Paradoxo Temporal escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 30
Enfim, voltando para casa - FINAL




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- Cheguei! – uma voz familiar se fez ouvir na Yorozuya.

- Bom dia, Sensei! – Ginmaru foi até a sala bocejando. – O que aconteceu pra você estar aqui e não no Shinsengumi?

- Eu estou de férias. Mas não aguentei ficar parado lá em casa e vim aqui em nome dos velhos tempos.

- Dá pra parar com esse papo de velho saudosista? – Kagura resmungou logo que saiu do armário que ainda existia para dormir. – Isso tá ficando chato.

- O que é isso, Kagura-chan... – o Shinpachi mais jovem disse enquanto saía da cozinha com o café da manhã reforçado. – Não há nenhum problema em relembrar o passado. Nós sempre fazemos isso.

- Mas não numa fanfic, quatro-olhos.

- E aqueles dois dorminhocos, onde estão? – o Shinpachi mais velho perguntou.

Logo, dois bocejos se fizeram ouvir. Enquanto o Gintoki do passado saía ainda mancando de leve do banheiro, o mais velho entrava após ambos murmurarem um “bom dia” mútuo.

Tudo ali começava aos poucos a voltar à tranquilidade. Já fazia uns três dias que ocorrera a batalha contra Kasler, sua queda e o desabamento do antigo Terminal de Edo. Os mais feridos ali eram justamente o Yorozuya do passado e o Gintoki daquela linha de tempo, que tinha seu braço esquerdo ainda imobilizado por conta da recuperação do ferimento causado pela katana que o transpassara. Felizmente, estava se recuperando bem.

Suas feições estavam bem diferentes de quando fora retirado aquele microchip da sua cabeça. Finalmente, estava livre daquele tormento que o perseguia desde então. Ele estava mais tranquilo, mais relaxado. Mas meio aborrecido por não poder ainda retomar seu trabalho como Yorozuya depois de longos anos. Não sabia como aguentava ficar tanto tempo longe do que gostava.

Mas, o importante é que aos poucos a sua vida começava a voltar ao que era antes. Claro que teria que se acostumar com o filho já um adulto, com o gorila casado com a irmã do quatro-olhos, com o quatro-olhos comandando o Shinsengumi... De toda forma, ver sua versão do passado ali lhe dava um ânimo novo para voltar a seguir sua vida, que fora interrompida por dez anos.

Sorriu ao ver seu “outro eu”, junto com Shinpachi e Kagura. Sentiu-se bastante nostálgico ao ver o trio discutindo insanidades como sempre.

Nisso, a campainha tocou e ele foi atender. Era Katsura, que entrou desesperado e quase atropelou o amigo:

- GINTOKI!! ACONTECEU UM DESASTRE COMIGO!

- EI! – ele protestou. – O que tá pegando de tão grave?

- Gintoki – o líder Joui agarrou o albino desesperadamente pelo quimono. – O meu cabelo... O QUE ACONTECEU AO MEU LINDO E SEDOSO CABELO?

- E EU SEI LÁ, ZURA? EU TAVA QUASE MORRENDO AQUELE DIA!

Katsura estava com os cabelos curtos, como anos atrás. E não sabia a razão de ter-lhe acontecido isso. Porém, o Trio Yorozuya do passado tinha a resposta.

- Você tomou uma pancada bem forte na cabeça e desmaiou por três dias. – o outro Gintoki respondeu enquanto retirava a cera do ouvido com o dedo mindinho. – Aquela sua cabeleira se enroscou toda em vários fios desencapados e o Shinpachi-kun teve que cortar com a espada pra te tirar de lá.

- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOO!! – Katsura se ajoelhou e gritou de forma extremamente dramática enquanto todos os presentes tapavam os ouvidos.

*

Enquanto o Distrito Kabuki voltava à sua “normalidade”, o Shinsengumi mobilizava grande parte de seus homens para a reconstrução do QG ainda danificado das batalhas recentes. Todos ali, exceto os que não tinham condições físicas para o serviço, estavam com a mão na massa, nas tábuas, nos martelos, nos pregos...

