Fusion Art Online escrita por Snow


Capítulo 5
Ragel.


Notas iniciais do capítulo

Pois bem, as minhas provas só foram acabar agora, e quero pedir minhas sinceras desculpas pela demora. Mas a partir da semana que vem, os capítulos sairão toda Sexta ou Sábado. Espero que gostem desse capítulo.



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Nome Real: Alina Fried
Nickname: Ragel Riordan
Classe: Arruaceira [Ragnarok]
Traços de Personagens: Shermie [The King of Fighters]
Idade: 18
País: França
Olhos: Azuis
Cabelos: Negros | Roxo Escuro
Altura: 1,70

–--------

Assim que entramos na caverna, recebemos uma caixa de mensagem confirmando a missão. Aceitamos e seguimos em frente. A caverna era estreira o suficiente para quatro pessoas passarem. Lampadas mágicas iluminavam o caminho e, durante o trajeto, uma matilha de lobos repousava numa sala octogonal enorme. Cristais prateados estavam encrustados em suas costas e a sua pelagem branca relampejava com as luzes que as lâmpadas mágicas exalavam. Acordaram com o cheiro de nossa carne e começaram a se organizar em uma formação enquanto rosnavam.

– Lobos de Cristal – Jin não perdeu tempo em sacar a sua adaga.

– Eles são belos – Como você sabe sobre eles?, pensei em perguntar, mas não havia tempo para explicações.

– Não se leve pela beleza, são assassinos formidáveis – os lobos nos intimidavam com um olhar penetrante e dentes afiados. Eram da metade da altura de um homem, sobre duas patas. Quando nos demos conta, estávamos rodeados pelos lobos, que partiram pra nossa carne. Enquanto olhava ao meu redor, percebi que cada ponta da sala era reservada para uma extensão diferente da caverna.

Diamond Edge!

Torres de gelo eram arremessadas na direção dos lobos. Cada acerto era um a menos na conta, e o mesmo podia se dizer dos ataques do Jin. Ágil e selvagem, bloqueara um salto com uma estocada no estômago. Com uma bota, afastou o lobo e bloqueou o salto de outro que vinha logo atrás enquanto rapidamente se esquivava de um ataque vindo de dois lados. Porém, os lobos continuavam vindo das extensões a medida que o barulho da batalha chegava até eles.

– São muitos! – gritou Jin, enquanto pulava e pousava nas costas de um infeliz que tentou mordê-lo.

– Quase não percebi – gritei de volta, enquanto segurava e espancava os lobos com uma das minhas Diamond Edge como uma espécie de haste.

– Aonde diabos vou me esconder? Sua mente é tão pequena quanto você?

Irritada, joguei a Diamond Edge aleatoriamente e comecei a invocar mais algumas ao meu redor enquanto procurava por um esconderijo. Notei um pedregulho em meio de alguns cristais.

– Ali, vai logo! – gritei e apontei o local com uma Diamond Edge. Enquanto isso, um lobo tentou mordê-lo. Enfiou a sua mão toda em sua boca, e o aço perfurou a sua garganta. Louco, pensei em gritar, mas eu também tinha que tomar cuidado com o meu redor. Enquanto matava mais lobos, dei uma olhadela e percebi que o Jin sumiu. Segura, puxei tanto ar quanto pude e, numa baforada, soltei:

Freeze Execution!

Toda a sala terminou congelada, e os corpos dos lobos começaram a desaparecer lentamente. Incrível como estou progredindo rápido, pensei, só espero não ter usado demais. Preocupada, fui até o pedregulho onde Jin se escondia.

– Jin, você está bem? – perguntei. Ele pareceu meio espantado; talvez porque meu rosto apareceu de supetão.

– Cara, tem que parar de abusar deste seu poder.

– Tenho ele pra usá-lo, não para poupá-lo – argumentei. Minha voz saiu meio estranha; sempre fico meio tonta após utilizar a magia.

– Bem, parece que o resto da matilha está assustada demais para dar as caras de novo – deu um sorriso.

Coloquei minha mão na cabeça e comecei a coçá-la enquanto dava um leve riso. Sem querer, olhei para minha barra de experiência.

