Afável escrita por Pimentinha


Capítulo 2
Estrelas e arrependimentos


Notas iniciais do capítulo

Pessoas, sinto muito pela demora. Não era minha intenção fazê-los esperar tanto T_T

Boa leitura!



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Capítulo II

Estrelas e arrependimentos

.

Seus olhos praticamente não piscavam, fitando-me intensamente. Bebi mais um pouco do suco que permaneceu intocado desde que comecei a lhe contar a estranha história em que me via presa. E não me era surpreendente o seu espanto. Claramente Ino já sabia da verdade, mas a loira não imaginava que, inacreditavelmente, houvesse veridicidade em seus pensamentos. Ela poderia até me chamar de sortuda, ou qualquer coisa do tipo, todavia, sabia muito bem que a minha situação não era fácil.

— E o Tanaka estava certo? – perguntou, bebendo um pouco de suco.

— Talvez. – dei de ombros.

— Como assim talvez? – fitou-me seriamente, aproximando-se. — Estava ou não estava?

— Eu não sei. – suspirei. — É complicado, Ino. Isso nunca havia se passado na minha cabeça, até então. – ela continuava seriamente me encarando, curiosa. — Foi um choque para mim, de certa forma.

— Nunca passou na sua cabeça que talvez você estivesse apaixonada por eles?

— Não.

— Nem mesmo pelo Sasuke?

— Sinceramente, não. – falei, olhando para os dois pergaminhos que eu tinha em mãos, por debaixo da mesa. — Mesmo depois que ele voltou, a ideia de ainda amá-lo não fazia sentindo. Seja lá o que eu sentia por ele, no decorrer dos anos, havia se tornado amizade.

— Mas você continuava o achando bonito, não é?

— Obviamente. – sorrimos com o meu comentário. — E hoje ele está ainda mais bonito, convenhamos.

— E você está apaixonada por ele. – falou, rindo alegremente.

— Não apenas por ele. – comentei.

— Pensei que havia dito um bem sonoro “talvez”. – bebeu um pouco do suco.

— Bom, eu estava me referindo àquela época. – anelei, olhando para o chão. — As coisas são diferentes agora.

— Certo, a garotinha do time agora tem cinco homens a sua disposição, tsc. Depois diz que não é sortuda. – tentei lhe responder, mas ela foi mais rápida. — Eu sei que não é fácil, eu sei, eu sei. Mas tipo, quando vocês cinco ficam juntos, um se atraca com o outro também?

— Como é?

— Ah, você sabe. – aproximou-se mais, sussurrando. — Não creio que você dê conta de cinco de uma única vez. Bom, eu sei que até que daria pra você ficar com uns ao mesmo tempo, mas haja disposição... – continuei a olhando, seria. — O que eu quero dizer é, se enquanto vocês estão lá, você sabe, eles ficam entre eles?

— Não! Que horror, Ino. – falei, mandando-lhe um olhar exasperado. — Não fazemos nenhum tipo de... Nenhum tipo de...

— Orgia? Suruba? – questionou, rindo baixo. — Ah, nunca se sabe. – bebeu mais um pouco de seu suco, voltando a me perguntar. — Então, você fica com um de cada vez?

— É. – falei, um tanto incerta.

— Enquanto o outro espera do lado.

— Não! – articulei, novamente, exasperada. — Não há uma fila formada ao lado da minha cama, para que cada um possa “dormir” comigo. – uma senhora que passava naquele instante, olhou-me torto. Revirei os olhos e Ino sorriu. — E quando digo que não fico com eles ao mesmo tempo, significa que não é na mesma hora, ou no mesmo dia.

— Compreendo. – coçou o queixo. — Me desculpe se havia soado grosseira, mas o que queria que eu pensasse depois que você disse que tudo começou no seu aniversário de dezoito anos, enquanto todos dançavam juntos?

Suspirei, olhando desanimadamente para o suco na minha frente.

— Mas não é bem assim. – proferi, desanimadamente.

— Certo, tudo começou no seu aniversário, ou melhor, você começou a notar certas coisas. – terminou de beber o suco, rapidamente. — Mas quando foi que, de fato, tudo começou? Quem foi o primeiro? E quando?

