Sei Que Você Tá Afim escrita por Bianca Andrade


Capítulo 20
Novos ares


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos reviews, eles me deixam muito feliz, de verdade ;) Bom, nos vemos lá em baixo, boa leitura.

Trechos da música: Ignorance - Paramore



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If I'm a bad person, you don't like me (Se sou uma pessoa má)

You don't like me, (Você não gosta de mim)

I guess I'll make my own way (Eu acho que vou fazer do meu próprio jeito)

It's a circle, a mean cycle (Isso é um círculo, um ciclo vicioso)

I can't excite you anymore (Eu não consigo mais te animar)

Where's your gavel? Your jury? (Onde está seu martelo? Seu júri?) [...]

POV Fatinha

Já estou acordada há uns trinta minutos, olhando para o teto, enquanto Ju continua dormindo docemente.

Sabe quando você olha para algum lugar, mas a sua mente está em outro? Tento empurrar as lembranças de ontem da minha cabeça, mas está tudo tão fresco quanto à brisa que paira pela janela do quarto.

– Flash back ON

“Você tá gostando da Fatinha?” - Juliana pergunta logo após ele ter dito que ficou e dormiu comigo algumas vezes.

Forço o lado do rosto contra a porta, da forma mais delicada que consigo pra poder escutar o máximo que puder.

“Não...” - além de falar baixo, não percebo nenhuma convicção em sua voz.

“Ok, mas se você não gosta dela” – deu ênfase no “não”, como se estivesse feito aspas com os dedos – “Porque dormiu com ela várias vezes? E ainda por cima, no seu quarto!” – Ju indaga acusadamente – “Se bem me lembro, você me disse que só a Ana dormiu com você lá...”

Confesso que essa última parte me encheu de pequenas gotas de esperança. Quer dizer, que tirando a cuja namorada infiel que ele tanto amara, eu fui a única que dormiu com ele, NO quarto dele? Sorri triunfante com esse pensamento.

“Sinceramente?”- ele pergunta e suspira logo em seguida – “Não faço a mínima ideia, acho que eu estava tão bêbado, que nem me importei na hora...”

E essa foi a minha deixa. Eu não queria saber o que viria a seguir. Ele se arrepende de ter dormido comigo, mesmo que ele não tenha dito com essas palavras, é isso o que ele sente. É claro que eu sabia que não tinha sido a melhor noite da vida dele – o que pra mim, é óbvio que foi – mas eu tinha esperanças, que ele ao menos, tivesse gostado da minha companhia.

Seco uma lágrima traiçoeira que cai sob os meus olhos. O que eu estava pensando afinal? Que pelo fato de comigo não ter sido apenas uma vez, eu seria especial? ELE ESTAVA BÊBADO EM TODAS AS NOITES QUE PASSAMOS JUNTOS! Meu subconsciente grita, e um sentimento de repulsa paira sobre mim, me fazendo querer vomitar. Me sinto enjoada por ter criado expectativas absurdas, de uma pessoa que eu mal conhecia.

Respiro fundo, reunindo toda força que eu consigo, tentando fingir uma melhor aparência. Eu não queria que eles me vissem assim.

Quando eles saíram do quarto, tive que fingir que estava tudo bem, que minha cabeça não estava rodando, de tanto que eu me sentia enjoada, que meu coração não estava parecendo uma geleia, mas mesmo com toda minha indiferença, Bruno percebeu, mas eu tratei de mudar de assunto, assim como fiz com Juliana alguns minutos depois. Não acredito que ela pense que vou contar segredos da minha vida, pra ela simplesmente sair correndo e contar pro irmão. E pela primeira vez, depois que comecei a” morar” aqui, me senti como se fosse uma intrusa.

– Flash back OFF



Determinada a esquecer de toda aquela confusão, levanto-me e tomo banho. Ponho uma saia jeans curta, e uma blusa tomara que caia toda florida. Não espero que os belos adormecidos se deem conta de minha presença – agora, a falta dela – e vou em direção a cada do Vitor.



É verdade,que eu não era honesta com meus pais em relação a quem eu era, e que tive que contar mentiras pequenas pra esconder minha verdadeira personalidade. Mas só essa semana, eu já menti duas vezes, por causa de um cara que nem se importa comigo, e o pior, coloquei pessoas honestas no meio: Vitor, Lia e até mesmo Juliana. Eu definitivamente não sei o que está acontecendo comigo, e o que quer que seja, precisa parar, nem que pra isso, eu tenha que fazer sacrifícios.