– Daqui a pouco vou passar de nível – pensei alto. Olhar aquela barra quase cheia dava um orgulho.

– Vamos derrotar o tal chefe, então. Não aguento mais te ver sem classe.

Eles seguiram em frente.

Capítulo V: Ragel

O silêncio estava absurdamente assustador, desde o ataque da matilha. Não se ouvia nada além dos nossos próprios passos, respirações e estalactites que pareciam guardiãs do local de tão antigas que aparentavam. Jin andava com a mão pousada no cabo da adaga, enquanto eu já tinha uma porção de ar congelado ao redor das minhas mãos, no caso de um ataque surpresa. Mas o silêncio era o que mais nos assustava. Resolvi quebrar o clima.

– Quem era aquela garota que te ofereceu um item? – perguntei, com a voz baixa.

– Garota? – Perguntou, no mesmo tom de voz, desta vez andando mais devagar e fitando o teto da caverna.

– Sim, aquela de cabelos meio arroxeados e roupas meio extravagantes – comecei a acompanhar o seu passo mais lento.

– Ah, sim – comecei a me lembrar da cena em que nos encontramos ao mesmo passo em que explicava quem era a tal garota. A pequena tinha ido até a guilda para checar alguma coisa, e eu resolvi passear pela cidade. Notei como os NPCs eram diferentes. Os de Glorian eram todos alegres e carismáticos, sempre com uma boa saudação calorosa para com quem se dirigia a eles; os de Hamada, porém, possuíam caras fechadas e entediadas. Não ligavam para uma boa saudação e, portanto, davam a impressão de que não queriam vender nada, afinal. Que estranho, pensei, enquanto olhava para os armamentos de diversos NPCs, nada muito impressionante.

– Ei, você ai! - Uma voz feminina atingiu os meus ouvidos. Não era a da pequena, já estava acostumado demais com a voz dela, mas se dirigia a mim.

– Sim? – Me virei na direção da voz, e vi a mesma mulher que a Yuki havia descrito: cabelos de cor roxo escuro, roupas extravagantes e, além disso, tinha estatura média e magra. Seus olhos cor de safira penetravam os meus.

– Vejo que está a procura de uma arma.

– Na verdade, eu…

– Eu tenho uma arma ótima em mãos – e me confiscou para um canto.

– Mas eu não... – me mostrou a adaga. Um topázio pequeno estava embutido na ponta do cabo que podia ser visto tanto de um lado quanto do outro, e outro se encontrava no meio do corpo do aço.O aço parecia ser manganês, com a lâmina bem acabada e revestida por vidro fino que também cobria a gema.

– Olhe este acabamento, a beleza que dão estes topázios – e colocou em minha mão para que eu pudesse testá-la. Era gostoso de segurar naquele cabo de couro leve, mas era excessivamente pesada. – Você pode rondar toda esta cidade que não vai achar nada igual, quanto mais superior.

– Ela é bonita e tudo mais, mas só es…

– Faço uma oferta especial pra você! Oitocentos golds!

– O-oitocentos? Isso é um roubo! – exclamei. Algumas pessoas olharam pra nossa direção.

– Te garanto que não. Olhe só – puxou uma adaga idêntica a que segurava e um pedaço de bife da mochila que carregava e o jogou pro alto. Com um giro, atravessou a carne como se fosse feita de manteiga. – Não acha isso uma maravilha de lâmina? Os seus inimigos irão tremer…

– Olha, eu não quero comprar nada. Só estou aqui de passagem.

– E perder uma chan…

– Jin!

Graças, pensei, desta vez é a voz da Yuki.

– Estão me chamando, foi ótimo conversar com você.

–Não, espera!

Desatei a correr até a Yuki enquanto ouvia a vendedora choramingar pelas minhas costas.

– Quem era ela?

– Depois eu te explico – daqui, fomos na direção da caverna, e não tinha mais nada a ser lembrado.

– Hmm, uma vendedora? – perguntei, após toda a explicação.

– Sim, uma bem estranha, aliás.

– Ela não tinha aparência de ser uma vendedora em si.

– Eu teria visto as informações dela, mas você me chamou. Achei melhor sair dali.

