–Peguem as espadas soldados, peguem as alabardas, as lanças e todo o armamento! - Gritava o comandante da guarda de Dalmyr de cima de uma torre de vigia - Ataquem!

As pessoas gritavam apavoradas, dentro de cada casa havia um cidadão gritando loucamente pelo medo dos sugadores. As criaturas da noite invadiram a cidade com uma massa de aproximadamente 1000 indivíduos, as pestes tinham mais ou menos um metro e meio de altura, mas sua força ia além das aparências. Os soldados corriam pelas estreitas e escuras ruas de Dalmyr, cada beco guardava uma surpresa, toda a atenção era pouca em uma cidade infestada por seres malignos.

As lanças, espadas e qualquer tipo de armamento entravam e saiam dos magros corpos dos sugadores, mas a destruição era dupla, enquanto um soldado derrubava um sugador, um sugador derrubava dois soldados. Eram forças desproporcionais, mas o exército karsysiano concentrado na cidade era de maior número e ainda havia uma esperança.

–Ataquem, não baixem a guarda soldados, honrem o reino de Karsys com o sangue desses maltrapilhos! - Continuava a gritar o comandante.

Os sugadores emitiam sons estranhos, parecidos com o sussurro que ninguém podia entender, eles conversavam assim entre si, eram rápidos e seus movimentos eram precisos, suas mordidas eram capazes de estraçalhar os ossos do local, seus corpos foram especialmente desenhados para provocar destruição, eram magros e passavam por espaços incrivelmente pequenos, facilitando sua entrada em vários lugares.

Alguns soldados seguiram pela rua das flores, uma importante rua próxima ao palácio do governo, nessa rua haviam flores espalhadas por todos os cantos, perfumando e colorindo o ambiente, mas a noite ela era escura e sombria, possuía vários becos onde qualquer um poderia ficar escondido a espreita de uma presa. Os soldados continuaram caminhando a procura dos sugadores, haviam muitos já mortos e os outros atacavam as casas ou estavam escondidos. Um movimento foi ouvido em um dos becos e um dos guardas foi olhar o que estava acontecendo, a cada passo que ela dava o seu coração acelerava, estava ofegante, os outros esperavam logo atrás. O guarda andou mais um pouco e adentrou o beco escuro e úmido, dois olhos vermelhos puderam ser vistos em meio a escuridão, seu brilho era forte, o guarda desferiu um golpe com sua alabarda, mas a criatura escalou as paredes do beco sumindo novamente na penumbra, o soldado voltou o olhar para cima e não viu nada, deu as costas e saiu do beco.

–A maldita criatura fugiu! - Dizia ele, quando o sugador pulou nas suas costas arrancando uma parte do seu pescoço.

–Armas! - O outro soldado deu um comando, ao gritar armas ele ordenava um ataque.

O sugador tentava esquivar-se dos golpes, mas haviam três soldados contra apenas uma peste. A criatura recebeu um corte na garganta e foi ao chão, seu corpo queimou e as chamas tinham uma coloração negra, um azul quase preto.

–O ataque deve ter surtido efeito e em pouco tempo chegará aos ouvidos do rei. - Dizia Hadã.

–Maravilhoso, queria eu está lá para ver o derramamento de sangue! - Ádria vangloriou-se.

–Mas é possível que os soldados de Dalmyr matem as Pestes da Noite.

–Não importa Hadã, isso servirá de resposta para aquele rei desprezível!

–Eu quero que todos morram! Todos! Todos! - Gritava Maeve.

–Calma minha dramática irmã, se matarmos todos não sobrará ninguém para escravizar! - Respondeu Ádria.

–Quando atacaremos? - Perguntou Maeve.

–Primeiro precisamos esperar que a notícia chegue a capital, só depois decidiremos o que vamos fazer! - Concluiu Ádria.

Em algum lugar entre Dalmyr e Rankrovic's um cavaleiro apressado voava no lombo de um grande dragão do gelo, seu nome era Erus Rifilty, um importante aliado do rei Ozion III.

O dia raiava no reino e os alunos da escola de magia se aglomeravam em torno do altar posicionado no pátio. Senhor Pudrê estava pronto para falar com os alunos.

–Alunos, ontem tivemos a ilustre presença do rei em nossa escola, hoje venho vos falar sobre os testes que terão que enfrentar. Apenas 5 de vocês seguirão viagem junto ao rei, os outros serão divididos em grupos que protegerão cada região do reino de Karsys!

–Como será esse teste? - Perguntou Jeremy Ironfist, um jovem aluno da escola de magias.

–Ele ainda vai falar seu desastrado! - Gritou Nastya que estava em outro canto do pátio.

–Um teste de força Jeremy, os melhores dos melhores passarão, me encontrem novamente às 11 horas, mas não aqui e sim no arena de batalhas.

A arena de batalha era o lugar onde aconteciam os testes de magia dos alunos, lá um aluno enfrentava o outro e se classificava para o próximo nível, aquele que ficasse por último seria o mais forte e o melhor com o controle da magia.

Jeremy era um garoto de 17 anos muito sincero e honesto, mas sua sinceridade afastava os outros estudantes, pois tudo que vinha a sua boca ele soltava. Era um menino tagarela e quase bobinho, nunca percebia quando estava sobrando em um grupo, ou seja, incomodando. Apesar de ser calmo, ele era vidrado em formas de vingança e quando não estava fazendo magias, é porque estava criando planos mirabolantes e engenhosos que nunca executava. Ao contrário de Nastya, ele era mais amigável e aberto para opiniões. Mas algo podia ser associado ao comportamento de Nastya, os dois odiavam ser subestimados.

Lá fora, no horizonte, uma figura surgia no céu, um grande dragão com asas enormes trazia nas costas um cavaleiro. O animal sobrevoou a cidade quase tocando o chão, as pessoas ficaram assustadas com a cena, o reino recebera uma ameaça de guerra, qualquer movimento se tornava suspeito. O dragão aproximou-se do castelo de Rubi e pousou na área verde do palácio, já na parte interna. O cavaleiro desceu do seu dragão de gelo e tirou a máscara que cobria o seu rosto, era um homem muito bonito, seus cabelos eram loiros e ondulados, seus olhos muito verdes e sua barba curta e a mostra. Tinha 27 anos e pertencia a ordem de cavaleiros mais importante de Karsys. Erus subia as escadas que davam acesso ao palácio, os guardas nem se moveram diante da sua presença.