Ela me soltou e olhou para mim com pena. Por mais que ela não queria me fazer nenhum mal eu não queria que as pessoas sentissem pena de mim.

Fui para meu quarto, separei um pijama confortável e fui para o banho. Demorei uma hora no banho. Sim, eu estava precisando daquilo.

Voltei ao meu quarto e vesti meu pijama de cachorrinho e imaginei como seria se Rafael estivesse ali para rir de mim. Era o que eu mais queria agora.

Deitei em minha cama e nem precisei insistir para pegar no sono. Acho que fazia muito tempo que eu não descansava de verdade e aquele momento, em minha cama, por mais que estivesse confortável, eu estava infeliz.

Acordei já era noite. Liguei a TV e só passava o despertar do coma de Rafael. Desliguei-a por que não queria ter que sofrer mais. Desci as escadas e senti o cheiro maravilhoso da comida de minha mãe. Fui direto para a cozinha onde minha mãe preparava uma maravilhosa lasanha de molho branco.

– Boa noite, bela adormecida – murmurou assim que passei pela porta.

– Boa noite mamãe – sem nenhum animo, respondi.

– Quer conversar? - perguntou ela sempre muito preocupada.

– Ahm...– respirei fundo – Agora não.

Fiquei observando ela colocar cada camada de ingredientes na medida certa. Eu amo lasanha, e ela sabe, talvez seja por isso que esteja fazendo. Esta querendo me agradar.

Esse é o problema de minha mãe, ela sempre quer agradar os outros, mas ninguém nunca faz questão de agrada-la. Eu me esforçava, mas não conseguia muito pois ela mesma não permite.

Arrumei a mesa para três. Comemos tudo e querem saber? Estava tudo uma delícia. Fui para cozinha e lavei toda a louça. Voltei para sala e fiquei sentada no sofá vendo as noticias na TV que só falavam dele. Quando não suportava mais ouvir seu nome, fui para meu quarto e me joguei profundamente na cama.

Dormi profundamente e rápido demais. Alguns dias se passaram e nada me fazia sair daquela casa e ir fazer alguma coisa. Já se fazia uma semana que ele havia acordado e nem se quer me procurou.

Tudo estava tão vazio, tão sem alegria, tão sem... mim.

Segunda-feira, uma semana após ele ter acordado, eu levantei normalmente e fui até a cozinha. Tomei café, limpei tudo e subi para fazer minha higiene pessoal. Desci ainda de pijama, pronta para mais um dia sem fazer nada. Só queria um pouco mais de paz, sossego. Só isso, mas parece que os deuses não ouviram minhas preces e assim que deitei a campainha tocou.

– Droga. – murmurei mal-humorada.

Fui até o portão quase me arrastando. Eu estava irritada! Queria saber quem foi o filho de Hades que resolveu tocar minha campainha logo na segunda-feira de manhã.

Quando abri quase cai de costas. Ele estava lá, lindo de morrer. Rafael estava em minha frente me encarando.

– Olá – disse ele sorrindo para mim.

– O que você quer aqui? – fui muito grossa, eu sei.

– Queria conversar, só isso– disse ele como se fosse claro até para uma criança.

– Desculpe, entre – me rendi.

Ele entrou e examinou o lugar bem lentamente. Como se soubesse que já esteve aqui, mas com uma certa insegurança.

– Então, o que quer falar? – perguntei indo direto ao ponto.

– Enquanto eu estava desacordado, eu sonhei – fez uma pausa – com você. Eu sei que era você.

– E você sabe quem eu sou? – perguntei e senti uma pontada no peito.

– Não – ele parecia triste.

– Bruna não te contou? – ela deveria ter contado a ele.

– Não, ela me disse para vir falar com você pessoalmente. – e eu juro que se ela não fosse minha amiga eu mataria ela agora.

Fiquei em silencio. Ele queria uma explicação então resolvi contar. Contei tudo. Detalhe por detalhe e ele apenas sorria e as vezes ficava bravo consigo mesmo. Quando contei do que Jade fez ele levou as mãos ao rosto e pareceu explodir de raiva. Eu disse para ele ficar calmo e ele se acalmou. Quando terminei de contar ele me olhou nos olhos e disse:

– Então você é minha namorada.

– Devo ser. – respondi, nem eu sabia a resposta.

– Vamos começar de novo, tudo bem? – eu apenas assenti, continuou - Olá Julia, será que podíamos ser amigos? – sorriu.