– Sim, sim. Mesmo aqui devem ter arruaceiros. Aliás, certificou-se de que ela não o seguiu? – pela sua expressão, não havia pensado na situação. Suspirei como desaprovação. – É um cabeção mesmo. Sem problemas, se ela tiver nos seguido, provavelmente congelou com os lobos. Vamos seguir caminho.

– Não está cansada depois de ter usado todas aquelas magias?

– Não, estou ansiosa para derrotar o chefe.

– E que classe pretende seguir, depois que derrotarmos?

– Pretendo seguir alguma classe que não utilize armas, uma espécie de lutadora.

Rosnados distantes foram ouvidos. Os rosnados aumentaram de tamanho, mas ainda longuínquos. Tanto Jin quanto eu olhamos para trás, e depois um para o outro, procurando explicação.

– Não podem estar correndo atrás de nós. – começou Jin.

– Não subestime o faro de um lobo, Jin – discordei -, embora eles não possam estar mesmo nos seguindo. Pareciam amedrontados quando congelei os seus entes, então deduzo que não estamos sozinhos por aqui.

– Poderia ser a comerciante nos seguindo?

– Se ela era tão insistente quanto você descreveu, acredito que sim. Melhor acelerarmos os nossos passos. – e segui em frente com o passo apressado. Jin me acompanhou, como uma forma de concordar. Os rosnados mudaram para rugidos, e então o barulho foi diminuindo a medida que nos distanciávamos da fonte até desaparecer.

Momentos depois do barulho cessar, um grande portão de cristal podia ser visto de longe. Conforme nos aproximávamos, letras perfeitamente talhadas que marcavam o portão eram revelados aos nossos olhos lentamente.

– Deve ser aqui – parei em frente à porta.

– Pelo visto, sim.

– E agora? – Jin fez uma cara de desentendimento.

– Vamos empurrar, ué, ou pretende atravessá-la? – tentei socá-lo no braço, mas ele se esquivou com rapidez. Como desistência, resolvi fazer o que devia ser feito. O ranger do metal no chão duro resoou pela caverna.

Do outro lado,tochas com chamas azuladas se extendiam e uma enorme fissura separava o portão do outro lado, onde a silhueta de uma criatura repousava numa espécie de trono.

– Wow –comentou Jin. – Cair daqui deve doer.

– Por que não pula e vê se é verdade?

– Também posso te jogar, então poderei confirmar.

Algumas outras brincadeiras se seguiram enquanto contornávamos a fissura pela direita. Duas pontes de madeira e corda esperavam por nós: uma, caindo aos pedaços, e a outra, aparentemente perfeita.

– Que dúvida cruel, por qual vamos? – perguntou Jin, com sarcasmo em sua voz.

– Tem alguma coisa errada aí – fui até a ponte inteira e depositei todo o meu peso num passo. Nada aconteceu, então decidi tomar impulso e dar um pisão. As cordas estavam semi soltas e, com o impacto, se desfizeram e a ponte caiu.

– Ótimo – bufou Jin -, agora não nos resta dúvida.

– Fecha a matraca e vem comigo – comecei a congelar o chão ao meus passos. Jin me seguiu e, rapidamente, chegamos até o outro lado. As chamas azuis se apagaram e deram lugar aos cristais presentes em todo o salão que relampejavam luz. A silhueta do monstro agora era mais clara: um lobisomem intimidador de três metros de altura e garras longas, agora não mais sentado em seu trono: sua pose demonstrava estar pronto para a batalha. Em sua cabeça, pousava uma coroa que parecia perfeita para encaixar num ser humano

– Estou a um passo pra mudar de classe – me sentia feliz pelo avanço.

– Vê se não morre – sacou a adaga e meteu a mão no inventário. – Está pronta?

– Vamos lá.

Jin correu na direção do lobisomem. O monstro urrou para o alto, e lobos de cristal apareceram do seu lado.Os ataques do lobisomem eram tão previsíveis que imaginei que a sua AI estivesse com defeito. Enquanto isso, Jin pulava e dava vários cortes com a sua adaga envenenada previamente. Um dos lobos tentou lhe morder, mas uma Diamond Edge o fez pensar duas vezes. Atingi os outros com a mesma habilidade. Quando olhei para o lobisomem, os cortes previamente desferidos pareciam estar se fechando lentamente, e não aparentava cansaço.

