Paradoxo Temporal escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 12
Imprudências




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– Shiroyasha, você será punido por alta traição ao Governo Central! – a mulher disse.

Claro que o “acusado” não acreditou muito no que ouvia, principalmente da boca de quem lhe dizia. Cutucou o nariz com o dedo mindinho e ouviu Ginmaru perguntar:

– Quem é essa aí? A cara dela não me é muito estranha...

A resposta não se fez esperar:

– Sarutobi Ayame, membro do novo Oniwabanshuu. Sou uma ninja assassina, encarregada de eliminar traidores do Governo Central.

– Acrescente a essa descrição a expressão “kunoichi quatro-olhos míope e stalker profissional, cujo alvo se chama Sakata Gintoki”. – o ex-Yorozuya completou com ar despreocupado e cutucando o nariz.

– Não sei do que está falando, traidor. – Sacchan replicou. – Mas tenho ordens expressas para eliminá-lo.

– Conta outra... Você sempre foi obcecada por mim e agora quer me matar? Duvido!

As kunais lançadas pela kunoichi de cabelos púrpura responderam por ela e quase acertaram pai e filho mais uma vez. Só não os acertaram, porque uma lâmina conseguiu desviá-las dos seus alvos.

– Como você ousa chamar um cidadão comum de traidor? Como comandante do Shinsengumi, cujo dever é manter a ordem e proteger a população honesta desta cidade, não posso aceitar que o ataquem assim!

– Está afrontando o Governo Central, comandante Shimura?

– Se cumprir com o código de conduta do Shinsengumi for uma afronta, considere meu ato como quiser. Mas vocês quebraram um acordo, no qual é proibida a invasão ao domicílio de um oficial do governo... E isso é inadmissível!

– Mas a única exceção era o caso de abrigar traidores. Pensou que poderia driblar o Governo Central, seu espertinho?

O Comandante do Shinsengumi daquela linha temporal suou frio. Por que não esqueceram justamente esse detalhe do acordo? Rangeu os dentes e continuou a segurar firmemente a katana que empunhava.

– Entre um acordo ou uma lei e um amigo, prefiro a segunda opção. – respondeu. – Ainda mais se ele for inocente.

– Shinpachi, você ficou doido? – o ex-Yorozuya questionou.

– Aprendi com você, Gin-san. Mesmo submetido ao código de conduta do Shinsengumi, tenho minhas próprias regras. E uma delas inclui proteger um inocente, nem que isso me custe o cargo que tenho.

– Boa, Shinpachi-kun. – o Gintoki do passado elogiou.

O Yorozuya do passado já passou correndo com tudo pelo homem de óculos que ainda empunhava a katana. Com um movimento rápido, tirou a espada de madeira do cinto e atacou a ninja, antes que ela pensasse em qualquer movimento. Graças a isso, conseguira tirar dela o par de óculos, sem o qual não conseguia enxergar um palmo adiante do nariz.

– Alguém arranca o microchip da cabeça dela! – vociferou.

Rapidamente Kagura entrou em ação, dando um salto mortal acrobático ao mesmo tempo em que fazia com que a kunoichi literalmente dançasse com os tiros disparados de seu fiel guarda-chuva. Aproveitando essa distração, a garota Yato conseguiu arrancar da testa da adversária o tal microchip que estava implantado em sua testa, fazendo com que ela caísse ao chão, completamente atordoada.

– O... O que aconteceu...? – ela perguntou toda confusa.

Tentou focar sua visão, procurando tentar enxergar algo mais do que imagens embaçadas, visto que estava sem seus óculos. Sua primeira reação foi agarrar o primeiro vulto de cabeça prateada que viu pela frente, que...

– EEEEIII!! ME SOLTA, SUA MALUCA! O NEGÓCIO NÃO É COM O MEU PAI, NÃO?

... Definitivamente não era Gintoki, nem do passado e nem do futuro. Ela simplesmente agarrara Ginmaru, que tentava em vão se desvencilhar da kunoichi insana. Nem ligava para a diferença mais do que evidente da voz de um e de outro.

– Er... – o Shinpachi do passado entrou no meio. – Sacchan-san, aqui estão seus óculos.

Sacchan colocou os óculos e viu diante de si uma visão considerada “espetacular”: três homens de cabelo prateado. Extasiada com tal visão, ela deu um grito histérico e desmaiou.

Kagura viu a cena e colocou na boca uma tira de sukonbu pra mascar. Em seguida, sentenciou:

– Acho que o que ela viu acabou sendo demais, Gin-chan.


