Sussurros De Uma Suicida. escrita por Aprimorada


Capítulo 20
Capítulo 20 - "Verão" - Ferias.




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Finalmente estava começando o verão e logo menos eu estaria de ferias e isso era um alivio para mim, me livraria daquelas pessoas inúteis. Alguns dias antes de entrar de ferias, depois que eu sai da escola, Fabio veio conversar comigo, ele havia largado os estudos e por isso não estava indo para escola.

– Acho que nós precisamos conversar né? – Só concordei com a cabeça e esperei ele terminar de falar. – Então, eu sinto muito pelo o que aconteceu com você e também sinto muito por eu ter ti abandonado quando você mais precisava, eu não pensei que você fosse ter coragem de fazer algo do tipo... Eu acabei me envolvendo com uma garota no tempo que você estava internada, alias, foi um pouco antes, umas 2 semanas antes, você simplesmente sumiu e eu pensei que não queria mais nada comigo, então decidi partir para outra. Eu já tinha ficado com a Carmen algumas vezes, mas nada foi tão serio como agora, eu até gostaria de deixa-la para poder ficar com você, mas infelizmente não posso, ela esta com suspeita de estar gravida e eu não posso abandona-la, não agora. Sinto Muito.

– Sinto muito, duas palavras gigantescas né?

Dei um leve sorriso. E me virei e comecei a andar, ele ficou ali parado sem nenhum reação, eu não fiquei brava com ele, só acho que eu merecia um pouco mais de valor, não ser trocada assim tão rapidamente, e o pedido de desculpas, não pareceu tão real assim, não parecia que ele se importava, mas tudo bem, eu não o culpo. Eu não tive nenhuma conversa com a Manu, ela simplesmente me ignorou e fingiu que não me conhecia, bem que me diziam que ela era uma GRANDE VADIA, na realidade não fazia nem questão dela vim falar comigo, já havia me acostumado com a sua ausência.

Depois de mais alguns dias vivendo naquele inferno de escola, as ferias chegaram e eu fiquei extremamente feliz, quando tocou o sinal naquele dia, eu sai praticamente correndo, o problema era ter que chegar em casa, mas só de me livrar de um peso, eu já me sentia aliviada. Meu pai começou a se ausentar mais e mais, não passava um minuto em casa, vivia nos bares bebendo com qualquer vadia ao seu lado, em poucas vezes que presenciei, vi ele dando um ou dois tapas em minha mãe, nada de mais, para alguém que adora espancar. Meu irmão se mudou, foi morar com uma garota, que logo se tornou sua esposa, eles ficaram um tempo morando com a gente, mas logo depois se mudaram, quando descobriram que a minha cunhada, Tamires, estava gravida. Bem tudo ocorreu bem rapidamente antes de entrarmos naquele verão, eu até parei de me cortar, eu estava surpresa com a minha atitude e muito feliz.

No começo do verão eu fiquei bastante tempo em casa, sai de vez enquanto para dar uma volta ou outra, fumar um cigarro ou beber uma vodca, nada de mais. Eu estava sem amigos e a unica pessoa que me ajudava estava muito ocupado para me apoiar, Vitor começou a trabalhar no verão, a gente se via uma ou duas vezes na semana, quase nada comparado já que a gente se via todos os dias. Foi um pouco difícil passar aqueles dias sozinha, mas sei que era por uma boa causa. No domingo daquela mesma semana eu acordei cedo com um barulho auto e escoante, fazendo os meus ouvidos doerem, me levantei calmamente e abri a porta na esperança que pudesse ver o que era, mas nada adiantou, desci as escadas e o som não vinha de dentro da minha casa, quando sai para fora, vi que era um desfile, era um que tinha todo ano, durante o verão, a galera se fantasiava e tudo mais, resolvi que eu sairia para dar uma voltar, comer algo quem sabe, já que tinha varias barracas e tudo mais. Voltei para dentro de casa, tomei um banho, me troquei e sai novamente. Fui até uma barraca comprar um pastel, eu estava com fome, pedi um de frango com catupiry, na realidade o meu preferido, tomei um suco de maracujá acompanhado do pastel, enquanto ainda o comia, senti uma mão gelada tocando o meu ombro, quando me virei vi que era a Manu, eu fiquei quieta esperando que ela disse-se algo, então gaguejando ela me disse:

– Oi, como você esta?

– Bem. – Disse eu com um ar bem seco e rudi. –

– Acho que ti devo um pedido de desculpas né?

– Desculpe, mas estou meio ocupada agora e não posso falar com você.

Me levantei, nem terminei o meu pastel e me afastei, sai andando pelas calçadas, observando todo o enfeite que estava coberto nas ruas, nas casas. Talvez eu tenha sido um pouco rudi com a Manu, mas foi ela que pediu isso, ele me ignorou tantas e tantas vezes que até me canso de recordar. Passei mais alguns minutos na rua, na esperança que talvez eu vesse o Vitor, mas isso não ocorreu, fazia mais de 5 dias que a gente não se via ou que ao menos trocava uma palavra e aquilo estava me machucando, bem que dizem que a saudade faz isso mesmo, ela machuca e tortura, mas nada insuportável, nada exagerado como as pessoas costumam descrever. Voltei para casa e vi que me encontrava sozinha com o meu pai, ele estava sentado no sofá da sala, como sempre, enfornando uma garrafa, talvez fosse já a sua segunda, terceira ou até mesmo sua quarta garrafa, ele estava com um rosto um tanto debilitado, quando ele me viu, ele soltou um grito, não consegui decifrar o que foi, sua voz estava grossa, mais do que o normal, ele se levantou do sofá bambaleando e começou a vir em minha direção, eu não corri, fiquei parada, esperando o pior que já pudesse acontecer, uns dois tapas no rosto e alguns pontapés, já estava acostumada. Quando finalmente ele chegou perto de mim, ele apoiou sua mão sobre o meu ombro, e disse algo como "Me Desculpe" ou "Sinto Muito", eu continuei calada, esperando que talvez depois desse pedido de desculpas, ele me agredice, mas pelo contrario, ele se virou e saiu andando ficou resmungando. Seu corpo estava magro e ele andava com dificuldade, meus olhos se encheram de lágrimas, eu sei que eu não deveria ter dó dele, mas era impossível em uma situação igual aquela não se emocionar, subi para meu quarto, peguei meu celular, coloquei uma musica aleatória para tocar, me deitei na cama e coloquei os fone, a música era "Christina Perri - A Thousand Years", antes que você me pergunte, enquanto a música tocava, minhas lágrimas desciam, algumas parando em meus lábios, eu fechei os olhos e depois de chorar mais um minutos adormeci, com talvez uma paz no coração, um alivio que eu não sentia faz tempo.


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