Untitled escrita por Giihrsouza


Capítulo 1
Capítulo Único - Untitled




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Foi o que sempre ouvi durante toda minha existência, seja diretamente, seja indiretamente: “Jasper, não chegue perto, sabe... Bella é humana... Por favor, ela virá hoje conhecer a família toda, comporte-se”. Edward tinha me dito a um ano atrás. Está vendo? Não chegue perto, mantenha-se... Como se eu não fizesse isso por eles! Como se eu já não me esforçasse em cada caçada, eu não me esforçasse para manter o foco e caçar aqueles animais tão menos apetitosos do que os cheiros que vinham da cidade, doce, fresco e acima de tudo, tentador.

Vou provar que eles estão errados! Pensei convicto. Amanhã, aqui na nossa casa, terá o aniversário de Bella, Alice estava muito contente, a casa toda está pra dizer a verdade. Emmett ria enchendo balões, Esme limpava tudo com um ânimo que a muito anos não tinha, Carlisle estava no trabalho, mas provavelmente estava eufórico pelo dia da festa, podia não aparentar, mas nosso pai era extremamente festeiro, só que nós vampiros não tínhamos muito o que comemorar, ate Edward chegar com Bella.

O dia já amanhecia, Alice bateu na porta do quarto e entrou flutuando ate mim.

-Jasper, pode ajudar a Rose na cozinha? – Alice pediu. – Temos muito a fazer, o bolo eu já escolhi, preciso que vocês o aprontem.

Sorri para ela.

-Claro, meu amor. – Beijei-lhe levemente nos lábios e me levantei.

Corri para a cozinha e lá estava Rose juntando os ingredientes. Ajudei-a em silêncio, era meio cômico como a energia dela se sobressaia a do restante da família, todos estavam com um grau de euforia e ansiedade, já ela... Queria mais é que passasse rápido, uma raiva meio disfarçada. Mas apesar disso, eu a compreendia, ela temia por sua família, temia por Emmett principalmente, afinal de contas, estávamos rolando porcelanas morro abaixo sempre que ignorávamos nossos instintos e acolhíamos Bella pra mais perto do perigo que representávamos.

Começamos a fazer a massa, tudo milimetricamente perfeito, afinal de contas, nenhum de nós ia querer um surto da Alice, muito menos Rose. Ri ao imaginar Alice com seu corpo minúsculo querendo alcançar Rose para puxar-lhe o cabelo fortemente.

-Que foi? – Rose perguntou batendo a massa.

-Nada... Só estou ansioso para a festa.

Ela me encarou meio na dúvida. Claro, eu não precisava ler mentes para saber o que ela estava pensando: “Justo você? O que tem que se esforçar mais para participar dessa festa a aguarda ansiosamente? Quer comer a Bella ao invés do bolo?”

-Sabe, vejo essa festa como uma oportunidade de mostrar a todos que meu controle anda melhor do que antes, que eu... Não sou o Elo mais fraco dos Cullen.

-Você nunca foi. – Rose disse. – Você é apenas o mais novinho, o melhor é aceitar os fatos e fingir que o Edward não está brincando de casinha as nossas custas.

-Alice entrou junto comigo e seu controle é formidável, Rose. Ser o mais novo não é uma desculpa que eu possa usar.

Rose não disse mais nada, logo estávamos decorando o bolo em silêncio, cada detalhe da foto que Alice trouxera seguíamos, a gota exata de chantilly entre outros... Logo tudo estava pronto ali na cozinha, sorri para Rose, mas ela não sorriu.

-Rose não fique assim, Edward é responsável, Bella não nos causará problemas se depender dele, alem do mais, Alice também o ajuda, assim como Emmett. Confie neles e nela, Bella não é tão ruim quanto você vê. Tente enxergá-la diferente, assim, a família pode repensar seus atos e isso vai fazê-la feliz.

-Obrigada, Jazz. – Ela disse, seus lábios se repuxaram em um sorriso bonito e completo, Rose era linda quando sorria.

Logo a noite caiu, Edward saiu para buscá-la e Alice enfileirou a família pra checar as roupas.

-Ok... Todo mundo arrumado... Estamos apresentáveis pra festa de Bella.

