There's No District Twelve escrita por Deborah Waters


Capítulo 1
No light, No light - Prólogo


Notas iniciais do capítulo

"Este é um pequeno fato. Você vai morrer
Outros Pequenos fatos :
Às vezes eu chego cedo de mais.
Apresso-me,e algumas pessoas se agarram por mais tempo à vida do que seria esperável."
A menina que roubava livros.



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Eu poderia tentar escapar. Mas prefiro pensar. Minhas chances são as mesmas.


Em que estou pensando?


No oceano. E em como eu me senti verdadeiramente livre disso tudo quando pude conhecê-lo. Um único fôlego de liberdade.


Ele estava revolto, em confronto com uma tempestade. Se debatendo ferozmente – braços e pernas, ondas, ondas, ondas. Engolindo tudo que se impunha a sua fúria, inclusive a si mesmo...


Isso se passou há muito tempo. Entretanto, parece mais próximo agora. Quando Distrito 12 só possuía uma quantidade significativa de miséria para oferecer – além de um pouco de carvão, é claro. Ruim demais para ser lembrado. E isso era bom. Um paradoxo simplório e vital. Sem ele...sem ele estaríamos exatamente como estamos agora. Sendo destruídos.


Era a primeira vez que eu deixava o pacato e melancólico cerco desse lugar. Alguns assuntos políticos deveriam, imprescindivelmente, ser tratados no Distrito 4. “Você vai gostar do mar, Madge”, foi o único argumento do meu pai. Acho que, assim como eu, minha mãe não precisava ser convencida a fazer a viagem. Então, fomos todos. Eu, especialmente, estava feliz, não pela expectativa de apreciar o mar, mas por me livrar um pouco da atmosfera assustadoramente familiar daqui.


O mar, afinal, provou-se perigoso para quem ousasse desafiá-lo, sem dúvidas. Porém maravilhoso. Maravilhoso até em seu aspecto selvagem e nocivo.


E essas mesmas características, ironicamente, envolvem o fogo. O fogo que agora inunda tudo que conheço. Que arde em minha garganta, em meus olhos, em minha pele. Asfixia. E arde.


Não há nenhuma faísca tão próxima. Só fumaça. Acabo de perceber que a fumaça é a ondulação das chamas. A ondulação mais forte. A mais indignada. Está prestes a me matar.

De qualquer forma, o nada nítido espetáculo rubro, alaranjado e negro também é fascinante.







Eu não consigo mais ouvir o barulho seco da tosse de minha mãe. Não sei se o problema está em meus ouvidos ou...ou nela. Na falta dela. De que adiantaria se eu soubesse?





Eis, enfim, uma pequena diferença entre o oceano e o fogo: por mais que se rebelem, as águas salgadas não conseguem deter o céu, que vezes ataca-as com precipitações. O fogo, bom, ele já sufocou toda a extensão celeste, deixando um rastro de negridão.


Foi assim nos desastres das nossas precárias minas.

Ninguém se despediu do céu.

Ninguém se despediu de nada.

Ainda consigo imaginar que, longe daqui, a esperança esteja bem guardada junto ao sol.

Longe daqui.


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Notas finais do capítulo

No Light, No Light é uma música de Florence + The Machine.
Bem, não é exatamente um início...
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