O Prometido escrita por Hal Hudson


Capítulo 13
Fim de missão. Ou quase isso


Notas iniciais do capítulo

MIL PERDÕES PELA DEMORA! Sério, mas meu... é, digamos "namorado" foi pro Canadá hoje. Eu tô arrasado, mas ainda lembrei de vocês. Isso é bom, né?
Bem, enfim, capítulo novo, amanhã eu posto mais um...
Aproveitem



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Achar Eros foi fácil. Difícil foi passar pela Medusa.

Nem percebemos que a velha bolorenta fazendo tricô no ponto de ônibus tinha um turbante cobrindo a cara toda até ela vir em nossa direção retirando o turbante e revelando víboras amarelas.

Nos armamos (Dã!) e partimos para cima da coisa que queria nos matar.

– Vocês não vão pegar o deusinho desgraçado! Eu não vou dei...

Bang! Uma pedra atingiu a cabeça da mulher com um estrondo.

– Três pontos! Come pedra, cobra desgraçada! – Piper gritou em algum lugar atrás da Medusa.

– Argh! Sua semideusa asquerosa! Eu vou te picotar! – Medusa sibilou.

– Sem cabeça? Acho meio difícil! Drew usa seu charme, Hal chama a atenção dela e eu... – Piper mostrou a faca e fez um movimento fingindo degolar alguém.

Assenti – Ei, caspa de cobra! Ouvi falar que sua avó era um basilisco, é verdade?

– Você vai virar concreto! – o monstro rosnou.

– Ah, esqueci. Sua avó era uma minhoca – ela se jogou contra mim e eu me esquivei. Quase cortei sua cabeça no meio, mas ela era rápida para uma velhota.

Drew estava falando com Medusa, tentando chamar sua atenção. Foi um erro. Eu me concentrei em suas palavras e comecei a me sentir sonolento e pesado. Medusa pulou em cima do meu braço e o arranhou.

Dor explodiu em meu antebraço direito e eu larguei a espada.

– Sua desgraçada com cabelo de minhoca! Você me paga.

– Isso é icor de hidra querido. Vai te matar loguinho. – Medusa sussurrou. Meu braço começou a esverdear. Olhei para o lado, para as meninas.

Drew continuava a falar com Medusa, e agora tentava alguns arremessos com pedras. Piper tentava achar uma brecha no monstro para matá-lo e eu tentava não gritar de dor enquanto corria. Meu braço queimava muito, parecia que o veneno corria por meu corpo, direto para o coração. Medusa gargalhava da minha condição.

– O heroizinho prometido vai morrer em minhas mãos – ela cantarolava para si mesma.

Eu fui tão imprudente que não resisti e me virei para dar um soco na cara enrugada da Medusa, sem fechar os olhos. Os olhos dela brilharam em um tom de mármore e eu senti uma linha fria atravessar meu corpo. Meus movimentos foram ficando lentos, minha visão foi escurecendo, o frio foi aumentando.

Olhei para baixo e quase morri: eu estava morrendo, me transformando em uma pedra gigante, a petrificação saindo da minha cintura. Meu coração parou, transformado em pedra. Minha visão escureceu de vez, e eu só ouvi o grito de Piper, distante e baixo, como um sussurro, cada vez mais fraco.

Me vi em frente a um homem bem vestido, a pele cor de chocolate.

– Ora, ora, o garoto prometido. Você tem uma visita antes de embarcar – o homem disse.

– Q... Quem é você? – perguntei inocentemente.

O homem sorriu – Eu sou Caronte – e me empurrou até uma sala vazia, apenas com duas cadeiras, uma mesa e um bebedor.

– Sente-se, ela já está vindo – ele me empurrou para dentro da sala.

– Ela quem? – mas ele já tinha fechado a porta.

Eu lembrei do dia anterior, quando fui avisado da minha morte e ressurreição. Eu parecia Jesus, só que grego e com quinze anos...

