Afável escrita por Pimentinha


Capítulo 4
Retratos e desligamento


Notas iniciais do capítulo

Aos que, assim como eu, procuram qualquer tipo de distração nesse carnaval, uma ótima leitura! :DD



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Capítulo IV

Retratos e desligamento

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Não era como se eu apreciasse os seus comentários sarcásticos, no entanto, a ausência deles evidencia um estado complexo demais para que ela pudesse esboçar. Pigarreei, tentando chamar a sua atenção, contudo, o máximo que a loira fez foi tomar um pequenino gole de seu suco. Seu silêncio era atípico demais para ela e, instantaneamente, tive de quebrá-lo.

— Certo. – comecei, hesitante. — É agora que você faz um comentário, do tipo: Testão! – afinei a voz, chamando a sua atenção. — Não acredito que dormiu com o Kakashi-sensei! – ela continuou muda, apenas me olhando, seriamente. — Ino?

— Eu te odeio. – falou seca.

— Ino... – ponderei um pouco. — Não me diga que também está apaixonada por ele? – perguntei incerta, observando suas loiras sobrancelhas se arquearem.

— Oi? – seus olhos rolaram. — Estás louca?

— Bom, você ficou quieta por tanto tempo, e depois disse que me odiava....

— Sim, eu fiquei digerindo a informação. – bebeu mais um pouco de suco. — E, sim, eu te odeio. – tentei falar, mas com um aceno de mão ela me interrompeu. — Mas, não, eu não estou apaixonada pelo Kakashi-sensei.

— Oh! – suspirei aliviada. — Então por que disse que me odeia?

— Por quê? – pareceu descrente da minha pergunta. — Simplesmente porque você estragou o Icha Icha Tactics. – bateu na mesa, exasperada. — Por isso.

— Ah...

— Sério, a Kori era a minha personagem favorita, e agora? – olhei-a sem entender direito, e seus olhos se espreitaram. — Agora toda vez que eu ler, e ela aparecer, instantaneamente, Testão, irei me lembrar de você! E pior! – declarou, apontando o dedo indicador aos ares. — Quando a Kori estiver com o Yagami, verei você e o Kakashi-sensei. Lá. E você sabe como. – cruzou os braços, fazendo bico. — Maldita!

— Sinto muito. – falei, enquanto ela olhava para o outro lado. — Você pode tornar a Kanade a sua favorita, que tal?

— O quê? Aquela vadia? – bufou. — Nem morta. – revirei os olhos. — E não revire os olhos para mim que eu não gosto, Testa!

— É sério. – comentei, desanimada. — Eu sinto muito, não pensei que você também lia Icha Icha. – ela me olhou, mas logo voltou a fitar o teto. — Eu juro que se soubesse, jamais teria dito sobre isso.

— Você omitiria? – me perguntou, apoiando-se na mesa.

— Para o seu bem, sim, omitiria.

— Você não omitiu nada da sua história, não é? – desconfiada, questionou.

— Não, por quê?

— Eu não sei. – deu de ombros. — Não quero que você poupe nenhum detalhe, sabe. – ponderou um pouco. — Certo, não poupe nenhum detalhe até chegar à parte em que eu não quero ouvir. – manei com a cabeça. — Embora eu já imagine como foi a sua noite com o Kakashi. – estalou a língua, manda-me um olhar severo. — Nunca mais irei ler Icha Icha Tactics. – revirei os olhos. — E eu já disse para não revirar os olhos para mim! – revirei os olhos novamente, recebendo o seu olhar feio seguidamente.

— Já acabou? – questionei, suspirando. — Não omiti nenhum detalhe e não omitirei, ok? – seus olhos azuis ainda me fitavam desconfiada. — Você ainda quer ouvir o resto?

— O resto da história? – assenti com a sua pergunta. — Mas já não foram todos? – arqueou uma sobrancelha.

— Não. – respondi, apoiando-se na mesa. — Ainda falta o Sai.

— Oh! – exclamou, estupefata. — Conte-me tudo!

Sorri, mas logo em seguida mandei um olhar feio para a garçonete que tentava nos escutar.

O que há de tão interessante na minha história?

. . .

Aquele incidente, um tanto fora do comum em Konoha aconteceu, deixando-me perplexa e sem reação. Como aquilo pode acontecer? E, então, o que deveria fazer? Corajosamente, suspirei, pegando as correspondências de Sai que enganosamente foram deixadas em minha porta. Bom, é claro que não seria de muita dificuldade de eu simplesmente subir dois lances de escada e, do apartamento número seis, ir ao apartamento de número nove. É claro, se por acaso não devesse estar no hospital duas horas antes.

Fui ao trabalho (atrasada), cumprindo as minhas obrigações, embora ainda estivesse preocupada com as correspondências de Sai que jaziam secretamente em minha bolsa. Não havia muito tempo que morávamos no mesmo prédio. Pois, aparentemente, com a indenização que ganhou de Konoha, por conta dos molestos da Raiz, resolveu começar uma vida nova. E tinha de ser no mesmo prédio do que eu! Certo, ele nunca me incomodou, seu apartamento era exatamente acima do meu e raras eram às vezes em que se podia escutar um ruído de lá. Evidentemente, com tal vizinho, meus encontros secretos deixaram de acontecer em minha casa, todavia, era constante notá-lo em sua janela quando regressava de meus encontros. Seus olhos negros me fitavam impassíveis, escondendo os seus verdadeiros pensamentos.

