careta e Esme engoliu em seco sem tirar os olhos de mim.

Esme veio em minha direção me abraçando delicadamente.

- Eu não vou quebrar Esme. – Falei sentindo um caroço enorme em minha garganta.

- Mas você parece tão quebrável! – Disse agora olhando para mim – Por que não veio essa semana aqui, Bella?

- Eu não tenho mais forças, eu não sei como estou conseguindo ir para essa tal festa. – O choro ameaçou cortar minha garganta. – Eu vou perder o controle mais cedo do que todos esperam, estou com medo...

- Shh! Não fale uma besteira dessas.

Então Esme me abraçou novamente, tentando me tirar da minha própria desgraça.

Alguns minutos mais tarde eu vi Edward descer a escada praticamente correndo, vestido em uma calça caqui e uma camisa de mangas cumpridas xadrez. Seus cabelos como sempre rebeldes dava um ar mais despojado em sua aparência, e quando nossos olhos se encontraram ele ofereceu um sorriso mínimo para mim.

- Alice já está descendo com Emmett. – Edward avisou enquanto andava em minha direção e me abraçou exatamente como Esme, como se eu fosse quebrável.

Edward sentou-se ao meu lado e eu me aconcheguei mais perto dele sem me importar com o que ele pensaria, e para a minha “não tão surpresa” ele fez o mesmo, com a sua proteção inigualável quando se tratava de mim. Então eu fingi, fingi que Edward me queria da mesma forma que eu queria ele.

- Olha que lindos! – Ouvi Emmett dizer em algum lugar da sala enquanto um flash era disparado na minha direção.

- Emmett, seu inútil! Pare com isso. – Ralhou Edward – Não está vendo que ela estava quase dormindo?

- Exatamente – Concordou ele – Ela não pode dormir, hoje vamos sair, sacou? Sacou Bella?

- Saquei, Emm. – Respondi em uma voz morta endireitando-me no sofá.

E então foi a vez de Alice aparecer. Eu não sabia dizer com que roupa ela estava, mas era claro que ela estava linda como sempre.

- Rose e Jasper já estão aqui em frente! – Esme anunciou.

- Sim, mãe. Rose acabou de me ligar, vamos?

Olhei para Edward com um olhar pidão, clamando aos céus que ele acabasse com aquela palhaçada toda e cancelasse aquela festa ali mesmo, porém, não foi isso o que aconteceu. Depois de todos nos cumprimentarmos e dizerem que estavam “muito animados” para essa tal festa, Rose entrou no jipe de Emmett e Alice entrou no carro de Jasper, e como já era de se esperar eu fui sorrateiramente para o volvo de Edward.

Eram três horas de viajem e tudo o que eu fiz foi ficar em silêncio o caminho todo, desejando que essa maldita noite acabasse logo e eu pudesse voltar para minha casa ou para o quarto de Edward, tanto faz.

-

Ao dobrarmos a esquina já era possível ouvir o som de uma música que eu julguei ser da Britney Spears. Edward não parecia animado, sua expressão estava mais para preocupação do que para qualquer outra coisa, e eu sabia que era unicamente e exclusivamente culpa minha.

- Vamos? – Ele perguntou assim que estacionou o carro.

- Sim. – Afirmei sem jeito.

Se Edward fosse de verdade abrir a porta para mim como deu a entender, eu fui mais rápida e tomei a frente. Sai um pouco desajeitada do carro por não ter costume de usar salto, mas para a minha felicidade não dei de cara no chão.

- Nós vamos comprar as entradas, nos esperem aqui. – Disse Jasper para Alice, Rose e para mim.

- Não demorem. – Rose respondeu.

- Bella, arruma essa cara. – Alice disse quando os garotos se afastaram.

- É a única que eu tenho Alice. – Respondi de mau humor observando Edward se afastar.

- Se eu soubesse que você iria estar assim eu nem teria feito pressão em cima de você. – Rose pontuou.

Era verdade, ela havia feito pressão em cima de mim pelo fato de até Jasper estar animado com essa festa e eu querer me enfiar em qualquer buraco obscuro. Contudo, eu não me irritei, eu sabia reconhecer que eu estava me afundando em um poço sem fim e precisava ao menos tentar reagir se não quisesse deixar meus amigos ainda mais preocupados com meu estado.