–Nossos ataques não parecem surtir efeito!

– É claro, eles possuem defesa muito além do normal – gritou de volta Jin.

– Maldito seja – praguejei. –Vamos ver se gosta disso - Lancei minhas habituais torres de gelo para cima da fera que não se intimidava com as magias, mesmo quando uma atingiu o seu rosto. Limitou-se a atacar o Jin com ambas as garras, que deu um passo para a frente, enfiou a sua adaga no seu estômago e procurou cortá-lo até o peitoral. A pele do lobisomem era tão dura que não conseguiu perfurá-lo direito, quanto mais abrir um corte.Foi obrigado a puxar a arma de volta e se esquivar da sua garra esquerda.

– O que faremos?

– Pensar em uma estratégia. Vamos continuar a atacar até uma brecha surgir.

Por alguma razão, olhei para trás. Vi a silhueta de uma mulher ao longe.

– Oi, tem alguém aqui? – Perguntou olhando para os lados. – Woow! Olha o tamanho daquele bicho! – o monstro não pareceu se incomodar com o comentário. - Hmm, como é que eu vou chegar ao... – olhou para os lados e achou a ponte destroçada. – Oh uma ponte! Que dia de sorte – e correu até ela.

NÃO –gritei. A mulher, porém, andou pelas beiradas e, sem dificuldades, atravessou-a.

– Ahn, quem disse isso?

– Quem está aí? – perguntou Jin, que recuou e arriscou uma olhadela até a direção da voz.

– Sou só uma… - olhou direito para o Jin. - O-OH!! É VOCÊ! – apontou na direção do Jin e, desta vez, gritou mais alto.– O CARINHA DO MERCADO!

– Era só o que me faltava – rolou no chão para escapar de uma encravada das garras do lobisomem, que invocou mais oito lobos.

– Agradeceria se gritasse menos e nos ajudasse aqui – pedi e comecei a atacar os lobos com Diamond Edge. A arruaceira correu para cima do lobisomem e, no entanto, não desferiu nenhum golpe. Começou a proferir palavras inaudíveis, como se estivesse invocando uma habilidade, que chamaram a atenção do grande chefe. Seus ataques, porém, foram todos esquivados com facilidade. De súbito, ela parou e arregalou os olhos.

– Não acredito… - uma caixa de texto apareceu em sua frente, e ela começou a fitá-la. – E-eu consegui!

Enquanto terminava a sua fala, o lobisomem abriu os seus dois braços e os fechou com fúria. Dali em diante, tudo que ouvi foi um “ferrou” meio gaguejado, cuja última sílaba mal pôde ser ouvida, como se tivesse se afastado, e tudo que vi foi a poeira sendo levantada pelo impacto que o golpe fez. Quando olhei para o meu lado esquerdo, ela era carregada por Jin.

– Preste atenção, você quase morreu nessa brincadeira – trovejou a voz de Jin, ríspida como uma pedra. Logo após, a sua voz suavizou um pouco. – Tome mais cuidado da próxima vez – e a largou no chão. Eu estava pasma pela sua agilidade. Nada vi, nem sequer a sua silhueta. – Yuki! – o seu grito interrompeu os meus devaneios.

– A… Ah, certo – de alguma forma, entendi o que ele queria. Congelei as minhas mãos e então mirei no chão enquanto desenhava um pátio de gelo. Deslizara com uma velocidade ainda maior do que no chão e a sua coordenação motora o permitia a se desviar com mais facilidade das garras do lobisomem. Enquanto envenenava a arma, porém, foi acertado no peito pelas costas de suas mãos. Nenhuma garra o atingiu, mas voou alguns metros e perdeu todo o ar do pulmão. – Jin – gritei, preocupada.