Enquanto o Comandante Shimura Shinpachi, depois de tudo aquilo, começava a tirar umas merecidas férias, Hijikata Toushirou acumulava provisoriamente o cargo de Comandante e Vice-Comandante. E, claro, isso era um prato cheio para um certo Capitão da Primeira Divisão do Shinsengumi. Não que Okita Sougo não estivesse fazendo nada para ajudar, mas o fazia a contragosto. E também não significava que o rapaz de cabelos castanhos não tentava matar seu superior, ou ao menos feri-lo. Sendo com tábuas que ele propositalmente tentava bater em Hijikata toda vez que virava, ou deixando o martelo cair “acidentalmente” na cabeça do moreno, que se esquivava e, evidentemente, ficava furioso com aquilo:

- SOUGO, DÁ PRA PRESTAR ATENÇÃO NO SEU SERVIÇO? TENTA ME MATAR DEPOIS!

Claro que Okita ignorava, enquanto Yamazaki caía de um andaime, pois fora atingido pelas tábuas que Sougo tentava acertar em seu superior. Em meio a essa muvuca toda, Kondo e Tae, acompanhados pela pequena Hotaru, passavam ali para cumprimentar o pessoal.

- Yo, Toshi! – Kondo cumprimentava o amigo de forma jovial. – Como tá indo a reconstrução aí?

- Tá indo, Kondo-san. – Hijikata respondeu. – Tudo conforme planejado, apesar de alguns folgados atrapalhando mais do que ajudando. – olhou para Okita. – Em alguns dias tudo deve estar pronto.

- Kondo-san – Okita perguntou. – Aonde você vai?

- À Yorozuya. Shinpachi-kun está lá. E aquele trio que veio do passado vai partir hoje.

- Ah, sim. – Hijikata disse enquanto ajeitava os óculos de grau. – Não vou poder ir lá e nem quero. Se um projeto de Yorozuya já me irrita, imagina ele e as duas versões do pai dele...!

*

Apoiado na grade de madeira da varanda, olhava atentamente o movimento da rua de terra logo abaixo. Tudo ali voltava à sua aparente normalidade, mais ou menos como anos atrás... A não ser o bar logo abaixo que agora pertencia à Catherine.

Contava os dias para poder voltar a fazer o que sempre fazia, antes da sua vida ter um borrão de dez anos. Claro que, se ainda existisse a Shounen Jump, a espera seria bem mais fácil. Mas dava pra tirar de letra, nada que ver sua musa Ketsuno Ana na TV não ajudasse, além de doses bem generosas de açúcar para se ingerir.

O albino continuava a contemplar aquele lugar que aprendera a considerar como seu amado lar, quando ouviu Ginmaru se aproximar.

- Matando a saudade de Kabuki? – o jovem perguntou.

- Não costumo ser saudosista assim, mas eu não tive como não ficar. – Gintoki sorriu. – Já fazia dez anos que eu não botava os pés aqui.

- Você acha que vai ter alguma dificuldade em se readaptar?

- Talvez não tanto... Tirando o fato de que eu ainda tô tentando lembrar que você não tem mais oito anos.

- Deve ser bem estranho se sentir assim.

- É como eu disse antes, Ginmaru. É como se eu dormisse e você tivesse oito anos. E eu acordo e vejo você como está agora... – suspirou. – É muito confuso. E talvez seja tão confuso quanto meu outro eu descobrir que dentro de algum tempo pode ter um filho vindo sabe-se lá de onde.

- Quando você me achou no cestinho quando eu era um bebê, você deve ter feito a mesma cara de choque que seu outro eu fez quando eu me revelei... Apesar de que ele quase me encheu de sopapos.

- Típico de mim.

- Você não mudou praticamente nada.

Os dois ouviram outra voz os chamando:

- Ei, vocês dois! – era o Shinpachi mais velho. – Vamos lá?

*

- Então... É hora da despedida, certo? – Ginmaru disse já com o pequeno controle remoto na mão.

- Despedidas são sempre tão chatas... – o Gintoki mais jovem resmungou.

- Isso é verdade. – Kagura concordou.

- Vocês dois estão sempre sendo chatos. – o Shinpachi do passado disse. – As despedidas são necessárias para estabelecer um bom convívio entre nós e...

- Qualé, quatro-olhos? Assim a gente vai demorar eras pra voltar pra casa! Imagina se a gente chegar lá e já ter se passado uns cem anos?

- Como é que vai passar todo esse tempo, se a gente só ficou por aqui uns dias, Gin-san?

- Como tem tanta certeza? Você já viajou no tempo alguma vez na vida?

E durante essa discussão, Kagura apenas assistia a tudo limpando o nariz com o dedo mindinho, tal qual a contraparte do futuro de Gintoki. Nisso, Ginmaru tentou continuar o discurso de despedida em meio à discussão que agora tinha até menções sobre as viagens de Trunks ao passado em Dragon Ball:

- Bem, eu só posso agradecer por...