Anelei, olhando o suave movimento que o vento dava à toalha da mesa. Contar o inicio de tudo me faria voltar para um momentos bons pelo qual passei, que, entretanto, talvez nunca devessem ter acontecido.

Suspirei.

. . .

Era uma tarde de quarta-feira, e eu havia conseguido sair mais cedo do hospital e me encontrar com eles. Estávamos numa tradicional taverna da vila, apenas bebendo. Passaram-se quase quatro meses desde aquele ocorrido, no meu aniversário, e, naquele instante, era o de Sasuke que estávamos comemorando. Naruto bem que brincou, dizendo que não voltaríamos tão cedo em uma balada juntos, principalmente no aniversário de algum dos garotos, mas tal comentário apenas tornou o ambiente um pouco tenso. Um pouco mais do que já estava, isto é.

Sentamo-nos no balcão, optando por nenhuma bebida alcoólica. E, embora extremamente calado, Sasuke parecia feliz. Aliás, todos nós estávamos. Desde o meu aniversário não saíamos mais juntos, nem mesmo ao Ichiraku. É claro que continuávamos despontando em missões juntos, mas era por mera obrigação. Finalmente o Time Sete se reunia, sem nenhum assunto ninja para tratar. A hora passava vagarosamente, o que apenas contribuía para a nossa celebração. Era aquilo o que eu pensava, mas não por muito tempo.

— A feiosa bem que poderia parar de fazer essa cara, quando olha o Uchiha. – Sai comentou do nada, chamando a atenção de todos. Instantaneamente, corei.

— Não sei do que você está falando, palmito. – respondi, sorrindo de maneira pérfida. Todos permaneceram calados, apenas me constrangendo ainda mais. — Além do mais, olho-o da mesma maneira que os demais.

— Mas está o observando mais do que o costume, hoje. – falou, voltando a desenhar em seu caderno.

— Hoje é o aniversário do Sasuke-kun, é claro que todos irão olhar mais para ele. – comentei, bebendo um pouco de refrigerante.

— Eu não estou o olhando, Sakura-chan. – Naruto falou, fazendo uma careta.

— É claro que não, pintinho. – Sai falou, olhando para mim e depois se voltando ao caderno em suas mãos. — Está olhando para a feiosa. – sorriu. — Assim como todos estão fazendo.

E então, somente naquele instante, notei os olhos que me tocavam, desviando-se rapidamente. Todos me olhavam, diretamente ou de esguelha, mas olhavam. Suspirei, controlando a vontade de pedir por alguma bebida alcoólica. Se eu já me sentia péssima antes, era ainda pior naquele momento. Que tipo de pessoa eu era, seduzindo todos os homens do meu time? Se a shishou descobrisse isso, tenho certeza que no mesmo instante o Time Sete (ou Time Kakashi) poderia ser dissolvido. Mas também não era como se fosse a minha intenção permitir que isso acontecesse, e os conhecendo, como os conheço, tenho certeza de que a nossa situação também não era de suas vontades.

O silêncio fez-se novidade e eu tinha vontade de quebrar uma garrafa na cabeça de Sai – ao mesmo tempo em que desejava acariciá-lo. Céus, eu era uma vadia. Mas, apesar de tudo, talvez ainda fosse uma pessoa sensata. Terminando de beber o meu refrigerante, levantei-me, enfim entregando o meu presente à Sasuke. Era uma kunai de bronze, cravejada com pequeninas pedras ônix. Inventei uma desculpa qualquer, dizendo que não poderia ficar mais. Eu não queria mentir para eles, porém, era melhor me retirar o quanto antes dali. Se afastar deles. Com um sorriso amarelo e um aceno rápido, saí do estabelecimento, sentindo como se um peso houvesse deixado os meus ombros.

Respirei aliviada, andando calmamente pelas ruas. Algumas pessoas passavam por mim, distraidamente, e eu me perguntava se havia uma maneira de voltar ao tempo. Recordei-me de Tanaka, e de quando nos conhecemos. Shizune nos apresentou no hospital, quando precisou trabalhar em algum caso de contabilidade da clínica. Seus olhos castanhos me fitaram calorosos, deixando-me sem graça. Conversamos por um tempo, sobre as despesas do estabelecimento até que ele perguntou o número do meu telefone. Eu ainda tinha dezessete anos, mas nenhum de nós se importou, afinal, ele ainda tinha vinte e cinco anos, o que não era uma diferença tão grande. Ele era um cara bonito e bastante interessante, todavia, o que mais me atraiu nele foi o fato de não ser ninja. E talvez esta tenha sido uma das razões das implicâncias do restante do meu time. Afinal, quando eu saí com um capitão Anbu, misteriosamente o meu time foi designado a treinar com ele e, obviamente, o cara levou uma surra.