– Não se… – parou para puxar ar – …preocupe. Só preciso… - puxou mais ar, desta vez com mais força - …de mais ar – puxou mais uma vez. – Assim está bom. – O lobisomem ficou parado, esperando pela recuperação de seu inimigo. Jin se levantou, ainda meio tonto, mas conseguiu se estabilizar de pé. Correu até o lobisomem e, num salto, desviara da garra direita. Pousou no mesmo braço e cortou o seu ombro. Desta vez o veneno surtiu um certo efeito, pois o chefe vacilou por uns instantes. Saltou mais uma vez para pousar os pés em seus ombros e a mão esquerda livre em sua cabeça. Vi uma corrente elétrica se acumular em sua mão. – Eletrical Shot! – O lobisomem começou a tremer com a carga elétrica recebida. Aproveitei o momento para desferir algumas Diamond Edge. De alguma forma, o chefe sobreviveu ao ataque e agora estava sobre quatro patas e correndo em círculos, numa tentativa de afastar o Jin de seus ombros. Tentou mirar a adaga em sua cabeça, mas não tinha estabilidade para mirar. – Yuki, use aquela sua maldita magia!

– Não posso mirar o Diamond Edge enquanto você está montado nele, posso acabar te acertando – argumentei.

– Não essa, diabo, a outra! A que congela em área!

– F…Freeze Execution? Não posso, eu te congelaria junto – a última coisa que queria era matá-lo.

– Por acaso essa é a magia que congelou toda aquela parte da caverna com lobos? – interveio a vendedora.

– Suas magias não pegam em aliados – berrou Jin. – Anda logo, antes que eu caia!

Então por que aceitou se esconder mais cedo?, pensei, mas o lobisomem parecia estar quase se livrando de Jin. Estando ele certo ou não, precisava tentar. – Afaste-se. – a mulher acenou e desapareceu no ar com algum tipo de habilidade. Senti o ar no meu pulmão e nas minhas narinas congelando enquanto eu respirava fundo. Não olhe pro Jin, pedi a mim mesma. – Freeze Execution!

Todo o local congelou com o grito. O lobisomem se livrou de Jin instantes antes, e agora estava envolvido por um cubo de gelo, que se desfez em pedaços. Jin também estava congelado, com o rosto mostrando sinais de quem estava lutando momentos antes. A vendedora saiu de seu esconderijo e olhou ao seu redor, abismada.

Wohooo!! Isso foi de... –sua alegria acabou quando viu a estátua congelada do gatuno – ...mais.

– Eu matei o Jin– Sucumbi ao chão enquanto olhava para as minhas próprias mãos. O que você fez, sua imbecil?

– N-Não, você... – aproximou-se de mim e se agachou ao meu lado. – Ele pode ter se teleportado...

– Não tem como se teleportar dentro de uma dungeon de um boss – cortei, fria e ríspida.

– A-Ah, então… ele deve ter reaparecido em Hamada. Vamos vol…

Não tem como reaparecer – o eco que a caverna fez com o meu grito, assim como o meu próprio grito, assustou a garota – As pessoas morrem de verdade aqui. – minha voz foi desaparecendo, sílaba por sílaba.

– De... verdade? – sua voz falhou um pouco.

– Sim – já sentia as lágrimas rolando pelas minhas bochechas, e os meus olhos estavam tão úmidos que mal aguentavam ficar abertos. Quando olhei para a vendedora, algumas lágrimas estavam se preparando para descer pelo seu rosto.

– Isso quer dizer que eu poderia ter morrido ali? – não encontrei voz para respondê-la. Senti seus braços envolvendo o meu corpo, e a sua cabeça nos meus ombros – Foi culpa minha – sentia a roupa que cobria os meus ombros ficando molhadas. – Me desculpa.

– N-Não, não foi... – a essa altura, já não sabia como minha voz conseguira sair. A culpa já perseguia a minha alma…

– Vocês dariam boas atrizes – exclamou uma voz familiar enquanto batia palmas. – Podemos fazer uma pausa para o intervalo?

– J-Jin! – gritei. A mulher se soltou de mim e olhou para a direção do meu rosto. Jin estava de pé, ainda batendo palmas e com um sorriso no rosto. Me levantei e fui até a sua direção.

– Naturalmente, não tinha como eu…

Um soco interrompeu a sua fala. Cambaleou para trás e olhou pra mim com cara de descrença.

