Eu tinha conseguido fazê-lo me ouvir, já era um começo. Alice correu e trouxe uma bermuda nova para Jacob, ele foi até a beira da floresta e se transformou de volta. Olhei pra minha tia, morta de gratidão. Ia ser difícil conseguir manter meu pai calmo se Jacob não tivesse roupas. Chegando lá, todos nos olhavam, principalmente minha mãe. Ela detestava ver meu pai assim, mas conhecia mais que ninguém o gênio dele.

- Os dois já estão mais calmos agora? - Disse minha mãe nos olhando feio – Renesmee, você não pode contrariar seu pai assim, menina. E você – ela disse olhando para ele mais intensamente, um olhar só dos dois, o puxando mais para perto pela cintura – Deixe os dois se explicarem, você não está mais em 1918. Eu sei que já tentei te explicar isso trezentas vezes sem você entender, mas as coisas são diferentes agora. Meninas namoram sem que os pais assassinem os namorados delas depois deles terem passado a noite juntos. Na verdade, você esqueceu que você passou inúmeras noites na minha cama, sem que Charlie ao menos desconfiasse? – ela disse, rindo.

- Mas Bella! Nós nunca fizemos nada! – Meu pai disse, choramingando, os olhos intensos nos dela.

- Isso é culpa inteiramente sua - ela disse rindo maliciosamente, pondo os braços no pescoço dele, enquanto ainda fitava os olhos dele intensamente. Eu sempre tive inveja desses dois, eles tinham um mundinho só deles, aonde nada mais existia além deles. Mas eu estava começando a ter o meu próprio gostinho disso.

- Nem se compara – disse meu pai respondendo aos meus pensamentos, ainda com os olhos nela, agora mais que controlado – A sua mãe é toda a minha vida. – completou, puxando ela mais pra perto pela cintura.

- E é exatamente assim que eu me sinto com o Jake. Sem ele eu não vivo pai. – eu respondi, olhando nos olhos de Jake, que já estava do meu lado, segurando a minha mão forte, e olhando intensamente nos meus olhos.

- Filha, você não tem como saber! Você ainda é muito nova! Essa coisa de impressão é doentia, você não tem escolha! – ele disse, com os olhos cheios de mágoa, doía só de olhar, ele ganhava da tia Alice no quesito manipulação. Ele podia ser muito injusto e manipulador quando queria, mas eu já conhecia os truques de Edward Cullen.

- Fala o vampiro que ficou se torturando por anos com sede por causa de uma tal humana, e quase se matou quando pensou que ela tinha se suicidado, por causa de uma idiotice do próprio – eu o relembrei, olhando pra minha mãe, e depois de volta pra ele. – Pai, eu não sou mais uma criancinha, eu tive minha escolha, assim como mamãe quando decidiu arriscar a vida por você, por mim. Isso tudo foi em vão? Vocês querem que eu seja infeliz? Podem ficar sabendo que eu aprendi o bastante com vocês dois pra lutar até o fim pelo que é meu. - terminei meu discurso olhando para Jake, que até então tinha ficado calado, apertando a minha mão forte, com os olhos fixos nos meus. Então ele os tirou do meu rosto, e começou a encarar meu pai.

- Edward, eu não preciso te lembrar que eu a amo mais que a mim mesmo, que eu faria de tudo por ela, que a minha vida passou girar em torno da dela desde o segundo que ela nasceu, e que eu nunca deixaria nada acontecer com ela, ou a machucaria de qualquer forma – disse Jake, voltando os olhos pra mim, para depois voltar a encarar meu pai. – Eu nunca a forcei a nada..Ela foi atrás de mim depois da festa sabendo como eu que nós não podíamos ficar longe um do outro por mais tempo. Era inevitável.

Meu pai enterrou o rosto nas mãos, que ainda seguravam as de minha mãe, e ficou calado por uns segundos. Aquilo era tortura, eu nunca tinha o visto transtornado daquele jeito, me doía o coração magoá-lo assim. Mas ele tinha que compreender. Jacob era a minha vida, doía mais do que eu podia pensar me separar dele agora.

-Está certo. Está bem. Eu exagerei, mas vocês erraram. Isso não tem como negar – ele disse, ainda contrariado. Minha mãe, com a mão livre, fazia desenhos na mão de meu pai, me olhando apreensiva.

-Tudo bem, pai, erramos. Mas não era necessário ter reagido daquele jeito. Eu estou aqui, inteira, sã e salva. - eu disse, meigamente, saindo do lado de Jacob, e indo sentar junto de meus pais. Eu amava aquele casal de malucos. Não tinha coisa que eu gostava mais do que vê-los juntos.

- Só estava pensando no seu bem, Nessie. – meu pai disse, passando o braço livre em meus ombros e me puxando pra perto. Eu sabia que no final das contas, ele ia ver a razão. Não tinha o que ele não fizesse por mim e por minha mãe, as mulheres da vida dele, como ele sempre dizia. – Eu não penso direito quando as duas coisas mais importantes da minha vida não estão ao alcance da minha vista, desculpe – O meu pai podia ser mais perfeito se tentasse? Era impossível não ver que ele não falava mais que a verdade, e eu já sabia que ele não faria nada que fosse me fazer infeliz. Ele não iria se perdoar.

- Eu sei, pai, eu também te amo. E amo Jake, ele me ama, nada de ruim vai nos acontecer, não com vocês do nosso lado. Quem pode com uma família como a nossa? – Eu ri de mim mesma, eu não podia pedir mais nada da vida. E eu olhei pra Jake, que assentiu, sorrindo pra mim. Eu sabia que nada mais na vida podia dar errado. Como uma felicidade dessas podia ser destruída?

- Se você a machucar cachorro, não há quem me impeça de te fazer em pedacinhos - ele disse com um olhar assassino para Jacob de novo. E eu sabia que as coisas ainda iam ser trabalhosas com esse meu pai superprotetor. Jacob só assentiu, e me deu um sorriso enorme, eu percebi que podia enfrentar qualquer complicação que meu pai botasse no nosso caminho. Ficar longe de Jacob não era uma opção.