Suspirei, ao perceber que eles sempre tiveram ciúmes de mim e por eu ignorar tal fato.

— Sakura-chan! – ouvi Naruto me chamar, a poucos passos atrás de mim. — Eu te acompanho, Sakura-chan.

— Não precisa se incomodar, Naruto. – falei, notando que ele já estava ao meu lado. — Deveria ter ficado até mais tarde com eles.

— Não. – falou, coçando a nuca. — Não estava mais tão bom assim. – maneei com a cabeça, permanecendo calada. Ele ainda parecia querer dizer algo, mas continuava mudo. Suspirou alto, chamando-me a atenção, por fim falando. — Eu terminei com a Hinata.

Olhei-o surpresa.

— Sério? – disfarcei a ansiedade, e fingi não notar o meu coração acelerado. — E por quê?

Suspirou, ainda mantendo as mãos sob a cabeça. Chutou algumas pedrinhas pelo caminho, pra somente depois me responder. Olhando profundamente em meus olhos.

— Eu não a amava.

— Oh. – articulei, desviando de seus olhos azulados. — Sinto muito.

— Não devia. – não lhe respondi, continuando a caminhar. — E o Panaca?

— É Tanaka! – lhe respondi, soltando um sorriso que fora acompanhado por um dele. — O que tem?

— Ele não te perturba depois que vocês terminaram?

— Não.

— Fiquei sabendo que ele tentou se reconciliar com você. – falou, dando de ombros.

— Sim. – confirmei. — Mas não obteve um resultado positivo. – sorri. – Positivo para ele.

— Você não o amava? – questionou, com um tom de voz errante.

— Não. – respondi, sem me importar de fitar seus orbes claros. — E talvez nunca o tenha amado.

— Sei como é isso. – falou, dando de ombros. Continuamos a andar, com nossos passos plácidos, passando próximo do nosso campo de treinamento. Ele sorriu, marchando naquela direção. — Venha. – falou, sem me esperar, e embora não tenha cessado os seus passos, virou-se para trás, chamando-me novamente. — Venha, Sakura-chan.

Eu deveria ter recusado, qualquer pessoa sensata sabe disso, mas meus pés agiram antes que meus pensamentos fossem processados, fazendo-me o seguir com um estranho sorriso estampado no meu rosto. Em poucos instantes paramos no mesmo lugar onde há alguns anos tivemos o nosso primeiro encontro. O primeiro encontro com o nosso time, isto é. Sorri, recordando-me daquele atípico dia e das emoções que senti. Naruto também parecia nostálgico, sorrindo como uma criança.

— Eu fiquei preso ali. – apontou para um dos troncos. — Você se lembra, Sakura-chan?

— E como. – falei, olhando-o divertida. — Tivemos de dividir a comida com você.

— Mas você não queria. – disse, num falso aborrecimento.

— Mas o Sasuke-kun me fez mudar de ideia. – dei de ombros. — E...

Fui interrompida, repentinamente, sentindo o mesmo tronco que um dia Naruto esteve preso, pressionado atrás de mim. Respirei assustada, notando a estranha proximidade que o loiro estava e, me sentindo ainda mais estranha, com a sensação prazerosa de seu corpo junto ao meu. Olhei em seus olhos, mas estes já não eram mais os mesmos. Brilhavam de uma maneira anômala, que, no entanto, me era familiar. Suspirando, lembrei-me que aquele mesmo olhar me fitava no meu aniversário.

— Você ainda o ama, Sakura-chan? – indagou, olhando-me seriamente.

— Quem? – perguntei, sentindo-o me pressionar ainda mais contra o tronco.

— Você ainda ama o Teme? – seu hálito quente tocou a minha face, causando-me arrepios.