Ri baixo, era hilário como ela nos vestia como se fossemos sua coleção da Barbie. Não demorou e um estrondo encheu o ar, Bella acabara de chegar em sua Chevy barulhenta. Respirei as ultimas partículas de ar limpo que consegui e tentei prendê-las para soltar depois. A porta se abriu e logo todos foram cumprimentá-la, o ar me atingiu, eu sabia que nele, o cheiro de Bella prevaleceria, deixei que a brisa passasse por mim e então soltei o ar que tinha guardado e me aproximei dela, logo fui notado e lhe dei um sorriso simpático, ela retribuiu intensamente. Esme passou por mim e me elogiou.

-Muito bem, você está indo muito bem, estou ficando orgulhosa! – Sua exclamação era baixa para Bella, mas perfeitamente audível para mim.

Sorri com a aprovação de Esme, logo Carlisle deu um aperto discreto no meu ombro e sussurrou:

-É assim mesmo que se faz, filho. – Carlisle aprovou, ainda sim, baixo demais para a pequena Bella.

Sorri de volta, logo Alice sorriu a distância para mim e em leitura labial, vi que ela falou:

-Parabéns amor.

Mesmo ao pé da escada, vi que todos tinham se amontoado para assistir Bella com seus presentes, a energia alegre e descontraída do restante da família estava preenchendo a casa, Rose se animou também, mas ainda sim, não se aproximou tanto quanto os outros. Emmett já tinha saído para colocar o sistema de som novo no carro de Bella e agora era a vez do presente de Edward e Alice. Nem eu sabia o que era ao certo, por isso uma vontade de me aproximar me tomou.

Olhei para cada Cullen ali. Esme me incentivou com um aceno discreto, Alice sorriu e acenou positivamente com a cabeça, Edward manteve-se junto a Bella, Rose não olhou e Quando Emmett voltou falou um ruidoso e rápido “Vem” para mim. Me aproximei curioso e sorrindo. Eu estava indo bem, olhei mais uma vez para todos e foquei na Bella.

-Droga! – Ela disse, jogando o presente no chão.

Abri a boca acidentalmente, o cheiro doce e delicioso de sangue invadiu meu subconsciente, não foi necessário pensar, quando vi, meu corpo era dominado pelo meu monstro interno e eu tinha apenas um desejo: Consumir o sangue de Isabella Swan.

Parecia que eu tinha saído de mim. Eu olhei a cena espantado do alto, lá estava meu corpo querendo a todo custo a humana aniversariante, sedento e incontrolado. Edward me segurou bravamente, impedindo a minha passagem, em quanto, numa batida vacilante de coração, Bella era arremessada contra a mesa, o vaso de cristal caiu e a cortou no braço, o sangue se tornou generalizante, agora eu estava mais do que incontrolado, Emmett me pegou, eu girava o corpo contra seus braços de aço, contra o muro que me impedia de chegar até aquele sangue maravilhoso. Seria possível que só eu estivesse sedento por ele? Que ele fosse só... Visível para mim?

Quando dei por mim, estava no jardim, junto a todos os outros de respiravam as lufadas limpas do vento. Olhei para mim mesmo, ainda lutando. Parei imediatamente e Emmett me soltou. Edward, Carlisle e Alice ainda permaneciam lá dentro para ajudar a humana. A energia tinha mudado, agora todos estavam apavorados e assustados, cada um com seu potencial de possessão, que a sede momentânea de um corte com papel trouxe. Olhei pra o céu e amaldiçoei a tudo e todos que riam de mim naquele momento. Porque é que Ele não podia me ajudar no controle? Por que eu era vampiro e por isso não estava mais no seu reino sagrado?

Olhei novamente pra a família, notei que eles focaram em mim, não precisava ler mentes para ver, a decepção explícita em cada rosto. Corri para fugir daquilo tudo, como se correndo dali eu pudesse melhorar alguma coisa, pudesse esconder a minha vergonha que meu ato fez, que infelizmente, estaria viva na mente de cada um deles, para toda a eternidade.

Eu parei no meio do bosque, cacei sem vontade alguma, apenas para distanciar a minha raiva, fiz com que a pigmentação de meus olhos ficasse dourada apenas pelo simples fato de esconder o meu anseio de ter novamente os deliciosos olhos vermelhos que representavam o que eu realmente era: um assassino.

