Dan P.O. V

Alana havia me convidado para sair depois que sai daquela mesa, quando percebi que Runo ia se sentar na minha frente. Seria hoje, pelo que ela disse, e o que eu consegui entender, iria inaugurar algum barzinho aqui perto.

De começo eu neguei, realmente não estava a fim de farra, mas até que ela me convenceu. E o melhor: ela é filha do diretor, sair e entrar daqui ficaria bem mais fácil, minha mãe não saberia e muito menos eu levaria uma suspensão ou advertência.

Após terminar o café da manhã com o seu grupinho, seguimos caminhos opostos já que éramos de salas diferentes, o que é ótimo. Não só porque ela é chata e meio grudenta, mas também porque se ela estivesse na minha sala, iria, com certeza, rolar ‘treta todo dia. Cheguei no meu armário e peguei alguns livros correndo, pois o sinal tinha acabado de bater, e não to a fim de levar bronca logo cedo.

Entrei na sala, que nem estava todo mundo ainda, e graças a deus a Sra. Gonzalez não havia chegado. Sentei numa carteira próxima a janela, mas BEM longe da mesa do professor. Logo aquele lugar começou a ficar lotado e barulhento, e aí eu a vi entrando junto com a Mira, e vale ressaltar que estava bem animadinha. Deve estar aprontando alguma, claro. Virei-me para frente e tentei prestar atenção naquela aula chata de literatura, e nas outras quatro que vieram a seguir, mas simplesmente não deu.

Sua imagem me vinha sempre na cabeça, e nada fazia ela ir embora. MAS QUE MERDA.

O melhor que eu fiz foi dormir, então até mais tarde.

[...]

Senti alguém me cutucando no ombro esquerdo, mas a vontade de acordar não esta querendo ajudar. Só espero que não seja algum professor, porque enfrentar o diretor hoje, não.

- Acorda aí o Mané, a professora já ta de olho aqui atrás. – sussurrou Billy, me alertando. Levantei a cabeça, ainda meio zonzo, e percebi que já estávamos na última aula (ainda bem, meu recorde, dormi três aulas) se não me engano. Dei uma espreguiçada disfarçada e dei um toque no loiro, agradecendo o aviso.

 Aula de matemática, ô desgraça.

Mas ainda bem que faltavam uns cinco minutos para dar o sinal, e seria o horário do almoço. Pelo o que vi no cardápio, hoje teria strogonoff e batata frita. A comida da tia Nancy é a melhor, desculpa mãe, mas a senhora fica atrás.

Não contem isso para ela, ok?

Peguei meu almoço e fui sentar-me com Alana novamente, só que por algum milagre a garota, nem sua discípula, estavam lá. Somente uns garotos do time esportivo.

- Aí Kuso, não esquece a aula de futsal hoje – lembrou-me Jason, chegando à mesa, fazendo um toque simples comigo.

- Pode deixar hoje nós ganhamos de vocês – o provoquei. O mesmo só fez uma cara do tipo “Veremos” e saiu em direção à saída do refeitório. Visualizei a mesa do pessoal, e vi que a Misaki conversava com Mira, mas logo saiu indo para a direção do dormitório feminino.

Balancei a cabeça, e comecei a comer quando meu estomago deu o sinal de alerta.

Não demorou muito para eu acabar. Levantei e coloquei a bandeja em cima do balcão e rumei para o meu quarto. Ao chegar lá, encontrei Shun, que já estava de saída indo para o karatê.

Caí com tudo na cama, e afundei meu rosto no travesseiro. Vejamos, treino as 15h00min, e festona às 21h30min. É da pra tirar um cochilo, sé louco acordar às seis horas todos os dias não é pra mim não.

Um conselho: nunca deixe sua mãe maluca lhe matricular numa escola integral, onde o diretor é um viciado em dinheiro.

 Todavia, minha calma não durou tanto, quando o um garoto de cabelo verde chega resmungando da vida.

- Eu preciso perguntar o que aconteceu?

- Runo chegado em horas indesejáveis – respondeu com uma careta – ta sabendo do treino de hoje né?

- É, o Jason me falou – contestei ainda deitado – planos pra hoje a noite?

- Talvez... Bom, to indo pro meu banho.

Talvez? Qual a dificuldade de dizer sim ou não? Eu hein...

Não demorou muito para Ace terminar seu banho, e logo eu também fui tomar o meu.  Ao acabar, peguei meu uniforme do futsal, o vesti e sai do banheiro encontrando meu amigo esparramado na minha cama. Folgado.