— Não. – respondi, tentando me livrar de seu aperto. Em vão.

— E o Panaca? – seus olhos não eram os mesmo, e eu os apreciava completamente.

— É Tanaka. – revirei os olhos, mas ele apenas se aproximou ainda mais.

— Você ainda o ama? – sussurrou em meu ouvido, roubando-me a compostura.

— Eu nunca o amei. – comentei, deliciando-me com uma mão que subia pela minha cintura, fechando os olhos.

— O que foi aquilo no seu aniversário? – questionou, roçando seus lábios carnudos em meu maxilar.

— Uma estranha noite de bebedeira. – respondi, passando as minhas mãos por seu torso.

— Você atacou todo mundo ali, Sakura-chan. – afastou-se milimétricamente, olhando-me sério.

— Eu também fui atacada por todo mundo ali. – sorri, debochada.

— E agora eu é que irei te atacar.

E antes que pudesse proferir qualquer palavra, seus lábios apressados capturaram a minha boca, num beijo voluptuoso e arrematador. Seu corpo me pressionou ainda mais ao tronco e as minhas mãos apenas o puxava cada vez mais a mim. Fechei os olhos, saboreando de sua boca e me deleitando com o nosso ato. Suas mãos caminhavam da minha cintura, ora subindo, ora descendo. Sua língua era rápida, conduzindo-me a um ritmo mais ardente do que eu poderia imaginar. Prendi sua cintura com uma das minhas pernas e, com a proximidade, notei a sua ereção.

Sua boca se soltou da minha, buscando o ar que nos fugia. Olhei para o céu alaranjado que nos cobria, sentindo seus beijos pelo meu pescoço e suas mãos apertarem a minha coxa. Segurei um gemido, puxando os fios dourados de sua cabeça. Ele me olhou, entregando-me um sorriso estonteante, para logo em seguida prender as minhas pernas em sua cintura. E foi só então que a minha ficha começava a cair.

— Naruto, o que está fazendo? – perguntei, sentindo-o me levar para o meio de uns arbustos.

— Não podemos profanar o campo de treinamento, Sakura-chan. – falou acelerando os passos.

— Eu não vou profanar nada, seu idiota. – resmunguei, batendo em suas costas. — E me coloque no chão, agora!

Ele não me deu ouvidos, apenas nos embrenhando cada vez mais na mata fechada. Notei que o céu já começava a escurecer e os últimos raios de sol se despediam, alegremente. Naruto pousou-me ao chão, mansamente, sentando-se a minha frente, apenas me encarando. Seu sorriso era vacilante, embora o nosso êxtase permanecesse vivo e pulsante. Repousei a minha cabeça confortavelmente, voltando a fitar o céu, contemplando as estrelas. Suspirei quando senti as suas mãos subirem pelas minhas pernas, parando suavemente nas minhas coxas.

Timidamente seu corpo foi seu repousando acima do meu, e cada uma de suas mãos pairavam ao lado da minha cabeça. Sorri, com os fios de ouros que faziam cócegas em minha face, e me permiti afundar em seus orbes celestiais. Seu nariz roçou ao meu, e seu riso contagiou o meu. Toquei em sua nuca, enquanto abria mais as minhas pernas para acomodá-lo melhor. Continuamos a nos encarar, compartilhando o ritmo eloquente de nossos corações.

— Eu amo você, Sakura-chan.

Seus lábios voltaram a me roubar a realidade, jogando-me num doce sonho laranja. Suas mãos incertas voltaram a me acariciar e sua língua ávida tirava-me o controle. Arqueei meu corpo ao seu, ansiando por seus toques. Seus olhos jaziam fechados, mas os meus estavam abertos, fitando uma pequena estrela brilhante. Algo dentro de mim soou, alertando-me de que não era a coisa certa o que estava fazendo, no entanto, havia uma alegria fulgente que ganhava espaço dentro de mim a cada toque de Naruto. E, simultaneamente que algo tentava barrar o meu ato, outra coisa apenas me impulsionava, incentivando-me a continuar.

Afastei Naruto de meus lábios, recebendo um olhar confuso e brilhante. Sorri diante disso, apenas deixando-o ainda mais dúbio.

— Eu também amo você, idiota.