*


Tudo muito quieto no QG do Shinsengumi, principalmente por conta do horário. Já passava das onze da noite, e dois homens se aproximaram de outros dois para fazer a troca de turno. Nisso, foi ouvido um som de folhas de arbustos se mexendo. Os quatro se posicionaram, desembainhando as espadas. No entanto, foram atacados, sem qualquer chance de defesa e caíram desacordados.

Em seguida, passos acelerados avançaram para dentro dos domínios do Shinsengumi, porém não foram muito longe. Duas espadas foram desembainhadas e, com um único movimento, abateram pelo menos duas pessoas vestidas de preto. Uma delas portava uma bazuca, igual à que Okita normalmente usava.

– Sougo – Hijikata, o dono de uma das espadas disse. – Desta vez você é inocente.

– Eu já sabia, Hijikata-san. Só não entendo por que o Governo Central está querendo nos atacar, mesmo com um acordo em vigor.

– Mas vocês não sabem...? – um dos homens derrotados questionou com ironia. – Isto é uma retaliação a um ato do Comandante de vocês.

Hijikata logo agarrou o pescoço do indivíduo com impaciência.

– O que vocês sabem que nós do Shinsengumi não sabemos?

Pergunta pertinente, pois ele sabia o quanto Shimura era transparente como Comandante do Shinsengumi. Todas as decisões tomadas eram compartilhadas com o alto escalão, isso, se não fosse possível compartilhar com todos.

– O que vocês sabem do Shimura-san que eu não sei? – o Vice-Comandante insistiu e desembainhou novamente sua katana.

O sujeito hesitava em responder, mas Okita aconselhou com sua voz impassível:

– Se eu fosse você, contaria tudo ao Hijikata-san. Porque se ele não te matar, eu é que te mato.

– E-ele... – o homem balbuciou. – Ele abrigou um traidor em sua casa...! E isso fere o acordo...!

– E se algum homem do Shinsengumi ferir esse acordo... – Okita acrescentou.

–... O Shinsengumi todo vai pagar...! – Hijikata ficou furioso e mordeu o cigarro com raiva.


*


– Hijikata-san vai me matar...! – o Shinpachi do futuro disse, colocando as mãos na cabeça.

– Por quê? – a sua contraparte do passado questionou.

– Porque fui imprudente em abrigar um “traidor”. Eu não me arrependo disso, mas agora é que caiu a minha ficha e lembrei que o Shinsengumi todo vai pagar pelo o que fiz. Eu esqueci que sou o Comandante do Shinsengumi... E que não sou mais um Yorozuya.

– Uma vez Yorozuya, sempre Yorozuya. – o Shinpachi mais jovem sentenciou.

– Mas isso não muda em nada o fato de eu ter traído, sem querer, o Shinsengumi.

Levantou-se e foi vestir a farda. Alguns minutos depois, embainhou a katana, mas, antes de sair, foi interceptado.

– Você não vai sozinho, Shinpachi. – era a voz de Kondo, que também decidira vestir a farda. – Posso não estar mais na ativa, mas eu ainda posso ajudar como Comandante Honorário. Não é justo que o Shinsengumi seja atacado como corre o risco de ser.

– Nós também vamos. – Ginmaru disse em nome de todos. – Fui eu que meti todo mundo nisso, e vou ajudar a tirar todo mundo disso.

O Trio Yorozuya vindo do passado também iria acompanhar o grupo, mas o jovem albino os barrou.

– Por favor, fiquem aqui. – disse enquanto encarava Gintoki. – Eu já botei nossas existências em risco por causa da minha estupidez, e não quero que isso aconteça de novo.

– Isso não vai acontecer! – Kagura protestou.

Ginmaru olhou para a garota com expressão interrogativa.

– Tenho força suficiente pra proteger o Gin-chan e o Shinpachi. – a garota afirmou.

– Ei, Kagura – o Gintoki do futuro disse. – Você, o quatro-olhos e o meu eu do passado ficam de olho na ninja míope.

– E pra que isso? – o Gintoki mais jovem protestou. – Só pra ela grudar em mim feito chiclete mastigado?

– É mais seguro pra você ficar com uma stalker do que enfrentar a invasão no Shinsengumi. E para proteger a existência do Ginmaru.

– Idiota! De nada vai adiantar eu estar aqui se vocês se arriscam a morrer da mesma maneira indo lutar!

– O Ginmaru não vai morrer. Sou o pai dele e minha obrigação é protegê-lo.

– LARGA DE SER BABACA! – o Yorozuya agarrou o quimono do seu alter-ego. – VAI MESMO JOGAR FORA TODO O TRABALHO DELE DE TE TRAZER DE VOLTA, SEU IDIOTA?


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