O Prometido escrita por Hal Hudson


Capítulo 9
Um linda dama... Só que não


Notas iniciais do capítulo

Hey, cá estou de volta com o segundo (e talvez último) capítulo da maratona.
Aproveitem!



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Se eu dormi bem? Não. Eu dormi em uma cadeira dura, desconfortável e do lado de um frasco de éter. A parte boa? O éter evaporou todo durante a noite.

A enfermaria estava com um cheiro terrível de hospital. Eu vomitei verde umas duas vezes enquanto Rachel escovava os dentes. Como ela não se sentia mal? Quando finalmente saímos da enfermaria, meu estômago criou vida. O cheiro de panquecas era como uma droga. A fumaça parecia me puxar como nos desenhos animados.

O pavilhão estava cheio. Todos estavam comendo, menos Piper que me avaliava com os olhos. Sentei-me na mesa de Afrodite e quase desmaiei. O chalé fedia em uma mistura de perfume importado e cabana indiana. Uma mistura fedorenta e forte que eu tinha certeza que, se alguém caísse em uma piscina cheia desse troço sairia com uns olhos e membros a mais e federia pro resto da vida.

Todos comemos em silêncio. Eu engolia panquecas e bebia café extra-forte, mas acho que deveria ter batido tudo em um liquidificador e metido goela abaixo com um cano.

A única exceção da regra eram Piper e Drew. As duas não calavam a boca, falavam de novelas, filmes e sobre Tristan McLean, o ator todo bombado que fez O rei de Esparta.

No meio da faladeira ouvi a palavra pai. Minha panqueca caiu da boca e eu babei caramelo.

– Seu pai é Tristan McLean? – limpei a boca e olhei para Piper.

Ela riu – É sim!

– Uau!

– Não se preocupa Hal, Piper é filha dele mais é gente boa – Drew piscou com um olho delineado de rosa.

– Ok – voltei a comer.

Um sátiro passou correndo pelo pavilhão e se agaxou perto de Dionísio – infelizmente vivo... Ainda – e murmurou alguma coisa para ele.

Eu. Não. Liguei. Infelizmente...

Quando acabei de comer, Quíron me chamou até o centro do refeitório.

– Semideuses, apresento-lhes Haley... – Quíron começou.

– Hal, senhor. Prefiro Hal – o interrompi.

– Certo. Apresento-lhes Hal, filho de Afrodite.

Alguns campistas riram. Outros me olharam carrancudos.  Uma gordona de cabelo castanho gritou "É viado!". Quíron pigarreou.

– Como sabemos ontem ele chutou os traseiros de alguns campistas investindo diretamente contra o inimigo na captura da bandeira, capturando-a e voltando. Também sabemos que ele conseguiu retirar Leo Valdez do jogo – os campistas olharam para mim espantados. A gordona calou a boca.

Na mesa nove, um menino magrelo com olhar psicopata torrava pão com as mãos. Ele sorriu para mim e levantou-se da cadeira.

– Gostaria de treinar com ele Quíron. Ele parece um inimigo avaliável para meus machados – Leo disse. Achei que era sarcasmo, mas notei Quíron assentindo como se a ideia de me fatiar o divertisse.

– Se ele voltar da missão vivo, você treina com ele –  ele olhou para mim e sorriu.

– O que nos leva a missão Quíron – Piper se levantou – A missão diz que quatro filhos de Afrodite devem ir.

– Vetada – disse ele – Da última vez que mais de três pessoas foram em missão as coisas deram erradas. E temos um garoto poderoso demais no meio da missão, então, dois filhos de Afrodite o acompanharão. [N.Autor: Spoiler]

– Mas... – ela tentou argumentar em vão.

– Três filhos da deusa do amor devem ir em missão. Hal é um deles.

– Eu sou a segunda – Piper disse,

– Eu sou a terceira – disse uma voz fina e aguda.

Drew se levantou. Todos arquejaram. Quíron arregalou os olhos com espanto.

– Tu... Tudo bem. Vocês partem em duas horas – Quíron trotou para a casa grande.

Piper se virou para Drew assustada. – Você não pode ir! Não sabe lutar direito.

Drew retocou o batom – Mas sei persuadir melhor que você.

Piper esfregou o pé no chão por alguns minutos. Quando perdi a paciência, o pavilhão estava vazio.

– Ela vai. Tenho a impressão de que ela vai ser importante para a missão– disse irritado.

Piper tentou falar alguma coisa, mas eu estava um pouco longe e nem quis saber o que era.

Percy estava na Arena. A gordona de cabelo esticado também.

– Olhem só, carne nova! – ela derrubou um loiro de Apolo e se aproximou de mim. Tinha olhos de javali, cheiro de javali, e, possivelmente, a inteligência de um javali. 