Ele sorriu, viciando-me, voltando a me beijar insanamente. E, naquela noite, senti-me mais brilhante e radiante do que qualquer estrela possa ter sido.

. . .

Sua boca se curvou em um misto de surpresa e diversão. Obviamente aquela mente loira sabia exatamente o que aconteceu logo em seguida, embora a estória tenha parado num momento crucial. Bebi o restante do suco, notando que aquele já era o terceiro copo. Olhei mais uma vez para os dois pergaminhos que me estavam em mãos, tratando de desviar de dois olhos azuladamente levianos. Ela iria me provocar, mais cedo ou mais tarde, e eu tinha plena consciência disso.

— Uau! – falou, deixando escapar seu sorriso zombeirão. — Você tirou a virgindade do Naruto?

— Não. – espreitei os meus olhos. — Ele não era mais, tenho certeza disso.

— Sério? – comentou, aproximando-se de mim. — E com quem mais ele teria perdido? Com a Hinata? Bah, duvido!

— Se foi com ela, ou não, pouco me importa. – dei de ombros. — Aliás, não se deve esquecer que ele passou alguns anos treinando com o Jiraya.

— Você acha que aquele velho pervertido o induziu a ficar com alguma garota?

— Talvez. – comentei.

— Hm. – ponderou um pouco, rolando os olhos. — Ele não se incomodou de não ser o primeiro?

— Se se incomodou, não me disse nada. – falei. — E ele sabia muito bem que eu já havia tido outros relacionamento, anteriormente.

— Certo. – ela maneou com a cabeça, ainda pensativa. — Mas eu realmente não consigo acreditar que você e o Naruto... Haha, sério, não consigo acreditar que você transou com o Naruto, Testão!

— E eu também não consigo acreditar que você transou com o Chouji, Porca!

— Hey! – apontou o dedo indicador para mim, numa estranha carranca. — Você sabe muito bem que foi um acidente!

— Oh, sim. – revirei os olhos. — O velho acidente da bebedeira que libertou a libido.

— Ah, e por acaso você é uma boa perita desse assunto, não é mesmo? – sorriu triunfante. — Afinal de contas, o que seria de você, se por acaso não tivesse bebido demais no seu aniversário?

— Uma infeliz. – respondi, fazendo-a me olhar surpresa.

— Você acha isso?

— Yep.

— Hm. – coçou o queixo. — Estive pensando aqui, e, bem, você disse ao Naruto que o amava. E era verdade, não é mesmo? – maneei com a cabeça, concordando. — E você também disse para ele que não amava o Tanaka. – continuei concordando. — Mas e o Sasuke? Você não o amava ou simplesmente mentiu para o Naruto.

Suspirei, medindo as palavras que iria dizer.

— Bom, não acredito que menti para ele, embora talvez eu estivesse apaixonada pelo Sasuke. – notei o seu olhar confuso para mim, fazendo-me anelar.

— Explique-se melhor, Testão. – articulou, cruzando os braços. — Você está mentindo, ou pelo menos mentiu, em algum momento.

— Sim. – concordei. — Mas não foi para ele que menti. – seu olhar continuou confuso, e então completei. — Eu mentia para mim, dizendo que não amava o Sasuke. Mentia, dizendo que eu não estava apaixonada por todos do Time. E mentia, acreditando que tudo não passava de sentimentos fraternais.

— Belos sentimentos fraternais, hein. – comentou risonha, fazendo um sinal para o garçom nos trazer um sanduiche. E mais suco. — Então, presumo que a sua próxima vítima tenha sido o Sasuke, não é mesmo?

— Não. – seu cenho franziu, curiosa, fazendo-me sorrir. — Na verdade ele foi a minha terceira “vítima”.

— Sério? – perguntou surpresa. — Quem foi a segunda então?

Sorri, quando a consistente recordação passou por meus olhos.

— Yamato.

E sorri ainda mais ao notar o seu olhar de exclamação.

. . .

Havíamos combinada de ir comemorar a sua promoção, Ino. Lembra-se disso? De uma simples médica assistente, passou a uma médica-chefe, assim como eu. É claro que a data não poderia passar batido por você, principalmente quando estava no mesmo patamar que a sua rival – embora eu ainda seja melhor. Para comemorar, você chamou o seu time e eu para irmos a um pub que ficava próximo ao hospital. Evidentemente que Shikamaru e Chouji reclamaram, afinal, àquele lugar era frequentado, em sua maioria, por casais. Mas nenhuma de nós se importava com isso.

