Amor E Morte escrita por LittleWriter


Capítulo 2
Típico Sabádo


Notas iniciais do capítulo

Bom aqui está o próximo capítulo.
Espero que gostem.
Por favor comentem *-*



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  Quando as lágrimas dela secaram já passava das duas da tarde.

   - Pronto, pronto. – Galadriel a soltou enquanto se levantava e ia para a porta. – Você precisa de um lanchinho.

   Quando ele saiu, ela foi lavar o rosto. Samantha nunca saía do quarto aos sábados, se estava com fome, Galadriel poderia simplesmente ir pegar comida na cozinha ou em qualquer outro lugar. Não eles não eram amigos e sim ela o odiava com todas as suas forças, mas depois de um tempo, quando percebeu que não poderia vencê-lo ela decidiu aproveitar o que poderia dele.

   Ela havia tentado tudo… Uma vez fugiu de casa e tentou ir tão longe quanto podia, mas ele a seguiu por toda parte. Em outra ocasião tentou enfiar uma faca em seu peito e ele caiu no chão emitindo gemidos de dor, mas quando ela estava pronta para comemorar, ele se levantou rindo: “Achou mesmo que seria tão fácil docinho?”. A ferida não demorou mais do que cinco segundos para cicatrizar. Chegou até mesmo a pensar em suicídio, mas sempre foi covarde demais pra isso, simplesmente não conseguiu seguir adiante com a idéia, seu instinto de sobrevivência era maior que tudo.

    Com o tempo ela se acostumou com a presença dele e por mais estranho que fosse confiava nele. Não havia mais nada que pudessem tirar dela. E no fim, ele estava certo, tudo o que tinha era ele. Eles acabaram desenvolvendo um tipo de acordo silencioso. Durante toda a semana ele a atormentava, mas no sábado e no domingo ele dava a ela algum descanso, ás vezes depois de algumas horas ele até mesmo abandonava sua aparência de cadáver. Ela gostava de tê-lo por perto, a fazia se sentir menos sozinha e quando acordava gritando no meio da noite ele estava lá por ela.

    Samantha se lembrava bem da primeira noite que acordou gritando com os pesadelos. Estava confusa e chorando. Então Galadriel apareceu e a abraçou silencioso até que dormisse novamente. Ele fazia isso todas as noites. Primeiramente ela não sabia que era ele e pensava que o abraço fosse apenas fruto da sua imaginação. Quando percebeu que era realmente ele tudo que pode fazer foi sussurrar: “Por quê?”, ela não viu por causa do escuro, mas podia jurar que ele estava sorrindo quando disse: “Porque eu escolhi você.”

    - Trouxe o seu preferido: hambúrguer com muito cheddar. – disse Galadriel entrando com duas sacolas em cada mão.

    Ela tirou uma pequena mesa de montar de debaixo da cama com duas cadeiras. Ele tirou de duas das sacolas embalagens com lanches e duas latas de Coca-cola geladas, colocou as outras duas sacolas em cima da escrivaninha. Devoraram a refeição em silêncio. Ela não se dera conta do quanto estava faminta. Ele não precisava comer, mas gostava de acompanhá-la ás vezes, e, aliás, a comida dos mortais até que não era de todo ruim, ele sempre dizia.

    Assim que terminou de comer ela lavou as mãos e foi ver o que tinha nas outras sacolas: chocolate, torradas e vinho.

    - Que amor você. – disse ela abrindo o chocolate.

    - Eu sabia que gostaria docinho. – disse ele sorrindo de modo malicioso. – semana passada você não pareceu reagir muito bem ao whisky, por isso hoje decidi trazer algo mais suave como o vinho, que  você parece gostar bastante.

    Era um velho hábito de fim de semana que ele trouxesse bebidas, como geralmente ela não conseguia dormir se embebedar era uma boa opção para se distrair.

    - Esse sangue está me irritando. – disse ela, observando o rosto dele já todo manchado assim como a camiseta branca.

    - Tudo bem, tudo bem. – disse ele se transformando lentamente em… bom, nele mesmo, ou pelo menos ela pensava que aquela deveria ser a aparência natural dele quando ele não estava por aí bancando o cadáver.

    Usava preto da cabeça aos pés, era alto e tinha as costas largas com a pele levemente bronzeada, o cabelo castanho escuro com pontos mais claros caía sobre sua testa de modo bagunçado e os olhos azuis tempestuosos a encararam por um momento antes que seus lábios grossos abrissem um sorriso e perguntassem:

    - E aí o que quer fazer hoje? Com certeza não vai passar o dia sentada na cama comendo chocolate. Isso engorda, sabia?

    - O que você quiser. – respondeu ela enquanto engolia outro pedaço de chocolate.

    - Tem certeza? – o sorriso dele era malicioso.

    - Tenho certeza que não irá me decepcionar. – disse ela maliciosa. Como se algo fosse realmente acontecer… Eram apenas joguinhos. A não ser por uma vez…

*****

   Era o dia 385. Fazia pouco mais de um mês que ela havia sido mandada para o internato. Era um sábado e ela acordou cedo como de costume. Vestiu-se, colocou um tênis e foi dar uma caminhada antes que ele aparecesse, ela gostava de fazer isso ás vezes, acalmava os pensamentos.