Chego a grande porta branca, suplicando que ele esteja em casa em um dia de domingo – Sim, é muito raro ver alguém nessas ruas no dia de hoje, só preguiçosos ficavam em casa, ainda mais nesse sol, capaz de levantar defunto. Toco a campainha e depois de eu apertá-lo quatro vezes, o deus de olhos de cristal se posiciona em minha frente.

– Fatinha! – ele exclama com sorriso de orelha a orelha – Não sabia que você vinha aqui – fala ao pé do meu ouvido, enquanto nos abraçamos.

– Pois é – encolho os ombros, entrando na imensa casa – Você tem planos pra hoje? – pergunto não querendo parecer muito forçada.

– Na verdade tinha – ele estreita os olhos, decepcionado.

– Vitor? – uma voz feminina o chama e eu levanto o olhar para encará-la. Provavelmente a minha altura, morena, cabelos castanhos e olhos claros. Observo-a impassível, e uma ponta de ciúmes cresce dentro de mim.

– Ah! Oi Déb – ele sorri para ela, o que faz o sentimento de repulsa por aquele ser aumentar ainda mais. Eu sei que não temos nada, e que somos meros personagens dos meus planos, mas a ideia dele estar saindo com “essazinha” me dá enjoo – Deixa eu te apresentar a Fatinha...

– Ah – ela abre o seu melhor sorriso, exibindo dentes brancos perfeitos – Então você é a Fatinha – eu franzo a testa. Ela me conhece de onde? E como se tivesse lido meu pensamento, ela se apresenta – Desculpa... – encolhe os ombros, se aproximando de mim e esticando uma de suas mãos – Meu nome é Débora – a cumprimento, mesmo a contragosto e sorrio fracamente – Eu estudava com o Vitor lá em Brasília, mas tive alguns problemas, e tive que vir para cá. E esse mocinho aqui – ela aponta para Vitor – Só sabe falar no seu nome desde que eu cheguei

– Débora! – ele a repreende e ela ri.

– Mas é verdade ué? – ela ri, e sem perceber, estou rindo também – Parecia até que eu já conhecia você, antes mesmo de te conhecer – ela explica, agora olhando para mim.

– Eu não vou ficar aqui pra ouvir essas porcarias – Vitor resmunga e segue em direção a algum corredor.

Eu ainda não sei o falar, ou fazer em relação a isso... Vitor falando de mim, uma garota que ele mal conhece, para uma amiga que ele conhece a vida toda?

Isso pareceu bom, mas ao mesmo tempo errado... Bem, não sei. A única coisa que sei, é que tenho que convencê-lo a sair comigo.

– Café? – Débora oferece enquanto termina de arrumar a mesa.

– Sim, por favor – digo simplesmente. Na minha bolsa, o celular vibra, e eu o pego para verificar. Argh, reviro os olhos, quando vejo o nome no painel. Aperto no botão de rejeição, mas o infeliz volta a vibrar segundos depois.

– Mas que... – me enfureço com tamanha persistência, fazendo Débora rir perto de mim.

– Ligação indesejada? – assinto com a cabeça – Sei bem como é.

Logo o telefone toca novamente, e eu o aperto, certa que machucando o mesmo, não machucaria quem estava me incomodando do outro lado da linha.

– O que você quer? – sibilo por entre o auto-falante do celular.

– Onde você tá? – ele pergunta irritado. E sinceramente, não faço ideia do por que. Nós não somos parentes, não somos amigos, não somos nada, quem ele pensa que é pra mandar em mim?

– O que você tem a ver com isso? Virou meu pai e eu não estou sabendo?

Escuto ele bufar do outro lado, o que faz minha vontade de querer irritá-lo cresça ainda mais.

– Você não tem ideia do que eu faria com você se fosse seu pai – ele afirma seco, e eu tenho que engolir o nós que se formou na minha garganta diante da ameaça formada – O celular da Ju descarregou, e ela ficou preocupada com você, sua ingrata – eu abro a boca pra falar algo, mas ele continua – Nós já estamos indo pro sítio. Vou deixar uma chave com o Severino. E só mais uma coisa – ele diz, e mesmo a metros de distancia, eu sinto o quanto ele está com raiva – Nada de desconhecidos na minha casa, e nem tente me enganar, por que eu vou saber.

E com essa bela frase de efeito, ele desliga, me deixando que nem uma lesa, paralisada no telefone. Que idiota. Vocífero em pensamento.

