Sei Que Você Tá Afim escrita por Bianca Andrade


Capítulo 19
Amor fraterno


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, mil desculpas pela demora. Eu estava com problemas pessoas, e isso afeta muito na hora de escrever, espero que entendam... Gostaria de agradecer a gata Anne Laurentino, por ter revisado o capítulo pra mim, linda ♥
Boa leitura meninas, não esqueçam de ler as notas finais, são importantes.

Trechos da música: Brand new day - Forty Foot Echo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/342945/chapter/19

Never thought I'd say I'm sorry (Nunca pensei que pediria desculpas)

Never thought I'd (Nunca pensei que seria eu)

be the one to bring you down (Quem a deixaria pra baixo) [...]

POV Bruno

– Bruno – Fatinha me chama, e eu inclino o rosto um pouco para o lado – Você acha que é uma boa ideia? – Não. Meu subconsciente responde automaticamente, mas decido ignorar ambos.

Narrado em Terceira pessoa

Juliana está na cama, deitada de frente para a parede, enquanto Bruno entra sorrateiramente pela porta, trancando-a logo em seguida. E apesar do barulho da fechadura ser perceptível, Juliana permanece estática, pois imagina que seja Fatinha que tenha entrado.

Minutos se passam, e Bruno continua em pé, concentrado na bela figura fraterna à sua frente. Já se passaram dois dias, desde que ele e irmã tiveram aquele desentendimento, e não vem sendo fácil pra ele – nem para ela – e tudo o que ele mais quer, é que tudo volte a ser como antes. Bem, não exatamente tudo, mas principalmente a relação entre eles. Ele passa uma mão pelos cabelos, até chegar à nuca, suspirando pesadamente. Juliana percebendo o chiado baixo e se dando conta de que a figura que entrou, não fez movimento nenhum até então, olha para trás, pulando da cama logo em seguida.

– O que você tá fazendo aqui? – ela acusa, e sem esperar que ele responda, se pronuncia – Sai daqui Bruno, eu não estou afim de brigar.

– E você acha que eu estou? – ele a interrompe, franzindo a testa.

– O que você quer?

– Conversar – ele sussurra baixinho, dando passos curtos em direção a ela.

Mesmo relutante, Juliana cede ao pedido do irmão, se sentando na ponta da cama. Bruno faz o mesmo, porém senta-se em uma distancia considerável.

Não pensem que ela não está chateada, muito pelo contrário, se ela abrisse a boca agora, ela seria capaz de falar coisas insanas, coisas que ela jamais diria a ninguém. Ele a bateu, ou empurrou, essa distinção realmente importa? Pra ele sim, e muito. Pra ela, nem tanto.

– Eu não sei nem por onde começar – o moreno choraminga.

– Que tal pelo começo? – ela ironiza, fazendo-o sorrir baixo.

– Eu sei que você tá chateada comigo, mas eu preciso que você me escute – ele pede, mas Ju revira os olhos – Faz o que quiser, fala o que quiser, me bate, me xinga, eu não me importo, eu só preciso que você me escute antes..

– Por que isso é tão importante? – Juliana estava apreensiva em relação ao que ele queria falar. O que poderia ser tão importante, a ponto de ele deixar que ela o bata ou o xingue? Apesar de ser irônico – e que ele merecesse – isso não fazia sentido.

– Eu amo você – ela franze a testa com aquela declaração. Bruno nunca havia dito com essas palavras o tanto que gostava da irmã. Na verdade, ele mesmo estava apreensivo quanto a isso. É claro que ele a amava, e demonstrava de diversas formas, mas com essas palavras, foi a primeira vez – Você é a minha única irmã, é claro que eu amo você – ele explica como se aquilo fosse óbvio – Você pode pensar que não, mas eu venho me odiando desde o momento que eu toquei em você daquele jeito

– Me tocou? – ela o interrompe, e Bruno enruga os olhos, a repreendendo – Escutar primeiro... ok – fala explicando a si mesma.

Bruno dá um suspiro longo, está sendo bem mais difícil do que ele imaginava – Eu venho sendo um canalha desde que Ana terminou comigo – finalmente admite – Eu não te contei o que aconteceu, por que eu estava mal, na verdade eu ainda estou, quer dizer, nem sei se eu to mais, ah sei lá – ele sacode a cabeça, desnorteado por não saber exatamente o que sente.

– O que aconteceu? – Ju pergunta carinhosamente, deixando o sentimento de raiva de canto.

– Ela me traiu – a boca de Juliana faz um “O”, essa não era a Ana ela havia conhecido – Se você tá assim, imagina eu – ele responde aos pensamentos dela.

Então Bruno conta tudo à Juliana, tanto a traição, quanto o que ele teve que fazer pra tentar tirá-la da cabeça: as festas, mulheres, bebidas. E por mais relutante que ele estivesse, ele não queria omitir absolutamente nada, na verdade o que ele realmente não queria, era perder a confiança da irmã, novamente. Então, ele contou também sobre o rolo que teve com Fatinha, e que além de passar a noite com ela, a briga toda foi por conta de ele ter visto ela toda alegre com aquele Vitor.

