Mermaid escrita por Ryuu


Capítulo 1
I – Um desejo


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, esta é uma fanfic, é bom dizer, INSPIRADA no filme 'Aquamarine', porém ele não segue necessáriamente o mesmo enredo.
Segundo: Esta fanfic já foi postada anteriormente neste site e no AS, no entanto ambas as contas que eu tinha em ambos os sites foram excluídas e, com elas, as fanfics.
Terceiro: Esta fanfic está sendo postada no AS.
É uma das melhores fanfics que já escrevi, então eu espero que vocês realmente, realmente apreciem.
Divirtam-se.



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Partênope, Leucósia e Ligia eram três moças de beleza ímpar que integravam o cortejo da deusa Perséfone antes dela ser raptada por Hades e tornar-se sua rainha. Todos os homens que as ouviam e as viam se encantavam por elas, apaixonavam-se e as presenteavam tentando ganhar seus corações, mas elas sempre os recusavam. Afrodite, irada e invejosa pela atenção que as três atraiam as amaldiçoou ao mar, deu-lhes uma cauda de peixe, privando-as assim do prazer carnal. Mas Lady Perséfone se apiedou delas, não podia livrá-las da maldição de Afrodite, então lhes concedeu poderes incríveis e lhes confiou o trabalho de guiar as almas daqueles que morressem no mar para o mundo inferior.

Poseidon, o deus do mar, também foi encantado pela música e pela beleza das três e, como um presente, lhes deu poderes sobre a água e abrigo em seu castelo submarino.

Ligia, a cantora do cortejo foi quem ganhou o coração de Tritão, filho de Poseidon, os dois se apaixonaram e juntaram-se na eternidade deixando muitos descendentes e criando um novo povo.

A nova geração de sereias não morava mais no antigo castelo submarino de Poseidon, os deuses em sua maioria, haviam sido esquecidos e desapareceram, apenas as sereias ainda acreditavam neles e eram fieis aos deuses do mar e Lady Perséfone, cuja admiração fora passada de geração à geração desde as integrantes do cortejo da deusa. Agora, ‘o povo do mar’, como eram conhecidos, vivia no fundo do oceano, em paz, carregando a alma daqueles que morrem em seu território, dando continuidade a antiga missão que fora dada às três primeiras sereias.

Hinata era uma das descendentes de Ligia, suas irmãs diziam que tinha herdado da tataravó de séculos a mesma voz encantadora para o canto e a mesma beleza ímpar, mas Hinata era diferente de suas irmãs, gostava da superfície e não tinha medo dela, observar os humanos de longe era um hobby e fugir sem ser vista a fazia rir depois, mas havia em especial uma família da qual Hinata gostava e admirava.

Os Uchiha eram uma tradicional família japonesa, porém, mantinham residência numa casa de praia nos Estados Unidos, se Poseidon quisesse, ele poderia facilmente alcançá-los com o mar, era o que Hinata sempre pensava ao observá-los de longe, apoiada no píer. Ela havia decidido observá-los desde que vira o pequenino deles, de cabelos e olhos negros, tinha a uma pele clara que não escurecia pelo sol quente do lugar, ele era a criança mais bonita que Hinata já vira, uma das poucas que vira, adorava ouvi-lo repetir ‘papai, papai’ mexendo os bracinhos animadamente, mas havia outro que a encantava mais ainda que o pequeno, este era maior, tinha cabelos castanhos, a pele levemente queimada, mas ainda clara, seus olhos eram escuros como os do pequenino com olheiras que lhe davam um ar austero e sério, mas quando ele olhava para o irmão, Hinata sabia que ele o amava, que daria a vida pelo pequenino. Às vezes os dois se sentavam no píer, o mais velho colocava os pés na água e ria enquanto o outro protestava tentando alcançar o mar com suas perninhas curtas. Ouvira seus nomes naquele dia, gritados pela mulher de cabelos longos e escuros como o do menor. Sasuke e Itachi, eles se chamavam.

