Sentimentos Mútuos escrita por Renan


Capítulo 2
Sentimentos de Professor




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O ano letivo estava quase acabando. Terada teria um tempo para descansar e cuidar de si mesmo. Seus alunos estavam melhorando seu rendimento graças ao seu jeito de ensiná-los. Estava satisfeito com sua carreira de professor, e dava atenção á todos os seus alunos e alunas. Mas nos últimos tempos, começou a sentir que estava dando atenção especial para uma aluna específica: Rika Sasaki.

Ele dava aula para ela já havia alguns anos. Ela sempre tinha sido uma aluna comum, apesar de madura e de demonstrar sua admiração por ele em certos momentos, como quando o oferecia algo que ela havia preparado na aula de culinária, ou quando deu a ele um ursinho, durante a quinta série. Agora ela já estava na oitava. E nos últimos meses ele andava começando a vê-la se destacar entre as outras alunas.

Durante as aulas daquele ano, ele passou a sorrir para ela sempre que ela fazia as lições, tirava uma nota boa, ou quando fazia os outros fazerem menos barulho. Ele não via mais Rika como aquela criança que parecia admirá-lo como professor, começou a vê-la como uma jovem bonita e inteligente. Era estranho, porque até a 7ª série ele a via só como mais uma aluna, e de repente, começou a vê-la de uma maneira diferente. Ela parecia radiante enquanto sorria, no momento em que ele entrava na sala. E ele percebeu que ela havia crescido também, porque um dia ele passou por ela e viu pelo canto do olho que a cabeça dela já estava na altura do seu ombro.

Terada estava em sua cama, tentando dormir, mas não conseguia. Ele não conseguia tirar Rika da cabeça. Era perturbador para ele que estivesse se apaixonando por uma aluna, ele era professor, isso não seria certo. Em determinado momento ele se virou e viu o ursinho que havia ganhado de Rika três anos antes. Ele costumava deixá-lo apoiado no despertador, e era praticamente a primeira coisa que via quando acordava. E logo lembrava da garota que o havia presenteado com ele.

Lembrou-se do dia em que havia explicado a matéria mais fácil daquele ano. Todos haviam entendido tudo com clareza. Após o sinal tocar, os alunos estavam saindo e Rika pôs-se diante da sua mesa para dizer que havia gostado muito daquela aula. Os dois pareciam fazer um certo esforço para manter os olhos erguidos. Ele agradeceu e corou quando a aluna já tinha virado o rosto. Definitivamente aquilo não era um amor carnal, e sim um amor romântico e sem segundas intenções que até o deixou sem graça quando elogiado por ela.

Mas isso não poderia estar certo. Ela estava com apenas 14 anos e ele com pouco menos que o dobro dessa idade, e ela ainda por cima era sua aluna. Mas ele desconfiava que ela também pudesse gostar dele, devido ao carinho e devoção que demonstrava com ele e com a matéria. Aqueles seriam os últimos dias em que ele seria professor dela, já que ele não dava aulas para o ensino médio. Então talvez nem pudesse mais vê-la muito. Decidiu então que guardaria seus sentimentos para ele, caso ela não demonstrasse estar apaixonada também. Mas que jamais esqueceria ela.  

Resolveu esquecer o assunto e ir dormir. Admirou a Lua por algum tempo antes de pegar no sono.  Sem saber que, a vários quilômetros de distância, sua aluna favorita também estava admirando aquela Lua. 

***

No dia seguinte, Terada corrigiu as provas finais dos alunos da 8ª série. Em seguida, começou a dizer as notas. Procurando não erguer o rosto. Até que chegou a hora de dar a nota da aluna que mais gostava.

- Rika Sasaki!

A garota subitamente se assustou quando teve seu nome pronunciado. Alguns colegas acharam isso engraçado, mas o professor abriu um sorriso como que dizendo “está tudo bem”.

- Você tirou 10, a melhor nota da classe, parabéns. – disse, contente, e logo em seguida citando as outras notas, também orgulhoso, mas sem a mesma felicidade.

As notas já haviam sido passadas quando o sinal tocou. A maioria dos alunos começou a fazer um escândalo comemorando que estavam de férias e que iriam se formar em breve. A única que não demonstrava tanta empolgação era Rika, que parecia achar infantil essa agitação toda. Mas na verdade, estava um pouco ansiosa.

Os alunos foram saindo enquanto o professor terminava de guardar suas coisas. Ele provavelmente não resistiria em soltar uma lágrima quando estivesse sozinho na classe, pois seus dias ao lado de Rika acabariam.

A classe estava silenciosa e praticamente vazia. Mas o professor Terada viu pelo canto do olho que havia uma aluna que ainda estava ali, se aproximando dele. 


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