– Não to acreditando nisso cara

– Nisso o que?

– Que além de você ter caído nas lábias da Fatinha – ela explica como se fosse óbvio - Eu ainda apanhei enganada

– Ju! – ele a repreende, arregalando os olhos - Não fala assim poxa... Você quer me fazer ficar pior do que já estou?

– Mas é claro – ela fala séria, mas ri logo em seguida, fazendo-o rir também.

– Isso quer dizer que você me perdoa? – ele pergunta com medo da resposta.

– Não sei – ela levanta uma sobrancelha – Eu vou apanhar pelos outros de novo?

– Ju!

Os dois caem na gargalhada, e Bruno puxa a irmã para um abraço acolhedor – Prometo que nunca mais vou fazer isso de novo – ele fala enquanto afaga os cabelos da morena.

– Pensei que eu fosse chorar – Juliana fala enquanto seu rosto ainda está descansando no peito de Bruno.

– Eu também

– Todo mundo espera que eu chore – ela fala com a voz abafada, e Bruno logo percebe.

– Não. Eu não quis dizer que você ia chorar, eu tava falando de mim – ele a olha carinhosamente, passando os dedos pela bochecha dela – As pessoas não conhecem você. Eu sei que você é mais forte que aparenta – ele solta, fazendo a irmã sorrir fraco.

– Você chorando? – ela ironiza

– Por você eu choraria

– E pela Fatinha? – ela levanta uma sobrancelha, fazendo o irmão revirar os olhos.

– Não viaja maninha. Eu não chorei pela Ana, porque choraria pela Fatinha? – ele tenta desconversar. De fato, ele não havia chorado pela Ana, mas havia feito coisas piores. Agora em relação à Fatinha, os sentimentos dele ainda eram uma incógnita. Ele se sentia bem perto dela, mas era só isso... Certo? Melhor não pensar nisso agora, ele tenta afastar os pensamentos, se focando apenas na irmã – E aí, vamos sair amanhã?

– Mas amanhã é Domingo... – ela sai dos braços do irmão, se jogando na cama

– Por isso mesmo

– Ah sei lá Bruno, tô muito afim não – ela faz bico – E eu ainda tenho que conversar com a Lia, sobre isso tudo que aconteceu com ela

– Vocês conversam no sítio ué?

– Sítio?

– A família do Rasta que tem – ele explica - A gente já vem combinando há uns dias. Você chama a Lia e quem mais você quiser

– Pode chamar o Gil? – ela pergunta toda saltitante

– Sei não hein, vocês nem namoram – Bruno faz careta

– Argh, sem essa de irmão careta, não esqueça que você não pode discutir comigo, eu ainda to com raiva de você – Ju ameaça, e Bruno ri negando com a cabeça.

– Ok ok, faz o que quiser – ele cede – Mas antes, vem jantar. Fatinha já deve ter terminado

– Hmmm, Fatinha huh?

– É, a Fatinha, ela mora aqui, e tá fazendo a comida. Vamos? – Julina ri alto, e Bruno apenas revira os olhos.

POV Bruno

Eu e Juliana saímos do quarto, e ela continua rindo de alguma piada interna. Fatinha está terminando de arrumar a mesa, quando nossos olhos se cruzam, mas ela logo desvia, olhando para Juliana.

– Hum, que cheirinho bom – Ju interrompe meus pensamentos, praticamente correndo em direção à mesa.

– Fiz lasanha, espero que vocês gostem – Fatinha responde um tanto tímida.

– Lasanha! – Ju bate palmas fracamente, e eu apenas sorrio – Bruno? – ela me chama

– Hm?

– Você não vai se sentar?

– Claro maninha – sento-me na cadeira de sempre, a do meio, enquanto Ju está ao meu lado direito, e Fatinha se senta no esquerdo.

***

– Odeio admitir – Ju fala enquanto termina de dar a última garfada – Mas essa lasanha... Ual! Nem a mamãe faz melhor, né Bruno? – ela me cutuca, e eu apenas assinto com a cabeça.

Olho para Fatinha que apesar de parecer triste, força o seu melhor sorriso.

– Valeu Ju

– Você tá estranha – eu penso em voz alta, e ela me encara, fazendo meu coração afundar. Ela nunca havia me olhado desse jeito, como se me repreendendo em pensamento.

– Impressão sua – ela se limita a dizer – Eu tô ótima – e mais uma vez, ela força um sorriso. Não sei dizer o porquê, nem como, mas eu sei quando ela está sendo verdadeira, e não é isso que está acontecendo agora.

– Nós vamos pra um sítio amanhã – Ju interrompe mais uma vez meus pensamentos – Você vai também né? – ela pergunta para Fatinha, e me pego querendo desesperadamente que ela diga sim.

– Não vai dar – levanto uma sobrancelha, a olhando, mas ela não faz o mesmo – Eu já tinha combinado de sair com o Vitor – Puta merda, de novo esse cara? Tentei segurar ao máximo a raiva que até poucos segundos atrás estava no que eu diria, ser uma esconderijo.

– Com o Vitor? – Ju franze a testa, me olhando de relance.