O ar tremulou na minha frente e uma adolescente apareceu. Ela tinha o cabelo loiro, um pouco ondulado e vestia uma calça jeans e botas com uma camiseta preta e uma jaqueta fina.

– Ártemis – me curvei para ela – Que bom te ver antes de morrer.

Ela riu – Morrer? Não agora Hal. Eu ainda nem retribui sua oferenda! E me chame de Diana.

– Minha... Oferenda? – disse. Um pouco de esperança crescendo dentro de mim.

Ela tirou um anel do bolso e o entregou a mim – Acho que isso é seu.

Peguei o anel. Era o mesmo que meu pai me dera de aniversário.

– Use-o bem Hal. Acho que é hora de acordar.

Tudo escureceu. Então a escuridão começou a rachar e raios de luz do sol começaram a entrar por todos os lados. Senti um puxão e senti meu corpo novamente, quente e vivo. E tudo clareou com um estouro.

Não sei quem ficou mais surpresa, Piper, Drew ou a Medusa. Quando voltei à vida vi Piper jogada no chão se contorcendo de dor, seu braço sangrando. Quando ela me viu soltou um arquejo um pouco exagerado.

– Você tá vivo?

– E melhor que nunca – respondi.

Quando Drew me viu ela fez pior. Gritou apavorada.

– Você devia ter morrido!

Sorri amarelo – Também te amo Drew – e saí em busca da Medusa.

Já estava de noite, mas nem fazia diferença. Eu brilhava em um tom prateado que iluminava toda a praça.

Achei a Medusa sentada no banquinho da praça tricotando uma touca horrenda para as cobras, que agora tinham lacinhos de bolinhas amarrados no pescoço. Quando ela me viu quase caiu do banco.

– Você não morreu? – ela arquejou surpresa.

– Parece que sim. Agora é minha vez de brincar.

Ela tirou a gaze do rosto e seus olhos brilharam na cor do concreto. Depois seus olhos começaram a fumegar e ela soltou um grito de agonia, fechando os olhos.

– Ninguém tenta me transformar em pedra! – falei ferozmente, agarrando seu pescoço com a mão direita. Meu anel fumegou e esquentou, fazendo a Medusa se contorcer de dor. Com um movimento rápido, quebrei seu pescoço. Quando me dei conta, não havia sobrado mais nada além de pó e uma gosma verde que se dissolvia.

Fui correndo ajudar minhas amigas, mas nem precisava. Alguém já havia cuidado delas.

ELA estava sentada, as pernas cruzadas, tomando chocolate quente com as meninas. Elas estavam curadas e saudáveis e eu estava suado e fedendo. Mesmo assim a deusa sorriu ao me ver. Havia um brilho estranho em seus olhos, parecia expectativa.

Eu sorri para ela – Oi...

Ela se levantou e chegou para perto de mim – Você conseguiu não morrer. As Parcas escolheram bem.

– É. Agora você vai ter que me aturar – falei brincando.

Ela sorriu – Eu acho que aguento isso – e me beijou.

Foi a melhor sensação do mundo, algo inexplicável. Uma onda de calor passou por mim, rodeada de boas lembranças. Eu me vi sentado na varanda de casa esperando meu pai se arrumar para sairmos jantar, lembrei de minha mãe lendo para mim, da captura da bandeira e de tantas cores e cheiros marcantes que me fizeram começar a rir por dentro. Mas tudo aquilo não era nada comparado àquele beijo.

Quando ela se separou de mim (maldito ar!) eu quase fiquei triste. Mas uma voz no fundo da minha cabeça disse: Ela já é sua, seu babaca! Então deixei quieto. Piper olhava assustada de mim para Ártemis, resolvendo quem beijou quem enquanto Drew dava saltinhos de alegria.

Ártemis riu ao ver a cena e abraçou meu pescoço – Você não vai se livrar de mim tão fácil – ela sussurrou ao meu ouvido, digamos, um pouco alto demais.