Ele sabia de tudo. Ou pelo menos de boa parte, eu tinha certeza disso.

Olhei o relógio, percebendo que faziam cinco minutos que o meu horário de almoço teve início, revirei os olhos, recolhendo as minhas coisas. Caminhei pelo corredor silencioso, tão habitual para mim. Desci um pequeno lance de escada e já estava no refeitório e você, Ino, me esperava com a sua habitual cara de bunda. Sentei-me a sua frente, ignorando a carranca que me mandava, fuzilando-me com seus olhos azuis. Fiz um sinal à atendente, pedindo o de sempre. Café extraforte.

— Já sei. – você começou, com o seu tom de deboche. — Ficou pensando na morte da bezerra e nem viu a hora passar.

— Na verdade não. – menti, sorvendo um pouco do café quente. — Estive estudando o exame de um paciente.

— Uhum. – comentou, enquanto exagerava na dose de açúcar em seu suco de laranja. — Vi o Tanaka esses dias.

— Hm. – bebi o café, fazendo uma careta com o sabor. Tinha muito açúcar.

— E ele me perguntou de você. – falou, olhando para os esmalto vermelho nas mãos.

— Hm. – fiz outro sinal à atendente, pedindo por outro café.

— Acho que ele ainda gosta de você, Testão. – olhou-me divertida.

— E eu com isso? – bebi do novo café, saboreando a doce sabor amargo em minha boca. — Não sei por que você está perdendo o seu tempo falando disso.

— Ah. – deu de ombros. — Só acho que você está muito tempo sem estar com alguém. – sorriu. — Já faz quase um ano que vocês terminaram e, bem, desde então você não se envolveu com ninguém. – falou, bebendo vagarosamente de seu suco. Seu olhar pérfido me tocou e foi então que notei que seu interesse era apenas para saber como estava a minha vida amorosa.

— Tenho estado em inúmeras missões e as correrias do hospital também não me ajudam à procurar alguém. – dei de ombros. — Também não é como se eu necessitasse de um homem ao meu lado o tempo inteiro.

Mas sim quatro, pensei.

— Sério que está há um ano sem ninguém? – confirmei com a cabeça, bebendo mais um pouco de café. — E isso é possível?

— Sim. – tomei o resto do café, pegando a minha bolsa. — Agora eu tenho que ir.

— Encontrar algum cara? – indagou, curiosamente.

— Não. – respondi. — Entregar uma carta.

— E você virou mensageira, por acaso?

Mandei-lhe um sorriso, poupando-a de uma resposta. Evidentemente, você me mandaria um olhar sórdido se soubesse que uma carta de Sai, acidentalmente, fora deixada em minha porta. É claro, uma vez que já tivesse insinuado que para iniciarmos um relacionamento deveríamos enfrentar o incrível dilema de dois lances de escada e um elevador quebrado (e que nunca seria consertado). Juro que não sei se era nítida a minha atração/repulsão pelo garoto pálido do meu time, mas você também insinuava que havia algo entre nós, do Time Sete, muito antes de algo realmente começar.

Ajeitei meus cabelos, parando de frente ao velho prédio, suspirando e amaldiçoando aquela maldita tarde de terça-feira, iniciei a minha caminhada rumo ao apartamento do shinobi pálido. Dois lances de escadas e ainda estava no meu andar, e mais dois lances de escada fizeram chegar ao terceiro andar e mais alguns passos à esquerda levaram-me ao apartamento de número nove. Nunca estive ali, e nunca havia tive motivo para estar. A porta pintada num verniz escuro, exatamente como a minha que, no entanto, diferenciava-se da minha por ter o mesmo número que o meu só que invertido.

Dei três batidas na porta, não recebendo nenhum sinal de vida, e notando uma porta encostada. Claramente, uma pessoa sensata simplesmente deixaria as correspondências em seu tapete encardido, cuja palavra que deveria dizer “Welcome!” emanava um nítido “Cai fora!”. Suspirei, perguntando-me de qual gene a teimosia fora me passada? Mamãe, só pode. Dando de ombros, empurrei a porta adentrando em seu apartamento escuro. Assim como o meu, a entrada dava direto com a sala e não fiquei surpresa ao notar duas estantes cheias de livros e algumas pilhas espalhadas pelo chão. Fitei a cozinha escura de relance, todavia foi o quarto que me chamara a atenção. Caminhei em sua direção, notando a claridade da janela.

Embora fraca, a luz iluminava todo o cômodo e a visão que tive foi mais do que perturbadora. Folhas espalhadas ao chão, quadros desengonçados em paredes ou em qualquer outro apoio, traços errantes aqui e ali, e a minha própria imagem repetia-se, como uma estranha melodia, para todos os lados em que olhava. Imagens inteiras, perfis, meus olhos, boca ou cabelos, jaziam ali, desordeiros em seu quarto. Mas, é claro, ainda havia espaço para pinturas minhas com o Time Sete, acompanhada por todos ou por apenas um. Contudo, em nenhuma estava o próprio artista.

— Surpresa, Feiosa?

Saltei, vendo-o na batente da porta.

