Paradoxo Temporal escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 14
Cães acuados são extremamente perigosos




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– Ora, ora, se não é você, Yamazaki... – Okita disse procurando manter seu rosto inexpressivo. – Acho que devo reportar isso ao Hijikata-san e ao Shimura-san. Aguarde pelo seppuku por alta traição.

O Capitão da Primeira Divisão do Shinsengumi não hesitou e apontou sua katana para Yamazaki Sagaru, que estava desaparecido desde logo após o incidente com o “carrasco” Shiroyasha. Os homens do Governo Central avançavam o combate, até que deixaram seus adversários acuados no centro do terreno, juntos a Sougo.

Evidentemente, ficaram surpresos ante a aparição de Yamazaki, sob a mira da espada de Okita, que permanecia com seu semblante frio e calculista.

– Hijikata-san, Shimura-san – disse. – Já descobri quem deu as coordenadas para que o Governo Central nos acuasse.

Evidentemente, o Vice-Comandante se deixou tomar pela ira. Não iria tolerar um traidor, ainda mais um espião, outrora do Shinsengumi. Não toleraria tamanha deslealdade de um subordinado, e não faria objeção alguma em separar a cabeça do corpo daquele bastardo!

Sentia-se obrigado a cortar literalmente o mal pela raiz, em nome de seu zelo para com o código interno do Shinsengumi! Mas...

– Sei o que tá pensando, Hijikata-kun. – Gintoki disse. – Mas não vale a pena cortar o pescoço de alguém com um microchip implantado na testa.

– Que papo furado é esse de microchip?

– Tá vendo isto aqui? – o albino levantou uma mecha de cabelo, revelando o curativo. – Até umas horas atrás, eu tinha um troço desses na minha testa... E tô odiando esse vento entrando nos meus países baixos por falta de uma calça!

Ignorando as queixas de Gintoki a respeito da falta que sentia das calças, o Comandante Shimura concordou com o amigo:

– Hijikata-san, o Gin-san tem razão. Não podemos executar o Yamazaki-san dessa maneira, porque ele nem sabe o que tá fazendo!

– Ele é um traidor, Shimura-san! – Hijikata contra-argumentou. – Nosso código diz que traidores do Shinsengumi devem ser condenados ao Seppuku!

– Toshi – Kondo interveio. – Toda regra tem uma exceção, você sabe disso. Se for comprovado que a traição é involuntária, o Zaki não será punido, mas considerado inocente.

– Não temos como arrancar esse possível microchip da cabeça desse idiota agora, Kondo-san. E precisamos resistir ao ataque do Governo Central.

– Deixa o Zaki comigo, Toshi. – o Comandante Honorário do Shinsengumi disse enquanto dava um forte soco no estômago de Yamazaki, ao mesmo tempo em que os demais procuravam deter o avanço inimigo. – Assim que as coisas se acalmarem, vamos resolver isso.

– Como vai fazer pra lutar e protegê-lo ao mesmo tempo, Kondo-san? – Okita questionou.

Kondo retirou a katana da bainha de um inconsciente Yamazaki, deixando-o assim desarmado.

– Há alguém aqui que saiba usar duas espadas? – perguntou.

– Manda pra cá, Gorila-san! – Ginmaru pediu. – Agora que estabilizamos, posso dar meu “showzinho” pra esses caras.

– Só não te peço as suas calças, porque elas são grandes demais pra mim. – Gintoki disse enquanto limpava o nariz após derrubar mais um adversário.

– Imbecil!! – Hijikata esbravejou. – Primeiro, pensa em lutar, depois pensa nas calças!

– Não é você que tá sentindo frio na sua “parte importante”, Mayora quatro-olhos! E isso tá me tirando a concentração da luta! Mesmo com cueca, isso me incomoda demais!

O Shimura, diante disso, acabou levando a mão ao rosto fazendo um senhor facepalm. Depois de dez anos, Gintoki e Hijikata se reencontram, e nada muda!

Algumas coisas realmente seguiriam as mesmas para sempre.

– Gin-san, Ginmaru-san – Shinpachi se refez e reassumiu a postura de Comandante. – Aproveitem que estão estabilizados e arrebentem com esses caras! Eu pagarei bem pelos serviços de Yorozuya de vocês!

– Heh, Shinpachi-kun – o amigo dos tempos de Yorozuya sorriu. – Vai ser difícil me acostumar com você fora da Yorozuya! Mas isso eu farei com o maior prazer, sem cobrar nada!

