Paradoxo Temporal escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 15
Na hora do sufoco, conte com um amigo rico!




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– Ah, não me diga, Zura...! – Gintoki respondeu aborrecido ao alerta que ouvira. – A gente já tá sabendo!

– Não é Zura, é Katsura. – o líder Joui respondeu. – Ué, Gintoki, se sente mal?

– Nããããããão, imagina... Aiaiai...! Minhas tripas estão ótimas após serem perfuradas por uma espada...!

– A gente já sabia que estávamos cercados, Katsura-san. – Shinpachi disse. – Mas precisamos proteger o Gin-san e a minha irmã.

Sacchan pulou na frente de Gintoki e assumiu uma posição defensiva, abraçando-o por trás:

– Eu defendo o Gin-san!!

– Ei, a coisa não é com o meu outro eu? – o albino tentou se livrar da kunoichi de óculos.

– Tanto faz, porque você e ele são a mesma pessoa, só que em dose dupla!

– Sem essa! Eu já tenho que te aturar na minha linha de tempo, não tenho que te aturar aqui também!

Nisso, uma buzina de carro foi ouvida a alguns metros de distância e um homem de óculos escuros adentrou o lugar. Elegantemente vestido, Hasegawa Taizou deixara de ser um Madao para ser razão suficiente para o Trio Yorozuya ficar de boca escancarada e ficar branco como papel de tanto pasmo.

– Hasegawa-san...? – Shinpachi conseguiu externar o espanto dos três. – O que aconteceu com você...?

– Tive a sorte grande e ganhei na loteria há uns oito anos. E graças a isso eu consegui um emprego e estou vivendo novamente com a Hatsu de forma digna.

– Mas, mudando de assunto – Tae o atalhou. – precisamos de uma ajuda sua, Hasegawa-san, e creio que você não irá negar.


*


Entre mortos e feridos, os primeiros raios de sol que começavam a chegar ali no QG do Shinsengumi mostravam que havia poucos mortos, apesar do combate encarniçado. O número de feridos ali que ficaram fora de combate é que era exacerbado, desde os feridos leves aos mais graves.

O número de baixas preocupava o Comandante Shimura, pois ele sabia que isso significava que, apesar da valentia, o Shinsengumi estava bastante enfraquecido. E sabia também que o Governo Central poderia aproveitar isso para atacá-los novamente e, assim, conseguiria vencê-los.

E, pra completar, a infraestrutura do QG fora bastante danificada. Não sabia ao certo o que fazer de momento, mas certamente teria apoio dos mais experientes para ajudar o Shinsengumi a se reerguer.

Nisso, um toque de telefone celular se fez ouvir ali. Era de Ginmaru:

– Alô! Sim, é o Ginmaru. Hã? Tá certo. Já vamos para aí. Sim, a gente já deu uma estabilizada, deu pra lutar. Ok.

– Quem era?

– O Hasegawa-san, pai. Ele disse que a casa do Shimura-san foi invadida e eles tiveram que sair de lá.

– Ei, ei, espera aí, Ginmaru... Até onde eu sei, aquele lá não tinha nem onde cair morto, como é que ele arranjou um telefone celular?

– Ele ficou rico porque ganhou na loteria há oito anos.

– COMÉQUIÉ??


*


– Sejam bem-vindos ao meu humilde lar!

Assim que desceram do potente carro de Hasegawa, Gintoki, Shinpachi e Kagura mais uma vez perderam a cor ao ver o “humilde lar” do ex-Madao. O “humilde lar” em questão era apenas uma mansão imensa, imensamente pomposa.

– Você disse “humilde lar”, Hasegawa...? – Gintoki questionou todo sem graça. – Tá mais pra um “lar humilhante”, isso sim...

O trio Yorozuya, acompanhado por Tae, seguiu o dono da casa mansão adentro. Katsura e Sacchan haviam ficado para trás, a fim de impedir os invasores de irem atrás deles. Assim que chegaram ao saguão, o albino mais uma vez sentiu uma forte dor, que de tão intensa voltou a lhe nausear.