— Eu... Err... – suspirei, procurando as palavras. — Suas correspondências chegaram à minha casa, por algum engano, evidentemente. – sorri, um riso mais falso do que os dele. — Eu pensei que te encontraria aqui, então...

— Invadiu a minha casa. – sorriu. — E espionou o meu atelier.

— Não, eu...

— Não foi um gesto muito bonito, Feiosa. – falou, cruzando os braços. — Segundo um livro...

— Eu realmente não desejo saber das bobagens do seu livro. – interrompi-o, aproximando-se. — E aqui estão as suas cartas e tenha uma boa tarde.

— Espere. – segurou os meus braços, deixando o seu riso morrer. — Não me vai dizer nada sobre os desenhos?

Olhei para os meus “retratos” que se espalhavam por todos os cantos, inclusive a sua cama.

— São até que bonitas. – comentei, tentando escapar de seu aperto. — Sai...

— E sabe por que são até que bonitas? – questionou-me, empurrando-me para o centro do quarto. Sem querer acabei pisando na minha cabeça desenhada. Ele pegou uma palheta de tinha e pincel e se aproximou. Obviamente, corri para o outro lado. — Elas nunca saem bonitas, pois a tua feiura embaraça qualquer manifestação de arte.

— Certo. – falei, um tanto áspera. — Agora que já viu o quão feia sou, pare de me desenhar e procure outra modelo.

Ele se aproximou de mim, com aquele maldito sorriso pérfido, tentei escapar correndo em direção da cama. Ele continuou me seguindo, e pouco me importando, subi em sua cama, correndo para o outro lado. Droga, e eu que às vezes tinha medo do Sasuke! Corri em direção da porta, porém ele foi mais ágil, segurando-me pelo pulso e logo em seguida me jogando contra a parede. Ofeguei ao sentir o baque de minhas costas e quando dei por mim, ele já estava próximo. E sorrindo.

Uma de suas mãos se aproximou de mim, fazendo-me, instintivamente, fechar os olhos. Algo molhado e gelado tocou a minha face, num estranho afago. Abri os olhos, notando a maneira concentrada em que ele passava o pincel com tinta vagarosamente em meu rosto. Ele não me olhava e eu sabia que podia simplesmente dar um chute no meio das suas pernas e fugir. Mas nada fiz. Olhei-o, em sua maneira concentrado, enquanto pintava o meu rosto.

— Você é tão feia. – falou, ao terminar a sua estranha arte. — É um ser horroroso que não se encaixa em arte alguma!

— Não exagere, Sai. – não era tão ruim assim, eu sabia disso.

— Não, não é exagero, Feiosa. – falou sério, de uma forma estranha. — Você é um monstro que assusta qualquer pincel.

— Conheço pinceis que se animam a me ver, querido. – sorri, tentando afastá-lo. — Agora com licença.

— Não! – gritou, empurrando-me contra a parede. Empurrei-o pra longe de mim, tentando, mais uma vez, escapar. — Você não vai ainda, Feiosa!

— Chega, Sai! – gritei. — Eu não... – PLAFT! Calei-me, ao sentir algo molhado e gelado tocar meu corpo inteiro. Algo verde. — Mas o que... – PLAFT! Desta vez foi algo azul. — Sai?

Vi-o correr em direção de outro balde de tinta, mirando em minha direção. Abaixei-me a tempo, pegando uma lata de tinta branca e arremessando o conteúdo em sua direção. Foi certeiro, fazendo-o me lançar uma carranca.

— Feiosa...

— É sério, Sai. – falei, tirando o excesso de tinta de meu rosto. — Se você encostar-se a uma parede branca, irá sumir! – exclamei, logo completando. — Isso, sem a necessidade da tinta.

— Feiosa! – rosnou, marchando em minha direção. Tentei correr, porém ele pulou em cima de mim, jogando-nos em cima da cama. — Sua feiosa maldita!

— Seu branquelo esquisito! – declarei, enfiando um de seus desenhos em sua boca que jazia aberta, fazendo-o engasgar. — Engula a sua feiosa!

Ele parou, ainda com o papel na boca, enquanto eu ainda me remexi abaixo dele. Suas mãos pararam as minhas e, revirando os olhos, cuspiu o desenho no chão. Voltou a me olhar, ainda me prendendo abaixo de si numa posição não muito virtuosa. Senti-o se aproximar e, com isso, virei o meu rosto em outra direção. Ele não se moveu, causando-me arrepios com a sua respiração em meu pescoço. Seus lábios roçaram em minha pele, para logo começar a falar.

— Você é um monstro, Feiosa. – sussurrou. — E sabe por quê? – permaneci quieta, esperando pela continuação. — Você já tem quatro corações em mãos, porém, ainda cobiça o meu.

— Talvez eu tenha cinco. Se contarmos com o Tanaka, isto é. – falei, enquanto ele voltava a me fitar. — E eu não cobiço o teu coração, cara pálida.

— Cobiça. – afirmou convicto. — E você sabe muito bem disso.

— E daí? – dei de ombros. — Talvez eu seja uma pessoa materialista. – sorri. — Agora saia de cima.

