31 de Janeiro...

Samara estava na pista de skate, já havia caído duas vezes, mas não se importava, continuava com vários flashes martelando em sua cabeça.

“Só queria que não fossemos um segredo”. –Amanda.

“Não se trata de ciúmes, ciúmes é só a ponta do Ice Berg. O que acontece é que eu estou frustrada com toda essa situação. Sempre sinto que nossas vidas são uma historia sobre ‘eu e você’, e não sobre ‘nós’”. –Amanda.

“Ficar adiando essa conversa não vai torna-la mais fácil, Samara”. –Amanda.

“A diferença entre mim e você, Samara, é que eu te amo e to disposta a enfrentar tudo isso por você... você não me ama tanto quanto eu pensava”. –Amanda.

“enquanto você não disser a eles quem você realmente é, eles nunca vão amar você de verdade, vão amar essa imagem que você projeta na cabeça deles”. –Amanda.

“Don't wanna be just your case, no more” (não quero ser apenas o seu caso, não mais). –Amanda.

“Stop pretending to be who you're not and make me believe that ‘we’ really exists” (Pare de fingir ser quem você não é e me faça acreditar que "nós" realmente existe). –Amanda.

“o que realmente é importante pra você, ‘nós’ ou a sua reputação”. –Amanda.

“ela se sente usada como passatempo a cada vez que você enrola ela e, ás vezes, a gente só encontra consolo em outra pessoa” –Derick.

“a Amanda tem que ter paciência com você, entretanto, ela já teve e muita, até mesmo ao ponto de se anular”. –Lídia.

“você, Samara, tem que aceitar o fato de que você é e sempre será quem você é”. –Lídia.

“você tem que enfrentar o seu medo, porque não é justo nem você se anular, nem quebrar a confiança dos seus pais. Imagina se eles acabarem descobrindo antes que você conte, imagina como eles se sentiriam traídos sabendo que você não confia neles o bastante pra revelar quem você é”. –Lídia.

“Pedro, você viu se a Sam comeu ontem? Eu só vi ela subir as escadas com uma latinha de refrigerante”. –Mariana.

“Mariana, a comida que a gente deixou pra Sam ontem tá todinha aqui de novo. Você tem que conversar com essa menina antes que ela fique doente”. –Pedro.

“Quando que eu vou falar com ela, Pedro? Ela só tá chegando em casa tarde da noite só pra dormir, e, se ela vai ficar sem comer direito e fazendo atividade física (andando de skate) direto, ela tem que pelo menos dormir direito a noite, se não tenho até medo do que pode acontecer com ela”. –Mariana.

E com todos esses flashes, vinha um turbilhão de pensamentos e sentimentos de culpa.

“Mandou bem, Samara Oliveira, tá magoando a sua namorada e preocupando seus pais só por ser uma tremenda e total covarde”.

Ela se sentia cada vez mais triste, mas junto com esses flashes, vinham outros de raras vezes que ela conseguiu ouvir alguma conversa em casa nos últimos meses.

“mal posso esperar pra ver se vai ser uma menininha do cabelo ruivo como o da Sarah ou se vai ser um meninão do cabelo castanho como o do Dinho”. –Mariana.

“Confesso que eu to bebendo água muito mais depois que colocamos a foto do ultrassom na porta da geladeira”. –Pedro.

“Na minha juventude, eu sempre disse que ia ensinar meu neto a me chamar de titio, mas agora eu chamo a barrida da Sarah de ‘coisinha linda do vovô’”. –Pedro.

“A Sarah tá uma gravida tão linda, a cada dia mais”. –Mariana.

Samara só percebeu que havia caído de novo quando sentiu o corpo doer.

Samara: _Mas que droga. –diz Samara pegando o skate do chão enquanto derramava poucas lágrimas rapidamente, enxugou as lágrimas e saiu andando com raiva de si mesma e do skate, mas parou subitamente. –Amanda?

Amanda: _Samara? O que aconteceu com o seu cabelo? –diz Amanda também surpresa já que Samara bem diferente.

Samara: _E-eu nã-não sei. Foi fi-ficando assim de-depois que vo-ocê viajou. Senti sua falta. –diz Samara sem pensar, estava atônita demais para pensar.

Amanda: _Se sentiu minha falta, pensou em mim, se pensou em mim, pensou sobre o que eu disse, se pensou sobre o que eu disse, com certeza deve ter tomado uma decisão.

Samara: _E-eu... Bom... Ma-mais ou menos, e-eu... O-o que você ta-tá fa-azendo aqui?

Amanda: _Isso não vem ao caso. A gente conversa quando você se decidir. –dito isso, Amanda faz menção de ir embora, mas Samara a segura.

Samara: _Es-espera. Nã-não faz i-isso, faz me-meses que não no-os vemo-mos.

Amanda: _É, faz, o que te deu bastante tempo pra pensar. Solta o meu braço.

Samara: _Mas eu pe-pensei. Pe-pensei e re-repensei mil vezes, mas é a-algo difícil pra se to-tomar uma de-decisão.

Amanda: _Solta o meu braço.

Leonardo: _Samara, Amanda! Samara, Amanda! –Leonardo chega gritando para as duas.

Amanda/Samara: _O QUE VOCÊ QUER, LEOCHATO! –dizem juntas com impaciência.

Leonardo: _Alguém me empresta o celular rápido pelo amor de Deus! –diz Leonardo com um desespero tremendo estampado no rosto.

Amanda: _Pra que?

Leonardo: _Pra chamar uma ambulância, o Derick acabou de sofrer um acidente!

Amanda/Samara: _O QUE?!

Samara: _ONDE?! –grita Samara desesperadamente agarrando Leonardo pela gola da jaqueta enquanto Amanda procurava freneticamente o celular nos bolsos da calça e da jaqueta.

Leonardo: _A-ali na-naquela rua. –diz Leonardo com os olhos arregalados meio amedrontado e meio nervoso apontando para a direção de onde Derick estava.

Amanda acha o celular no mesmo instante em que Samara saiu correndo na direção em que Leonardo apontou, então ela entregou o celular na mão de Leonardo e correu atrás.

Samara viu Derick no chão todo ensanguentado e sentiu as pernas fraquejarem, mas Amanda chegou a tempo de não deixa-la cair.

Amanda: _Sam, não olha pra ele.

Samara: _É meu melhor amigo, é meu irmão de outro sangue, eu o amo!

Amanda: _Eu sei que não conheço ele a tanto tempo quanto você, mas eu também amo ele demais, e olha aqui pra mim. –Samara olhou para Amanda já com os olhos cheios de lágrimas. –Vai ficar tudo bem, eu sei que vai. O Derick é forte e vai ficar bem.

Samara: _Como você pode ter certeza?

Amanda: _Eu não sei, mas sei que ele vai ficar bem. Você confia em mim?

Samara: _Confio.

Amanda abraça Samara forte enquanto elas esperam a ambulância.