- Bella, hoje a noite é sua! – Alice disse dando pulinhos – Por favor, por favor! Dance, chame a atenção, faça o que você quiser, tenta se libertar, sei lá! Esquece um pouquinho dos seus problemas e foca no agora, não são todos os dias que podemos dançar até perder a consciência. – Alice completou como se eu quisesse realmente estar ali.

- OK Alice.

Não demorou até que os garotos voltassem e quando nós entramos no local da festa eu pude perceber que Jasper estava sendo o “dono da situação” em relação a Alice, já que eles estavam bem próximos e o sorriso de ambos estava maior que a cara.

Rose entrou com Emmett e eu grudei no braço de Edward como se não fosse soltar mais. A festa estava lotada. As luzes eram definidas em tons de rosa, vermelho e azul, que dominavam a pista que ficava centralizada no ambiente. Um palco também estava montado à frente desta pista, com uma jaula enorme centralizado também no palco. Alguns sofás estavam distribuídos em volta da pista principal, abrigando casais que precisavam na verdade de um quarto. Abaixei a cabeça constrangida com a situação e com as pessoas a minha volta, aquilo não estava nos meus planos.

- Alice não tinha lugar melhor para escolher não? – Edward gritou para que eu ouvisse e seu tom estava irritado.

Eu não soube o motivo, mas Edward escondeu meu corpo atrás do seu enquanto definia o lugar que seguiríamos, e assim eu o fiz.

Existia uma área VIP que somente pessoas maiores de idade poderiam acessar apresentando o RG, pois lá eram vendidas bebidas alcoólicas e era localizada na cobertura. Todavia, não era muito útil, pois quem comprava bebida poderia descer para a área da pista novamente.

Edward sentou-se em um sofá e eu sentei ao seu lado, a essa altura eu já não sabia onde estava Rose, Jasper, Emmett ou Alice. Aquilo estava totalmente patético, até que eu senti um peso esmagador sobre as minhas costas.

- Olhe só, um casal fazendo você de colchão. – Edward debochou já irritado e nós procuramos outro sofá que estava vazio por sua vez.

- Você não parece estar se divertindo. – Ele comentou em meu ouvido para que eu pudesse escuta-lo e sua aproximação trouxe arrepios em todo o meu corpo.

- E eu não estou. – Confirmei em seu ouvido também.

- Você quer alguma coisa? Água? Energético?

- Não, eu estou bem.

- Que seja! Eu vou buscar uma água para você. – Retrucou – Me espere aqui.

Sem alternativas fiz o que ele me pediu e fiquei observando as demais pessoas. Muitas estavam bêbadas, outras pareciam estar felizes e a maioria delas descontroladas, como se fossem o seu ultimo dia de vida. Eu não me encaixava ali, de qualquer forma. Porém, meus amigos deveriam estar se divertindo e isso foi o suficiente para me manter de boca fechada e não acabar com a noite deles, eu não iria pedir para ir embora.

Edward estava demorando muito, o que me deixou impaciente. Será que ele havia encontrado alguma garota interessante o bastante para se esquecer de mim aqui? Não; mesmo ele não me enxergando daquele jeito, ele não se esqueceria de mim, eu o conhecia muito bem para saber disso.

Mais alguns minutos se passaram e nada, eu já estava quase saindo a sua procura quando senti um braço ser passado a minha volta.

- Oi gata, sozinha por aqui? – Uma voz forte disse ao pé do meu ouvido.

Desvencilhei-me do corpo que me prendia junto a ele e procurei a sua face, eu não o conhecia. Loiro, olhos escuros e cabelos caindo por sua testa. O rapaz aparentava ter vinte anos de idade e sua expressão era um tanto curiosa.

- Eu perguntei se você está sozinha. – Repetiu ele no meu ouvido e novamente me desvencilhei.

- Não estou sozinha. – Falei alto para que ele pudesse ouvir.

- Não é o que parece – Retrucou – Quer dançar?