Seus olhos ainda me tocavam e seus lábios voltaram a se aproximar. E, daquela vez, permiti que fizesse o que ele tanto ansiava. Embora me fosse estranho sentir seus lábios finos brincarem com os meus, ou mesmo a sua língua vacilante me pedir passagem, era como se tudo já fosse parte da nossa rotina. Correr pelo quarto, fazer guerra de tinta, brincar sobre os lençóis... Talvez isso fosse o que há muito devesse ter acontecido, ou simplesmente era longo o tempo em que cobiçávamos fazer isso. Seu cabelo negro tampava a minha visão, fazendo-me me recordar de tais fios em meu aniversário.

— Sai. – chamei-o, sentando em seu colo. — Você não se importa de eu já me envolver com outros quatro?

— Não. – deu de ombros. — Um livro dizia que os sentimentos não estão sob a razão humana, e que frequentemente cometemos loucuras por isso.

— Hm. – afaguei a mão em seus cabelos negros, suspirando. — Seria tão bom se todos pensassem como você. – afinal, nem mesmo eu pensava assim.

— Eles não sabem, não é? – maneei com a cabeça, sentindo-o beijar o meu ombro. — Uma pena. – beijou os meus lábios suavemente, olhando-me. — Mas você não está atrasada, Feiosa?

É claro que a minha vontade era a de socá-lo, por ainda me chamar de feiosa, todavia, o máximo que pude fazer foi pular da cama, e de seu colo, e recolher as minhas roupas espalhadas ao chão. Vesti a calcinha ao avesso e o sutiã estava torcido, ele sorria ao assistir a minha trapalhada, e eu não pude deixar de notar que seu sorriso, finalmente, era um riso verdadeiro. E, embora manchada completamente de tinta, corri de volta ao hospital, alegando de ter sido atacada por crianças desordeiras pelo caminho. Tive sorte de não encontrar você, Porca, pelo caminho, pois com certeza não acreditaria na minha desculpa esfarrapada. Ainda que Shizune tenha plantado uma sementinha de desconfiança em si própria.

Mas o quê importa?

Havia um sorriso verdadeiro estampado em minha face e em um certo cara pálida.

. . .

Olhou em meus olhos, depois se voltou ao copo que ainda estava cheio, retornando a me fitar, seguidamente. Suspirei, fitando os dois pergaminhos que jaziam em minhas mãos, Um era da Shishou para o Time Sete e o outro era do Time Sete para mim. Ajeitei-me mais uma vez na cadeira, notando como a hora ainda não havia passado. Eu estava ali, desde às quatorze horas, apenas para deixar o tempo passar e, agora, ainda eram três e meia da tarde. Haveria uma reunião com o time dentro de uma hora, e eu sabia muito bem a razão de tal.

— Admita – bebeu um pouco de suco. —, você tirou a virgindade dele.

— Sim. – confirmei, olhando-a.

— Ah! Eu sabia que de alguém você iria tirar! – revirei os olhos, ignorando o seu sorriso. — Mas, sério, ele vive te desenhando assim, na cara dura?

— Aparentemente.

— E ninguém nunca percebeu?

— Sai é um garoto bastante peculiar. – dei de ombros. — De qualquer modo, muitos de seus desenhos ele fez sem estar me olhando.

— Boa memória fotográfica, hein. – comentou. — Bom, então chegamos ao fim da sua história e descobrimos que você é a maior vadia de Konoha! – declarou, fazendo uma veia saltar em minha testa. — Ah, Testão, é brincadeira! – riu. — Além do mais, o que você quer que eu diga? – gesticulou, aproximando-se de mim. — Você está envolvida, não apenas amorosamente, como também sexualmente, com o seu time e, ainda por cima, apenas um tem plena consciência disso. – tentei falar, mas ela continuou. — E esse um, como você mesma disse, é um cara peculiar.

— Ino. – desmanchei a carranca, tentando me acalmar. — Não comece com as suas maluquices, sem saber da história toda.

— E como eu não sei? – espreitou os olhos, sentindo-se a dona da razão. — Numa segunda-feira qualquer te vi com o Yamato, um tempo depois, te vi com o Sai, numa terça-feira. – bebeu mais um pouco de suco, ainda gesticulando com as mãos. — Numa quarta-feira com o Naruto, numa quinta-feira com o Kakashi-sensei e numa sexta-feira com o Sasuke. – sorriu de canto a canto, debochadamente. — E em um sábado te vi com os cinco!

— Porca...

— É claro que não foi seguidamente que os vi, mas esses períodos esporádicos já me deixaram com a pulga atrás da orelha. Então...

— Ino! – gritei, interrompendo-a. — Cale a boca! – seus olhos se espreitaram perigosamente, encarando-me raivosa. — Se você acha que eu consegui enganá-los por muito tempo, assim, está completamente equivocada! – estralei a língua, balançando a cabeça. — Eles descobriram...

— Eles descobriram?

— Sim. – suspirei. — As coisas não foram como um conto de fadas.

— Na minha opinião, estava mais para Icha Icha, mas se você quer compara a sua história com um conto de fadas, tudo bem. – riu, debochando-se da minha carranca. — Enfim, como foi que eles descobriram?

— Eu não sei.

— Como não sabe? – bateu na mesa. — Você me disse que não me omitiria nada, então, se por acaso um deles te pegou na cama com o outro, diga-me!