– Ei, o que tá acontecendo com ele? – Hasegawa perguntou com tom preocupado.

– Acho que é o ferimento do Gin-san. – Shinpachi tentou explicar. – Já tem algumas horas que ele tá assim.

– Precisamos dar um jeito de resolver isso!

– Não adianta levar a um hospital, Hasegawa-san. O outro Gin-san a esta altura é inimigo do tal Governo Central e seria mais perigoso ainda.

– Mas o Gin-san não pode ficar assim!

Logo que Hasegawa contestou Shinpachi, fez uma ligação de seu telefone celular. Não iria deixar um amigo na pior, depois de tantas vezes que ele o livrou de tantas furadas. Assim que terminou o telefonema, anunciou:

– Meu médico particular já está vindo. Não deve demorar.

Gintoki só não contestou, porque não tinha força nem pra ser teimoso, muito menos pra dizer qualquer bobagem. Amparado, apenas seguiu Hasegawa para um quarto qualquer.


*


– Muito bem, pode começar a falar. – era a voz de Hijikata. – Vou ser bonzinho com você, então desembucha!

Num dos anexos ainda intactos do QG do Shinsengumi, o interrogado, pendurado pelos pés por uma corda amarrada no teto, tremia de pavor não só por isso, como também por estar diante do “Vice-Comandante Demoníaco” Hijikata Toushirou. Sentiu uma espada de bambu apertar seu rosto com força:

– Não vai contar nada? – Hijikata insistiu.

Sem resposta. Tratou de se conter, não queria lidar depois com um “arquivo morto”. Já fazia mais de uma hora que tentava arrancar alguma coisa daquele cara e nada.

– Bem, bem... – o Vice-Comandante suspirou aborrecido. – Já que você não quer do modo mais fácil, vai do modo mais difícil. Sougo, assuma o interrogatório.

– Entendido. – a voz inexpressiva de Okita se fez ouvir ali.

– O que vocês estão fazendo? – o recém-chegado Shimura perguntou.

– Tentando arrancar as respostas para as nossas perguntas, Shimura-san. – Sougo respondeu. – Ele não quis abrir a boca quando o Hijikata-san perguntou, porque esse idiota não sabe perguntar apropriadamente.

– Cala a boca, idiota! – seu superior logo soltou o verbo. – Quero ver se você consegue arrancar alguma coisa dele além de sangue e partes do corpo!

– Não seja por isso. – o Capitão da Primeira Divisão logo sacou a katana. – Ei, vai falar alguma coisa, ou vou ter que começar a cortar os seus dedos?

– PÓPARÁ AÍ!! – Shinpachi deu um berro. – EU DISSE PRA PEGAR INFORMAÇÃO DO YAMAZAKI-SAN, NÃO PRA MATÁ-LO!

– Ué, mas ele tem um microchip na cabeça.

– Mas isso não é motivo pra cortar a cabeça junto, Okita-san... Me passa essa espada de bambu!

O Comandante Shimura assumiu um ar agressivo, bem ao estilo enfezado dos tempos de Yorozuya:

– Ei, Yamazaki-san! Pode falar tudo o que você sabe do Governo Central!

– Não. Não vou trair o Governo Central.

– Foi o que eu disse, Shimura-san. – Hijikata disse enquanto acendia mais um cigarro. – Arrancar algo de um espião é difícil. E o Yamazaki pode não se lembrar de nós, mas ele se lembra perfeitamente de agir como um espião.

– E o pior de tudo é que se arrancarmos o microchip da cabeça dele agora, podemos perder alguma informação preciosa do Yamazaki-san.

– Não conseguiu nada daquele seu amigo estúpido de cabelo ruim?

– Não. O Gin-san ainda se diz bastante confuso. E a Sacchan-san disse o mesmo.