- Não, estou esperando o meu amigo, ele foi buscar água para mim.

- Água? Numa festa? Você está de brincadeira! Anda, bebe isso, não é tão ruim assim.

Ele me ofereceu uma bebida que parecia ser limonada, todavia, o cheiro era álcool puro.

- Eu não aceito bebida de pessoas estranhas, você pode ter colocado algo aí. – Eu disse estupefata.

- Docinho, eu não coloquei nada aqui! Mas eu tenho uma coisa que você com certeza irá gostar; tequila, já ouviu falar?

- Sim.

- É uma bebida mexicana baby, e como eu estou vendo que você está muito tímida eu vou ali em cima buscar uma para você e juro, não vai ter nada que possa te prejudicar.

Sem esperar uma resposta para a minha pergunta ele se levantou e foi em direção à área VIP, e foi nessa quando meus olhos o acompanharam que eu pude ver Edward conversando com uma garota. Ele não parecia tão animado, mas era claro que ela estava tentando se pendurar no pescoço dele e seu sorriso era estonteante.

Eu estava muito sensível, realmente, porque a reação que eu tive primeiramente foi engolir o choro e como se não fosse o suficiente, eu comecei a chorar discretamente. Eu estava sentindo ciúme de um cara que nem sequer era meu, e pelo bem da nossa amizade teria de continuar assim. Todavia, eu não conseguia mais esconder, estava sendo impossível.

Levantei-me do sofá e fui em direção à escada que dava acesso à área VIP. Eu tinha em mente em passar para aquele lado mesmo sem documento de identificação, porém não foi preciso, pois o louro estava descendo com uma mini bandeja em suas mãos que continha dois copos minúsculos dentro com a provável “tequila”, limão e sal.

- Então mudou de ideia? – Perguntou-me.

Eu assenti, ainda encarando a bandeja em suas mãos.

- Antes, qual é o seu nome?

- Isabella, mas me chame de Bella. – Eu disse impaciente ainda olhando para Edward de soslaio.

- Perfeito. Bella, meu nome é Kyle. - Começou ele – Você vai fazer como eu, então preste bem atenção.

Kyle seguiu para a bancada no lado oposto que estávamos colocando a bandeja ali. Primeiro, ele pegou um quarto do limão e o mergulho num potinho transparente que continha sal. Quando o limão estava banhado, ele olhou-me arregalando os olhos e mostrando-me o limão, dando uma mordida que fizesse com que a maior parte possível continuasse em sua boca. Por fim, ele virou o copinho de tequila de uma só vez, bebendo em um único gole com certa dificuldade.

- Ah! – Refrescou-se ele – É assim que se faz, tente deixar a maior quantidade de limão e sal na sua boca, isso tira o gosto do que vem a seguir.

E com uma piscadela, ele me ofereceu a bandeja. Procurei Edward com o olhar novamente, mas o que eu encontrei foi a garota com quem ele conversava encarando o chão friamente. Eu sorri sem saber ao certo o porquê, olhei para Kyle e para a bandeja; então, fiz o que ele me ensinou.

Sujei o limão com a maior quantidade de sal que pude, logo em seguida o mordendo e bebendo em um único gole a tequila. Ela desceu como fogo pela minha garganta, deixando em brasa o caminho até chegar ao meu estomago.

- Curtiu? – Kyle perguntou-me.

- Obrigada.

O agradeci me achando uma completa idiota sai dali o mais rápido que eu pude. Meus pensamentos estavam em Edward, por que ele havia me deixado sozinha nessa festa que mais parecia uma boate, sabendo que eu estava odiando aqui? Ele sabia mais do que ninguém que eu estava sensível e ele também havia percebido que eu queria somente ele comigo, não sabia?

A bebida era forte, pois eu já estava sentindo minha cabeça girar. Apesar de estar irritada eu procurei Edward, mas minha visão estava desfocada e eu não tive o sucesso em achar alguém que eu conhecesse. Fiz o caminho até o sofá que anteriormente eu estava, esbarrando em algumas pessoas que dançavam e recebendo algumas reclamações de bêbados pela falta de educação ao empurra-los do meu caminho.