Algumas pessoas nos olharam, pois, obviamente, essa parte, todos escutaram perfeitamente bem. E, é claro que Ino estava pouco se importante, afinal, a fofoca sempre vinha em primeiro lugar, independente das circunstâncias. Acenei para o garçom, pedindo por mais suco. Ignorei a carranca da porca a minha frente, esperando o homem se afastar para, somente então, voltar a falar.

— Até o presente momento não omiti nada, e não omitirei. – ela tentou falar, mas a silenciei com um gesto de mão. — E quando eu digo que não sei como eles descobriram, eu realmente quero dizer que não sei, Ino. – suspirei, olhando para as minhas mãos. — De certa forma, eu sou a única que trabalha, além de ir a missões. Muitas vezes eles já se reuniram sem mim...

— E você acha que algum deles pode ter dito algo?

— Na verdade eu não sei exatamente como aconteceu, mas pelo o que o Sai me contou, o Naruto acabou soltando para todos.

— E todos acabaram descobrindo. – falou, logo se corrigindo. — Digo todos, exceto o Sai.

— Sim. – bebi um pouco do suco, ponderando um pouco. — Porém todos se afastaram de mim, e todos me colocaram no inferno.

— Nem o Sai ficou ao teu lado? – ela perguntou, curiosa. Neguei com a cabeça, fazendo-a arregalar os olhos. — Como assim, Testão? Na semana passada mesmo te vi com o Sasuke!

— Mas isso aconteceu há alguns meses.

— Hm. – murmurou, batendo no próprio queixo. — Conte-me tudo, Testão.

E era como voltar a um sonho ruim, no qual batalhei para acordar.

. . .

O barulho incessante no meu despertador acordou-me num maleável mal humor. Bufei, quebrando o despertador com um soco exasperado. Suspirei, desanimada, levantando-se da cama. E, como uma pegadinha de Kami, tropecei em meus próprios pés no meio do caminho, caindo quase de cara ao chão. Resmunguei algumas maldições e palavrões, voltando a caminhar para o banheiro. Escovei os dentes rapidamente e logo em seguida liguei o chuveiro, iniciando o meu banho.

Embora algo em mim sentisse que não comecei o dia com o pé direito, resolvi simplesmente acreditar que nada de ruim aconteceria naquele sábado chuvoso. Vestindo-me com o meu habitual traje de treinamento, subi as escadas rumo ao terceiro andar rapidamente. Kakashi-sensei havia convocado uma reunião para essa manhã com o Time Sete, logo pensei não haver mal de ir acompanhada por Sai. Bati em sua porta algumas vezes, notando que estava vazia e, estranhamente, trancada. Dando de ombros, desci as escadas correndo, partindo para o campo de treinamento.

As ruas estavam calmas e a pequena chuva havia cessado. Sorri, notando um pequeno filete de Sol aparecendo no céu, tornando as nuvens laranja. Naruto gostava de ver o céu assim. Talvez pudéssemos ir todos ao Ichiraku, mais tarde. Algumas pessoas passavam por mim, enquanto a movimentação apenas aumentava. Já se passavam das nove da manhã e a agilidade não fazia parte de meus planos, uma vez que soubesse que Kakashi só chegaria depois das onze horas.

Cheguei ao campo de treinamento, notando que todos já estavam lá. Olhei no relógio, conferindo se eu não estava muito atrasada. Apenas três minutos, constei. Estavam espalhados pelo campo, cada um à sua maneira. Aproximei-me, mandando um sorriso a todos, calorosamente. No entanto, havia algo de estranho ali. Embora à suas maneiras, estavam sérios, com expressões estranhas e carrancudas. Parei, notando como cada um direcionou um olhar pesado para mim. Por um momento, tentei descartar a possibilidade de uma descoberta, mas eu não era estúpida.

Cada um foi andando, seguindo a sua própria direção. Sai bem que tentou se aproximar, mas Naruto o impediu, arrastando-o para longe de mim. O vento passou por mim, praticamente cortando a minha face. Continuei parada, recusando-me a olhar em que direção eles seguiam. Aquilo não era da minha conta, e eles já eram bem crescidos para fazer o que desejavam. Suspirei, engolindo o nó que sufocava a minha garganta. Dando a meia volta, segui de volta ao me apartamento. Sem parar por muito tempo segui direto para o hospital, fingindo que nada havia acontecido e, evidentemente, dissimulando não notar o corte em meu coração.

As semanas se passaram vagarosamente, enquanto tentava seguir a minha rotina normalmente. Algumas vezes encontrava com algum deles pelo caminho, no entanto, nem mesmo de um olhar era agraciada de receber deles. Mas quem eu queria enganar? Eu merecia aquela rejeição. Eles não tinham culpa de serem enganados e eu era a responsável por toda aquela situação embaraçosa. Os meus dias se tornaram fétidos sem eles, e a minha alma não tinha cor, muito menos brilho com as suas ausências. Não havia mais missões, não havia jantares no Ichiraku, não havia visitas noturnas, não havia nenhum afago pelas manhãs. No entanto, eu sabia muito bem viver sem eles. É claro que sabia.

Mas sabia!

Passei a fazer plantões constantes no hospital, chegando a ficar mais de vinte e seis horas seguidas enfurnadas ali. Você e Shizune me advertiam, dizendo para pegar mais leve com o trabalho, mas não sabiam que assim era melhor. Em um mês, havia emagrecido quatro quilos e acabado com todo o meu estoque de bebidas e, no mês seguinte, mais três quilos se foram e o meu dinheiro foi gasto com saquê, vodka e tequila. Estava na decadência, e tudo o que mais desejava era simplesmente afundar e sumir.

