Dois anos depois...

Ane caminhava pela escola, levando consigo uma pilha de livros. Ela estava reagindo não muito bem. Não pode ter se despedido de Will, não tê-lo beijado pela última vez... Ane precisava ir quase toda semana à casa de Nessie. Jasper a ajudava com suas emoções; ela melhorava, enquanto estava na casa dos Cullen. Quando voltava para casa, a dor a invadia novamente.

Nem levou um susto quando Nessie apareceu do nada ao seu lado. Agora que Ane sabia de tudo, ela não ficava escondendo quem era para a amiga.

— Quer ajuda? — indagou Nessie a Ane, apontando para os livros.

Ane deu de ombros. Nessie decidira ficar na escola até o último ano, para ajudar Ane com... tudo. Ela quase nunca falava, sempre na dela. Nessie estranha a atitude da amiga, já que sem pre tão falante, tão curiosa.

Nessie pegou os livros da mão de Ane sem nenhuma dificuldade e andou ao lado da amiga, em silêncio. Renesmee não aguentava mais aquilo e, então, falou:

— Ane! — A garota a olhou confusa. — Volte, amiga! Por favor, isso está acabando comigo — e deixou os livros caírem no chão, para puxar os próprios cabelos. Ane a olhava surpresa.

— O que foi, Ness?

— Foi você, o que aconteceu! — Puxou Ane para um canto, chutando os livros com ela. — Olha, eu sei que deve ser difícil para você. — Ela balançou a cabeça. — Nem consigo me imaginar sem Jacob, mas... viva, está bem? Eu sei que a dor é... forte, intensa. Faça isso por mim, Ane. Você é a minha melhor amiga.

Ane suspirou e se sentou no chão. Ela sabia que estava agindo como uma zumbi — lembrou-se de Bella, nessa hora —, sabia que estava mal, seus pais estavam preocupados. Nessie tinha razão. Mas doía ao se lembrar de Will ao seu lado e que agora estava na Itália.

— Me perdoe — disse Ane. Nessie sentou-se ao lado e passou o braço ao redor do ombro da amiga.

— Tudo bem, Ane. Eu vou ajudá-la com tudo. Vamos superar isso juntas, ok?

Ane deu um sorriso amarelo.

— Ok — respondeu a outra.

— Agora, levanta, porque temos aula.— Nessie se levantou. Ane deu uma risada.

— Como se você precisasse estudar — Ane revirou os olhos.

— Que bom que eu divirto você. Vamos.

(…)

— Senhorita Bell, pode vir aqui, por favor? — perguntou o professor Mason. Ane suspirou e se levantou, indo na direção do professor de História.

— Sim, professor? — disse Ane, querendo acabar com aquilo. Ser chamada por algum professor, não significava algo bom. Ninguém merecia isso.

— Pode me fazer um favor? — Mason olhou para a garota. De todos os professores, ele era o mais bonito. Seus cabelos eram de um castanho claro brilhante, sua camisa social por fora da calça, dando um certo charme, e seus olhos hipnotizantes eram de um azul piscina. Todas as garotas suspiravam quando este a olhavam. Menos Ane. Ane só conseguia pensar nos olhos castanhos de Will. Era por isso que o professor Mason gostava dela.

Mason remexeu em seus papéis, procurando algo. Ele era lindo, mas não podia negar que este era bagunceiro. Havia pastas com provas espalhadas pela mesa, junto com trabalhos de outras turmas.

— Claro — disse Ane.

— Hã, pode... — ele vasculhou sua bolsa e tirou dali, mais um papel — pode levar isso para a diretora? — E olhou para a garota. — Eu preciso disso assinado por ela.

— Sim eu posso — Ane falou, pegando o papel da mão do professor que sorriu.

Ane saiu da sala, sob os olhares das garotas. Seus passos ecoavam no piso de linóleo do corredor vazio. Não via a hora de voltar para a classe e aturaras umas horas de aula para ir embora.

Ela a única aluna fora de sala; a escola parecia assustadora com todo aquele silêncio aterrorizante, parecia que nenhum aluna ousava respirar enquanto os professores explicavam. Se tinha algum aluno fora de sala, era um garoto de cabelos louros bebendo água.

Ane passou por ele até chegar à secretaria dentro do campus. Ane puxou a porta. Estava trancada. Olhou, então, mais atentamente, a porta. Havia um aviso pregado nela, escrito: PORTA COM DEFEITO — FAVOR, ENTRAR PELO ESTACIONAMENTO.

Ane suspirou: — Ninguém merece.

Deu a volta e foi para o lado de fora, onde ficava o estacionamento. Lembrou-se de quando ela e Will ficavam conversando com Nessie e Jacob na hora da entrada. Como sentia a falta dele! Seu coração parecia de doer a cada batida que dava sem Will. Ele era o único (além de Renesmee) que estava com ela desde o início.