    Quando chegou ao quarto ele estava em pé, encostado na parede ao lado da cômoda, mas não era um cadáver. Usava preto e tinha a mesma aparência do dia que aparecera em seu quarto pela primeira vez. Era a segunda vez que ela o via assim.

    - Ué, cadê a fantasia de cadáver? – provocou ela. – Esqueceu na lavanderia?

    - Não deboche de mim. – disse ele sério e ela sentiu aquele toque sombrio que ele deixava transparecer na voz de vez em quando. – Estou lhe dando um presente, não irei lhe atormentar hoje.

    - E de repente você acha que vai ficar tudo bem por que você não vai me atormentar um único dia?- a voz dela transbordava de sarcasmo enquanto ela gritava. – E então, do nada, um dia você decide que não vai me atormentar. Como se isso resolvesse alguma coisa, como se isso fosse trazer as pessoas de volta! Como se eu fosse deixar de odiar você apenas por causa desse único dia! Porque eu o odeio, odeio como nunca odiei ninguém antes!

    Ela mal acabou de gritar ele se aproximou e a puxou pela cintura, mantendo-a com firmeza em seus braços, e quando ela abriu a boca para protestar ele a calou com seus próprios lábios. No começo ela tentou resistir, mas viu que seria impossível e se deixou levar pela sensação inebriante dos lábios dele nos seus.

    Aquela sensação a consumiu em pouco tempo e uma fome voraz tomou conta dela, o mesmo mal pareceu recair sobre ele. Os beijos se tornaram mais urgentes e logo não eram mais suficientes ele a prendeu na parede e suas mãos ágeis abriram o moletom que ela usava, puxando-o de seus braços e o jogando no chão, deixando-a apenas com a fina e justa camiseta que usava por baixo. Ela também não perdeu tempo, puxou a camiseta dele e com alguma ajuda a jogou para o lado também. Suas mãos passeavam livremente pelo tórax bem definido dele e logo sua boca o fazia. Beijou toda a extensão de seu tórax e foi subindo pelo seu pescoço com uma trilha de beijos, fazendo-o soltar breves suspiros, quando chegou aos lábios dele o beijou de forma selvagem e ele correspondeu.

    Enquanto se beijavam ele passou as mãos pelas coxas dela e a ergueu enquanto ela passava as pernas em volta da cintura dele. Ele a colocou na cama e tirou a camiseta dela. A boca dele passeava pelo corpo dela fazendo-a estremecer. Seus lábios chegaram aos dela novamente enquanto suas mãos passeavam pelo corpo dela e as mãos dela passeavam pelo corpo dele.  O desejo os consumia.

    Então por um momento ficaram sem fôlego e ele parou para olhar nos olhos dela. Foi então que ela realmente percebeu quem era ele e o que estava acontecendo ali. E ele viu o medo nos olhos dela, um medo que ele nunca havia visto antes. Ela estava com medo dele. Samantha sempre fora durona e nunca demonstrara ter medo dele, mesmo com todos os ataques ela nunca o havia olhado daquela maneira. Não era apenas medo, ela olhava para ele como se ele fosse algo sujo e malfeito, como se ele fosse um erro.

    - O que você está fazendo?- sussurrou ela.

    - Eu não sei. – e pela primeira vez ela o viu com uma expressão confusa no rosto.

    - Ah meu querido, você sabe que isso nunca daria certo, sua função é me atormentar e a minha é odiá-lo, foi pra isso que fomos criados.

    - Talvez pudéssemos mudar as coisas.

    - Você sabe que não. – a voz dela soava triste quando na verdade ela explodia de felicidade por vê-lo daquele modo tão frágil, como ela nunca vira antes, e saber que aquela fraqueza era causada por ela.

    A expressão dele se tornou sombria e ele desapareceu. Ela não tornou a vê-lo naquele fim de semana. Quando voltou a vê-lo na segunda-feira ele tinha voltado a sua costumeira aparência de cadáver. Os dois voltaram a costumeira rotina e nunca tocaram naquele assunto.

*****

    - O que você acha de verdade ou desafio?- a voz de Galadriel a despertou de seus devaneios.

    - Sério mesmo que você não pode pensar em nada melhor? Vamos lá, você é um demônio, aposto que consegue pensar em algo mais divertido. – ela mal podia acreditar que ele sugerira uma idéia tão ridícula.

    - Tudo é divertido quando se trata de mim querida.

   - Como não tenho nada melhor pra fazer acho que podemos brincar um pouco…

   - Ótimo. – disse ele limpando a mesa e se sentando em uma das cadeiras enquanto ela se sentava na outra. Ele fez aparecer uma faca grande que parecia muito afiada, com um cabo de madeira parecendo antigo, cheio de entalhes que ela não compreendia. – Cabo: pergunta, ponta: responde.


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