Paradoxo Temporal escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 17
A vingança é um prato que se come frio, então...


Notas iniciais do capítulo

... Espere o sorvete gelar!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/343350/chapter/17

Alcançou sua espada de madeira em meio ao chão gelado, os dedos estavam duros por conta do frio. Seu corpo estava pesado e dolorido. Ferimentos ardiam nos braços, nas pernas e no rosto, no qual escorria um filete de sangue por conta de um corte na cabeça.

- Formidável! É impressionante essa força que você tem, Shiroyasha! Tanto a força física como a força de vontade são enormes!

- Cala a boca, bastardo! Eu não preciso de elogios vindos de você!

Nisso, um garoto albino se aproximou, mas logo uma espada foi apontada para ele.

- Nada disso. – o dono da espada, um alien azul de cabelo alaranjado, disse. – Seu papaizinho arruaceiro ainda não terminou de receber o castigo que merece.

- Cala essa boca, seu idiota! – o garoto respondeu empunhando outra espada de madeira. – Deixa meu pai em paz!

- GINMARU, NÃO SE META COM ESSE CARA!!

O alien azul se virou e acertou mais um golpe com a katana, causando um corte profundo no peito de Gintoki, que caiu para trás.

- Você fala demais, arruaceiro. Na próxima cobrança, não serei bonzinho a ponto de poupar novamente a sua vida, Sakata Gintoki. Nem a sua, e nem a do seu filho. Continuem rebeldes assim, e a família Sakata será erradicada de Edo. A punição será exemplar!

O albino, com o restinho de força que tinha, tentou se levantar novamente, apoiado em sua espada e, com a outra mão, levava a mão ao peito ferido. Seu adversário lhe dava as costas como se nada tivesse acontecido, o que o deixava se sentir ainda mais humilhado diante de seu filho de oito anos.

Mas não devia se deixar abater. Seu sangue de samurai não o permitia fazer isso.

- Você se engana se pensa que vai acabar com a gente, seu azulão idiota...! Isso ainda vai ter volta!

- Veremos, arruaceiro.

- Eu... EU EXIJO UMA REVANCHE, KASLER!! ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM...! VAI PAGAR POR ME HUMILHAR, SEU PASPALHO!

Nisso, acordou. Por que sonhava com algo ocorrido dez anos atrás?

Seria vontade de ter a sua revanche após esse tempo todo? Não podia mentir, queria se vingar daquele bastardo azul, não só por aquela humilhação, como por ter sido um fantoche dele por dez longos anos!

E ele não fora o único a ser um fantoche. Sabia disso. Aquela kunoichi quatro-olhos maluca também fora, assim como o viciado em anpan. Isso, sem contar o Shinsengumi, de forma indireta, e Shinpachi sofrendo todas as pressões de um Comandante, no lugar do gorila Kondo.

Aquele Lorde Kasler ainda governava Edo?

Seu sentimento latente de vingança despertava. Aquele Lorde Kasler tinha que pagar pelo o que lhe fez! Vontade de invadir o que outrora era o castelo do shogun e enfiar uma espada no coração – ou no lugar onde não pega sol – daquele azulão não lhe faltava, mas...

... Não podia fazer isso. Não, quando não era o único que tinha contas a acertar com aquele sujeito. E, pra completar, havia vidas em risco. Vidas pelas quais prezava.

E essa ansiedade por vingança o fazia ser um homem diferente de anos atrás. Não conseguia mais ser o mesmo sujeito relaxado como seu alter-ego do passado. Não, com isso o incomodando, além do hiato de dez anos sem qualquer memória.

Mesmo tentando se acostumar à sua nova realidade, Gintoki não conseguia digerir bem todas as mudanças que ocorreram nesse período. Era como se, ao dormir, seu filho tivesse oito anos e, ao acordar, dar de cara com Ginmaru praticamente adulto, com a sua altura, com a cara parecida com a sua e desafiando um governo.

E, pra piorar, quase matou seu próprio filho em sua inconsciência... E quase se matou, também, quando feriu gravemente sua versão do passado, que quase bateu as botas.

E pouco a pouco, descobria que nesse hiato de dez anos sem nenhuma memória suas mãos e sua katana sempre estiveram sujas de sangue inocente...

“Relaxe, meu caro Demônio Branco... Assim que seu monstro interior for liberado, você estará livre para dar de beber à sua katana quanto sangue você quiser.”

Essa voz era facilmente reconhecível. Era aquele maldito Lorde Kasler quem lhe dizia isso, enquanto resistia em vão a cair na inconsciência. Tentara escapar daquilo como uma besta selvagem, mas fora domado e “apagado”. Seu lado racional e humano passara a hibernar, enquanto seu lado puramente bestial, sedento por sangue dos campos de batalha, o dominava.

Enquanto Sakata Gintoki estava “adormecido”, o Shiroyasha estava completamente desperto. Isso o envergonhava como um samurai. Mesmo sendo considerado um “ex-samurai”, por não portar uma katana, sua alma seguia sendo de um samurai.

Sentia-se atormentado por ter manchado suas mãos de sangue inocente. E, nelas, estava até o seu próprio sangue. Tanto o dele mesmo, e de sua versão do passado, como o de Ginmaru, que carregava seu DNA.

Apesar de estar louco pra ir à forra com Kasler, Gintoki sabia esperar. Shinpachi e o Shinsengumi estavam em risco iminente de serem atacados, e com o que ocorrera recentemente, não era de se surpreender que ele aparecesse pessoalmente na próxima.

Ainda mais que sabia que o Lorde tinha um acerto de contas pessoal com o atual Comandante do Shinsengumi. Não haveria oportunidade melhor que essa para executar a sua vingança.

Afinal, vingança é um prato que se come frio. Ao pensar nisso, foi até a cozinha da casa de Hasegawa para pegar um iogurte gelado.

- Pai, a gente precisa ir ao bar da Catherine. – Ginmaru chegou chamando.

- Pra quê? – Gintoki perguntou enquanto terminava de beber o iogurte.

- É algo que eu fiquei encarregado de te entregar quando você voltasse.

- E o que é?

- Eu te conto lá.

- Ô moleque, que suspense bobo é esse?

- Se eu soubesse o que era exatamente, te falaria logo de cara. Mas te digo que é importante.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Paradoxo Temporal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.