Nada, fora completamente ignorado. Tentou dizer mais alguma coisa, mas só pararam quando deu o berro:

- FECHEM AS MATRACAS, VOCÊS DOIS! TÔ TENTANDO FAZER UM DISCURSO DE DESPEDIDA AQUI, CARAMBA!

Nisso, o silêncio reinou sobre o local. O jovem albino limpou a garganta e conseguiu dizer:

- Obrigado por me ajudarem. – fez uma mesura à moda nipônica. – Eu vou ser eternamente grato a vocês três. Não é, pai...?

- Ah, sim. – o Sakata mais velho disse com ar distraído e ainda limpando o salão. – Valeu, gente!

Após mais alguns cumprimentos, Ginmaru acionou o seu controle, o qual abriu o portal por onde o Trio Yorozuya passou. Assim que eles passaram, o portal desapareceu.

*

Uma forte luz surgiu no meio da rua, da qual três pessoas caíram, estatelando-se no chão. Era o Trio Yorozuya, que terminara ali a viagem no tempo... Exatamente no mesmo ponto onde dera de cara com Ginmaru no início.

- Ufa! – Kagura disse aliviada. – Ainda bem que caí no macio!

- Claro, Kagura-chan... – Shinpachi ironizou. – Você tava em cima de mim, né?

- E vocês dois... Estão em cima de mim...! – Gintoki tentava sair de debaixo dos dois companheiros. – DÁ PRA SAÍREM DE CIMA DE MIM OU TÁ DIFÍCIL?

Imediatamente, os dois saíram de cima do albino. Logo que ele se levantou, sentiu que passavam a mão em sua “poupança”.

De novo, tentavam pegar sua carteira? Não pensou duas vezes e usou sua bokutou para acertar o ladrãozinho ordinário que tentava esvaziar seu bolso. Conseguiu nocauteá-lo com um único golpe e recuperar a carteira.

- Mas que droga... – Gintoki murmurou. – Onde está a polícia quando mais se precisa dela...?

Nisso, ouviu um pigarro e alguém dizer:

- O que tem a gente?

Era Hijikata. Sem óculos. Mas com o costumeiro cigarro na boca enquanto guardava no seu casaco o isqueiro em forma de frasco de maionese. Junto com ele, Okita com sua bazuca apontada para a cabeça do seu superior – coisa que com o tempo nunca mudaria. Além dele, também estavam ali Kondo, com a mesma cara de bonachão de sempre e Yamazaki abrindo mais um saquinho de anpan.

Gintoki e Hijikata se encararam por um bom tempo, como se um estivesse estudando o outro para saber a melhor forma de socar a cara. Porém, não houve nenhuma faísca emanando nem dos olhos azuis, nem dos olhos vermelhos.

- Ei, Mayora – Gintoki disse. – Melhor fazer exame de vista de vez em quando.

Nisso, ele, Shinpachi e Kagura saíram dali deixando o Vice-Comandante do Shinsengumi sem entender absolutamente nada. Seguiram até a Yorozuya, onde entraram e Sadaharu os recebeu de forma esfuziante...

... Abocanhando as cabeças dos três.

Aquela era apenas mais uma das coisas que não mudaria com o passar do tempo, dentre várias que viram durante aquela viagem no tempo. Em meio àquele abraço coletivo caloroso, peludo e babado, Gintoki, Shinpachi e Kagura sabiam que aquela amizade que tinham um pelo outro jamais mudaria.

Os anos poderiam passar, mas eles sempre procurariam ser os mesmos. Passasse o tempo que passasse.

Fim!


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Notas finais do capítulo

E nós chegamos aqui ao final de mais uma fanfic... Nestes seis meses em que estive envolvida com ela, eu posso me dizer que me apaixonei por ela durante o processo, e até a considero como uma das melhores que eu escrevi.

Deixo aqui registrado aqui o meu "muito obrigada" a todos que me acompanharam por esta louca jornada pelo tempo e pelas aventuras do Trio Yorozuya e companhia. Devo dizer que, mesmo com todos os percalços que houve durante todo esse tempo, adorei escrever esta história e eu a escrevi com muito gosto! E sinto que esta fic, e esta série como um todo, vai me deixar saudades.

Mais uma vez, obrigada a todos que leram e acompanharam "Paradoxo Temporal"! A gente se vê nas outras histórias!



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