O Corvo escrita por Jhiovan


Capítulo 10
Capítulo 9 - Traição


Notas iniciais do capítulo

Olá fiéis leitoras (sim, no feminino por que a maioria são do gênero feminino). Depois de muito tempo finalmente estou postando! É que estive ocupado terminando as provas... Mas não pensem que desistirei, por que vou me esforçar para isso não acontecer ;) Boa leitura e tem comentários pessoas nas "notas finais". Até!



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Corvo e Amanda rapidamente guardaram as coisas que desejavam salvar em uma enorme bolsa de tecido surrado. Colocaram alimentos empacotados e outros que conseguiam, além de algumas roupas, armas – no caso, principalmente facas – e outros objetos Ele pediu que ela saísse e esperasse fora da caverna. Mas ela ainda teve tempo de ver Corvo jogando um líquido inflamável por toda a casa. Ele pareceu hesitar ao pôr no piano, porém o fez.

– Corvo! – Amanda gritou. – Por que está fazendo isso?

– Essas coisas teoricamente deveriam pertencer ao Gubner. Se eu não as destruo, para ele voltarão – ele respondeu enquanto molhava todo o solo com o líquido. – Agora você precisa sair.

Amanda não questionou mais. Correu carregando a bolsa para o mais longe possível da caverna. Ela não teve como deixar de sentir-se culpada. Afinal, ela quem teria distraído-se e causado aquilo.

Corvo acendeu um isqueiro e o jogou no solo, já perto da saída. É impressionante a velocidade que o fogo tem para destruir coisas que demoram anos para se conseguir, ele pensou, enquanto observava. Logo, fechou a entrada feita pela rocha e o fogo não lhe causou problemas. Incrivelmente ele não estava furioso, nem com raiva de Amanda. Ele desceu a montanha andando e a encontrou lá embaixo. Puxou-a pelo braço para o deserto.

– Você me perdoa?

Ele assentiu com a cabeça.

– São coisas materiais. Não importam tanto. Mas o principal problema é a sua distração, o seu erro. Não podemos nos dar ao luxo de cometer erros, Jones.

– Por favor, eu prefiro ser chamada pelo primeiro nome. E tudo bem, eu entendo. Me desculpe, novamente. A minha distração foi pela preocupação de que algo lhe acontecesse. E acabou acontecendo... – disse de cabeça baixa se referindo a descoberta da localização deles.

***

Philip chegou ao local destinado. Junto a dois outros homens. Foi quando pensou que Corvo havia cometido um erro em tê-lo deixado vivo. Pois ele não poderia parar com seu serviço, após ter entrado para o cargo. As ordens eram claras: o homem-da-lei que desistisse da profissão deveria ser punido com a morte. Sendo que os poucos que conseguem convencer o Gubner, viram pessoas do povo que são fáceis alvos em punições mais rigorosas do que outras pessoas, que não tem nenhuma “dívida” com ele, já que estes homens são poderosas armas de combate e representam risco. Ou seja, Philip preferia arriscar-se e possivelmente vencer, lutando contra o Corvo, do que ter a certeza de morte com o Gubner. Ele queria poder ter piedade do homem que lhe deixou viver, mas se o governador não tinha, ele também não poderia ter.

– Tem certeza que é aqui? – ele perguntou para um deles, o que havia seguido a companheira do Corvo.

– Absoluta! – respondeu ele, com sua voz rascante. – Ela entrou por aquela caverna – disse apontando.

Eles subiram no local mostrado com dificuldade, pois não estavam acostumados a escalar montanhas. E ao chegarem lá, sentiram um forte cheiro de fumaça. Foram ao local de origem, que Philip somente saberia se tratar de uma passagem por estar sentindo o cheiro. Tentou empurrá-la, mas não havia abertura, a não ser a minuscula que ocupava lugar apenas para os dedos de uma pessoa feita com aquele formato. E nenhum deles o tinha. Usaram então suas armas para destruir, e após um tempo conseguiram.

Foi quando avistaram a decepção: não havia ninguém no local e qualquer objeto que existia havia sido destruído pelo fogo que já estava extinto.

– N-não... É possível. – falou Philip gaguejando. Os outros dois também estavam boquiabertos. – Você disse que tinha certeza de que a mulher não o avistou!

– E eu tenho! Não fui visto! Camuflei-me no deserto e deixei o cavalo partir.

– Então como é possível eles terem descoberto o ataque? – ele perguntou.