– Ótimo! – o Comandante disse enquanto recomeçava a lutar com tudo. – Porque eu pressinto que o Governo Central vá suspender os nossos pagamentos.

Após abater mais um inimigo, ele ordenou:

– Kondo-san, tire o Yamazaki-san daqui e o leve a um lugar seguro! Hijikata-san, me ajude a botar nossos homens pra partir pra cima e esse bando de puxa-sacos do Governo Central pra correr! Okita-san, pegue a sua bazuca e atire sem dó, menos no Hijikata-san! SHINSENGUMI, AO ATAQUE!!

Sob a liderança do Comandante Shimura, os homens que ainda continuavam em combate se jogaram de vez na batalha, deixando toda a escaramuça mais intensa ainda do que já estava, e aumentando exponencialmente o caos instaurado no QG do Shinsengumi, cujos pavilhões e alojamentos eram danificados sem piedade alguma dos dois lados.

Ao mesmo tempo em que os homens do Shinsengumi lutavam como um bando de cães loucos do antigo shogunato, Gintoki e Ginmaru lutavam como duas feras albinas. Gintoki se aproveitava da sua grande força física e acertava sua katana em seus adversários, mandando uns para longe e outros eram abatidos sem piedade. Seu filho demonstrava impressionante força e agilidade ao se valer de sua katana na mão direita e a de Yamazaki em sua mão esquerda, derrotando os inimigos também sem pena alguma. Ginmaru conseguia atacar sem deixar buracos na defesa, graças ao fato de ser ambidestro.

Todos os combatentes do lado do Shinsengumi lutavam como um bando de possessos em defesa do próprio território, como cães raivosos que não se importavam com quanto sangue derramariam para salvar aquele QG. O importante era manter o Shinsengumi vivo, custasse o que custasse!

Com esse pensamento em mente, a virada por fim se concretizou, mostrando a força do poder de reação de todos que enfrentavam os homens do Governo Central. Destes, os que restaram não tiveram outra escolha a não ser bater em retirada.

E os homens comandados por um exausto Shimura Shinpachi puderam, por fim, comemorar a vitória que significava a sobrevida do Shinsengumi.

Mas... Até quando o Shinsengumi sobreviveria? Certamente, diante disso todos ali seriam considerados inimigos do Governo Central. Todavia, com essa rebelião agora viam que os “cães do shogunato” não seriam fáceis de sufocar.


*


Enquanto a batalha no Shinsengumi se desenrolava, no dojo dos Shimura a situação também não seguia sendo uma das melhores. Shinpachi e Kagura tentavam pensar numa forma de ajudar Gintoki a se refazer do mal-estar que ainda persistia. Embora já tivesse parado de vomitar sangue, o Yorozuya ainda sentia fortes dores abdominais. Aparentemente, havia se estabilizado, mas isso não tranquilizava a ninguém.

Nisso, um telefone celular tocou em cima da mesa. O telefone era do Shinpachi mais velho e Tae atendeu:

– Alô, quem fala? Não, o Shin-chan não está, Hasegawa-san. Ele e o Isao-san tiveram que sair às pressas porque o Shinsengumi foi atacado. O Gin-san e o Ginmaru-san também foram, ficaram aqui apenas o Gin-san e o Shin-chan do passado e a Kagura-chan.

O Trio Yorozuya ouviu barulhos estranhos nos arredores da casa, o que deixou os três integrantes atentos. Nisso, Sacchan apareceu, ouvindo os mesmos barulhos.

– Vamos ser atacados. – ela disse em tom sério. – Precisamos sair daqui.

– Acho que estão atrás de nós...! – Gintoki disse ainda com a mão no ferimento e com o rosto contraído de dor.

– E como vamos sair daqui, Sacchan-san? – Shinpachi questionou. – O Gin-san não está nada bem, e ao que parece estamos cercados.

– Hasegawa-san – Tae continuava a conversa no telefone. – Sei que o Gin-san é um dos seus melhores amigos e acho que ele vai ficar contente em te rever, ainda mais porque em dez anos até você passou por mudanças. Ok, até mais!

– Desde quando o Madao tem telefone celular? – Kagura perguntou.

– Bem, Kagura-chan, desde que...

A resposta de Tae foi interrompida por um esbaforido Katsura que, acompanhado por Elizabeth, chegava e anunciava:

– Pessoal, vamos ser atacados a qualquer momento!


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