Quando o mais velho, Itachi ficou alto e o pequeno Sasuke já não era mais tão pequeno, quando ele já andava e falava bem e já alcançava o mar com os pés ao se sentar no píer com o irmão, Hinata não viu mais a mulher de cabelos longos que eles chamavam de mãe e nem ouviu mais Sasuke repetir ‘papai’. Hinata supôs, depois de algum tempo que o casal havia morrido e passado para o mundo inferior, para o reino de Hades e Lady Perséfone. Quis dizer à eles que sua deusa cuidaria deles, que estariam bem sob os cuidados dela, mas não podia se aproximar, era errado e ia contra as leis de seu povo que tinha medo daquela raça terrestre.

Os irmãos Uchiha sempre saiam para pescar aos sábados, num barquinho velho, Sasuke não parecia gostar daquele costume, pois sempre carregava consigo um guarda-chuva preto e sempre parecia emburrado, mas às vezes Hinata o via sorrir enquanto conversava com o irmão, eram vezes raras, pois aquela criança se tornara calada e fria, distante, guardava para si seus pensamentos e sentimentos, enquanto Itachi parecia mais sociável, sorria e soava divertido, apesar de ainda ser um tanto quanto reservado.

Hinata lamentou quando viu os dois pescando em alto-mar, num certo sábado à tarde, Sasuke parecia satisfeito pelo dia nublado e pela brisa fria, mas Hinata sabia o que aconteceria, sabia da tempestade que estava por vir.

Estava lá quando tudo começou, eles não conseguiram voltar antes, o motor quebrara, perderam o controle do pequeno barco que parecia um brinquedinho enquanto as ondas enormes o engoliam e o jogavam de um lado para o outro. Hinata fechou os olhos quando uma onda enorme e cruel se ergueu atrás dele e ouviu o grito de Sasuke depois do mar lavar o barco levanto seu irmão mais velho. Destino cruel, vil, deixar uma criança sozinha à deriva.

Hinata mergulhou a procura do corpo de Itachi e viu quando ele foi jogado contra um coral e o sangue tingiu a água de vermelho, tinha batido a cabeça, morreria e ela não podia interferir se Hades queria aquela alma. Não podia ir contra a vontade dos deuses, mas podia salvá-lo se Sasuke fizesse uma promessa e desejasse tê-lo de volta antes que sua vida fosse tomada por inteiro. Nadou rapidamente na direção do barco, a causa verde-azulada levando-a contra a correnteza, ela segurou na borda do barco e ergueu o tórax acima da superfície para que a criança pudesse vê-la, seus cabelos negro-azulados grudaram no corpo e esconderam os seios protegidos por escamas que se misturavam a pele alva acima da cintura. A primeira coisa que Sasuke notou foram os olhos dela, os olhos perolados e incomuns o assustaram, achou se tratar de um demônio, mas não podia ser, não com aquela beleza e isso o tranquilizou.

- Sasuke! – Hinata disse voz alta, para que ele pudesse ouvi-la além da tempestade. – Itachi está morrendo!

As palavras o despertaram como um choque elétrico, sentiu um bolo se formar na garganta, seu único parente... perdido no mar, morto! Piscou duas vezes tirando a água da chuva dos cílios e se aproximou dela desejando que ela o levasse também, desejando morrer para não ter que lidar com aquela dor mais uma vez.

- Sasuke! Não posso salvá-lo, mas você pode! Entendeu? Pode salvar seu irmão!

Ela viu os olhos opacos ganharem brilho, aquele brilho de desejo que vira tantas vezes em tantos olhos diferentes, mas nos dele, naqueles olhos negros, era como a vida, algo muito parecido, mas maior que esperança. A luz do sol em meio a tempestade era o que aquele brilho era para ela. Ele deixou de fitar a cauda e olhou diretamente em seus olhos e ela quase hesitou diante do olhar firme dele, intimidador. Ele não fazia de propósito.