O outro homem-da-lei até então calado manifestou-se:

– Eu não quero parecer estúpido, mas tem gente que diz que o Corvo é sobrenatural... E fala com Corvos. – disse inseguro.

– E você acredita nessa bobagem?! – Philip falou arrogante.


Andaram de volta ao palácio do Gubner para informá-lo. Foi Philip quem anunciou, e sua expressão foi de indiferença.

– Quem foi o responsável?

– Foi este homem, meu Senhor – disse apresentando o homem-da-lei que tremia de medo.

– Venha, eu quero parabenizá-lo por achar o esconderijo e consentir-lhe o meu perdão por ter deixado ser visto.

– Obrigado Majestade. Mas com todo respeito não é possível eu ter sido visto.

– Tudo bem, aproxime-se.

O homem o fez. Gubner estava sentado em uma poltrona confortável e bonita, usando anéis com jóias em seus dedos. Ele esticou o anel com rubi, a joia cor de sangue. Era um ritual, para que o outro se ajoelhasse e o beijasse. Assim o homem calvo fez ajoelhou-se, tirou o chapel preto da cabeça, exibindo-a calva e beijou o anel sem olhar para o rosto do Gubner como de costume. Em fração de segundos ele puxou uma pistola de Philip e apontou.

– Aqui está o seu perdão – dizendo isso, puxou o gatilho.

O sangue espirrou e atingiu Philip no rosto, que se recusou em limpar a roupa na frente do governador. O corpo do homem caiu morto no carpete e sua cabeça estava com o furo de bala, de onde saia o jato de sangue.

– Empregados, por favor, limpem isso rápido, antes que suje totalmente meu carpete – falou para o mordomo e a empregada que limpavam rapidamente horrorizados com aquilo.

Philip apertou a mandíbula e piscou os olhos, tentando ficar o mais sério e impessoal possível, para que o Gubner não notasse o seu medo e sua fraqueza emocional.

– “A morte deve servir de exemplo para os vivos”, meu pai dizia. – ele recitou com a voz calma e controlada. Vocês já entenderam? Eu não gosto de erros. Estamos combinados?

– Sim Senhor! – falaram os dois homens em uníssono em tom nervoso.

– Philip, eu gosto muito de você. Lembra-me a mim mais jovem. Então por favor, faça o correto, para que eu não seja obrigado a fazer o mesmo com você. Pode ser?

– Claro, Vossa Excelência. Não o decepcionarei!

***

Corvo e Amanda Jones caminhavam pelo deserto e ela sentia o calor do sol diretamente na pele, enquanto ele estava protegido atrás da máscara e roupas de couro e tecido grosso. O cansaço que ela sentia não era pouco. Decidiram parar então para descansar. Ela bebeu comedidamente água guardada na cantina. Corvo tirou da bolsa também um pedaço de pano com que cobriu a cabeça dela.

– Obrigada – agradeceu.

Passou-se um tempo. Para sorte deles havia uma nuvem atravessando o sol, deixando seu calor mais brando.

De repente, ouviram gritos ao longe. Era uma voz feminina aguda e rouca.

– Socorro! Me ajudem! Por favor!

Corvo e Amanda correram para acudir.

Avistaram-na próxima à estrada principal – e uma das únicas no local – uma jovem carregando um bebê, que chorava alto. A sua aparência era péssima. Cabelos castanhos soltos, secos e despenteados, a pele muito suja, roupas rasgadas e algumas marcas de espancamento pelo corpo. Corvo parou de correr por um instante e pensou.

– Não se aproxime! – ele gritou para Amanda.

– Por quê? Precisamos ajudar essa senhora!

– Não, é uma cilada!

Assim que ele disse isso, três homens apareceram agachados detrás de alguns camburões metálicos, armados. Mas eles não estavam fardados de homens-da-lei. Usavam as roupas comuns rasgadas e surradas da população. Pois eram pessoas do povo. A mulher largou o bebê de brinquedo, que reproduzia o som de uma criança chorando e sacou de dentro dele uma adaga.

Alguns estavam com a expressão sofrida, como se estivessem fazendo contra a vontade aquilo. A mulher rapidamente investiu contra Amanda, imobilizando seus braços e apontando uma adaga em seu pescoço.

– Pegamos você, não foi Corvo?! – disse um deles, apontando um tridente. – Vamos prender o pássaro na gaiola! – caçoou e riu sem humor. Outros acompanharam na risada.

