Já era de noite, e Mutsumi ainda não tinha terminado de arrumar as coisas, a morena dizia ser pouca coisa, mas era o contrário...

Alguém( Miro), abre a porta sem bater.

• Nossa, tá ficando bem legal! Parece que é seu quarto mesmo! - Miro admirou o quarto, estava ficando legal.

• Vou ficar aqui pouco tempo, mas achei melhor arrumar direitinho. - a garota sorriu.

• Ah não! Você pode ficar morando aqui com o Kamus! Quem sabe não rola alguma coisa entre vocês! Ele só estuda, não faz mais nada! Ele me deixa louco.

A morena começou a rir, não que achasse graça, estava envergonhada, mas era um modo de disfarçar que estava sem jeito.

• Miro. - alguém estava parado atrás dele, mais precisamente Kamus. - Pare de falar bobagens e vá me ajudar a fazer o jantar.

• Ah! Ka-Kamus! - gritou assustado. - Sim, to indo! - era a primeira vez que ele via seu amigo com aquele olhar medonho.

• Oh! Desculpe... fiquei aqui arrumando minhas coisas, mas nem ajudei vocês em nada! - disse largando as coisas que estava arrumando na cama. - Vou lá ajudar o Miro com o jantar.

• Não precisa, a gente se vira... pode terminar aí... quando estiver pronto a gente te chama. - Kamus sorriu, será que estaria se apaixonando?

• Mas... - antes que ela terminasse a frase ele fechou a porta.

Na cozinha, Miro estava tentando fazer o jantar.

• Não coloca isso aí na panela!!! - alertou o loiro, porém já era tarde.

• Por quê não? É só sal... - ignorando totalmente o que Shaka dissera.

• Porque eu já coloquei... agora morreremos de pressão alta...

• Er... desculpa. - Miro tampou a panela, e foi de fininho abrir a geladeira, para ver o que tinha para concertar a burrada. “Será que se eu colocar isso aqui o gosto do sal vai diminuir?” pensou.

Então no tão esperado jantar...

• Nossa, que sopa gostosa!!! - Mutsumi adorou a experiencia de Miro.

• Hein? -Shaka ainda não tinha experimentado, e curioso colou a colher na boca

e não é que estava gostoso mesmo!? Como pode uma burrada ter virado um acerto?

• Miro, o que você colocou na sopa? - perguntou o loiro intrigado.

• Um pouco de sal... e o resto é segredo. - Miro não queria dizer, ele só colocou um pouco de açúcar e uma outra coisa que ele mesmo não sabia o que era.

Depois do jantar.

• Para compensar, eu lavo a louça!! - disse ela levando os pratos sujos.

• Não precisa! - Kamus, além de estudioso era cavalheiro, por natureza.

• Me deixe ajudar, capitão! - disse convicta, o modo como ela disse deixou o dono da casa sem palavras.

Mutsumi cantarolava enquanto lavava louça, e os três estavam conversando no sofa.

• Kamus, você tá gostando da Mutsumi? - pergunta Miro sem fazer rodeios.

• Não!

• Esse não é um sim, que eu sei!! Sei que você é assim mesmo por natureza, mas você a trata um pouco diferente. - Miro queria que fosse verdade, afinal já estava na hora do amigo solteiro arranjar alguém.

Shaka estava quieto, ele gostava de Mutsumi... queria pedi-la em namoro, mas não tinha coragem, tinha certeza que levaria um fora.

**Flash Back**

Na época, eles ainda eram colegiais... Shaka e Mutsumi estudavam em uma escola, apesar disso nunca se falaram antes, mas com a mudança de casa de Mutsumi acabaram virando vizinhos, assim virando amigos, foi difícil começar aquela amizade pois Shaka era uma pessoa muito mais reservada. Fala pouco, não tinha amigos. Com certa dificuldade a morena conseguiu ser amiga dele, mais que amiga, sua melhor amiga, companheira.

O loiro achava as pessoas sujas, mas mudou de visão quando...

Estavam na casa dela fazendo trabalho escolar, Mutsumi parecia se divertir, enquanto Shaka parecia estar odiando, afinal era obrigatório o trabalho ser em dupla.

O loiro pediu permissão para ir ao banheiro, e no caminho...

Crash!

Sem querer o loiro tinha derrubado o vaso da mãe de Mutsumi.

O olhar de horror foi imediato nos olhos de Mutsumi, era um vaso caro e o preferido de sua mãe, com certeza ela ia ficar muito brava quando descobrisse...

E foi tudo muito rápido.

• MEU DEUS! QUEM FOI QUE DERRUBOU O MEU VASO?! - esbravejou a senhora, tirou o chinelo de madeira que calçava, alguém ia apanhar feio com aquele pedaço de pau.

• Fui eu, mamãe... me desculpe, eu estava indo ao banheiro e sem querer eu esbarrei no vaso. - disse com lágrimas nos olhos, sabia que apanharia feio, e foi imediato, foi puxada pelo braço,... e começou a levar as chineladas.

Shaka sabia que o certo seria ele assumir a culpa,afinal ele que derrubou o tal vaso, mas ele via a surra que ela estava levando e ficou com medo... naquela hora ele mudou de idéia sobre os humanos, mas ele se sentiu mal...

No dia seguinte ela não foi a escola, tinha sido internada... só não morreu porque uma hora o loiro resolveu criar coragem para enfrentar a mãe da garota.

• Pare! Ele já está inconsciente! Assim vai mata-la! - quando a mãe se deu conta, viu a filha desmaiada, entrou em choque, ela amava a filha dela, como pôde bater nela a esse ponto, tinha ficado louca?

Aquele vaso foi o ultimo presente de seu marido que antes de falecer deu a senhora, então aquele vaso virou seu grande tesouro.

A ambulância veio rapidamente junto com a viatura da policia, com os gritos de Mutsumi, os vizinhos se assustaram e telefonaram pedindo ajuda.

- O que eu fiz? - a mãe chorava enquanto entrava no carro, sem ao menos tentar relutar, afinal ela quase matou a filhar dela.

• Sinceramente, não sei porque esse vaso é tão especial, mas se chega a ser mais importante que a filha, então a senhora é desprezível... e o mais desprezível sou eu... porque quem derrubou aquele vaso... fui eu. - disse tentando ser frio, mas algumas lágrimas escaparam.

Nisso a mãe entrou em choque, além de quase ter assassinado sua filha, ainda a culpa não era dela.

Depois de sair do hospital, Mutsumi começou a morar com os tios que também ficaram chocados com o que ocorrera, ela continuou na mesma escola, e conversava com Shaka como sempre, mas ele tinha certeza que ela tinha raiva dele, afinal a culpa era dele. Por isso ele nunca se atreveu a declarar-se para ela, seria muito atrevimento de sua parte.