Olhei para todos os lados novamente. Onde estava Edward? Onde ele estava? Senti meus olhos arderem, indicando que lágrimas viriam em breve.

“Dance, chame a atenção, faça o que você quiser, tenta se libertar, sei lá! Esquece um pouquinho dos seus problemas e foca no agora, não são todos os dias que podemos dançar até perder a consciência”.

As palavras de Alice tomaram-me a cabeça de forma que eu não consegui evitar não fazê-lo. Se Edward não estava comigo, se eu estava sozinha ali sem meus amigos, em que eu poderia sair perdendo? Se eu não conseguia a atenção que eu precisava de um jeito, eu teria de conseguir de outro.

Não pensei mais, eu já estava agitada o suficiente para não conseguir me controlar. A única coisa que eu enxergava no momento era o grande palco a minha frente com uma jaula centralizada nele. Eu estava com calor, muito calor, o que a bebida havia queimado em minha garganta parecia se estender por todo o meu corpo e eu subi no palco parando em frente a jaula. Ninguém estava olhando para mim, todos presos em suas danças na pista com a batida da música eletrônica.

Eu encarei todos até uma nova música começar a tocar, e então eu dancei, tendo em mente chamar toda a atenção para mim.

A música começou de forma calma com batidas suaves, mas foi somente enganação até os momentos rápidos serem necessários para que eu pudesse acompanhar o ritmo dela. Soltei meus cabelos, eu não sabia ao certo o que eu estava fazendo, mas deveria estar bom já que agora muitos caras estavam olhando diretamente para mim. Alguns assobios e gritos foram definitivos para que eu me sentisse mais segura e começasse a tirar meus sapatos e a meia calça que eu vestia, deixando a mostra minhas pernas. Mais gritos, assobios e frases que eu não conseguia distinguir. Eu não estava me sentindo feliz, mas a atenção e a certeza de estar sendo desejada foram o bastante para que eu me sentisse um pouco importante. Importante como um objeto, eu sei, mas não deixava de ser apenas um pouquinho.

Então foi a vez da minha blusa de frio com um falso cachecol, eu não saberia definir qual era o nome certo a dar a ela. Eu deveria sentir frio, mas meu corpo estava muito quente para ter qualquer reação enquanto a isso. Os gritos se tornaram cada vez mais altos até quase cobrirem o som da música que agora eu conhecia, era algum feat. do Calvin Harris.

Atenção. Era o que eu queria, mas não esse tipo de atenção. Então eu comecei a rir abertamente enquanto dançava, minhas gargalhadas eram tão fortes que me faltou ar, eu estava rindo de mim mesma por ser tão tola e idiota ao ponto de apelar por esse tipo de atenção repugnante.

- Bella! – Ouvi uma voz conhecida gritar por cima dos gritos que ainda eram intensos.

- Quer vir também, Alice? Eu estou fazendo exatamente o que deveria, não acha? Chame Rose também, ela vai... vai...

Não consegui completar minha fala, naquele ponto eu já não sabia se estava sorrindo ou chorando. Minhas pernas estavam fracas e eu começava a sentir o frio tomar conta do meu corpo.

“Continua” Uma voz soou, foi só aí que eu percebi que estava parada. Tentei encontrar meus movimentos novamente e antes que eu conseguisse senti dois braços me puxarem violentamente de encontro às escadas do palco. As mãos quase me machucaram e eu fui jogada contra a parede atrás do palco.

- Você está louca Bella? Você está louca? – Edward gritou descontrolado.

Seus olhos estavam em chamas, queimando em puro ódio. E novamente ele aparentava estar sofrendo por minha causa. Eu não tive coragem para lhe dirigir a palavra, já que eu me sentia totalmente humilhada por ele me ver naquela situação.

- Fale alguma coisa! – Gritou novamente – O. Quê. Você. Estava. Pesando? – Continuou aos gritos pausadamente.

- Eu...

- Cale a boca! Você... Você... – Edward balançou a cabeça aleatoriamente – Eu disse que era para você me esperar e você sumiu! Eu fiquei te procurando o tempo todo e ignorando os gritos em direção ao palco porque eu imaginava que lá era o ultimo lugar que você estaria!

