O vestuário feminino estava escuro e húmido, e certamente não o utilizavam com frequência. Mas isso não importava mim. Eu apenas vesti um shorts vermelho de tecido fino, uma regata com o número “7” que logo em cima havia a escrita Icegirl – apelido que me deram a ela depois do festival esportivo – e prendi o cabelo em um rabo de cavalo alto. Meu cabelo já estava maior, mamãe ficaria feliz por isso.

Assim que sai de lá, vou até a área técnica encontrar meu time e o treinador. Eles conversavam animadamente, e me sinto subitamente animada.

- Graças aos céus – Drake juntou as mãos como se fosse rezar – Não preciso mais viver agora que te vi de shortinhos!

O que? Drake morreria agora? Aparentemente, ao ver minha aflição pelo peso na consciência, Drake esticou o braço e afagou minha cabeça. “Não vou morrer”.

Lancei um olhar para a arquibancada, que estava lotada. Encontrei Rosalya com Leigh e senhor Luvinhas na cabeça; Mais ao lado, Nathaniel.

Antes de voltar meu olhar para o meu time, uma pessoa me chamou a atenção na plateia. Ele olhava diretamente para mim, e eu senti um arrepio por dentro. Eu o conhecia? Percebi que alguém tocava nos meus ombros, e eu tive que parar de olhar para ele.

Mas sabia que ele olhava para mim.

- Ailyn, não seja gentil hoje! – Disse o senhor Smith – Não deixe que machuquem você;

Não ser gentil? Me imaginei jogando sem pedir desculpas por esbarrar em alguém. Isso não seria muito bom...

“Essa noite temos os Icemans contra os Hotshots!”

Os holofotes estavam mirados para a quadra, e nós nos dirigimos para ela. Observei o time adversário entrando na quadra juntamente, com seus uniformes azuis.

Cada um foi para o seu lugar, e assim que ouvimos o apito, já não tinha mais ninguém parado.

Nathaniel POV

Ailyn movia-se com velocidade, as pessoas no campo se confundiam o tempo todo devido as aparições repentinas delas. Ela estava linda. O modo como ela ficava corada ao fazer exercícios, e com aquela regata era possível ver suas curvas.

Quanta bobagem.

Ela havia aceitado meu convite, e eu estava feliz. Mas... Eu sei que ela provavelmente aceitou porque acha que é para se divertir. Ela aceitaria qualquer pessoa que a tivesse chamado, até mesmo Castiel. No entretanto eu não me importo, cheguei primeiro.

Ailyn e Castiel eram os únicos que marcavam pontos. Eles eram rápidos e estavam em perfeita sincronia. Um estava disponível e o outro sabia disso... senti uma pontada de inveja. Eles sorriam e riam. Arg.

Castiel POV

Já estava no segundo tempo, e eu estava exausto. Todos nós estávamos. Depois do nosso “show de pontuação”, tínhamos ficado esgotados e o time adversário contra atacou com força. Estávamos perdendo por dois pontos e o jogo acabava em menos de um minuto.

Ailyn acaba de pegar a bola, está próxima ao nosso lado da quadra. Todos os homens do outro correram na direção dela, na intenção de tomar a bola dela, e provavelmente feri-la, uma vez que eles se sentiam mal por estarem perdendo por uma garota, haha.

Idiotas. Fiquei aos arredores dela, observando-a, esperando que os olhos dela encontrassem os meus. Treinamos todos esses meses juntos, e ela havia se acostumado com o fato de eu estar sempre lá. Vi os olhos dela passando por todos até encontrarem os meus. Ela sorriu, e eu também. Vi seus braços de moverem e a bola se aproximando. Peguei-a e corri, mas fui cercados alguns passos adiante. Procurei pela cabeleira prateada e a encontrei, rápida como sempre, próxima a cesta. Eu poderia confiar nela, uma vez que ela enterrava a bola como um homem, haha.

Assim que dei um passe rápido e direto a ela – que pegou como se fosse uma bola de papel -, percebi que ela estava muito mais cercada que eu. Então tudo parou.

Um dos caras do outro time deu um empurrão nela, suas mãos fraquejaram. Ela poderia largar a bola e manter-se de pé, mas ela não fez isso. Enquanto a bola vinha na minha direção, pude ver seus lábios se movendo, ela dizia alguma coisa.

Então enquanto ela caia, tudo acelerou novamente. Eu peguei a bola e lancei ela em direção à cesta de onde eu estava. Não olhei o resultado porque corri até ela, mas sabia que havia ganhado, porque o narrador do jogo gritou.

“VITORIA DOS HOTSHOTS!”

Ailyn estava atirada no chão, e todos a rodeavam, inclusive eu. A plateia se moveu, mas seguranças proibiram que eles entrassem na quadra. Ela havia caído no chão com um estrondo de forma grosseira. Quando tentei me aproximar dela, um rapaz moreno tomou-a nos braços e fez um sinal para os seguranças, que o deixaram passar. Quem aquele homem pensava que era?

Enquanto todos comemoravam, eu fiquei observando o lugar em que vi aquele homem levar Ailyn. Nathaniel, Rosalya e o namorado tentaram sem sucesso seguir o rapaz. Luvinhas já não estava mais com ela – Que nome tosco não? – e eu fiquei ali, solitário.

Na minha cabeça? Apenas a imagem dos lábios dela se mexendo de forma delicada. Aqueles lábios que eu já havia provado e queria mais. Ailyn era a razão da pessoa que eu sou agora, e de eu não me importar com Debrah. Nunca mais beijaria pessoas que eu não amava, pois afinal, a boca da mulher que eu amava havia dito: Vença o jogo, por favor.