Nós rimos e meu mundo virou. Literalmente.

Quando me dei conta estava com o pé em cima de uma tigela de cereal matinal e tinha uma Katie Gardner muito brava olhando para a mesa. Quando ela levantou os olhos para mim, quase caiu do banco.

Ártemis estava sentada ao lado do Sr. D, que tomava uma lata de Diet Coke como se aquilo fosse normal. Ele murmurou alguma coisa para ela, que assentiu. Depois disso ele sumiu em uma nuvem roxa.

Quíron pousou sua caneca de chocolate quente na mesa e me fitou – Pode descer da mesa, por favor?

– Ah, claro! Porque não – desci da mesa. Katie guinchava alguma coisa para a campista ao seu lado.

– Conte-nos a missão, por favor – disse Ártemis dando uma piscadela para mim.

Respirei fundo e comecei a contar a história. Piper e Drew tiveram terminará-la na metade, pois eu comecei a tremer e acabei desmaiando de exaustão.

Acordei dois dias depois, e me alegrei ao ver uma lua brilhante na minha frente. Ártemis estava passando um pano molhado em minha testa, e quando me viu abriu um enorme sorriso – Meu herói acorda depois da batalha?

Eu gemi – O que houve? Temos que voltar para a missão. Ainda não libertamos Eros.

Ela me beijou. Um beijo doce e apaixonado – Ele já está seguro. Reapareceu no Olimpo assim que você matou Medusa. Descanse, amanhã temos captura da bandeira.

Fitei-a – Temos?

– Minhas caçadoras contra vocês.

Eu gemi de novo, só que mais alto. Ela sorriu e se deitou ao meu lado na cama. Não parecia nem ser a enfermaria nem ser o chalé de Afrodite. O teto era prateado, o chão de madeira polida e as paredes tinham peles e cabeças de animais e monstros. Eu estava no chalé 8.

– Você fica uma gracinha dormindo, sabia? – ela disse.

– Meu pai fala que eu pareço um babuíno dormindo – passei meu braço em torno do seu pescoço, e, com um pulo, ela ficou em cima de mim, pondo os meus braços presos entre meu corpo e suas pernas.

– Então você é o babuíno mais fofo do mundo – e ela me beijou novamente, selvagem e quente. Depois disso... Bem, privacidade. Não preciso contar tudo, preciso?

Acordei atrasado, ou seja, já era almoço. Eu acordei e fui direto para fora. A luz do Sol me cegou e eu tive que ir me arrastando ao pavilhão refeitório.

Cheguei lá e vi todos me olhando. Bem, eu devia estar horrível, meu cabelo devia parecer um ninho de rato, eu devia estar totalmente babado, estava apenas de pijama (o qual estava rasgado. Culpa de uma certa deusa pervertida) e parecia um zumbi.

Quíron me chamou até sua mesa e me disse para ir na Casa Grande depois do café. Assenti e fui me sentar na mesa 10.

– Bom dia – resmunguei.

– Bom dia – o chalé resmungou de volta. Então começaram a falar todos de uma vez, perguntando como havia sido, se ela beijava bem, se nós dormimos na mesma cama, se fizemos aquilo. A cada pergunta eu ficava mais vermelho e ia me abaixando mais no banco até ficar só com a cabeça para fora da mesa.

– Foi ótimo, ela beija super bem, nós dormimos juntos, quase fizemos aquilo se querem saber, e não, eu não vou contar como foi a noite em si. Pervertidos.

Depois do café, Quíron anunciou uma reunião pós missão. Corri para a Casa grande com uma panqueca na mão e um expresso na outra.


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Notas finais do capítulo

Tá, horrível e o último cap ficou MEGA confuso. Mil perdões, mas minha cabeça tá um lixo.
Espero que tenham gostado do capítulo.
Reviews, críticas e sugestões são sempre bem vindos. E, claro, pedidos!
Beijos.