A chuva começou a cair vagarosa, deitei-me nas samambaias e apoiei-me na árvore coberta de musgos, deixei que a chuva levasse todo aqueles sentimentos de mim. Eu não queria ser um assassino, não queria ver os olhos assustados e frágeis dos humanos temendo por mim. Queria ser apenas o Jasper. Apenas um marido bom para a minha esposa, queria ser um bom membro para a família, seguindo suas regras vegetarianas. Eu queria muito, muito mesmo ser tudo isso.

Mas nem sempre pode ser aquilo que se quer. Nem sempre podemos mudar o que somos... Essa seria a minha sina pela eternidade? Lutar contra o que sou? Mas... O que eu sou?

Um soluço invadiu meu peito, uma gota da chuva caiu certo nos meus olhos, não tive a necessidade de piscar, apenas deixei que ela representasse meus sentimentos naquele momento, nesse instante, eu queria ter a capacidade de chorar e como não consigo, deixei que a chuva fosse minhas lágrimas de dor. Ouvi alguém se aproximar.

-Jasper... – Alice disse se aproximando de mim.

Olhei para ela.

-Jazz... Ninguém te culpa por nada... Bella até pediu para dizer que não te culpa.

Ai eu estourei.

-COMO É QUE EU NÃO TENHO CULPA DE NADA ALICE? ME RESPONDA? EU ACABO COM A FELICIDADE DE UM MONTE DE PESSOAS DE UMA FAMÍLIA EM TEMPO RECORD, QUASE DESTRUO A DO MEU IRMÃO PARA SEMPRE E EU NÃO TENHO CULPA? TUDO POR QUE? PELO SIMPLES FATO QUE O IDIOTA AQUI NÃO SE CONTROLA ADEQUADAMENTE NA DIETA RIDÍCULA DOS CULLEN!

Alice nada disse mas sentou-se ao meu lado e limpou a gota de chuva que simbolizava a minha lágrima.

-Eu decidi, Alice. – Eu disse beijando suas mãos de fada. – Eu vou embora. Não consigo ir lá e encarar o rosto de Edward, nem o de Esme... – Engasguei no nome de minha mãe mas o pior eu ainda não tinha mencionado. – Nem olhar para... Carlisle.

-Para onde você vai?

Olhei para os olhos dourados de Alice, ela estava totalmente compreensiva e serena, mas ainda sim, estava meio triste. Qual o motivo de sua tristeza, meu anjo? Pensei. Seria porque eu quase matei sua melhor amiga humana? Por Edward que agora está escolhendo futuros alternativos? Ou pelo fato de ele querer me matar?

-Por que você está triste, Alice? – Resolvi perguntar.

-Jasper... Eu vejo você me deixando para trás em cada flash do seu futuro, vejo Edward querendo abandonar Bella por querer mantê-la a salvo dele mesmo. Isso não me deixa feliz. – Alice respondeu.

-Por que está aqui então?

-Eu te amo muito para deixá-lo partir sem mim, quero te acompanhar, estar ao seu lado, até que você esteja pronto para voltar e continuarmos a viver a nossa vida.

Eu sorri involuntariamente diante da minha linda amada esposa. Eu também a amava muito, a chuva se intensificou, as relvas começaram a ficar escorregadias e com uma mão, limpei sua face de marfim.

-Eu também te amo muito.

-E então? Para onde vamos? – Ela perguntou sorrindo.

Não era verdadeiro seu sorriso, mas suportávelmente acolhedor.

-Para onde o vento me levar. – Disse me levantando e estendendo minha mão. – Vamos?

De mãos dadas, eu corri pela mata, sem destino certo, sem data para voltar, apenas com a pessoa mais importante da minha existência. Senti sua energia na minha em uma harmonia linda e sempre muito graciosa e era nessa harmonia que eu encontrava forças para viver, era nela que eu sempre senti a esperança correr em mim. Como da primeira vez.

Eu voltaria, seria um Hale, moraria com os Cullen e tentaria novamente. Eu tenho certeza disso, pois nada mais me da tanta certeza, tanta esperança de seguir lutando contra os instintos do que a minha amada Alice. Ela era a razão da luta, sempre foi. Mesmo que as vezes eu me esquecesse disso, ela estaria ali para me lembrar e juntos teceríamos o futuro, da melhor forma possível.

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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado...
E ai?!
Reviews Estrelados?!