Contudo, no terceiro mês algo em mim mudou. Não, eu não era tão carrasca assim, ou mesmo eles fossem tão inocentes. Certo, fiquei com os cinco ao mesmo tempo, mas não foi por nenhum tipo de safadeza. Eu os amava igualmente, e não tinha culpa de possuir um estúpido coração. Eles poderiam até mesmo reivindicar os cinco corações que eu os tomei, mas os cinco dividiram o meu coração em cinco iguais pedaços, e depois de brincarem com ele, jogaram-no picotado na minha cara! Ah, eu era tão vítima quanto eles, kami bem sabia disso. Nunca foi uma leviana, muito menos uma cretina que brincava com os outros. Nunca gostei de brincadeiras, aliás.

Aos pouco fui voltando ao mais próximo da minha normalidade, fingindo que havia virada a página daquele conturbado relacionamento com o Time Sete. É claro que não nos encontrávamos mais, e quando surgia alguma missão, misteriosamente havia uma cirurgia para ser realizada no mesmo dia. Ah, você sabe, a shishou, depois da guerra acabou me priorizando no hospital e, descaradamente, fiz daquele fato o meu artificio corriqueiro. O tempo ia passando e aos poucos, parecia que o meu coração ia se remendando, naturalmente.

Caminhava pelos corredores do hospital, sentindo-me cada vez mais revigorada. Quatros meses haviam se passado, e com ele foi-se o meu declínio e ascensão. Recuperei cinco quilos, mas não me preocupava em recuperar os outros dois perdidos. E parei de beber, definitivamente. As cosias seguiam o seu rumo tranquilamente, até encontrá-lo no refeitório do hospital, sorrindo para mim.

— Sakura-chan. – falou, sentado na minha mesa habitual.

— Tanaka.

— Está tão linda. – comentou, bebendo de seu café com leite.

— Obrigada. – respondi, pedindo o meu café extraforte à atendente. — E o que faz aqui?

— Problemas na contabilidade. – deu de ombros. — E então?

— O quê? – bebi do meu café, saboreando o forte sabor.

— Fiquei sabendo que continua solteira, Sakura-chan.

— Nada sútil, não é? – indaguei, sarcástica. — E daí?

— Eu também estou. – comentou, bebendo de seu café com leite. — Quem sabe pudéssemos nos dar uma nova chance.

— Jura? – fingi entusiasmo. — Pensei que você não tivesse apreciado sair com uma kunoichi que vive cercada de cinco ninjas desordeiros.

— Eu não devia ter dito aquilo, tsc. – olhou-me intensamente, sorrindo logo em seguida. — De qualquer forma, fiquei sabendo que você nem está indo em missões mais.

— Como você sabe de todas essas coisas? – questionei, ignorando o seu sorriso. — Andou conversando com a Ino, por acaso?

— Eu... Err... Isso não vem ao caso. – pegou uma de minhas mãos, e relutantemente, aceitei o contato. — Mas o que acha de nos darmos uma nova chance?

— Eu... – certo, ele era um cara legal, mas desde o conturbado relacionamento que tive com os membros do Time Sete não estive com mais ninguém. Talvez devesse esperar mais um pouco para tentar começar algo, ou mesmo reatar. Mas, kami! Quatro meses se passaram, e, bem, é claro que as coisas para os garotos seguiram em frente. Talvez eu também devesse. — Tudo bem.

— Sério? – ele sorriu, de certa forma me alegrando. — Que tal um jantar está noite?

Sempre um jantar, pensei.

— Claro. – concordei, enquanto ele se preparava para levantar. — Mas que tal em um lugar público? Abriu um restaurante à algumas quadras daqui.

— Por mim tudo bem. – sorriu, depositando um beijo em minha testa. — Eu passo na sua casa para te buscar.

— Às oito.

— Certo. – acenou. — Até mais.

Talvez, finalmente, fosse a minha hora de seguir em frente.

As horas se passaram rapidamente, e tive de avisar a Shizune de eu não poderia fazer plantão. Obviamente não a contei sobre o encontro, pois, evidentemente você faria isso por mim. Faltava ainda meia hora para o fim do meu expediente e estava atendendo um garoto quando você apareceu correndo, me chamando. Havia uma emergência. Alguns ninjas voltaram de uma missão e, embora bem sucedida, alguns ficaram feridos. Terminei o que estava fazendo, acompanhando-a apressadamente pelos corredores. Você não me disse nada, porém, rapidamente parei, ao notar quem estava dentro da sala para ser atendido.

— Hey, Testa? – você me chamou, notando a maneira abrupta como parei. —Você está bem, Sakura?

— Sim. – mandei-lhe um sorriso pérfido, ainda parada próximo à porta. Naruto e Sai estava deitados enquanto Yamato parecia conversar com os dois. — Eu, err... – olhei para o relógio, mantendo o falso sorriso. — Eu estou atrasada para encontrar o Tanaka.

— Não. – você me respondeu, arqueando uma sobrancelha. — Você ainda tem cinco minutos, Sakura.