– Aquele lá é uma bagunça ambulante.

– Ele me garantiu que, se conseguisse lembrar alguma coisa, me contaria.

– Veremos.

– Enquanto isso, vou ter que me contentar com alguma informação do Yamazaki-san. Pra isso...

O Comandante Shimura empunhou a espada de bambu e fechou os olhos, respirou fundo para, em seguida, colocar em prática o que pretendia. As lentes de seus óculos de grau emitiram um brilho sinistro e, em seguida, sua voz ficou rouca e agressiva:

– Vai dizer pra mim tudo o que sabe sobre o Governo Central?

Yamazaki logo respondeu:

– Sem chance. Não vai arrancar nada de mim.

– Tem certeza? – o Shimura apontou perigosamente a espada para os “países baixos” do espião, que suou frio.

– Absoluta.

– Certo, então... TOMA ESSA!!

Deu o golpe com muita força, o que fez com que o pobre prisioneiro desse um berro assustador, tamanha a dor naquele lugar.

– VAI RESPONDER, OU NÃO VAI? – e Shinpachi deu outro golpe. – FALA TUDO O QUE VOCÊ SABE SOBRE O GOVERNO CENTRAL, OU LOGO VOCÊ DEIXA DE SER HOMEM!!

– Tudo bem, eu falo tudinho tintim por tintim, mas por favor não me torture mais!! – Yamazaki disse com a voz ainda mais apavorada e chorosa do que antes.

– Gostei do método do Shimura-san. – Okita disse com sua típica expressão sádica. – No próximo interrogatório que eu participar, eu o usarei.

– Ele tá agindo como se ainda fosse o moleque que trabalhava na Yorozuya. – Hijikata observou.


*


– Bom, bom, bom... Eu estive olhando os relatórios de vocês e estou realmente decepcionado com o desempenho que apresentaram ultimamente. Primeiro, perdemos o Shiroyasha, depois, Sarutobi Ayame, agora perdemos Yamazaki Sagaru e ainda sofremos baixas lutando com aquele bando de vira-latas do Shinsengumi? Francamente... Eu esperava mais de vocês.

– Lorde Kasler – um dos Amantos com cara de réptil disse, portando uma foto. – Tudo estaria correndo bem, não fosse por este trio recém-chegado!

– Quem são esses três?

– Ouvi dizer que foram trazidos do passado pelo filho do Shiroyasha. Reconhece o garoto de óculos, Lorde?

O “Lorde” em questão logo se revelou. Era um humanoide de cerca de um metro e oitenta de altura, físico bastante atlético, pele azul e cabelos longos e alaranjados, preso em um rabo-de-cavalo. Em seu rosto harmônico, uma cicatriz por cima do olho esquerdo chamava a atenção.

– Reconheço perfeitamente esse rosto por trás desse par de óculos. – afirmou assim que analisou mais detidamente a foto que recebera. – Foi ele quem me deixou com esta cicatriz em meu rosto. E que hoje é o atual Comandante do Shinsengumi.

– Lorde, o que pretende fazer diante disso?

– Tudo a seu tempo, meu caro. Apesar de terem derrotado nossos homens, os vira-latas do Shinsengumi não saíram ilesos. Os remanescentes do antigo shogunato estão enfraquecidos e outro ataque contra eles é o suficiente para liquidarmos com esse último entrave. E certamente liquidaremos tudo ali de uma vez. Reafirmaremos nosso Governo Central e ainda terei minha vingança pessoal. E com isso acabaremos com essa bobagem de coexistência entre terráqueos e nós, que deveríamos dominar este lugar há mais tempo. Para isso se confirmar em definitivo, apenas precisamos acabar com esse último obstáculo formado por aqueles caipiras do Shinsengumi. E o último acontecimento acabou nos beneficiando, apesar de tudo, não acha? Há males que vêm para o bem.

– Pensa em “sufocar” essa “rebelião”, ó Lorde?

– Por aí.


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