– Nunca mais… - tentei encontrar as palavras. Por fim, me joguei em seus braços, ainda em prantos - …faça isso. – terminei. Não ouvi nenhuma resposta, mas sua mão pousou em minha cabeça enquanto a outra me abraçava forte. Um longo momento se sucedeu, quando me veio à cabeça que a mulher deveria estar agindo como uma vela. Uma vontade ínfima de rir foi ignorada pelo meu choro.

– Bom – disse a vendedora, com uma voz tímida -, acho que agora é hora de eu ir. – Começou a andar, quando a mão de Jin saiu de minha cabeça, alcançou o inventário e agora segurava um cabo de aço. Arremessou nas pernas da garota que tropeçou.

– Nem pensar – disse, enquanto a segurava. Agora, começava a puxar a corda de volta.

– E…Ei! O que você está fazendo? - Começou a gritar ao mesmo passo em que era arrastada. Por fim, as cordas a liberaram e Jin as guardou em seu inventário.

– Você vem conosco.

– P-por quê?

– Você tem algo nosso, até onde eu sei – recordou Jin. A vendedora corou.

– Quanto a isso…

– … você vem com a gente – terminou Jin, e também tinha terminado o abraço para puxá-la pelo braço.

– Não basta pegarmos o item de volta? – indaguei.

– Seria uma boa ideia, se o item não fosse trocável – olhou com dureza para a vendedora.

– Como é? Então porque diabos a Lilioth...

– Para testar a nossa força de vontade – respondeu Jin, sem nem esperar o final da minha frase, enquanto sorria.

– Tudo isso foi para demonstrarmos a nossa força de vontade? Que ódio – gritei. – Que diabo de item era esse?

– Ah, uma coroa – enfiou a mão no inventário e, de lá, puxou uma coroa, idêntica à do lobo. Como já tinham descoberto o segredo, colocou-a em sua cabeça. – Coube certinho! Olhem que beleza de coroa – gritou, com fofura na voz.

– Como você…

– Simplesmente usei Furto no lobisomem, oras.

Simplesmente? Essa coroa tem chance de 0.01% de cair após a sua morte. Aliás, isso nem deveria funcionar em chefes.

– Mas funciona, e eu consegui a coroa – e mostrou a língua para ele, num ato de zombaria. Jin apenas fechou a cara e continuou a andar.

– A propósito, o que aconteceu com a experiência?

– Veio inteira para mim, pelo que parece – respondeu Jin, que agora parecia estar olhando para a sua barra de experiência.

– Mesmo estando em grupo? Isso é ridículo – reclamei. Pelo visto, tudo foi ridículo nesta caverna.

– Ainda há algo que possa te agradar, querida – anunciou a vendedora, que do seu inventário retirou a velha adaga que tentara comerciar ao Jin. – Tcharam! Eis a beleza deste jogo. Tenho certeza de que você tem olhos mais apreciadores do que o do seu colega ali – olhou pra ele, ainda zombando-o. Ele não parecia se importar.

– Deixe-me ver esta adaga – peguei-a e a segurei por um tempo. Testei o peso, o manuseamento e, por fim, joguei a arma no chão e pisei com força. Tanto Jin quanto a vendedora arregalaram os olhos.

O que você fez? – berrou. – Você sabe quanto custa isso?

– Dez golds – respondi num tom cortante enquanto a olhava de lado. – Além do mais, alguns javalis derrubam uma dessas de vez em quando. E com aço de verdade, não cimento – observou.

– Não importa – gritou -, vocês me devem dez golds e todo o material que…

– Você rouba os nossos itens, quase morre por isso e ainda quer que eu te pague? – A minha voz aumentou tanto no final que alguns rosnados surgiram em nossa frente. Uma nova matilha se reagrupava na nossa frente. Suspirei e ordenei: - Deixem comigo. – segui em frente e, numa rajada de ar, congelei a matilha inteira. – Diamond Breath!

Com os inimigos congelados, era mais fácil matá-los com facadas. Quando toda a matilha estava morta, uma luz que me envolvia anunciava a minha mudança de nível.

