A Harmonia escrita por LittleLemonPie


Capítulo 4
Paredes não tem gosto bom.


Notas iniciais do capítulo

Novamente ELA estará narrando. Me desculpem o título! Vocês vão entender... Eu juro!...mentira não juro. Mas provavelmente vão!



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Não faço ideia de quanto tempo passou e aquilo parecia ser um pesadelo interminável. O que mais me irritou foi que o lobo estava certo, ninguém nunca teve coragem ou curiosidade de abrir a cela, nem nunca me trouxeram um pedaço de pão dormido ou água.

Como um espírito, eu não preciso me alimentar mas tinha que restabelecer energia de alguma forma.

Geralmente eu usava meu poder já que era necessário muito pouco poder para isso, mas eu me sentia fraca dentro daquela prisão cercada de magia negra. Para não gastar muito, eu restabelecia metade da minha energia usando o meu poder e a outra metade...bem, onde eu estava era muito quente e do lado de fora, frio. Então a parede "suava" água já que magia negra não interferia nas ações naturais. Eu lambia a parede para conseguir beber água. Não era muito agradável. Paredes não tem gosto bom. Fica aí um dica: não lambam a parede.

As vezes eu ouvia o barulho do lado de fora e tentava chamar alguém mas minha voz estava muito fraca, raramente saía, e eu sentia pontadas no canto da minha boca. Sem falar nas dores de cabeça. Aquilo doía muito e eu não podia fazer nada.

Um dia, eu ouvi uma melodia seguido por uma voz que dizia que O Jornal da Tarde estava para começar e o assunto do momento era um mito de que uma cela fechada, desde o século 18, contia uma criatura horrenda dentro.

Fiquei ouvindo a voz ao longe, falando e falando. Não entendia algumas palavras. Acho que fiquei presa lá há muito tempo e a linguagem devia ter mudado.

Não me importava muito com aquilo, nada mudaria na minha vida. Tentei fugir várias vezes e todos os guardiões e espíritos tentaram me salvar. Até mesmo o Breu, ou mais conhecido como Pitch Black ou medo, tentou.

Continuei ouvindo e então uma voz familiar me chegou aos ouvidos.

Não podia ser.

"Então o senhor diz que há uma fera ai dentro? E é parente do senhor que capturou esse monstro?" um homem perguntou. "Sim, senhor." Ele respondeu. "Eu te digo que era meu avô, pois seriam tantos os "tatata" que eu colocaria antes do "avô" que eu poderia ficar horas aqui. Mas ele deixou por escrito e tenho o papiro para provar! Meus bisavôs inventaram um grande negócio, sabe? Como tanto dinheiro, eles compraram este local e preserva-lo em homenagem à esse meu avô. "

Aquela voz assombrava meus ouvidos.

–Não pode ser. - Minha voz saiu tão rachada que eu mesma não a reconheci e me assustei. E acho que também assustei dois homens que estava do lado oposto da parede enfeitiçada, pois ouvi murmúrios desconfortáveis e depois vozes fracas.

–Ouviu isso? -um perguntou.

–Provavelmente o vento. -o outro respondeu.

Eles se calaram e novamente nos fundos. "O que esse monstro fez?" "Sabe, matou muitas pessoas da vila desse meu avô. E diziam que quem a capturasse teria harmonia. Pelo menos foi o que ele escreveu. Por isso a prisão de super segurança." "Mas ele já deve estar morto agora. Por que ninguém nunca abriu? Você pretende abrir?" "Somos bem supersticiosos, nunca abrimos para prevenir e que assim fique."

–É ele...é ele! É ELE!–eu repeti sem ao menos me dar conta do que eu estava fazendo. Minha cabeça tinha certeza de que era aquele homem que me prendera. Urrei um gricho esganiçado o mais alto que pude e comecei a bater nas paredes usando toda a força e poder que eu poderia usar. Eu tinha que sair daquele lugar e a dor não me impediria.

Eu quebrei a parede e corri tão rápido na direção das vozes que eu acabei quebrando as pedras do chão.

–Vocês ouviram isso?O que é isso? Uma ventania? - Falou a mesma voz que antes perguntava.

–Talvez não possa ver, mas creio que o espírito se soltou. -A voz conhecida falou.

Eu continuei correndo e quando cheguei ao local várias pessoas já estavam correndo para a saída, todas gritando "terremoto".

Eu localizei o dono da voz e pulei em cima dela. Aquela cara, era a mesma.

Você...

–Não devia estar surpresa, sou um mago querida. Vivo muito. -ele sorriu.

Apertei mais sua garganta com as patas.

–Você me prendeu! Quase me matou e ainda tem a coragem de sorrir para mim? Eu devia lhe arrancar os dentes um a um e depois cortar-lhe a boca fora! - Eu estava mais rosnando do que falando.

Ele sorriu desafiadoramente.

–Duvido que tenha energia para isso querida. Não comece a achar que está forte pois o feitiço já estava fraco há anos. E boa sorte tentando recuperar seu posto. Ninguém tem harmonia há um bom tempo, duvido de que eles saibam o que harmonia é. E pelos seus olhos, acho que nem você se lembra o que é harmonia.

Meu rosto devia estar impagável para ele, eu estava confusa e me dei conta de que realmente não sabia mais o que era harmonia, o que ela fazia ou o que eu fazia. Meu cérebro parecia estar em choque e meu corpo relaxou e ele aproveitou para se levantar e correr.

–E quando foi a ultima vez que se viu no espelho? Parece que a loucura te mudou um pouco! - ele riu com gosto.

Um barulho horrível e grave tomou conta do local, uma sombra enorme emergiu do chão, estourando as pedras da prisão antiga e abocanhou o homem. Aquela sombra era o Breu.

–Maldito! Poupei-lhe do sofrimento e da angústia de ter perdido a filha, mas foi mais ingrato do que eu pensei. -falou largando o cadáver no chão.- Mas, ele tem razão devia se olhar no espelho, harmonia. -Ele sorriu tolamente, era um dos que sabia meu nome e sabia que eu odiava ser chamada de harmonia. Não é meu nome.

Espe...Espelio?

–Lho. Espelho. Tudo junto. Se preferir procure um lago!

–Ora, deixe-me Pitch! E sim, eu vou.

E corri para um lago próximo. Tudo havia mudado. Havia muitas coisas estranhas... Casa altas, construídas de coisas diferentes, umas coisas esquisitas que pareciam ter engolido as pessoas e as ajudavam a andar mais rápido e soltavam uma fumaça nojenta, muitas pessoas, chãos duros e pretos...

Não encontrei lago algum mas achei uma cabana estranha com um tecido duro e brilhante onde eu podia me ver como em um lago. Me olhei e eu realmente estava diferente. Meu pelo era creme e agora estava creme misturado com cinza escuro, meu olho esquerdo possuía o arco-iris desequilibrada e o direito estava todo preto, e o pior, minha boca parecia ter sido costurada dos lados. Estava enorme. Me transformei em humana e a situação não estava melhor.

Meus cabelos castanhos claros estavam todos pretos e minha boa continuava "costurada" ao lado. Era como ela tivesse se aberto muito e alguém tivesse costurado. Minha pele estava toda machucada e meu vestido estragado.


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Notas finais do capítulo

Continuação provavelmente amanhã! :3



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