Adentramos no recinto, pegando a única mesa que não havia sido reservada. Não era mal localizada, tenho que admitir, mas nunca gostei muito de ficar tão próxima ao balcão, como tivemos de ficar naquela noite. O garçom logo chegou, trazendo-nos uma grande rodada de bebidas, interiormente sabíamos que a grande quantidade foi por causa do mau julgamento que fizeram sobre Chouji. Sim, ele era grande e gor... Quero dizer, ele era grande e tem ossos largos, mas isso não significa que ele bebesse muito, aliás, ele nem bebia praticamente.

Conversamos assuntos triviais, enquanto Chouji reclamava não haver churrasco ali, como você tinha o dito, enganando-o, e Shikamaru revirava os olhos, impaciente. Ri da maneira estranha como se portava o seu time, que ao contrário do meu, até que eram disciplinados. Acomodei-me melhor na cadeira, ouvindo-a falar de alguma coisa sobre flores e medicina, admito não ter entendido nada do que você dizia, afinal, a minha mente já estava muito bem povoado por certo loiro de belos olhos azuis.

— Ino, você não acha que já bebeu demais? – Chouji perguntou, notando a maneira exaltada que você falava.

— Ah, nem vem! – resmungou. — É do meu direito comemorar uma promoção, não é mesmo Testão?

Sorri sem graça, olhando para os seus dois colegas.

— Talvez não faça mal comemorar um pouco. – dei de ombros.

— Estão vendo? – falou, com a voz um pouco enrolada, batendo na mesa. — A Testão tem razão! Vamos beber mais!

— Eu não disse isso...

— Cala a boca! – chiou, avançando na direção de seu companheiro de ossos largos, obrigando-o a beber o saquê que jazia em seu copo. — Beba tudo!

— Ino... – sua voz se perdeu, enquanto engolia todo o conteúdo transparente.

Olhei para Shikamaru, que me devolveu um olhar de desdém. Dando de ombros, ele simplesmente se levantou, fazendo sinal de sair.

— Já vai? – perguntei.

— Sim. – falou, olhando os outros dois colegas. — E faria o mesmo se fosse você.

Mandei uma última olhadela para você e Chouji, por fim resolvendo acompanhar o Shikamaru. Levantamo-nos, e você pouco se importou com a nossa retirada. O local estava cheio, o que dificultou a nossa caminhada. E quando já estávamos, enfim, próximos à saída, ele olhou para trás, numa última visualização de vocês. Tive a sensação de haver uma pitada de ciúmes, nos orbes do ninja problemático, mas ele tentou disfarçar, olhando numa outra direção, notando outra presença.

— Aquele não é o Yamato?

Olhei na direção que ele havia dito, notando o capitão sentado no balcão.

Sozinho.

— Sim, é ele. – confirmei, ainda olhando-o. Voltei a fitar Shikaramu, que ainda te observava, Ino. — Vou falar com ele. – comentei, chamando sua atenção. — Não precisa me esperar.

Com certa dificuldade, caminhei em direção do homem no balcão, que apenas olhava para o seu copo vazio. Algumas pessoas atrapalhavam o caminho, enquanto outras pareciam pisar no meu pé de propósito. E antes de alcançar o balcão, olhei para você e tive uma grande surpresa. Você estava beijando o seu amigo gordo, enquanto o outro simplesmente saia do pub, fumando um cigarro. Embora aturdida, sentei-me ao lado de Yamato, sem que ele percebesse. Fazendo um sinal para o garçom, pedi mais dois copos de saquê.

— O que um homem tão bonito faz sozinho por aqui? – perguntei, notando o seu embraço. Ele não me respondeu, ficando surpreso ao notar os copos que nos eram direcionados.

— Ele teve um encontro. – o atendente falou, sorrindo para mim. — Mal sucedido.

— Você também teve um encontro? – o ninja me perguntou, fitando o líquido do novo copo.

— Não.

Seus olhos me olharam surpresa, fazendo-me sorrir, ao notar o quão grandes ficava quando curiosos.