- Eu... Você me deixou sozinha, você... – Balbuciei.

- Eu não olhei para lá porque você é a única coisa que importa!  E eu não imaginava que era você a garota tirando a roupa em cima do palco!

Edward estava perdido, definitivamente. Ele andava de um lado para o outro e seus gritos eram tão intensos que poderiam machucar meus ouvidos. Ele não disse mais nada, fez o caminho de volta ao palco e eu pude ouvir vaias que com certezas foram direcionadas a ele, e então eu tive certeza de que eu estava chorando mais uma vez. Edward voltou com minha blusa, os sapatos e a meia calça, pegando-me grosseiramente pelo braço e direcionando-se até o corredor que dava acesso ao banheiro.

- Edward... – Ouvi Emmett o chamar.

- Emmett, agora não! Fiquem vocês, eu vou embora com a Bella daqui a pouco. – Cuspiu com ódio.

- Deixa Emmett, vai ser melhor. Eu sei disso. – Parecia a voz de Alice.

Meu choro se tornou mais intenso, minha vida já não era das melhores e eu ainda pedia para ser mais humilhada ainda.

- Entra nesse banheiro e coloquei a droga da sua roupa, eu vou estar te esperando aqui. – Edward disse sem olhar nos meus olhos.

Já me sentindo um completo lixo eu entrei no banheiro com as roupas que foram devolvidas a mim me sentindo tonta. Apoie-me na porta de uma das cabines e vesti minha meia calça lentamente e depois a blusa, preferindo não colocar os sapatos já que eu poderia cair a qualquer momento.

Quando eu saí do banheiro Edward estava na mesma posição de antes, olhando fixamente para o chão com o rosto um tanto perturbado. Quando ele percebeu minha aproximação, ele apenas indicou com o queixo o caminho até a saída da festa e eu o segui, escutando agora vaias e gritos de todas as direções.

Edward pagou a sua comanda na saída da festa e eu apenas devolvi a minha, já que não havia comprado nada. Eu caminhei até o volvo e não consegui abrir a porta, claro, em consequência do estado em que minha cabeça ainda estava. Tonta. Edward fez o favor para mim ainda sem olhar diretamente no meu rosto, o que fez eu me sentir pior do que já estava.

- Me desculpa. – Sussurrei enquanto Edward acelerava o carro pela rodovia de Seattle.

Ele ficou em silêncio.

- Edward, por favor.

- Fala comigo. – Minha voz saiu impaciente, implorando por uma mínima interação.

- O que você quer que eu fale? – Devolveu no mesmo tom olhando fixamente a estrada a sua frente.

- Desculpa.

- Você realmente acha que foi legal o que você estava fazendo? Que foi legal eu ver aquilo?

- Eu não acho que tenha sido...

- Alguém deu alguma coisa para você beber? – Perguntou-me agora olhando em meu rosto.

- Sim... Eu acho que foi tequila, alguma coisa assim. Mas não é desculpa para o que eu fiz, eu estava consciente, ok?

- É claro que estava consciente. – Concordou sarcasticamente voltando a atenção a sua frente.

Eu não disse mais nada nas próximas três horas e desse mesmo modo Edward agiu. Eu não dizia nada, muito menos ele. Eu precisava que ele me perdoasse, eu não suportaria se ele continuasse a agir dessa forma comigo.

- Você não pode me ignorar, você não vai fazer isso. – Eu afirmei quando finalmente chegamos à frente da sua casa.

- Não dá pra fingir que nada aconteceu. Foi... – Respondeu olhando nos meus olhos e saindo do carro, eu repeti o ato logo em seguida.

- Eu sei que foi uma vergonha e foi ridículo da minha parte. Mas... Você não voltou, você estava conversando com outra pessoa e eu não sei Edward, eu...

- Não me venha dizer que é minha culpa por você ter agido daquela forma! – Ralhou alterando-se novamente.