A chuva fina começou a cair, Ane colocou o capuz na cabeça para proteger o cabelo da água. Estava quase chegando à secretaria, quando viu um Mercedes preto parado em frente a mesma. Achou aquele carro lindo, queria um para ela, quando tivesse oportunidade.

Continuou a andar, um pouco mais depressa agora, pois a chuva começara a apertar. Suspirou ao entrar na secretaria seca, quente e — até — aconchegante.

Quando Ane olhou para as pessoas ali na secretaria, viu um garoto de cabelos castanho escuro, calça jeans e uma jaqueta de couro preta por cima da camisa branca. Por mais que a secretaria fosse pequena, ele estava longe, conversando com uma moça aturdida. Ane sentiu algo ao ver as costas largas.

O garoto, então, virou-se.

Ane arfou.

Um garoto idêntico ao Will estava ali, saindo da secretaria. As únicas coisas que o garoto tinha de diferente de Will, era a expressão entediada e cruel, e olhos olhos. Alguma coisa naqueles olhos a deixava estranha.

Ele passou e Ane se escondeu atrás de uma pilastras. Nesse momento, o garoto virou-se para onde Ane estava segundos atrás. Ele balançou a cabeça e saiu pela porta. Ane saiu detrás da pilastra, com a mão no coração. O sinal do intervalo tocou e Ane continuou a olhar, espantada, para a porta.

A moça pareceu recuperar-se e olhou para Ane com uma das sobrancelhas erguidas.

— O que deseja, querida? — perguntou.

A garota virou-se, esquecendo por alguns segundos o que estava fazendo ali.

— Ah. Eu... Quero dizer, o professor Mason pediu para a diretora assinar isso. — Ane mostrou o papel. A moça de cabelos parecidos com os de Ane, pegou o papel das mãos da garota.

— Espere só um minuto — disse. Ane assentiu e viu a moça abrir a porta.

Ane ficou impaciente. Onde estava a moça? Precisava encontrar Nessie e a moça estava demorando. O que ela estava fazendo? Por que a diretora não assinava logo aquele papel?

A moça voltou com o papel e o entregou a Ane assinado. A garota agradeceu e saiu em disparada para procurar Renesmee.

Parecia que todos os alunos haviam se materializado do nada. Ane lutava para abrir caminho até o refeitório; desse jeito, ela nunca encontraria Nessie. Enquanto corria, esbarrou em alguma coisa e caiu de costas no chão. Ai.

Ane olhou para cima e viu o professor Mason de olhos espantados.

— Senhorita Bell! — exclamou ele, ajudando-a a se levantar.

— Desculpe-me, professor — disse Ane.

— Não foi nada. Você está bem? — indagou, preocupado. Ane assentiu.

— Só um pouco tonta — respondeu a garota.

— Quer ir à enfermaria?

— Não! — Ane arregalou os olhos e balançou a cabeça. — Hã... o papel que o senhor pediu para a diretora assinar — e estendeu o papel para o professor.

O rosto do professor de História pareceu se iluminar:

— Ah, ótimo! Obrigada, senhorita Bell. — Ele pegou o papel estendido da mão de Ane e depois o olhou. — Eu ia procurá-la na hora em que você esbarrou em mim. Por que demorou tanto?

— Tinha gente na minha frente — respondeu. O professor cruzou os braços, franzindo a testa.

— E por que estava correndo? — Ane queria revirar os olhos, mas não podia. Por que ele queria saber?

— Eu estava procurando uma amiga. — Disse. — Ah! Ali está ela. — Completou, erguendo o pescoço para vê-la melhor.

Nessie vinha correndo na direção do professor e de Ane, com uma expressão estranha no rosto. Quando esta chegou, olhou para o professor.

— Olá, professor — disse num tom apressado.

— Olá, senhorita Masen — Mason estreitou os olhos.

— Posso roubar a Ane? — perguntou Nessie. O professor pareceu acordar e disse:

— Ah, claro. Obrigada, senhorita Bell.

— De nada, professor — e dizendo isso, saiu correndo com Renesmee a puxando pelo braço. O professor as observou partirem de depois balançou a cabeça.

Nessie a arrastou até uma sala vazia e olhou para fora antes de fechar a porta. Ela virou-se para Ane.

— Estava eu, procurando você, aí me disseram que você estava na secretaria. — Disse Nessie. — Eu ia entrar, quando senti cheiro de vampiro — ela abaixou a voz. — Imediatamente, fiquei preocupada, pois eu não conhecia o cheiro e você estava lá dentro. Mas então... — Nessie engoliu em seco. — Então, o indivíduo saiu e eu o vi, Ane. Era o Will.

— Não. — Ane balançou a cabeça. — Não. Isso é impossível. Esse cara é diferente. Viu o olhar dele? Com certeza não é ele — confirmou Ane, assentindo mais para si mesma do que para confirmar algo.

— Não sei, não, Ane. — Falou Nessie. — Ele tem alguma coisa e... sei que eu vou descobrir. — E virou o rosto, sussurrando. — Tenho certeza de que era o Will.