Desde que chegara em Hogwarts, Catrina havia mudado, e todos a acusavam disso. E mesmo sabendo que de fato havia mudado, Cat não sabia o por quê de tal mudança, nem mesmo no que havia mudado, já que aparentemente, para ela tudo estava bem.

Parecia um daqueles filmes dramáticos muito clichê, ela havia se distanciado dos amigos, por razões que ainda não conhecia, e acabou aceitando a amizade daqueles que estavam ao seu lado naquele momento. Um pouco de compreensão é pedir demais?

Para ser honesta, a sua amizade com Skyler já estava abalada desde o episódio com o Fletcher no baile do Acampamento Meio Sangue, apenas foi difícil admitir isso antes. E pelo mesmo motivo sua relação com Fletcher se esfriou. Inconscientemente, sempre que os três estavam juntos, Cat não conseguia para de temer que alguma coisa aconteceria entre os dois.

Noah, Alice e Merliah, seus melhores amigos desde sempre no Acampamento, pareciam distantes, e isso fazia com que Catrina se sentisse cada vez mais culpada. Sabia que era sua culpa, mas ter que olhar para os amigos, e não poder ao menos dar um simples “oi” ou lhes dirigir um aceno, partia o seu coração.

Carter fazia muito falta a Catrina também. Foi incrível como sua amizade surgiu tão rapidamente, até mesmo pareciam ser aquele tipo de amiga que se conhece desde criança, pareciam saber tudo uma da outra. Mas depois daquelas poucas semanas desde que saíram do Acampamento, não conseguia mais pensar em um bom tópico para voltar a conversar com a amiga.

Sua meia-irmã, Alessa, não parecia dar muita importância aos boatos sobre Catrina, que eram muitos. Mas mesmo assim, não pode deixar de se distanciar um pouco, fez amizade com Megan e Cibeli, e as novas amigas não permitiam lamúrias sobre Catrina ou semelhantes.

Na Sonserina, Catrina não só encontrou quem a aceitasse, depois de tais mudanças, mas também encontrou no que se apoiar, para que não perdesse a cabeça nos próprios questionamentos sobre o que havia acontecido nas últimas semanas. Ainda era um mistério o motivo de ter sido escolhida para Sonserina, Cat duvidava muito que fosse pelo episódio com o filho de Ares, Tyler Jones.

“Talvez seja com a minha mãe”. A morena pensou. “Aquela vaca não podia nunca ter tido o prazer de conhecer Apolo?”.

Catrina estava sentada em seu quarto, com uma camiseta do Acampamento Meio Sangue em uma mão, e seu Arco na outra. Analisando tudo o que havia acontecido de importante em sua vida até aquele momento, não conseguiu imaginar em algo que comprovasse que ela fosse mesmo uma Sonserina.

Como já havia notado, os Sonserinos tem... Qualidades, peculiares se comparado aos alunos das outras casas. São ambiciosos, destemidos, um tanto cruéis e sem coração, e pelo o que conhece de Joy principalmente, são até mesmo falsos e de caráter duvidoso, que fazem de tudo por seus objetivos pessoais.

Catrina não conseguia se ver nessa casa, não acreditava estar no lugar certo, entretendo havia algo na Sonserina que trazia paz, ou ao menos um pouco de calma ao que tanto afligia Cat.

Na sala comunal da Grifinória, Caspian tentava ensinar as regras do Quadribol para Fletcher e Noah, apenas tentava para dizer a verdade.

– Então se eu sou o batedor, nesse caso eu tenho que bater no outro time? – Noah questionava um pouco confuso.

– Não. – Caspian gemeu ao ter que responder a mesma pergunta pela quinta vez. – Os batedores devem desviar os balaços dos seus companheiros de time, ocasionalmente, quando você desvia um balaço você acaba acertando alguém do outro time.

– Ok. – Noah assentiu. – O que são balaços?

– São bolas de ferro com superfície irregular, com diâmetro de cerca de 25cm e são enfeitiçados para perseguir os jogadores. – Caspian respondeu cansado, já que também não era a primeira vez que Noah fazia essa pergunta.

– Os artilheiros tem que fazer o gol não é? – Fletcher concluiu. – E é com aquela outra bola de nome esquisito... Pomo?