– Uhum, ele me ligou, e a gente combinou, tem problema não né? – ela pergunta para Juliana, se desculpando.

– Não pra mim... Bruno?

– O que? – respondo tentando parecer indiferente.

– Algum problema a Fatinha não ir com a gente?

– Claro que não, porque teria? – minto, e ela enruga os olhos como se não acreditasse no que eu tivesse dito.

Ainda tem lasanha no meu prato, mas eu não tenho mais fome. Eu só quero ir pro quarto, e acabar logo com isso.

– Vocês podem ir, eu limpo aqui – digo enquanto levanto da mesa.

– Pode deixar que eu limpo – Fatinha se prontifica, mas eu nego

– Para com isso Fatinha, você já fez, eu limpo – decretei e nos encaramos por alguns segundos, até que ela assente, e vai direto para o quarto.

– Vocês dois hein – Juliana balbucia enquanto se retira da mesa

– Nós dois o que Juliana? – Meu deus, essas garotas vão me deixar maluco. Ela ri novamente de alguma piada interna, e se direciona ao quarto, me deixando plantado no meio da cozinha, morto de raiva.

Retiro as louças da mesa o mais rápido que consigo, e lavo tudo, fazendo alguns barulhos indesejáveis, graças à droga desses pratos que não param quietos na minha mão. Piso duro na cozinha, de um lado para o outro, enxugando a louça e guardando.

– Mas que porra! – as palavras saem da minha boca, mais alto do que eu pretendia. Um prato caiu da minha mão, se despedaçando no chão, e o pior, caiu perto do meu pé.

– Bruno, o que foi? – Ju aparece do nada na minha frente, e Fatinha logo atrás.

– Nada Ju, me distrai e o prato caiu – falo enquanto procuro a pá e a vassoura.

– Mas você tá sangrando! – ela fala estupefaça

– É só sangue, vai dormir, eu termino aqui

– Fatinha pega aquela maleta de primeiros socorros – ela ignora o que eu disse, e eu bufo.

– Ju, tá tudo bem, relaxa

– Calado – ela decreta seca e eu arregalo os olhos. Não posso brigar com ela, meu consciente relembra.

Fatinha chega com a maleta e entrega a Juliana, que prepara um curativo rápido.

– Não foi um corte profundo – Juliana suspira – Você vai ficar bem – Jura? Penso ironicamente, mas decido ficar calado. Olho de relance pra Fatinha, que apenas observa as mãos de Juliana. Eu posso está enganado, mas essa não é a Fatinha que eu conheço. Tá certo que eu só a conheço há alguns dias, mas ainda assim. Ela é faladeira, e até demais. Esse silêncio todo já tá me deixando nervoso.

– Valeu – agradeço assim que Juliana termina

– De nada – ela sorri fraterna – Agora vá dormir, eu ainda quero ir pro sítio amanhã – fala toda mandona, e eu assinto sorrindo.

Observo as duas entrarem no quarto delas, e finalmente me jogo na cama. Meu deus, eu ainda não tinha percebido o quanto meu corpo precisava de descanso. Não só meu corpo, mas minha cabeça, que no momento parece uma roleta russa. Aconteceram coisas demais por hoje, e eu ainda tenho que ligar pro Rasta, em relação ao sítio. Ele vai ficar uma fera por eu não ter combinado antes, mas eu queria fazer algo legal com a Ju, e isso foi o melhor que eu pude pensar na hora. Como já está tarde, decido apenas deixar uma mensagem de voz.

“Fala aí Rasta man, beleza? Então, sabe aquele sítio dos teus pais? Tem como liberar pra mim amanhã? Eu combinei com a Ju, e ela ficou tão feliz, que eu não tive coragem de desmentir. Passa aqui pra deixar a chave, ou se tu quiseres, vai com a gente, e chama o Nélio, pode ser? Não ignora a mensagem porra, eu preciso dessas chaves cedo! Flw parceiro, boa noite”

E dito isso, desligo o telefone, e tiro minha roupa, ficando só de cueca. Meu pensamento vaga durante o que imagino ser dez ou quinze minutos, e mais uma vez, com a imagem loira, agora não tão sorridente, mas ainda assim a mais linda de todas, eu adormeço.


And I, I think I'll change my ways (E eu, eu acho que vou mudar minha maneiras)

So all your words get noticed (Para que todas sua palavras sejam percebidas )

Tomorrow's a brand new day (Amanha é um novo dia)

Tomorrow's a new day (Amanha é um novo dia)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem tem conta aqui no Nyah, eu gostaria que comentasse, afinal, essa fic é feita pra vocês, e eu quero saber se estou agradando ou não... A opinião de vocês vale mais do que vocês imaginam. Enfim, o que vocês acham que a Fatinha tem? Será mesmo que o Vitor a chamou pra sair? Só posso adiantar uma coisinha, esse sítio vai ser memorável :p O próximo capítulo já está quase pronto, então arrebentem nos reviews, até mais!

Ah e outra coisa, quem ainda não acompanha a fic da Anne, recomendo que leiam, é excelente! http://fanfiction.com.br/historia/351310/Linha_Tenue/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sei Que Você Tá Afim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.