— E o que uma moça tão bonita faz sozinha por aqui, numa noite de segunda-feira?

— Vim comemorar a promoção da Ino. – falei, desanimadamente. — Mas eu tive que sair de lá urgentemente. – apontei na sua direção, e os olhos dele apenas se ampliaram mais.

— Pelo visto levaram a sério o fato de que aqui a maioria são casais.

— Pelo visto sim. – notei a maneira em que o nosso assunto morreu. Bebi o saquê de uma vez, sentindo-a cortar a minha garganta e os seus olhos me olharem metediços. — E então. – comecei a falar, fazendo sinal para o garçom me trazer a garrafa. — Por que o encontro foi mal sucedido?

Ele demorou a me responder, bebendo um pouco mais da sua bebida. Talvez fosse ousadia da minha parte questioná-lo sobre isso, aliás, se eu realmente estivesse sóbria, jamais teria tocado no assunto. Ele era o Capitão Yamato, Kami, jamais conversamos sobre esse tipo de coisa, além do mais, a única vez que fiquei tão próxima a ele foi ao meu aniversário. E, bem, muitas coisas estranhas aconteceram naquela noite, convenhamos.

— Ela não gostou de mim. – falou, enchendo o copo. — Acho que falei algo que a desagradou, talvez.

— Hm. – enchi o meu copo novamente, voltando a olhá-lo. — E o que você falou que pode tê-la incomodado?

— Eu não sei. – suspirou. — Ela tinha perguntado sobre as minhas habilidades ninja e depois saiu nervosa.

— Sério? – virei-me completamente em sua direção. — O que exatamente você falou?

— Vejamos. – coçou o queixo pensativo, tentando se recordar do ocorrido. — Falei sobre as células do Primeiro Hokage que tenho.

— Hm. – até ali, parecia-me normal e interessante.

— Então ela me perguntou o que eu poderia fazer... – pensou mais um pouco. — Então eu disse que posso deixar qualquer parte do meu corpo duro como uma madeira. – sorri, fazendo-o arquear uma sobrancelha. — O que foi?

— É sério? – deixei o copo na minha boca, escondendo o sorriso. — Pode deixar qualquer parte do seu corpo duro feito uma madeira?

— Na verdade, é como uma madeira mesmo... – parou de falar, notando o duplo sentindo que havia na sua frase. — Eu não acredito que falei isso.

Gargalhamos um pouco, por causa de sua trapalhada. E ainda com o copo sob a boca, falei algo que deveria ter mantido apenas para mim, em meus sórdidos pensamentos.

— Eu não me incomodaria de sair com alguém assim. – e depois de falar, notei como aqueles olhos grandes me olhavam quase como chocados. Voltei a fitar apenas o copo, bebendo o conteúdo em um único gole. — Bom, eu tenho que ir. – olhei para trás, tentando encontrar você, Ino. Mas aparentemente você e o seu acompanhante já haviam saído. Tentei pegar umas notas do meu bolso, para pagar pela garrafa que pedi, mas ele me impediu. — Capitão...

— Não se preocupe com isso, Sakura. – falou, jogando umas notas ao barman. — Eu também estou de saída, posso te acompanhar?

— Hai.

Andamos calmamente, sem nenhum incomodo. Já se aproximava das vinte e três horas, e a maioria dos casais já tinham ido embora, como você e o Chouji, por exemplo. Nas ruas, o vento harmonizava o ambiente, enquanto andávamos lado a lado, afundados no silêncio. Ele tinha as mãos no bolso, enquanto as minhas pendiam-se na alça da minha bolsa. Seu olhar me tocava de esguelha e eu fingia não notar, apreciando interiormente. Estávamos nos aproximando da sua casa, que era um prédio bem mais conservado que o meu, porém ele não fazia nenhum sinal de parar por ali.

— Não precisa se incomodar, Yamato-taichou. – sorri, parando em frente à entrada da casa, o que o fez parar também. — Eu posso ir muito bem para a minha casa sozinha.

— Sakura... – começou, desviando seu olhar para o chão. — Eu gostaria de me desculpar pelo o que aconteceu no seu aniversário. Foi culpa minha.

— Não se preocupe. – falei, mandando-lhe um sorriso.