– Finalmente nível quinze – comemorei. – Agora posso mudar de classe. Selecionei a classe “Lutadora” no menu. Outra luz me envolveu e a minha roupa mudou imediatamente. Começava do pescoço com um zíper que fechava até um pouco abaixo dos seios. A roupa então se abria e deixava a barriga à mostra, mas ainda tampava as costas e terminava na altura das nádegas. Uma espécie de manga começava da metade dos meus braços superiores até os meus pulsos, e luvas que cobriam até o início dos dedos protegiam as minhas mãos. Um shorts era segurado por um cinto, com um símbolo escrito “G” no meio.

– Parabéns – congratulou-me Jin com um sorriso.

– Uma lutadora? Que raro – falou a mulher.

– Uma lutadora honesta – zombei. Ela, por sua vez, suspirou. – Aliás, não te conhecemos.

–Achei que pelo menos por isso eu escaparia – admitiu. - Eu sou Ragel Riordan, uma arruaceira comum com traços de Shermie.

– Oh, a Shermie! – conhecia a personagem do King of Fighters. -Porque não usou seus golpes pra nos ajudar?

– Eu ainda estou no nível dezesseis, não seria de grande ajuda.

– Eu era nível quatorze – observei. – A propósito, me chamo Yuki Diamond, e ele é o Jin Nakami.

– Oh! Foram vocês que venceram o Zero Gravity?!

Me controlei para não ter memórias daquele maldito dia. Rapidamente, Jin respondeu por mim.

– Sim, fomos… -me deu uma olhadela de canto para ter certeza de que não estava começando a chorar mais uma vez.

– Vocês foram incríveis! – comentou, e a conversa morreu ali até o castelo da Army of Zero.

Os guardas nos saudaram e abriram os portões. Agora alguns membros estavam sentados em mesas, Lilioth repousava no palco com um cigarro em mãos e Laureen estava sentada no mesmo banco em que se encontraram no bar.

– Bem vindos de volta! – Gritou Lilioth, que se levantava do palco e ia até a nossa direção.

– Ah, obrig…

– Yuki-Chan, você está bem! - correu pra cima de mim e me abraçou com a mesma força de sempre.

– S-sim, eu estou… - Não por muito tempo, se continuar assim…

– Solte-a, Laureen, pelo amor – ordenou Lilioth.

– Hai – afastou os seus braços e permitiu que eu respirasse mais uma vez.

– Sejam bem vindos como membros da Army of Zero, Jin e Yuki – estendeu as mãos para nós, que agradecemos e contribuimos para o aperto de mão.

– Quanto ao meu item?

– Bem, digamos que uma “amiga” nossa acabou furtando o item – puxei Ragel pra frente de todos. A “vendedora” estava agora corada.

– Conte-me mais sobre isso, mulher – andou até a sua frente. – Quem é você, e como diabos furtou um item de missão?

– B-Bem… Estava na caverna por acaso e...

– Por acaso, você disse? – indagou Jin.

– Ah, diabos – suspirou. - Eu estava lá para tentar vender uma adaga fajuta a Yuki, mas acabei furtando o item. Tentei fugir, mas não deu muito certo – confessou. A Líder olhou bem para a coroa de Ragel e deu um pequeno sorriso de canto.

– Muito bem, eu deixarei isso de lado, se você... – Deu uma pausa para tragar seu cigarro - …juntar-se a nós.

O QUE?! – Todos da guilda berraram em uníssono.

– Parem de gritar no meu ouvido seus desgraçados! – Berrou a líder em resposta. Virou-se de volta para Ragel. – O que me diz?

– Não pareço ter muita escolha…

– Ah, você tem, sim. Juntar-se a nós, ou ser presa por furto. Olha que maravilha de chance eu estou te dando – e gargalhou.

– Certo, eu… vou me juntar a vocês.

– Excelente. – A líder puxou seu cajado de seu inventário. – Seja bem vinda à Army of Zero, Ragel Riodan.

– O-obrigada. – Ragel se virou para mim. – Como diabos ela sabe o meu nome?

– Eu também não sei, ela também já sabia o meu antes mesmo de eu entrar aqui.

– Oh... –Ragel observava a líder que brigava com Laureen por alguma bobagem. – Acho que vou gostar daqui.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por estarem acompanhando, até a próxima sexta.



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