– Qualquer gracinha e eu corto o pescoço dela – falou a mulher jovem em tom feroz.

– Por favor, acalmem-se. Tenho certeza de que podemos resolver isso de outra forma – disse Amanda nervosa, mas tentando tranquilizar-se.

– Não há outra forma! – disse outro homem que segurava um bastão de madeira. – queremos a recompensa!

– Do que você está falando? – ela perguntou.

– A que foi posta sobre a cabeça do Corvo e a sua – falou um homem armado de um canivete e vestindo um boné.

Corvo, que observava o diálogo pronto para o ataque sussurrou mentalmente:

– Gubner... Desgraçado. Usou a pior arma possível. Colocar pessoas da população contra mim.

E logo falou:

– Como é fácil corromper o homem. Não percebem que é isso que ele quer?! Suas vidas não mudarão por causa de alguns trocados. Suas vidas mudarão se nos ajudarem a derrubá-lo. Já pensaram em como vão distribuir o dinheiro?! Aposto que matando entre si.

– Seu babaca – chamou o homem do boné – são 20 moedas por ela e 50 por você. Acha mesmo que eu vou perder isso?

– Quem está sendo “babaca” aqui, é você, meu caro... – respondeu.

Então o homem ataca-o com seu canivete. Corvo segura em seu pulso e aperta-o forte. Com a outra mão, o homem tenta lhe socar. Porém Corvo defende-se segurando seu outro braço e colocando para trás dele. Pega sua arma e joga-o na areia. Outro homem, o que porta o tridente investe-lhe e Corvo desvia, sendo fincado no solo. Ele apenas chuta a arma e a quebra ao meio. Nisso o homem que segurava o bastão bateu nas costas do Corvo, fazendo-o cair de joelhos. Aproveitando a oportunidade, enfiou o canivete em seu sapato, ferindo-lhe o pé. Ele gritou de dor e largou a arma. Logo, só restava a mulher que fazia Amanda de refém.

– Você não pode matá-la – disse Corvo levantando-se.

– Sim, eu posso! – gritou desesperada, ainda segurando o pescoço da moça com a arma.

– Mas se fizer isso não receberá a recompensa desejada. E você me provocará muito, o que resultará em sua morte e de todos aqui presentes – disse indiferente.

– Como sabe que ele nos quer vivos? – perguntou Amanda.

– Por que conheço o perfil dele. Ele quer que soframos antes de eliminar-nos. Agora: solte-a, ou então a soltarei cortando seus braços e lhe deixarei sangrando até a morte – falou para a mulher loira.

Sua expressão raivosa e confiante rapidamente transformou-se em medo e ela soltou-a.

– Você fez a melhor escolha possível dessa vez – logo, virou-se para os homens caídos na areia. – Mas não percebem a estupidez de terem escolhido o caminho do Gubner. Provavelmente ia eliminá-los ou roubá-los depois, apenas por que ele não quer outra coisa a não ser o poder econômico. Eu não quero obrigar ninguém a juntar-se a mim através da força, no entanto que permaneçam neutros. Vou deixar-lhes a vida, para que tenham a chance de fazer escolhas. Porém quem decidir servir a “Ele” deve pagar as consequências. E quem colocar a mim ou a ela em risco de morte também. Espero que tomem a decisão certa. Adeus.

Ele segurou Amanda pelo braço e levou-a para longe deles. Ela sussurrou em seu ouvido “muito obrigada” e quando já estavam fora da visão dos “traidores-do-povo”, assim como eram chamados, ela beijou sua máscara no local onde seria a bochecha, como forma de agradecimento.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. A partir deste, infelizmente ou felizmente (vocês que sabem), já estamos caminhando para as partes finais da história. Ainda falta um pouco, mas é só para avisar e pra você não perder o interesse achando que está "muita enrolação". :)

Uma coisa que tem haver com o tema da fanfic e que eu preciso comentar é sobre os protestos que estão havendo no Brasil esses tempos. Quero falar que estou muito feliz e orgulhoso desse país finalmente e que espero que tudo dê certo e consigamos deixar um país melhor para nós e nossos filhos. Não foi um Corvo que começou, fomos nós que acordamos! Então vamos nessa ajudar, e protestar nas ruas e... Que a revolução comece!!!
(Não se esqueça de comentar o capítulo: dizer o que gostou o que não e se quiser aceito sua opinião sobre este tema que acabo de citar.)
Abraços!