Fui pra frente do espelho e dei um jeito na juba do meu cabelo... Credo to parecendo uma mulherzinha. 

- Partiu? – perguntei.

- ‘Vambora.

Saímos do nosso quarto e rumamos para o campus do Soledad. Hoje a aula seria no campo aberto, também com esse sol do caralho, eu que não ia aguentar ficar na quadra fechada. Chegando lá avistei as líderes de torcida fazendo seus saltos, e adivinha quem tava lá? É Alana estava lá. Torçam para que ela não me veja aqui.

Aproximei-me dos caras, e logo o treinador George apareceu começando a falar do próximo jogo, sobre o nosso adversário e todas aquelas informações chatas. Finalmente formamos os times e deu-se inicio ao jogo.

Como sempre, eu e Jason éramos os capitães dos times, e obviamente rivais, apesar de o posto de capitão o pertencer. Quem manda você entrar no meio do ano? Dá nisso.

Ace e Billy estavam comigo nesse jogo.

George apitou, e Jason passou a bola para seu colega, que agora não me lembro do nome, que passou para um dos meios-campos. Tomamos a frente do campo, e Ace tentou roubar a bola do adversário, tendo êxito. Passou para Billy, que tendo a oportunidade passou para mim.

Mas se acham que seria fácil assim, estão errados. Um zagueiro filho da mãe tentou roubar a bola, mas enfim o driblei e chutei para o gol, mas Will conseguiu pega-lo.

E assim se prosseguiu com o jogo, estava empatado e eu com certeza todo suado. Fazer o que se o nosso time é o fodão do campeonato. O treinador deu o apito final e paramos com a bola.

George deu alguns avisos e fez outros comentários e nos liberou.

Fui chamar o cabelo-verde para ir logo, e vi que ele estava mandando mensagem para alguém. Cheguei por trás e tomei o celular de sua mão.

- Vejamos o que temos aqui... – falei olhando o visor – Amor, a aula de futsal já acabou só o tempo de eu tomar banho e já começamos com o plano. Estão prontas? – li o torpedo na voz mais gay que consegui fazer, e claro que ele ficou irritadinho – Plano, que plano é esse que eu não to sabendo?

- Nada – respondeu pegando seu iPhone de volta e enviando a mensagem.

Balancei a cabeça em negação. Esses garotos de hoje que só aprontam... Como se eu não fizesse nada também, mas vocês entenderam...

Voltamos pro quarto e o viado entrou no banheiro primeiro.

Agora que percebi “Estão prontas?”. Vamos ligar os fatos:

...

Mensagem era para Mira

Runo estava contente demais hoje.

Ela estava conversando com a Mira.

Ela interrompeu os ‘amassos do casalzinho.

Então a Misaki está no quarto de Mira.

Conclusão: Elas e o Ace vão sair hoje pra sei lá aonde. Hum... Muito legal isso.

...

Só o tempo de eu pensar e concluir meus pensamentos, Ace saiu do banheiro todo arrumadinho. É, acho que eu estava certo. O mané nem disse nada e já foi saindo.

Deixei quieto e fui tomar meu banho, e todo aquele blablablá de me arrumar.

Terminei e capotei na cama, ainda eram 19h45min, vamos dormir de novo?

VAAAAAAMOS!

[...]

Já contei pra vocês que as pessoas amam interromper meu sono? Antes foi a professora Emma, depois o Billy e agora um ser maldito batendo na porta do meu quarto.

Faz favor, vai à merda.

Levantei ainda meio zonzo e fui até a porta. Antes balancei a cabeça expulsando o sono que ainda restava e abri a mesma, encontrando uma ruiva gostosa pra caralho na minha frente. Se vocês adivinharem a cor do vestido dela, eu dou um brinde pra vocês – só que não.

Mas pra quem disse ROSA, acertou. Convenhamos que uma patricinha sem essa cor, não é patricinha.

- Já achei que tinha desistido – disse Alana, chegando mais perto. Ish essa daí ta querendo.

- Que nada, só dormi demais – respondi com meu sorrisinho – e aí, vambora?

- Só se for agora gato – respondeu me puxando pela mão.

Fomos em direção à saída e encontramos o bonde lá. Como essa garota vai com tudo isso sair dum colégio com sei lá quantas câmeras e seguranças?

Aí eu te respondo que ao passarmos pelos corredores vi que os inspetores estavam dormindo, e no campus os seguranças também, só que meio que estavam amarrados.

Será que esse era o tal plano que eu vi na mensagem do Ace?