— Eu sei. – falei, imaginado outra desculpa para não entrar. — Mas eu realmente irei levar mais tempo para me arrumar, então se continuar aqui, é bem provável que me atrasarei.

— Ah, duvido que o Tanaka vá se importar. – falou, pegando uma de minhas mãos.

— Ino... – chamei, fazendo-a me olhar rapidamente. — Acontece que eu estou um pouco insegura, sabe? – suspirei. — Já faz mais de um ano que não saio com ninguém, entende?

— Certo. – você cedeu, deixando os seus ombros caírem. — Mas eu espero que valha a pena, viu, Testão? – sorriu, soltando-se de mim. Eu já estava me virando, quando você tornou a falar. — E me conte os detalhes amanhã!

Corri para a minha sala, recolhendo rapidamente as minhas coisas. Sem mais delongas, marchei em direção à saída, evitando o corredor onde eles estavam. Passei pela recepção, acenando para Mey, a recepcionista. Já estava próxima à porta quando parei abrupta, notando o que eu não queria ver tão cedo. Kakashi e Sasuke estavam parados próximos ao portão de entrada, recostados à grade branca. Pensei em continuar o meu caminho, ignorando os olhares sérios que me tocavam, no entanto, uma mão segurou-me firmemente. Ao me virar, dei de cara com Shizune, que sorria alegremente.

— Ino me disse que você não poderia atender o Naruto e o Sai. – confirmei com a cabeça, sabendo que aqueles dois apenas escutavam a conversa. — Ela também me falou do seu encontro. – fiquei tensa, e calada. — Boa sorte! – abraçou-me, mas logo se separou de mim. — Bom, eu tenho que ir, ainda há tantos pacientes. – sorriu, apertando as minhas mãos gentilmente. — Espero que vocês se acertem! – continuei calada e ela se preparava para sair, falou. — Ah! E boa noite para vocês, Kakashi-san e Sasuke-kun.

Eles apenas moveram as cabeças, ainda me encarando. Diabos, de todas as maneiras como imaginei ter de reencontrá-los, não era dessa forma que idealizei. Suspirei, notando que se continuasse parada, de fato, me atrasaria ao encontro com o Tanaka. E, botando a minha usual máscara de indiferença, voltei a caminhar.

— Boa noite. – falei por educação, não recebendo uma resposta de volta, mas também não era como se fosse do meu anseio.

A minha caminhada foi calma até a esquina, pois logo comecei a correr, ansiosa para chegar a casa de uma vez por todas. Subi as escadas, tropicando e errei várias vezes a chave da porta. Tomei um banho recorde e acidentalmente quebrei o meu secador de cabelos. Droga! Joguei-o no sofá, continuando a me arrumar. Estava calçando minhas sandálias quando escutei três suaves batidas na porta. Era ele. Corri para a porta, pegando a minha bolsa pelo caminho. Ele sorriu a me ver e estendeu uma pequena rosa vermelha para mim.

O caminho para o restaurante foi calmo e sem nenhum contratempo. Sentamo-nos numa mesa reservada, embora um pouco próxima à entrada. Pedimos algo leve para jantar, enquanto conversávamos coisas triviais. Seus belos olhos castanhos me fitavam e eu sorria com as suas piadinhas fora de hora. Comemos vagarosamente, apenas curtindo o momento, a razão de termos terminado de quando em quando palpitava em minha mente. Era agradável estar com ele, e não me importei de uma de suas mãos repousarem sobre o meu joelho, embaixo da mesa. A sobremesa logo chegou. E quando degustava o mousse de morango, a sua indagação tirou-me do sério.

— Não são os seus amigos ali? – apontou para o balcão. Relutantemente olhei, notando os cinco homens do Time Sete, bebendo um pouco mais a frente de mim. — São eles mesmos.

— Sim. – respondi seca. — São eles.

É claro que a minha vontade, a partir de então, era a de sair correndo e me jogar de uma ponte, ou talvez a um trilho de trem ou quem sabe jogar o meu secador ligado na banheira e me afundar na água. É, pensamentos um tanto trágicos, para um jantar romântico. Trágico, principalmente, por me lembrar de que o meu secador havia queimado mais cedo. Suspirei, comendo o restante da minha sobremesa, ignorando a existência de certos rapazes.

— Eu estive pensando, Sakura. – e quando ele não usava o sufixo, significava que o assunto era sério. — Acho que já estou ficando velho...

— Tanaka! – o interrompi, rindo de seu exagero. — Você nem completou vinte e sete anos!

— Eu sei, eu sei. – deu de ombros, divertido. — Mas o tempo vai passando, e você sabe. – limpou a boca com um guardanapo, olhando de modo a evitar os meus olhos. — E por bobagens deixamos de fazer o que queremos...

— É.

Aproximou-se de mim, arrumando uma mecha úmida do meu cabelo. Seus lábios se aproximavam e eu nada fazia. Aquela era a minha chance de seguir em frente, não era? Então simplesmente deixei que as coisas acontecessem, sem me importar com as consequências. Sua boca roçou na minha, sorrindo castamente. Fechei os olhos apreciando tal gesto até que senti um vento gelado passar pelo meu rosto. Abri meus olhos, chocada.

Kakashi prendia Tanaka com uma mão só sob a parede, enquanto os outros quatro o acompanhavam, encurralando o meu par. Corri em suas direções, porém Naruto tentou me empurrar, mandando-me um olhar duro.

