Hoje seria o dia deciso, o meu futuro, o da minha amizade com Raquel, meu namoro com Jorge e meu caso com Daniel. Era pegar ou lagar, Daniel tinha o poder de escolha.
Eu realmente não sei se deveria me sentir feliz. Não estou me sentindo. De todas as maneiras vou magoar alguém e acabar me magoando.
Droga. Por que eu sempre tenho que fazer burrada?
Era crime uma garota se apaixonar? Por que sempre gostamos do mesmo cara que nossa melhor amiga?
Isso já aconteceu uma vez. Comigo.
Raquel não foi sempre minha melhor amiga, começamos a nos tornar amigas mais na quinta série. Quando Raquel entrou na minha escola eu fazia parte do grupo da Brenda, uma garota que atualmente não está mais na escola, mas todos os amigos dela eram populares. E ela era uma amor de pessoa, super gente boa.
Eu nunca fui boa em esportes, então sempre fui ignorada e humilhada pelos populares.
Mas quano Brenda chegou e me deu uma chance, eu me agarrei a ela.
Raquel tomou meu lugar. Eu não a humilhava, mas era amiga de seus inimigos.
Eu era amiga de Rose desde a primeira série, que por sinal a mesma era vizinha de Raquel, então por meio de Rose nos tornamos mais próximas.
Quando Brenda saiu o grupo se desmanchou aos poucos. Ela era o que mantinha o pessoal unido.
Mas antes de acontecer isso, eu tinha uma melhor amiga chamada Melissa. Eu comecei a gostar de um garoto. Mas foi da pior forma que eu descobri que ela também gostava dele.
Não me senti com o coração partido. Nem gostava tanto dele. Sim, senti um pouco de vergonha por ter feito tudo que fiz e dito tudo que disse.
Mas Melissa era minha primeira melhor amiga e me traiu. Eu me senti extremamente xateada.
Ela não tinha confiado em mim, para contar tudo.
Paro de caminhar do portão da escola.
Estou fazendo a mesma coisa com Raquel.
Não confiando nela.
Traindo ela.
Eu provo do veneno e insisto que ela também prove.
E com ele também. Jorge não merece esse trambolho que sou como namorada.
Eu gosto mesmo de Daniel? Seria capaz de fazer tudo isso?
Essa é a primeira oportunidade que tenho de ter quem eu realmente gosto ao meu lado.
Daniel é bonito, engraçado, safado, simpático, egoísta e grosseiro... Mas eu ainda sinto uma sensação tão boa de estar perto dele.
-Rachael podemos conversar?
Antes de me virar sei quem é.
É agora.
Viro-me e vejo Daniel com a mochila no ombro direito, como sempre. Se apoiando no pé direito e um sorriso cafajeste.
Sorrio também.
Uma coisa que eu sempre me impressionei é como sei mentir bem para esconder algo de alguém.
Nesse momento eu estava escondendo a culpa.
-Vamos.
Entramos na escola faltando vinte minutos para soar o sinal. Sentamos no mesmo lugar do primeiro beijo.
Quando ele se senta do meu lado eu percebo o quanto minhas mãos estavam tremendo.
Ele segura uma delas e sorri confortavelmente para mim.
Retribuo o sorriso e abaixo a cabeça constrangida enquanto um ar frio sobe melos meus pulmões.
Poucas vezes senti essa sensação.
Nesse mometo recordo-me quando minha mãe disse que isso significava que estavamos apaixonados.
Só senti esse friozinho quando assisti Orgulho e Preconceito (que mesmo depois de assistir pela vigésima vez ainda sinto o friozinho subir), quando leio algumas partes de Como eu era antes de você, ou outros livros que me apaixono pelos personagens.
Ou quando descrevo os meus personagens.
Mas aquilo era mais real. Era comigo.
Meu coração tremulava.
E mesmo me odiando por isso, eu sabia que se Daniel me oferecesse qualquer coisa sobre nós que eu aceitaria.
Eu não gostava dele.
Não estava apaixonada por ele.
Eu amo aquele garoto.