Todo mundo estava passando pelos drogados se perguntando o que aconteceu, e só eu normal. Fazer o que, se eu conheço os amigos que tenho?

Jason entrou no posto de segurança, e apertou o botão que abria o portão automático, já que as televisões que mostravam as imagens gravadas pelas câmeras de vigilância estavam “fora do ar”.

Éramos cinco pessoas, então deu de boa no carro do Will.

Bom, a gente se vê lá cambada.

[...]

Só de chegar lá e ver aquele movimento, fiquei mais animado. Will descolou nossa entrada rapidinho, e logo já estávamos no meio daquela balada, bebendo e dançando.

Com a música eletrônica que tocava as garotas já estavam doidas. A ruivinha foi chegando perto de mim, e me puxou para perto da mesma, com um simples puxão em minha blusa. Segui seus movimentos e ficamos dançando colados e nos provocando até o final da música.

Antes que eu fosse pegar outra bebida, ela aproximou seu rosto do meu, e me beijou. Não nego que ela beija bem pra cacete, mas sei lá, faltava alguma coisa. Claro que isso não fez com que eu não me aproveitasse do momento. A encurralei numa parede próxima a nós e aprofundei mais o beijo.

Terminei o ato com um selinho e sai dali indo para o bar, mas claro que eu não esperava ver certa garota de cabelos azuis se agarrando com um loiro babaca aí.

Não mas pera, porque diabos eu to me importando com isso? Era na certa que ela poderia estar aqui, e com certeza pegando alguém. Ok...

...

PORRA, OK NADA! Olha onde a mão desse desgraçado está. Esse tá pedindo pra morrer e faço questão de atender o seu ‘’pedido’’.

Me aproximei do balcão e pude ver melhor quando eles foram se beijar novamente, mas felizmente o celular da azulada tocou e ela foi lá pra fora atender.

Só acho que ela está bêbada, já que ela estava rindo mais do que o normal. Mas isso não vem ao caso.

O garoto soltou uma risadinha e voltou-se de costas para mim. Não aguentei, pois controlar raiva não é comigo mesmo, e saí andando em sua direção, mas fui interrompido.

- Hey cara o que você ta pensando em fazer? – Will me perguntou, pelo visto desvendando minha cara enraivecida e olhando pra onde eu olhava fixamente. O empurrei para o lado e continuei caminhando.

- Dá licença? – perguntei puxando o loiro pelo ombro, que rapidamente virou para minha direção, dando a chance de eu acertar um belo de um soco no seu nariz. Com o impacto da mão, e certamente o efeito da bebida, o fizeram se desequilibrar e cair sentado no chão.

Passando seus dedos pelo nariz, ele percebeu que o mesmo já estava sangrando e começou a me fuzilar com seu olhar. A essa hora metade daquela pista já estava a nossa volta apreciando o showzinho.

Esse povo não tem mais o que fazer não? Na multidão achei Mira e Ace, que me olhavam surpresos, e o pessoal do time que não estava diferente. Mas o pior mesmo foi ver Runo, ali a minha frente com seus olhos verdes arregalados. Não sabia dizer se eram puro espanto ou pura raiva.

- PORRA GAROTO, QUAL É O SEU PROBLEMA?

- VOCÊ SE AGARRANDO COM ESSE MANÉ! – gritei no mesmo tom que o dela. Aquele trombadinha já estava levantando e vindo em minha direção, mas fora impedido por Runo, dizendo que não valia a pena – o que foi loiro, está com medo de apanhar mais? – perguntei provocativo.

Vocês devem estar achando que eu tenho probleminhas na cabeça, é eu tenho mesmo. Efeito Misaki.

Acho que já deu pra prever o que iria vir a acontecer. Ele desgrudou os braços da Misaki de si, e veio pra cima. O vagabundo me acertou em cheio no rosto, mas eu não deixei barato. Ainda ouvia os gritos das pessoas vibrando pela briga, e de Runo pedindo que parássemos de Mira gritando com Ace para me puxar dali ou até mesmo de Alana.

Não sei quanto tempo ficamos naquele mata-mata, até que sinto me puxarem para trás.  Quando percebi que era Ace, parei de me contorcer e relaxei, ainda ofegante.

Fiquei feliz ao ver seu rosto todo machucado, apesar de o meu estar latejando muito. Mira e Runo, especialmente a azulada, me olhavam com um olhar de dar medo, sério. Já via elas aqui vindo me bater, mas um cara de preto chegou antes disso.

- É o seguinte: vocês cinco pra fora AGORA!