— O que pensam estar fazendo, seus trogloditas? – Tanaka indagou, remexendo-se violentamente.

— Não ouse se aproximar da Sakura-chan, seu bastardo! – Naruto gritou, avançando na direção dele.

— Soltem-no! – gritei, me metendo na confusão. — Vocês não podem fazer isso!

Obviamente fui ignorada.

— Botem-me no chão!

— Não! – Naruto gritou, sendo contido por Sasuke. — Me solta, Teme!

— Coloquem-no ao chão! – bati nos braços de Kakashi. Ele me olhou de canto, com um olhar raivoso. — Droga! Ninguém chamou vocês aqui!

Algumas pessoas se afastaram, temendo pelo pior, enquanto outras se aproximavam, ansiando pelo pior.

— Eu exijo que me solte, seu imbecil! – Tanaka gritou, e eu me aproximei dele, tentando em vão desgrudá-lo dos braços do mascarado. Os outros quatros nos encurralavam, e eu já não sabia qual era o plano deles, se é que houvesse um plano. — Sakura, querida. – sussurrou para mim, chamando a atenção de todos. — Peça aos babacas dos seus amigos para soltar o seu namorado.

— O quê disse? – Sasuke indagou mergulhado na cólera.

E em um instante tudo aconteceu.

Os punhos do Uchiha avançaram na direção de Tanaka e, por algum instinto imbecil, coloquei o meu rosto à frente do dele.

Cai zonza ao chão, sentindo o meu nariz queimar. Olhei para os seis à minha frente, notando o olhar chocado de cada um. Algo quente começou a escorrer do meu nariz e quando levei as mãos até lá, além de uma dor latejante, senti o sangue que não parava de fluir. Uma lágrima se formou em meus olhos, começando a embaçar a minha visão.

— Seu maldito! – Naruto avançou em direção de Sasuke, sendo contido por Yamato. — Você quebrou o nariz da Sakura-chan!

— Ela se meteu no meio. – o moreno respondeu, fitando-me intensamente.

— Sakura... – Tanaka se aproximou, enquanto Kakashi continha os demais que tentavam avançar. — Você está bem, eu... – tentou me tocar, mas bati em sua mão, impedindo-o. — Sakura-chan?

— Me deixem. – falei, segurando o nariz. — Me deixem em paz.

Levante-me sem muito esforço, passando pela multidão. Ouvi algo como: ela está chorando? E, evidentemente, a minha vontade de chorar ganhou dimensões gigantescas, impossibilitando-me de segurar aquelas malditas lágrimas teimosas. Sai do estabelecimento, notando cinco sombras me seguirem. As ruas estavam calmas e algumas pessoas se chocavam com o meu nariz sangrando e o meu choro. Concentrei o chakra em minhas mãos arrumando o estrago que consegui.

— Sakura.

Continuei caminhando, vendo o meu prédio se aproximar. Tropecei na calçada, por consequência da visão embaçada. Ignorei as vozes que me chamavam, seguindo o meu trajeto. Ao me aproximar do portão, Yamato e Kakashi se puseram na minha frente, tampando a passagem. Sem olhar em seus olhos, joguei-os no chão, correndo para as escadas. Ignorei os protestos que eles faziam da rua, subindo para o meu apartamento. Joguei-me ao sofá, caindo em cima do meu secador. Olhei o objeto em mãos por certo tempo, até arremessá-lo contra a parede.

Eu merecia aquilo.

Droga!

Eu merecia coisa pior!

Cada um deveria ter me dado um soco na cara ou na boca do estômago!

Se eu fosse homem, e eles garotas, merecia ter as minhas bolas arrancadas e o meu pênis fatiado.

Não, se eu fosse homem, o que fiz seria uma cosia normal e sem nenhum tipo de retaliação.

Deitada, apenas fitando o teto, as horas se passaram num abrir e fechar de olhos. A noite se passou e praticamente não dormi. Algumas ideias jaziam na minha cabeça e talvez eu devesse tomar uma decisão por definitivo. Levantei, colocando as minhas roupas habituais e fazendo os minha higiene pessoal. Sem mais delongas, sai de casa, notando um pergaminho no meio do tapete. Pisei em cima dele, continuando o meu caminho. As ruas jaziam como deveriam às seis horas da manhã. O trajeto foi tranquilo e sem interrupções, assim, em poucos minutos já estava no meu destino.

A Torre Hokage.

Subi as escadas rapidamente e sem me importar com o que Shizune dizia, adentrei no escritório da Godaime, fazendo-a sobressaltar em seu sono. Ela me olhou, arqueando uma sobrancelha loira, indagando-me silenciosamente. Então, sem pensar duas vezes, falei aquilo que estava entalado na minha e que há muito já deveria ter sido dito.

— Eu quero pedir o meu desligamento do Time Sete. – ela regalou os olhos. — Definitivamente, Hokage-sama.


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Notas finais do capítulo

Aposto que pensaram que iria demorar mais uns seis meses para ter atualização, não? Se dependesse da faculdade seria bem isso, mas enfim. Era para eu ter vindo na semana passada, mas como não deu, reservei esse momento para isso.

O próximo capítulo será o último. =/

Comentários são mais do que bem-vindos e apreciados! =DD



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