– Goles. – Corrigiu Caspian. – Mas é bem isso mesmo, fico feliz que pelo menos alguém e entendeu alguma coisa.

– Você fala e eu repito. – Fletcher sorriu. – Não é tão difícil assim, afinal, você não para de falar e o Noah não para de perguntar as mesmas coisas.

– Ainda prefiro a Caça a Bandeira. – Noah bufou se encostando em uma das poltronas da sala comunal. – Qual é a graça desse jogo se ninguém sai ferido?

– Mas é claro que as pessoas se machucam! – Carter exclamou descendo as escadas. – Pergunte ao próprio Caspian sobre o ano passado.

Caspian bufou e olhou feio para a garota, que se sentara ao seu lado na pequena namoradeira vermelha.

– Não foi nada demais. – Ele rolou os olhos. – Apenas um balaço no braço esquerdo, e um dia na Ala Hospitalar, nada que um jogador de Quadribol qualquer não esteja preparado para enfrentar em um jogo.

– Eu estava lá Cas. – Carter riu. – Você fez o maior escândalo até que a Madame Pomfrey chegasse, por favor, devagar com esse pomo.

– Que pomo? – Noah perguntou, sem entender o trocadilho.

– Acho que é como “Abaixe a bola”. – Fletcher deduziu. – Só que naquelas gírias esquisitas de bruxos.

– Exatamente. – Carter riu. – Vamos jantar? Por Morgana, estou morta de fome.

Fletcher e Noah se levantaram e caminharam mais a frente de Caspian e Carter até a saída da sala comunal, quando os dois finalmente haviam atravessado a moldura da Mulher Gorda, Carter puxou Caspian até um canto.

– Preciso da sua ajuda.

– Calma ai Cart. – Caspian riu, se sentindo próximo até demais da garota. – Se quiser ficar comigo, não precisa fazer todo esse joguinho de amiga.

– Deixa de ser Trasgo. – Carter bufou. – Com isso eu não preciso da sua ajuda, é a Catrina.

– Acho que a gente tem se metido até demais nessa história. – Caspian murmurou. – Gosto da Cat, mas não acho certo a gente ficar intervindo nisso tudo, é com o Fletcher que ela tem que se resolver.

– Mas aquele dia no Grande Salão... – Suspirou Carter. – Ela explodiu, e não foi só com o Fletcher! Sobrou até para a Skyler!

– Está bem! – Caspian falou irritado. – Do que você precisa de mim?

– Só que me ajude a separar a Cat da Chloe e da Joy por um instante. – Carter falou determinada. – Só pelo tempo suficiente para eu conversar com ela, para tentar entender o que está acontecendo.

– Estou escutando. – Caspian falou.

– Acho que se ela me explicar o lado dela da história, ai poderemos entender toda essa loucura. – Carter exclamou. – E não consigo fazer isso com ela ao lado daquelas duas sereianas, elas tem uma dialética muito boa, e acabam influenciando o discurso da Cat.

– Concordo e discordo. – O garoto sorriu. – Não dá para falar com a Catrina junto das duas, mas acho que elas estão mais para Veelas do que para sereianas.

Carter revirou os olhos e deu um tapa no braço do amigo.

– Caspian meu querido, acho melhor você não discutir comigo agora.

– Com todo o prazer. – O garoto riu caminhando em direção à saída da Sala Comunal da Grifinória. – Não era você que estava morta de fome? Pensei que ia jantar com a gente.

– Eu só queria tentar falar com você em particular. – A morena explicou. – E pelo amor de Merlin não comente nada com ninguém! Principalmente com o Fletcher!

– Seu segredinho sujo está muito bem guardado. – Caspian falou saindo.

Carter respirou profundamente, se sentou na namoradeira onde estava a pouco com Caspian e tirou um origami em formato de coração do bolso.

“Querida Carter, sei que anda ocupada, mas poderia fazer um favor para mim? Pergunte para Catrina se ela tinha mais algum motivo para ter terminado com o Fletcher, ouvi falar que era por causa do Finnick. Ela mudou bastante não?

Afinal, nós dois sabemos que a nossa Cat não era assim antes de ter vindo para cá.

Ps: nunca se esqueça, Quem cala consente

Com muito amor

–T”