- Como? – perguntou alto para ser ouvido.

- Precisa fazer um juramento, precisa me dever um favor, entende?

- Qualquer coisa! Apenas salve-o...

Ela sorriu, era uma criança corajosa, não tinha medo de o preço ser sua vida? Ela não sabia se aquilo era inocência e ingenuidade ou coragem pura.

- Qualquer coisa? Daria sua vida?

Ele não hesitou.

- Qualquer coisa! – repetiu.

Ela sorriu.

- Dê-me sua mão. – e ele a estendeu prontamente.

Hinata apoiou-se com o braço no barco e pousou sua mão sobre a dele, as palmas viradas para dentro, mas não se tocando, como uma concha.

- Repita tudo o que eu disser! – ela mandou.

Ele assentiu prontamente.

- Certo.

- Eu, Uchiha Sasuke... – ela começou. – Crio um débito com você, Hinata, em troca de um desejo e clamo à Lady Perséfone que sele esta promessa.

- Eu, Uchiha Sasuke, crio um débito com você, Hinata, em troca de um desejo e clamo à Lady Perséfone que sele esta promessa. – ele repetiu cuidadosamente.

Uma luz brilhou azul entre as palmas deles e Hinata sorriu.

- Qual é o seu desejo, Sasuke? – precisava ouvi-lo dizer.

- Quero que salve meu irmão!

Hinata mergulhou no instante em que ele terminou a frase, nadando rápido em direção ao fundo, procurando pelo corpo de Itachi, o encontrou afundando na escuridão e o puxou pelo braço, abraçando-o ao seu corpo e nadou rápido para a superfície. Sasuke a ajudou a colocar Itachi dentro do barco e logo puderam ouvi-lo tossir e engasgar a água salgada do mar.

- Obrigado, sereia. – Sasuke agradeceu sem prestar atenção nela, ocupado em ajudar o irmão.

Hinata usou seu dom para amenizar a fúria de Poseidon.

- Deixe-me ver sua mão, Sasuke! – pediu estendendo a sua.

Ele foi até a beirada, próximo dela, e lhe deu a mão. Ela virou a palma para cima e mostrou à ele a marca em forma de estrela do mar.

- Esta é a marca do seu débito comigo. – explicou – Um dia, eu o procurarei para saudá-lo.

- Vou morrer? – ele perguntou sem olhar para ela, parecia não se importar muito.

- Um dia. – ela sorriu soltando sua mão – Mas não serei eu a tirar sua vida. – se afastou do barco, mergulhando o corpo no mar, os cabelos boiando ao seu redor – Cobrarei um favor, Sasuke e assim que cumprir a tarefa que eu lhe incumbir a marca desaparecerá. Até lá. – acenou antes de mergulhar.

Sasuke ficou observando o lugar onde ela desaparecera e depois fitou a marca na palma da mão, queria se importar se fizera um bom acordo, mas não se importava com isso, seu irmão estava vivo e ele não estava sozinho, aquela dor de perder alguém... ele não a sentiria novamente e era isso que importava, o resto... o resto ficaria para ser resolvido mais tarde, saldaria sua divida quando chegasse a hora, fosse ela qual fosse.

Ele nunca mais voltou a vê-la, mas Hinata continuou observando os humanos na superfície e vendo suas vidas se desenrolarem, às vezes conferia os Uchiha, pareciam bem, os mesmos. Sasuke nem parecia se lembrar dela e não pareceu compartilhar o encontro com ninguém, isso a deixava satisfeita, seria problemático se ele espalhasse aquele segredo, sabia que ele viveria esperando por ela e a idéia a agradava de uma maneira estranha, mas não pretendia, nem nunca pretendeu cobrar aquela dívida. 


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Notas finais do capítulo

Certo, é considerada minha MELHOR fanfic, então preciso saber em que pé estou, certo?
Mandem reviews. Comentem. Mesmo que pra dizer que é péssima.