— Eu também me aproveitei de você. – seus orbes fitaram-me e eu não consegui desviar.

— E de certa forma eu também me aproveitei de vocês, Capitão.

Ele se aproximou de mim, induzindo-me a encostar-se ao muro de seu prédio. Seu corpo não estava colado ao meu, todavia, eu bem sentia a sua respiração me acariciando e seus olhos incertos passearem pela minha face e corpo. Ninguém passava pela rua, mal iluminada e calma, um vento amistoso soprou, levando alguns fios de meus cabelos. Seu olhar ainda era intenso e eu tinha a sensação de que a temperatura apenas aumentava. Ele estava tão próximo...

— Eu não deveria ter feito aquilo. – falou baixou, roubando-me o ar. — Me perdoe, Sakura.

— Somente se você estiver arrependido, Capitão. – falei, fitando seus lábios entreabertos. — Você está arrependido?

Houve um breve momento de silêncio até a sua resposta vir.

— Não.

Puxei-o rapidamente, capturando seus lábios distraídos. Em momento algum ele relutou, apenas fechando os olhos com o meu gesto. Suas mãos circundaram a minha cintura, pressionando-me mais à parede. Nossas bocas pareciam insaciáveis, procurando por algo inalcançável. Mantínhamos um ritmo acelerado e apressado, pouco nos importando com o oxigênio que nos escapava malevolamente. Embrenhei a mão em seus cabelos castanhos, deliciando-me ao senti-lo murmurar em meus lábios.

Senti-o me arrastar, sentido a entrada do prédio. Minhas mãos continuavam a trilhar por seu corpo, assim como as dele. Tropecei em um pequeno degrau da entrada, fazendo-o sorrir em meus lábios. Ele continuava me guiando, obrigando-me a seguir o caminho de costas, tropeçando aqui e ali. Ele puxou o meu corpo, fazendo-me subir em seu colo, agarrei a sua cintura com as pernas, sentindo-o alisar o meu traseiro. Sorri, com o pensamento de que tenha sido ele a fazer essa mesma carícia em meu aniversário.

Paramos em sua porta, e ficamos por ali por certo tempo, até que ele conseguisse, enfim, abrir a porta. Seu corpo ainda me guiava, e notei estar sendo levada ao seu quarto. Por um pequeno momento pensei em parar, impedir o que é que fosse acontecer. Pensei em Naruto, também, mas por fim, acabei pensando em mim e em Yamato. Ambos desejávamos aquilo, e eu já não tinha mais forças para querer voltar atrás, muito menos vontade para tal.

Fui repousada em sua cama, enquanto ainda nos beijávamos. Ele me soltou, olhando-me de uma maneira que eu nunca tinha visto. Tirou o seu colete, enquanto eu mesma já puxava a sua blusa para fora, ele sorriu com a minha pressa, mas também não se conteve para tirar a minha blusa. Seus olhos se penderam ao meu sutiã, mas logo o capturei para mais um beijo, fazendo-o se esquecer momentaneamente. Seu corpo se encaixou perfeitamente ao meu, sem me sobrecarregar com o seu peso. A sua excitação já era mais do que evidente, e contive o sorriso ao me recordar do seu comentário no pub, dizendo que conseguia ficar tão duro como uma madeira. Ele mentiu. Estava mais duro do que uma pedra, naquele momento.

Distribuía beijos pelo meu pescoço quando o puxei para fitar os seus orbes nublados.

— Você não me perguntou se eu estava arrependida. – falei, notando a confusão em seus olhos.

— E você está arrependida, Sakura? – perguntou, temendo pela minha resposta.

— Não, Capitão.

Ele sorriu, voltando a me beijar, roubando-me o ar e tirando o resto das nossas roupas.

Definitivamente, eu jamais me arrependeria, naquele momento pensei.





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Notas finais do capítulo

Pessoas, eu sinto muito pela demora. Espero que, pelo menos a espera não tenha sido decepcionante.

Gostaria de informá-los também de que não abandonei nenhuma estória (nem essa, nem O Plano). Aliás, já digo que essa fic só terá mais três capítulos, que já estão prontos. Então não, ainda que eu demore a atualizar, não abandonei nada! =D

Enfim, comentários são bem-vindos e apreciados!