– Clarisse, não. – Percy ficou entre eu e a gorda e abriu os braços. A fonte do centro da Arena começou a borbulhar.

Clarisse riu em uma respiração – Saia da frente, Cara de Cavalo. Essa conversa é com o novato que derrotou meu grupo.

– Até uma abelha abriria um cerco no seu plano de ataque Clarisse! Admita, sua lança é afiada, mas sua mente é mais fraca e leve que uma pena! – me intrometi. Erro meu, porque Clarisse começou a espumar e ficar roxa. Se fudeu, idiota!, uma voz gritou na minha mente. Pera, eram meus pensamentos.

Instinto. Se existe outra palavra, ela ainda não foi inventada. Clarisse contornou Percy como um foguete e tentou pular em mim. Me salvei de virar panqueca porque algo me fez mexer os joelhos e me jogar para a esquerda – pegando um pobre filho de Atena – e sair correndo.

Algo segurou meu colarinho e me puxou para trás. Clarisse me virou e ficou espumando na minha camisa. Nojento.

– Ninguém faz piada com um filho de Ares e sai vivo  para contar a história. – ela me empurrou para trás e empunhou a própria espada que – adivinhem – tinha um javali no punho. 

Limpei um risco de suor do rosto – Bem, eu não fiz piada. Eu contei a verdade sobre algo óbvio até para um javali. – frisei a última palavra, o que pareceu deixar a gorda mais raivosa.

Ela equilibrou a espada, apontando a ponta para meu cinto e – logicamente –, para minha espada. Luz do Luar cresceu conforme eu puxava o cabo. Agora, estávamos páreo, e Clarisse pareceu fraquejar ante a luz rateada da lâmina. Sorri – Vem bebê...

Clarisse explodiu para a frente com um berro descomunal, apontando a ponta da espada para meu peito. Consegui desviar o golpe apenas deixando minha espada encontra a de Clarisse e girando meu corpo para trás dela.

Manejei a lâmina, tentando cortar a coxa dela. Clarisse virou no último segundo, desviando o golpe com o cabo. Tirou uma faca do cinto de armas – tinha uma Desert lá – e atirou a lâmina em mim. 

Algo dentro do meu corpo esfriou, fazendo o tempo desacelerar. Eu pude ouvir meu sangue rugindo em meus ouvidos, Clarisse rindo baixo, Percy gritando, um trote distante, um latido insistente e algo que parecia um coro de anjos.

A lâmina parou a um milímetro do meu peito, a lâmina pronta para perfurar meu coração. O bronze começou a ficar avermelhado, se torceu todo e, finalmente, caiu em uma poça fumegante de metal derretido.

Clarisse ficou encarando a poça abrir um buraco no chão de pedra. Seus olhos estavam brilhando com medo e respeito. Ela deu dois passos vacilantes para trás, ainda me encarando. Fiz menção de correr atrás dela, e a filha do temido Deus da Guerra correu mais do que suas pernas aguentavam.

Olhei para o céu – agora escuro –, para o eclipse repentino, e soube, naquela hora, que alguma coisa estava me protegendo. Alguma coisa poderosa. Abaixei o olhar e comecei a gargalhar.

Percy, ainda estupefado, encostou a mão no meu ombro e me guiou para as arquibancadas. Eu ainda ria, e os outros campistas estavam em choque, olhando para mim, para o céu e para a Lua Cheia que brilhava. Uma sombra dourada estava saindo de trás da Lua, indicando o fim do eclipse.

Por fim, todos os campistas começaram a bater palmas. Eu sorri uma última vez e me levantei, indo na direção do Pavilhão Refeitório. 


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Notas finais do capítulo

Então é isso. Talvez seja o último capítulo da maratona, mas eu posso postar alguma coisa amanhã.
Bem, eu fiz revelações aí, cabe a vocês indicarem quais são. E eu também coloquei uma pista para uma possível segunda temporada.
E, bem, o que acharam da Clarisse medrosa? Têm alguma ideia de quem seja o ser que defendeu o Hal? Têm alguma ideia de quem o Hal é prometido? Posso continuar a fic?
Ah, alguns avisos antes:
Talvez eu só consiga postar nos fins de semana, e não posso garantir que seja maratona, porque o Enem tá arrancando cada fio do meu pensamento.

Eu sou co-autor de uma outra fic sobre Percy Jackson, vou deixar o link aqui e quem se interessar leia, porque a fic é muito linda, e eu me orgulho de ajudar nela.

E, por último, muitos beijos de FDL pra vocês. Reviews e recomendações são bem vindos.
Bye.