– Meninas? – Vitor nos chama – Nós vamos sair, preparem suas roupas de banho

Eu e Débora nos entreolhamos, ambas sem entender nada. Onde diabos eu iria arrumar roupa de banho? Só se fosse na casa da Ju, mas há essa hora, o idiota mandão e controlador ainda estaria por lá.

– Não tenho roupa de banho – minto – Não aqui

– Mas isso não é problema! – Débora pula, puxando-me junto a ela – Eu tenho e de sobra. Nunca usei, juro! – ela faz graça, arrancando risadas sinceras de mim.

– Ótimo, vou esperar vocês aqui – e foi a única coisa que escutei, antes de entrar em um quarto quase tão grande quanto a casa, todo pintando de azul bebê.

– Ual – exclamo admirada

– Lindo, né? – Ela sorri, e não só o meu, como os olhos dela, também brilham.

– Isso tudo é do Vitor?

– É sim

– Ual – ambas sorrimos

– Os pais deles... ahn... – ela começa, olhando para o chão. Nervosa, presumo.

– Tudo bem – lanço um sorriso para tranquilizá-la – Ele já me contou – falo e ela suspira aliviada. Seguimos para o grande closet que se encontra em um dos cantos do quarto, e preciso dizer o quanto fiquei abobalhada? Minha boca só conseguia fazer um “O” em todas as partes que eu olhava. Roupas, sapatos, casacos, bolsas. Eu diria até que é roupa demais pra alguém que mora sozinho... Quer dizer, para um garoto que mora sozinho. Ou foi que ela que trouxe tudo isso? Argh, pouco importa. Aqui é o paraíso, mas precisamos nos apressar.

Débora separou tudo o que iríamos precisar, desde o biquíni, até toalhas, pentes, cremes, protetores, e seguimos para onde quer que o deus de olhos azuis estivesse planejando.

***

– Essa casa também é sua? – admiro perplexa a frente da enorme casa branca.

– Uhum – Vitor responde sem jeito – Vamos logo entrar, que o dia vai ser longo.

Ambas concordamos, ou Débora concordou. Eu só mexi a cabeça, ainda extasiada pela visão maravilhosa... Por favor, não me entendam mal. Não sinto nem um pingo de inveja, muito pelo contrário, estou totalmente admirada. Minha família não era pobre, mas éramos humildes, e eu cresci em casas médias e tradicionais. Deparar-me de um dia pro outro com mansões desse porte é no mínimo... assustador.

– Issoooo, vamos lá! – Débora grita toda saltitante, e eu sorrio tentando acompanhar o entusiasmo.

– Vai querer mais alguma coisa Sr.? – o homem grande e intimidador (lê-se motorista) pergunta assim que deixa nossas pequenas malas na sala.

– Não Robson, muito obrigado. Pode ir descansar, se divertir, você que sabe. Eu cuido dessas moças de agora em diante – Vitor diz calmamente, e o rapaz se retira.

Vitor se oferece pra mostrar todos os cômodos da casa, e mesmo relutante, aceito pra não parecer ingrata da minha parte. Como era de se esperar, a casa não só é grande, como é linda. Me imagino querendo saber se essa é a primeira vez que o Vitor vem, depois que os pais faleceram. Deve ser barra passar por tudo isso, quero nem imaginar perder meus pais. Balanço a cabeça, expulsando esses pensamentos fora de hora.

– E aí pombinhos, vão ficar andando pela casa, ou vamos curtir esse sol maravilhoso? – Débora nos interrompe, e se eu não estivesse pensando em morte de pais e derivados, teria a brigado pela palavra nada apropriada que ela usou pra se referir a nós. Ouço Vitor sorrir atrás de mim, mas eu não me preocupo em querer saber do que se trata, e corro em direção a praia

Nesse momento nem lembro mais de como eu fui parar na casa do Vitor, ou de como e porque viemos parar aqui. Se eu tenho problemas e quais são, ficaram esquecidos em algum canto. Hoje é domingo, sinônimo de diversão.


[…] Well, you treat me just like (Bem, você me trata como)

Another stranger (Uma estranha qualquer)

Well, it's nice to meet you, sir (Bem, é um prazer te conhecer, senhor)

I guess I'll go (Eu acho que já vou)

I best be on my way out (É melhor que eu vá pelo meu próprio caminho)


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Notas finais do capítulo

ENTÃO? Comentem lá o que acharam... haha Beijos e até o próximo.
Fiz um twitter, quem quiser seguir, e quiser que siga de volta, fiquem a vontade! @brutinhaironic ♥



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