- Eu não disse nada disso, eu só fiz aquilo porque eu precisava esquecer toda essa merda, entende? Eu precisava arrumar alguma válvula de escape e foi essa única coisa que eu consegui pensar no momento. Eu só quero esquecer meu pai, da minha mãe... – Fiz uma pausa, não tendo total controle em minhas palavras – Eu quero me esquecer de... Não! Eu não quero me esquecer! – Falei comigo mesma.

- Bella, o que está acontecendo?

Se antes Edward estava furioso, agora ele estava realmente preocupado.

- Edward, me beija.

As palavras saíram puras e sinceras, eu não consegui doma-las a tempo de concertar o estrago que estava feito. Mesmo eu desconfiando que ele sentia algo a mais por mim, ele poderia me recusar e consequentemente nunca mais iria querer olhar em meu rosto, nossa amizade estaria acabada e eu iria morrer de vez. Em hipótese alguma eu poderia perder Edward, se isso acontecesse, seria o meu fim.

Edward olhou-me incrédulo, não acreditando nas palavras que havia saído da minha boca, na verdade nem eu acreditava.

- Edward... Me beija, por favor. Eu quero que você me beije.

Como eu não podia concertar o que havia dito eu optei por deixar mais claro o meu desejo, agora totalmente consciente do que eu estava pedindo.

Edward piscou algumas vezes e não me restou alternativa a não ser eu mesma beija-lo. Se ele não quisesse me afastaria, e isso seria o suficiente para eu entender que ele não me queria da mesma maneira que eu o queria.

Sem cerimonias eu dei dois passos à frente e fiquei na ponta dos meus pés para encostar nossos lábios e senti o gosto salgado das minhas lágrimas em minha boca. Sem o apoio de Edward sobre o meu corpo eu precisei passar meus dois braços por seu pescoço, porém ele continuou sem reação alguma.

Ele não tinha reação, ele não queria que aquilo acontecesse.

O gosto da rejeição tomou conta de mim de forma avassaladora, mas antes que eu desse fim ao nosso contato Edward me enlaçou pela cintura colocando-me ferozmente entre ele e seu volvo, pedindo passagem com a língua em minha boca.

A forma em que eu estava prensada poderia machucar-me se não fosse ele ali. Porém, todo o desconforto pela forma selvagem que nós nos beijávamos foi suprido pelo contato de nossas bocas. Sua língua deslizou em contato com a minha causando espasmos prazerosos por todo o meu corpo, o que eu sempre julguei ser impossível apenas com um único beijo. Ao mesmo tempo em que sua língua era quente continha um textura gelada, e mesmo o beijo sendo um tanto agressivo e desesperado ele tornava-se doce. Minhas mãos de seu pescoço subiram para o seus cabelos por vontade própria causando uma bagunça ali que eu não poderia domar, e a mão de Edward apertava fortemente minha cintura, como para dizer que o meu corpo era dele.

Eu não fui capaz de continuar nosso beijo, meu ar acabou antes do necessário por conta do meu choro voltando a minha garganta. Fechei os olhos não sabendo como olhar para Edward, será que ele havia retribuído meu beijo no calor do momento e estivesse esperando para me dizer que não era aquilo que ele queria?

Agarrei-me fortemente a ele ainda chorando, o medo da rejeição fazia o meu corpo inteiro tremer involuntariamente.

- Eu não quero esquecer isso. – Completei minha fala de um minuto atrás.

Foi vez de Edward me envolver fortemente junto ao seu corpo, sua mão passou levemente pelo meu queixo o inclinando para que ele pudesse ver meu rosto. Sem poder lutar contra meus instintos eu abri os olhos devagar e com dificuldades, sentindo o acumulo de lágrimas concentrado ali.

Edward olhou profundamente em meus olhos como se nossos olhares pudessem se fundir, era tão intenso que mesmo tentando eu não consegui desviar.

- Eu não vou te deixar esquecer. – Disse simplesmente.

E assim ele me beijou delicadamente e demoradamente como eu havia pedido momentos atrás.


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Notas finais do capítulo

E então galera? Momento muito esperado, sim?
Espero realmente que vocês tenham gostado. Tentarei passar por aqui esse final de semana, se não rolar (o que eu acho provável) estou aqui pela segunda a noite! Beijoss ♥